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sustentabilidade

Notícias

O impacto do conflito militar e da pandemia na indústria química

por jornalismo-analytica 26 de julho de 2022
escrito por jornalismo-analytica

Uma das questões mais proeminentes no mundo corporativo no momento diz respeito às cadeias de suprimentos. O que já era uma situação muito desafiadora em função da pandemia global da covid-19 foi drasticamente acentuada pelo conflito que ocorre na Ucrânia e pelas mudanças geopolíticas sísmicas, cujas ramificações poderão ser sentidas por décadas.

Em todas as indústrias e setores, as interrupções causadas pela pandemia criaram desafios quase sem precedentes na aquisição, fornecimento e distribuição de bens e materiais. Caminhos antigos e confiáveis repentinamente foram assolados pela incerteza e atrasos. Lockdowns e medidas de segurança adicionais bloquearam ou desaceleraram as rotas comerciais significativamente. A mão de obra necessária para manter as cadeias de suprimentos em funcionamento tornou-se uma mercadoria escassa.

A pandemia foi suficientemente terrível, mas um teste totalmente novo surgiu durante a guerra na Ucrânia. Ninguém sabe quanto tempo ela vai durar — mas os efeitos em cascata podem ser sentidos por um longo tempo, não importa quanto tempo a ação militar em si dure. As cadeias de suprimentos ainda são muito frágeis conforme emergimos na recuperação. Além disso, em algumas partes do mundo, a covid-19 ainda é um fator importante — principalmente na China.

A China é fundamental como impulsionadora da economia global, como produtora e exportadora importante de muitos produtos e commodities. Conforme o país segue a abordagem de zero covid, os lockdowns podem continuar sendo um recurso por algum tempo, obstruindo o fluxo de mercadorias nas cadeias de suprimentos globais e causando efeitos indiretos em outros locais – particularmente no setor de produtos químicos e de materiais que fornece uma infinidade de produtos em setores correlacionadas, muitas das quais viram fábricas fechadas recentemente devido aos bloqueios.

Em seguida, a invasão russa da Ucrânia. Isso teve vários impactos e exacerba enormemente a fragilidade existente, uma tempestade perfeita. Além dos impactos humanos, a guerra está provocando perturbações físicas na Ucrânia e, em certa medida, na Rússia. Os dois países são extremamente influentes no fornecimento de alimentos básicos, como cevada (30% da oferta global), trigo (28%) e milho (15%). Eles também são exportadores importantes de fertilizantes. Portanto, os impactos na segurança alimentar e na agricultura provavelmente serão sentidos globalmente. Além disso, a Rússia é um grande exportador de muitos metais e minerais essenciais, incluindo níquel (utilizado em baterias de automóveis, por exemplo), paládio (sistemas de exaustão), alumínio, titânio e ferro.

Também há uma interrupção significativa — e tensões políticas — em torno do fornecimento de petróleo e gás. A Rússia é o terceiro maior produtor de petróleo do mundo e o segundo maior produtor de gás. Enquanto os preços do petróleo e do gás já disparavam conforme a demanda aumentava na recuperação pós-pandemia, a guerra apenas aumentou os preços, exacerbando tendências inflacionárias mais amplas. Os países ocidentais cortaram — ou planejam cortar quando possível — compras de petróleo e gás da Rússia. O aumento dos preços das commodities está elevando a pressão de custos em vários setores — incluindo produtos químicos, em que cerca de metade ou mais do custo de um produto pode ser proveniente do hidrocarboneto base utilizado e dos custos de energia na produção.

Há três desafios para as cadeias de suprimentos criados pelo conflito na Ucrânia. Primeiramente, há a interrupção física da produção nos dois países e das redes de distribuição na região circundante. Em segundo lugar, existem as sanções que estão sendo aplicadas à Rússia e à Bielorrússia. As organizações devem ser cautelosas para não violar as regras, que podem ser complexas quando as cadeias de valor são longas e envolvem diversas partes. Mas também há uma terceira camada — a autossanção. Muitas empresas não querem correr os riscos legais e de reputação que podem surgir de violações de sanções percebidas e voluntariamente ergueram a ponte levadiça.

De maneira geral, as organizações terão que se concentrar intensamente em aumentar a resiliência da cadeia de suprimentos no setor químico. As questões de transporte — que já eram um problema — estão sendo exacerbadas. A lentidão ou paralisação dos portos, a falta contínua de disponibilidade de trabalhadores portuários, tripulações de transporte, motoristas rodoviários e ferroviários, o aumento nos custos de contêineres e os prazos de entrega substanciais atualmente envolvem tornar a logística e a distribuição mais difíceis, mais lentas e mais caras.

Mas talvez a questão mais urgente seja o custo. Os produtos químicos a granel são suscetíveis aos preços das commodities de entrada — e é difícil compensar os saltos no custo do petróleo. Portanto, as empresas precisam se perguntar como repassar os aumentos de custos para seus clientes de maneira equitativa. Há menos pressão sobre as especialidades químicas e produtos especializados, mas a erosão das margens é uma realidade.

26 de julho de 2022 0 comentários
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Notícias

Método permite converter gás metano em metanol líquido com menor gasto energético

por jornalismo-analytica 25 de julho de 2022
escrito por jornalismo-analytica

Um grupo de pesquisadores brasileiros conseguiu converter metano em metanol usando luz e metais de transição dispersos, como o cobre, em um processo de foto-oxidação. O trabalho foi publicado na revista científica Chemical Communications e, segundo o artigo, foi o melhor desempenho relatado até agora para a conversão do gás no combustível líquido em condição ambiente de temperatura e pressão – 25 °C e 1 bar, respectivamente.

O bar, do grego barys (que significa “pesado”), é uma unidade de pressão equivalente a 100 mil pascais (105 Pa) – valor muito próximo ao da pressão atmosférica padrão (101.325 Pa).

