ONSHORE WEEK TEM ANÚNCIO DE NOVO MAPA DO POTENCIAL TERRESTRE DO PAÍS E EXPECTATIVAS DE CRESCIMENTO DO SETOR
A indústria brasileira de óleo e gás onshore dedicou uma boa parte desta semana para celebrar os feitos conquistados no