O resultado do trabalho é um importante passo no aproveitamento do gás natural, podendo viabilizar essa fonte de energia para a produção de combustíveis no futuro, vindo a ser uma alternativa à gasolina e ao diesel. Apesar de ser considerado fóssil, a conversão do gás natural em metanol gera menos dióxido de carbono (CO2) quando comparado a outros tipos de combustíveis líquidos dessa categoria.

No mercado brasileiro, o metanol tem papel crucial para a produção de biodiesel e para a indústria química, sendo usado como insumo para sintetizar inúmeros produtos químicos.

Além disso, a captura de metano da atmosfera tem um papel relevante para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, já que esse gás tem 25 vezes mais potencial de contribuir com o aquecimento global do que o CO2, por exemplo.

“Há no meio científico um grande debate sobre a quantidade de reservas de metano existentes no mundo. Estima-se que elas tenham o dobro do potencial energético de todos os demais combustíveis fósseis existentes. Na transição para energias renováveis, teremos de contar com o metano em algum momento”, explica à Agência FAPESP o doutorando Marcos da Silva, do Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), primeiro autor do artigo.

O estudo recebeu apoio da FAPESP por meio de dois projetos (20/14741-6 e 21/11162-8) e também da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Para o professor da UFSCar Ivo Freitas Teixeira, orientador de Silva e autor correspondente do artigo, uma das novidades da pesquisa foi o fotocalisador. “A grande inovação obtida pelo nosso grupo foi oxidar em uma única etapa o metano. Na indústria química, essa transformação ocorre por meio da produção de hidrogênio e CO2 realizada em pelo menos duas etapas e com condições de temperatura e pressão muito altas. Conseguir fazer isso em condições mais brandas, gastando menos energia e obtendo metanol é um avanço”, afirma Teixeira.

Segundo o professor, os resultados abrem caminho para que novas pesquisas busquem adotar a energia solar como o promotor desse processo, reduzindo ainda mais o impacto ambiental.

Passo a passo

Em laboratório, os cientistas sintetizaram nitretos de carbono cristalino (PHI) com metais de transição não nobres ou abundantes, principalmente cobre, gerando fotocatalisadores ativos de luz visível.

Esses fotocatalisadores foram empregados em reações de oxidação de metano usando peróxido de hidrogênio como iniciador. O catalisador de cobre-PHI gerou grandes quantidades de produtos líquidos oxigenados, especialmente metanol (2.900 µmol.g-1, unidade de medida chamada micromole por grama de material), em um período de quatro horas.

“Descobrimos qual o melhor catalisador e outras condições essenciais para a reação química, como o uso de muita água e apenas um pouco de peróxido de hidrogênio, que é um agente oxidante. Agora, para os próximos passos, precisamos entender um pouco mais os sítios ativos de cobre no material e o papel deles na reação. E pretendemos também utilizar diretamente o oxigênio para, em tese, produzir o peróxido de hidrogênio na própria reação, tornando o processo ainda mais seguro e economicamente viável”, complementa Teixeira.

De acordo com o professor, outro ponto que o grupo continuará a pesquisar está ligado ao cobre. “Trabalhamos com cobre disperso. Quando finalizamos o artigo ainda não sabíamos se eram átomos isolados ou clusters. Hoje sabemos que são clusters”, afirma.

No estudo, os cientistas trabalharam com metano puro. No entanto, pretendem no futuro usar fontes renováveis, como o gás extraído de biomassa.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o metano tem sido responsável por cerca de 30% do aquecimento global desde a época pré-industrial. Para a ONU, as emissões de metano causadas pelo ser humano poderiam ser reduzidas em até 45% na próxima década, evitando quase 0,3°C de aquecimento global até 2045.

Os pesquisadores lembram que ainda é novo esse tipo de estratégia de conversão do gás em combustível líquido usando fotocatalisador, não estando ainda disponível comercialmente, mas com grande potencial nos próximos anos. “Começamos nosso trabalho há mais de quatro anos. Agora obtivemos um resultado muito melhor do que o registrado pelo grupo do professor Hutchings em 2017, que motivou nosso trabalho”, diz Teixeira.

Ele se refere ao estudo publicado por um grupo de cientistas de universidades dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha na revista Science, liderado pelo professor Graham Hutchings, da Cardiff University.

25 de julho de 2022 0 comentários
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PROPOSTAS DA ABDAN PARA PRESIDENCIÁVEIS APONTAM A OPORTUNIDADE PARA O BRASIL EXPORTAR COMBUSTÍVEL NUCLEAR

por jornalismo-analytica 22 de julho de 2022
escrito por jornalismo-analytica

celso-cunhaComeçou a contagem regressiva para as Eleições 2022. O país está a pouco menos de três meses da realização do pleito, que escolherá o nome que comandará o governo federal pelos próximos quatro anos. A agenda dos candidatos à Presidência da República se intensifica, com um número maior de reuniões com os mais diferentes tipos de agentes econômicos. Nessa jornada, o setor nuclear está sendo representado pela Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN). Como já noticiamos, a entidade lançou recentemente um caderno com um conjunto de propostas para os programas de governo dos candidatos. O primeiro a receber o material foi o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, representando o presidente Jair Bolsonaro (PL). Além disso, a ABDAN entregou o documento também para a campanha da candidata Simone Tebet (MDB).O material será apresentado ao comitê de campanha do ex-presidente Lula (PT). O presidente da ABDAN, Celso Cunha (foto), destacou que a receptividade até aqui tem sido muito positiva. “Os membros das campanhas dos candidatos ficaram impressionados com o potencial do setor nuclear em termos de geração de empregos e negócios”, afirmou. O dirigente da associação também frisou que as propostas apresentadas pela entidade têm o potencial de fazer com que o país passe a exportar combustível nuclear para outros países. “O Brasil pode ocupar um papel importante como fornecedor de combustível, não só para as grandes usinas, mas principalmente para os pequenos reatores modulares”, projetou Cunha.

Quem serão os próximos candidatos a receber o caderno de propostas da ABDAN?

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Diretoria da ABDAN esteve recentemente em Brasília para apresentar propostas do setor nuclear

O núcleo da campanha do PT marcou para o dia 6 de julho uma reunião na Fundação Perseu Abramo, em São Paulo, para receber o caderno de propostas da ABDAN. Além disso, o documento já foi entregue para a Elena Landau, que está coordenando o programa de governo da candidata Simone Tebet. Ela gostou bastante do conteúdo das propostas e disse que os temas serão discutidos internamente, antes de ser anunciada a proposta de programa de governo da candidata do MDB. No próximo dia 8, teremos um novo encontro com a campanha da Simone, desta vez para apresentar um documento com as propostas do Fórum das Associações do Setor Elétrico (FASE).

Como tem sido a receptividade dos candidatos que receberam as propostas até aqui?

A receptividade tem sido muito boa. Os membros das campanhas dos candidatos ficaram impressionados com o potencial do setor nuclear em termos de geração de empregos e negócios. Essa boa receptividade tem gerado uma certa expectativa positiva, no sentido de que as propostas da ABDAN sejam incorporadas nos programas de governo dos candidatos à Presidência.

Essa aproximação com os candidatos à Presidência ajuda, em algum grau, a melhorar a aceitação pública da fonte nuclear?

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General Heleno recebeu propostas da ABDAN

Eu não tenho dúvidas disso. Precisamos fazer a discussão do tema nuclear com os representantes da classe política. Eles, por sua vez, vão falar sobre a fonte para as suas bases eleitorais. Assim, vamos desmistificando o uso dessa tecnologia. A fonte nuclear está presente no nosso dia a dia, seja na saúde, na energia e até mesmo nos alimentos. São muitas as aplicações.

Esse múltiplo uso da tecnologia nuclear é muito importante para a sociedade. Além disso, durante a COP-26, foi publicado um estudo que deixou muito claro o papel da energia nuclear para as metas climáticas dos países. Sem o uso da tecnologia nuclear, os objetivos de redução de emissões de CO2 não serão cumpridos. Ou a tecnologia nuclear entra e ajuda nessa jornada de transição energética ou vamos ter um planeta cada vez mais poluído.

Em nossa última entrevista, abordamos as sugestões da ABDAN relacionadas à geração de energia, medicina nuclear e irradiação de alimentos. Poderia detalhar desta vez algumas das propostas para algumas das etapas do ciclo do combustível nuclear (mineração, beneficiamento, conversão e enriquecimento de urânio)?

Yellowcake-concentrado-de-Uranio.-Fonte-INB.Podemos ampliar a capacidade produtiva do Brasil em mineração e beneficiamento do urânio, tanto para o mercado interno quanto para o externo, com a flexibilização do marco regulatório, permitindo investimentos e atuação do setor empresarial privado. O resultado disso é que, entre 2023 e 2026, a exportação de concentrado de urânio (U308) deverá alcançar US$ 22 milhões por ano. O beneficiamento de urânio também possibilitará ao Brasil buscar sua auto suficiência em insumos críticos para a produção de fertilizantes.

A flexibilização do marco regulatório e os investimentos para a parceria da Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) vão ampliar a capacidade de conversão do urânio em hexafluoreto de urânio (UF6) no Brasil. Assim, entre 2027 e 2031, a exportação de serviços em reatores e serviços de engenharia para projeto de elemento combustível deverá atingir US$ 1,5 milhões ao ano. Por fim, a ampliação da nossa capacidade de enriquecimento poderá permitir o Brasil alcançar o patamar de US$ 2 milhões por ano em exportação de urânio enriquecido.

Qual o potencial do Brasil enquanto exportador de combustível nuclear?

O Brasil pode ocupar um papel importante como fornecedor de combustível, não só para as grandes usinas, mas principalmente para os pequenos reatores modulares, que são empreendimentos que vão fazer uma disruptura tecnológica no setor de produção de energia. O Brasil precisa deixar de ser apenas um exportador de commodities. É necessário gerar emprego e renda e isso só se faz com produção local, abrindo postos de trabalho.

Fonte: Petronotícias

22 de julho de 2022 0 comentários
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DEPOIS DE DUAS MIL DEMISSÕES, PETROBRÁS AVALIA O QUE FAZER CONTRA O CONSÓRCIO KERUI-MÉTODO POR NÃO TERMINAR A UPGN DO COMPERJ

por jornalismo-analytica 20 de julho de 2022
escrito por jornalismo-analytica

KERUI CAPAOs problemas causados pelo profundo atraso que a Petrobrás está enfrentando na execução das obras da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) do Comperj, que seria a pedra angular da distribuição da produção de gás do pré-sal, virou uma dor de cabeça que não tem remédio para contorná-la. Tecnicamente, a responsabilidade é do consórcio formado pela Chinesa Kerui com a brasileira Método Potencial, mas conceitualmente é da equipe do intocável departamento de licitação da companhia, que vem sucessivamente causando prejuízos incomensuráveis para a Petrobrás. Esta obra mostra a joia da coroa da administração de Roberto Castello Branco, cujo o maior legado foi a troca de nome do Comperj para Polo Gaslub. Desde da escolha do consórcio vencedor por um preço abaixo do que a própria Petrobrás tinha ajustado, já se sabia que a obra teria problemas. O próprio Petronotícias alertou para isso. O estrago agora não tem solução possível. Duas mil pessoas perderam o emprego, dezenas de fornecedores brasileiros e internacionais fazem fila na porta para receber seus fornecimentos e dão de cara numa empresa que parece quebrada. No estilo Devo não pago, nego enquanto puder. Os custos da obra, que foi orçada pela Kerui em R$ 1,94 bilhão, já passou dos R$ 3 bilhões e está longe de terminar.

Foi na administração do ex-presidente Roberto Castello Branco que este problema eclodiu e ganhou corpo e, além das dificuldades com os preços dos combustíveis, o atraso na obra da UPGN parece ter sido uma das razões para que ele tenha sido demitido em público pelo Presidente Jair Bolsonaro.  Sem nenhum pudor ou envergonhado, decidiu agarrar-se ao cargo até o último dia do seu mandato. Mesmo trabalhando de casa, enquanto os funcionários se desdobravam nas plataformas de produção, queria comandar a companhia. Neste período, os problemas da empresa só se agravaram. Como presidente da companhia, possivelmente, ele tenha sido uma das maiores decepções nos quase 70 anos de história da estatal. Agora, como presidente do Conselho de Administração de uma petroleira, que já era eficiente e com boas perspectivas no mercado, a 3R Petroleum, compromete o cargo e a própria companhia, jogando farpas rancorosas em sucessivas entrevistas para jornais que compõem o consórcio de oposição ao governo. No fundo, ele está colocando a 3R Petroleum, comandada pelo competente Ricardo Savini, em rota de colisão frontal com o governo federal. Na verdade, seria mais ético desligar-se da 3R Petroleum, se quiser desafiar o Presidente da República com objetivo de desgastá-lo na corrida eleitoral.

Em nota, a estatal disse: “A Petrobrás ratifica que o desligamento de colaboradores nas obras do Polo Gaslub, em Itaboraí, Rio de Janeiro, é uma decisão unilateral da empresa SPE Kerui-Método. A Petrobrás informa que está em dia com os seus compromissos com a referida empresa e o contrato permanece em execução. Adicionalmente, esclarece que as obrigações de honrar com verbas indenizatórias aos trabalhadores demitidos é do empregador, no caso, a empresa SPE Kerui-Método, cabendo à Petrobrás a adoção de ações contratuais e até judiciais caso isso não ocorra. No momento, a companhia está avaliando ações pertinentes a fim de minimizar eventuais impactos à realização da obra.”

KERUI 3Quando começou a pandemia com reflexos diretos no Brasil, no primeiro trimestre de 2020, a obra já estava atrasada e havia muitas dificuldades de pagamentos aos fornecedores, que entregavam seus produtos encomendados e não recebiam. A Petrobrás, neste caso, estava cumprindo o seu cronograma de pagamentos, conforme algumas reportagens que o Petronotícias publicou na época. O consórcio se agarrou na decisão da Petrobrás de mandar reduzir em 70% o efetivo de trabalhadores no Comperj.

Para o consórcio, os desequilíbrios financeiros começaram a partir daí, com a redução e demissão de funcionários. As empresas negociaram com a Petrobrás para discutir esses valores, depois buscar os recursos de uma arbitragem, sem sucesso. A empresa conseguiu gerar cerca de R$ 700 milhões em aditivos ao contrato, mas nem assim pagou aos seus fornecedores, como a Metasa, do Rio Grande do Sul, por exemplo, uma das maiores e mais tradicionais empresas do país, fornecedora de estrutura metálica. Até hoje, está sem receber. A conta do consórcio é alta com a empresa do sul do país. Mas a Metasa está numa lista com muitas outras empresas. O problema social que essas interrupções nos pagamentos provocaram na cadeia de fornecedores foi e ainda é muito grave. Um grande impacto. A Petrobrás, por sua vez, reclamava da performance da obra.

Para lembrar, em maio de 2021, o Petronotícias teve acesso ao teor da carta enviada pelo consórcio às empresas fornecedoras e reproduzimos novamente agora, sabendo que os problemas não foram resolvidos. O documento foi assinado pelo então Gerente de Suprimentos Sergio Mata:

 “Primeiramente, importante ressaltar que a KERUI MÉTODO foi contratada pela Petróleo Brasileiro S.A. – PETROBRÁS (Contrato n° 0804.0106414.17.2) para execução, sob regime de empreitada por preço global, do remanescente de obras das Unidades de Processamento de Gás Natural, doravante denominado como “Projeto UPGN”.

A empresa vem executando os serviços na forma estabelecida contratualmente com a PETROBRÁS, mas foi negativamente surpreendida pelaKERUI 1 crise gerada pela pandemia de coronavírus (COVID-19). Nesse sentido, vale ressaltar que o primeiro caso de coronavírus foi identificado no início de dezembro de 2019, na China, espalhando-se rapidamente pela Ásia e, em seguida, pelo mundo. Diante da sua alta capacidade de contágio, a China decretou “lockdown” em janeiro de 2020, suspendendo a produção de equipamentos que estavam na fase final de fabricação, ocasionando atraso significativo na entrega de itens que são essenciais para o Projeto UPGN.

Já no dia 11 de março de 2020 a Organização Mundial de Saúde – OMS elevou os alertas de importância internacional com a Declaração de Pandemia decorrente do novo coronavírus. A pandemia de coronavírus também postergou o embarque de equipamentos fabricados na Tailândia, pois os navios foram impedidos de atender a programação de embarque em razão das restrições sanitárias e implementação de rígidos protocolos de acesso.

UPGNCom reflexo dos problemas trazidos pela pandemia de coronavírus ao mundo, no dia 20 de março de 2020 houve o reconhecimento da ocorrência de calamidade pública pelo Senado Federal (Decreto Legislativo nº 06/2020), situação que vem trazendo fortes impactos negativos ao Brasil, especialmente no que tange aos aspectos social e econômico. Com o objetivo de conter a proliferação do coronavírus, a Secretaria Municipal de Saúde de Itaboraí/RJ, por intermédio do Ofício SMS/SSVS/nº 021-2020, de 23 de março de 2020 determinou a interrupção de pelo menos 70% (setenta por cento) das atividades de campo da força deUPGN 2 trabalho das empresas que atuam no Município.”   

Para lembrar novamente, a unidade de processamento de gás do Comperj será a maior do país, com capacidade de processamento de até 21 milhões de m³ por dia. O projeto era para ampliar a infraestrutura de escoamento e o processamento de gás do pré-sal da companhia, que passará de 23 milhões para 44 milhões de m³ por dia. Além de gerar energia, o gás seria utilizado em veículos e indústrias. Contribuiria também para reduzir a necessidade de importação de gás natural, assim como viabilizar o aumento da produção de óleo do pré-sal, uma vez que aumentará o processamento de gás associado ao petróleo produzido na região.

Fonte: Petronotícias

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Notícias

“Série Energia”: Mais de 80% da matriz energética vêm de recursos fósseis

por jornalismo-analytica 19 de julho de 2022
escrito por jornalismo-analytica

A energia desempenha um papel fundamental na vida das pessoas e está presente nas mais variadas formas, seja nos fenômenos da natureza, para locomoção, dirigir um carro, cozinhar alimentos ou fazer uso da eletricidade. Há vários tipos de energia, como térmica, química, mecânica e elétrica, por exemplo. O ser humano começou a fazer uso da energia desde os primórdios e a primeira a ser dominada foi na forma do fogo. Anos mais tarde, começou-se a utilizar o movimento das águas para o funcionamento de equipamentos. A utilização dos ventos como fonte de energia também data de séculos atrás, quando moinhos de vento eram usados para moer grãos e a tração animal também era muito usada na agricultura e para a locomoção.

Para gerar qualquer tipo de energia é necessário que haja alguma fonte para transformá-la na forma desejada. O conjunto de fontes é denominado matriz energética e representa quanto cada fonte de energia contribui para o total. A maior parte da matriz energética em âmbito mundial provém de recursos não renováveis, cerca de 81,1% e nessa porcentagem estão inclusos petróleo e derivados, carvão mineral e gás natural. Os recursos não renováveis são combustíveis fósseis e por isso produzem um alto nível de poluição quando utilizados e outra desvantagem é que em um momento futuro se esgotarão.

Além disso, a busca por formas de geração de energia mais baratas leva a estudo e desenvolvimento de energias provenientes de matrizes renováveis. Essas fontes têm como característica serem mais sustentáveis, geram menos índices de poluição, tornam a matriz menos dependente de combustíveis fósseis e mais diversificada e muitas vezes possuem custo mais baixo. Dessas, a que mais se destaca é a biomassa, equivalendo a 9,3% da matriz mundial; a hidráulica ocupa o segundo lugar, com 2,6%; já a solar, geotérmica e eólica ocupam um número muito pequeno, totalizando juntas somente 2% de toda a matriz. Já a nuclear corresponde a cerca de 5%.

O Brasil é um dos países que fazem mais uso de energias renováveis que o restante do mundo. Em 2019, 46% da matriz energética nacional era renovável, enquanto no mundo esse número era de 14%. Já em 2020, a contribuição das fontes renováveis para a matriz energética nacional subiu para 48,3%, sendo os recursos mais utilizados derivados da cana-de-açúcar, seguidos da hidráulica.

A Série Energia tem apresentação do professor Fernando de Lima Caneppele (FZEA), que produziu este episódio com Iris Montani Gasparoto (discente USP Pirassununga). A coprodução é de Ferraz Junior e edição da Rádio USP Ribeirão. Você pode sintonizar a Rádio USP Ribeirão Preto em FM 107.9, ou pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS.

Ouça no player acima o episódio inédito e na íntegra sobre a matriz energética mundial e a posição do Brasil na produção de energia renovável.

Fonte: JORNAL DA USP

19 de julho de 2022 0 comentários
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Método pode agilizar a descoberta de novos antibióticos

por jornalismo-analytica 18 de julho de 2022
escrito por jornalismo-analytica

Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) testaram com sucesso uma técnica que permite avaliar em tempo real como e com que eficiência potenciais novos medicamentos se ligam a proteínas-alvo de bactérias vivas.

Conhecido como BRET (sigla em inglês para transferência de energia luminescente), o método foi descrito em artigo publicado na revista ACS Infectious Diseases. Segundo os autores, o processo abrevia as etapas mais convencionais de descoberta de fármacos e acelera a busca por novos compostos de ação antibiótica.

Como explica Rafael Couñago, coautor do estudo, um antibiótico para ser efetivo precisa vencer inúmeros obstáculos. O primeiro deles é atravessar as membranas externas da bactéria e entrar na célula. Depois é preciso permanecer no interior do microrganismo, driblando as bombas de efluxo (proteínas que forçam a saída de agentes antimicrobianos) e também as enzimas modificadoras de antibióticos.

“Encontrar compostos que possam driblar todas as defesas bacterianas e que também sejam seguros para o hospedeiro humano está longe de ser algo trivial”, afirma Couñago, pesquisador principal do Centro de Química Medicinal (CQMED), que é apoiado pela FAPESP. O grupo contou com a colaboração de pesquisadores do Canadá.

Atualmente, as duas principais estratégias para identificar e desenvolver novos antimicrobianos são o ensaio bioquímico e o ensaio celular. No primeiro, o composto é testado in vitro apenas com a proteína-alvo purificada da bactéria para verificar se há interação. A segunda estratégia é aplicar o composto na bactéria e checar se ele é capaz de matá-la.

Ambas as abordagens têm pontos fracos. O ensaio bioquímico não garante que o composto terá o mesmo comportamento na célula “A potência in vitro do composto nem sempre se relaciona com a atividade celular”, conta Rebeka Fanti, primeira autora do estudo, desenvolvido no CQMED durante seu mestrado.

Já o ensaio celular não deixa claro qual é o mecanismo de ação que levou a bactéria à morte, o que prejudica os aprimoramentos do composto. “É muito difícil você saber qual que é o alvo que esse composto está atingindo”, comenta Couñago.

O grupo decidiu então testar a técnica BRET, criada em 1999 e utilizada desde essa época para diversas aplicações.

“O interessante desse método é que conseguimos avaliar a interação de uma proteína-alvo com um candidato a fármaco na célula bacteriana viva”, diz Fanti. A novidade abriu um novo horizonte de pesquisas em química medicinal, permitindo o estudo sobretudo no chamado ensaio de engajamento, que avalia o comportamento de pequenas moléculas na célula.

Entretanto, até então, o método só havia sido testado em células de mamíferos cultivadas em laboratório. Neste artigo, os pesquisadores testaram em dois patógenos humanos Escherichia coli, que pode causar infecções urinárias graves, e Mycobacterium abscessus, que pode causar infecções em diversos tecidos, incluindo pulmões e pele.

Como funciona

A técnica consiste em duas etapas. Primeiramente, por meio de estratégias de engenharia genética, as bactérias passam a produzir um complexo emissor de luminescência, formado pela junção de uma proteína-alvo com uma luciferase. Essa luciferase é uma enzima originalmente encontrada em camarões abissais capazes de emitir luz azul. Em seguida, uma molécula receptora de luz, chamada de tracer (marcador), é adicionada ao meio de cultura contendo bactérias. Esse tracer entra na bactéria e se liga diretamente na proteína-alvo e tem a capacidade de absorver a luz azul produzida pela luciferase e reemiti-la na forma de fluorescência vermelha. Essa troca de energia em forma de luz é chamada de BRET. Dessa forma, explica Fanti, pequenas moléculas ou compostos podem ser avaliados e selecionados a partir de sua capacidade de penetrar na bactéria e deslocar o tracer da proteína-alvo, causando uma diminuição no sinal de BRET.

Segundo os autores, o estudo é particularmente importante para impulsionar o desenvolvimento de novos antibióticos e lidar com a crescente ameaça representada por bactérias multirresistentes.

“O surgimento de resistência antimicrobiana supera em muito a nossa capacidade atual de descobrir, desenvolver e aprovar novos antimicrobianos, especialmente aqueles direcionados a patógenos Gram-negativos [grupo ao qual pertencem diversos agentes causadores de doença em humanos, como E. coli, Shigella, Salmonella, Pseudomonas e Legionella pneumophila] e às micobactérias [causadoras de doenças como tuberculose e hanseníase]”, explica Couñago.

O Relatório Anual da Organização Mundial da Saúde (OMS) que analisa o estágio de desenvolvimento de novos agentes antibacterianos aponta que o tempo médio de progressão de um novo fármaco candidato a antibiótico do estágio pré-clínico para o clínico é de dez a 15 anos. Apenas um em cada 15 candidatos a medicamentos chegará aos pacientes. No caso de antibióticos totalmente novos, esse número é de um para 30. As barreiras ao desenvolvimento de novos produtos incluem o longo caminho para aprovação, alto custo e baixas taxas de sucesso.

Validação

Para saber se o BRET seria de fato efetivo para se estudar bactérias, os pesquisadores fizeram uma prova de conceito. Para isso, criaram uma linhagem de E. coli que produzia a proteína diidrofolato redutase (DHFR), um alvo de antibióticos, adicionada de uma luciferase. A bactéria foi então tratada com um antibiótico de eficiência já conhecida, a trimetoprima, que se liga à DHFR. O resultado foi o deslocamento do tracer pelo antibiótico. Ou seja, o método BRET funcionou em bactérias.

Os pesquisadores então testaram uma biblioteca de compostos em E. coli e, inclusive, encontraram um novo composto com potencial antibiótico.

Outro aspecto importante para a ação de um antibiótico que foi avaliado é o tempo em que o composto fica na célula, ou seja, o tempo de retenção do antibiótico. “Não basta apenas entrar, a molécula precisa acumular na célula bacteriana para driblar as estratégias de defesa”, explica Fanti. Usando o BRET, os pesquisadores também conseguiram medir esse parâmetro para a trimetoprima.

Em seguida, o teste foi feito em outro tipo de bactéria, a Mycobacterium abscessus, que tem paredes celulares menos permeáveis que as de E. coli. Os resultados também foram positivos.

Embora todos esses resultados sejam promissores, a técnica tem algumas limitações. É preciso que ligantes da proteína-alvo com mecanismo de ação conhecido estejam disponíveis. “Essa informação é crucial para desenvolver um tracer e adicionar uma luciferase na proteína-alvo. Só assim a transferência de energia, ou seja, o BRET, pode acontecer”, pontua Fanti.

Os próximos passos do estudo são ampliar o uso da técnica para outros patógenos bacterianos e parasitas.

Fonte: FAPESP

18 de julho de 2022 0 comentários
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Notícias

Método pode agilizar a descoberta de novos antibióticos

por jornalismo-analytica 14 de julho de 2022
escrito por jornalismo-analytica

Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) testaram com sucesso uma técnica que permite avaliar em tempo real como e com que eficiência potenciais novos medicamentos se ligam a proteínas-alvo de bactérias vivas.

Conhecido como BRET (sigla em inglês para transferência de energia luminescente), o método foi descrito em artigo publicado nesta segunda-feira (11/07) na revista ACS Infectious Diseases. Segundo os autores, o processo abrevia as etapas mais convencionais de descoberta de fármacos e acelera a busca por novos compostos de ação antibiótica.

Como explica Rafael Couñago, coautor do estudo, um antibiótico para ser efetivo precisa vencer inúmeros obstáculos. O primeiro deles é atravessar as membranas externas da bactéria e entrar na célula. Depois é preciso permanecer no interior do microrganismo, driblando as bombas de efluxo (proteínas que forçam a saída de agentes antimicrobianos) e também as enzimas modificadoras de antibióticos.

“Encontrar compostos que possam driblar todas as defesas bacterianas e que também sejam seguros para o hospedeiro humano está longe de ser algo trivial”, afirma Couñago, pesquisador principal do Centro de Química Medicinal (CQMED), que é apoiado pela FAPESP. O grupo contou com a colaboração de pesquisadores do Canadá.

Atualmente, as duas principais estratégias para identificar e desenvolver novos antimicrobianos são o ensaio bioquímico e o ensaio celular. No primeiro, o composto é testado in vitro apenas com a proteína-alvo purificada da bactéria para verificar se há interação. A segunda estratégia é aplicar o composto na bactéria e checar se ele é capaz de matá-la.

Ambas as abordagens têm pontos fracos. O ensaio bioquímico não garante que o composto terá o mesmo comportamento na célula “A potência in vitro do composto nem sempre se relaciona com a atividade celular”, conta Rebeka Fanti, primeira autora do estudo, desenvolvido no CQMED durante seu mestrado.

Já o ensaio celular não deixa claro qual é o mecanismo de ação que levou a bactéria à morte, o que prejudica os aprimoramentos do composto. “É muito difícil você saber qual que é o alvo que esse composto está atingindo”, comenta Couñago.

O grupo decidiu então testar a técnica BRET, criada em 1999 e utilizada desde essa época para diversas aplicações.

“O interessante desse método é que conseguimos avaliar a interação de uma proteína-alvo com um candidato a fármaco na célula bacteriana viva”, diz Fanti. A novidade abriu um novo horizonte de pesquisas em química medicinal, permitindo o estudo sobretudo no chamado ensaio de engajamento, que avalia o comportamento de pequenas moléculas na célula.

Entretanto, até então, o método só havia sido testado em células de mamíferos cultivadas em laboratório. Neste artigo, os pesquisadores testaram em dois patógenos humanos Escherichia coli, que pode causar infecções urinárias graves, e Mycobacterium abscessus, que pode causar infecções em diversos tecidos, incluindo pulmões e pele.

Como funciona

A técnica consiste em duas etapas. Primeiramente, por meio de estratégias de engenharia genética, as bactérias passam a produzir um complexo emissor de luminescência, formado pela junção de uma proteína-alvo com uma luciferase. Essa luciferase é uma enzima originalmente encontrada em camarões abissais capazes de emitir luz azul. Em seguida, uma molécula receptora de luz, chamada de tracer (marcador), é adicionada ao meio de cultura contendo bactérias. Esse tracer entra na bactéria e se liga diretamente na proteína-alvo e tem a capacidade de absorver a luz azul produzida pela luciferase e reemiti-la na forma de fluorescência vermelha. Essa troca de energia em forma de luz é chamada de BRET. Dessa forma, explica Fanti, pequenas moléculas ou compostos podem ser avaliados e selecionados a partir de sua capacidade de penetrar na bactéria e deslocar o tracer da proteína-alvo, causando uma diminuição no sinal de BRET.

Segundo os autores, o estudo é particularmente importante para impulsionar o desenvolvimento de novos antibióticos e lidar com a crescente ameaça representada por bactérias multirresistentes.

“O surgimento de resistência antimicrobiana supera em muito a nossa capacidade atual de descobrir, desenvolver e aprovar novos antimicrobianos, especialmente aqueles direcionados a patógenos Gram-negativos [grupo ao qual pertencem diversos agentes causadores de doença em humanos, como E. coli, Shigella, Salmonella, Pseudomonas e Legionella pneumophila] e às micobactérias [causadoras de doenças como tuberculose e hanseníase]”, explica Couñago.

O Relatório Anual da Organização Mundial da Saúde (OMS) que analisa o estágio de desenvolvimento de novos agentes antibacterianos aponta que o tempo médio de progressão de um novo fármaco candidato a antibiótico do estágio pré-clínico para o clínico é de dez a 15 anos. Apenas um em cada 15 candidatos a medicamentos chegará aos pacientes. No caso de antibióticos totalmente novos, esse número é de um para 30. As barreiras ao desenvolvimento de novos produtos incluem o longo caminho para aprovação, alto custo e baixas taxas de sucesso.

Validação

Para saber se o BRET seria de fato efetivo para se estudar bactérias, os pesquisadores fizeram uma prova de conceito. Para isso, criaram uma linhagem de E. coli que produzia a proteína diidrofolato redutase (DHFR), um alvo de antibióticos, adicionada de uma luciferase. A bactéria foi então tratada com um antibiótico de eficiência já conhecida, a trimetoprima, que se liga à DHFR. O resultado foi o deslocamento do tracer pelo antibiótico. Ou seja, o método BRET funcionou em bactérias.

Os pesquisadores então testaram uma biblioteca de compostos em E. coli e, inclusive, encontraram um novo composto com potencial antibiótico.

Outro aspecto importante para a ação de um antibiótico que foi avaliado é o tempo em que o composto fica na célula, ou seja, o tempo de retenção do antibiótico. “Não basta apenas entrar, a molécula precisa acumular na célula bacteriana para driblar as estratégias de defesa”, explica Fanti. Usando o BRET, os pesquisadores também conseguiram medir esse parâmetro para a trimetoprima.

Em seguida, o teste foi feito em outro tipo de bactéria, a Mycobacterium abscessus, que tem paredes celulares menos permeáveis que as de E. coli. Os resultados também foram positivos.

Embora todos esses resultados sejam promissores, a técnica tem algumas limitações. É preciso que ligantes da proteína-alvo com mecanismo de ação conhecido estejam disponíveis. “Essa informação é crucial para desenvolver um tracer e adicionar uma luciferase na proteína-alvo. Só assim a transferência de energia, ou seja, o BRET, pode acontecer”, pontua Fanti.

Os próximos passos do estudo são ampliar o uso da técnica para outros patógenos bacterianos e parasitas.

Fonte: FAPESP

14 de julho de 2022 0 comentários
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Notícias

“Série Energia”: Energia solar no mundo é cada vez mais usada para aquecimento de água

por jornalismo-analytica 13 de julho de 2022
escrito por jornalismo-analytica

A energia é utilizada de várias formas pelo ser humano, com diferentes finalidades e proveniente das mais diversas fontes. O Sol é uma dessas fontes e, além de possibilitar a vida no planeta, sua energia pode ser usada para outros objetivos, como é o caso da energia solar usada para aquecimento. Essa forma de conversão da luz solar em energia térmica teve início em 1767, quando o cientista suíço Horace de Saussure fez as primeiras experiências com caixas de vidro em estufas e constatou que com um bom aproveitamento da radiação solar era possível chegar a temperaturas de até 87° C.

De lá para cá, a evolução foi rápida. Os coletores solares foram aprimorados, tornando-se mais eficientes, duráveis e acessíveis. Os equipamentos de aquecimento solar hoje consistem de placas coletoras, tubos para a circulação de água e reservatório térmico. A água sai do reservatório e passa pelas placas coletoras que absorvem a radiação solar e a transferem na forma de calor para a água; após esse processo, o líquido volta para o reservatório térmico para não ter a temperatura reduzida e a partir disso segue para o seu destino de uso.

A China está em primeiro lugar como o país que mais possui energia solar para aquecimento de água, e o fator mais decisivo para isso foi a redução de gastos, já que a poluição causada pela utilização de combustíveis fósseis estava prejudicando a economia chinesa. A Turquia vem em segundo lugar e o Brasil ocupa a terceira posição em capacidade instalada de energia solar. Mais da metade do uso no país se concentra em residências e piscinas, quase 90%, enquanto os outros 10% são destinados para indústrias e serviços.

A série Energia tem apresentação do professor Fernando de Lima Caneppele (FZEA), que produziu este episódio com Iris Montani Gasparoto (discente USP Pirassununga). A coprodução é de Ferraz Junior e edição da Rádio USP Ribeirão. Você pode sintonizar a Rádio USP Ribeirão Preto em FM 107.9, ou pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS. A segunda temporada da série retorna após as férias escolares.

Ouça no player acima o episódio inédito e na íntegra sobre os componentes da conta de luz e o porcentual que representa cada um no valor total da fatura.

Fonte: Jornal da USP

13 de julho de 2022 0 comentários
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Notícias

Empresa criada nos laboratórios da USP rende prêmio Mulheres Brasileiras na Química

por jornalismo-analytica 12 de julho de 2022
escrito por jornalismo-analytica

Uma iniciativa nascida nos laboratórios da USP em Ribeirão Preto rendeu o prêmio Mulheres Brasileiras na Química 2022, na categoria Líder Industrial, para a farmacêutica Thais Guaratini. Organizada pela American Chemical Society (ACS) e Sociedade Brasileira de Química (SBQ), a premiação promove a igualdade de gênero na ciência, tecnologia, engenharia e matemática, além de reconhecer mulheres cientistas com contribuições relevantes no âmbito da química e ciências relacionadas.

Graduada e com mestrado pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, e doutorado pelo Instituto de Química (IQ) da USP, Thais conta que seu interesse em empreender nasceu durante a pós-graduação, quando teve a oportunidade de estar em um laboratório e participar de um projeto que uniu a indústria e pesquisa de inovação, e ainda, na mesma época, com a chegada do projeto Supera Parque na USP em Ribeirão Preto, ela começou a participar de atividades e palestras do projeto, aumentando ainda mais seu interesse no empreendedorismo.

Com a vontade de transformar a pesquisa científica em inovação, em 2008, a farmacêutica, em conjunto com três colegas, começou a buscar parcerias dentro das empresas, a fim de transformar o conhecimento em soluções para a indústria, surgindo assim um modelo de negócio inovador, a Lychnoflora, que conta até hoje com a parceria de pesquisadores da USP, agregando um capital científico importante para a empresa.

Com 14 anos de trajetória na ciência, Thais acredita que fazer ciência no Brasil é um desafio enorme. “Durante essa caminhada, a gente viu e viveu muita transformação, e esse caminhar, de uma maneira sustentável e sólida, eu tenho certeza que foi e é possível pelas pessoas incríveis que estão com a gente”.

Além da Lychnoflora, Thais participa do quadro societário da empresa Heborá, um empreendimento feminino, com foco na qualificação de mulheres do campo através da produção e processamento de mel, própolis e cera. A empresária conta que “esse trabalho vai muito além de desenvolvimento tecnológico e inovação, é um propósito de vida, na tentativa de retornar a sociedade o conhecimento que a gente teve a oportunidade de absorver e construir dentro da universidade pública”.

Parceria com a USP

A farmacêutica conta que a Lychnoflora nasceu dentro da USP, com o quadro societário composto por um professor aposentado da academia e três egressas da universidade. Desde o início, foi estabelecida uma parceria entre a empresa e instituição, no que Thais define como uma “ponte” de sucesso, constituindo um modelo de negócio estruturado.

A parceria é vantajosa para todos os envolvidos. Para a empresa, foi a forma encontrada de sempre se manterem atualizados, acessando tecnologia de ponta e participando ativamente da construção do conhecimento. Para a Universidade, traz um viés prático de problemas vividos dentro da indústria, além de trazer um retorno financeiro, abrindo possibilidade do crescimento dos laboratórios de pesquisas.

O setor da indústria também se beneficia com a parceria, como conta Thais, “a gente acaba agilizando a obtenção das respostas que a indústria precisa, que tem um tempo diferente e celeridade na obtenção de resultado, essa catálise que a Lychnoflora faz entre a Universidade e a indústria traz novas possibilidades, abre novas portas e fomenta a informação”.

Importância do prêmio

Para a farmacêutica, ser uma das ganhadoras do prêmio, é o reconhecimento de uma trajetória de vida profissional, um trabalho em conjunto, com todos colaboradores e educadores que fizeram parte dessa história de sucesso, é o “reconhecimento de uma construção coletiva”, pontua Thais.

Além do reconhecimento, o prêmio traz impactos na visibilidade do empreendedorismo feminino. “Eu espero que isso desperte ou incentive, outras meninas e mulheres, para iniciarem ou se aprofundarem na carreira científica e no empreendedorismo. Eu realmente acredito que para a gente evoluir, a gente precisa ter diversidade e uma sociedade mais igualitária, em todos os sentidos”.

12 de julho de 2022 0 comentários
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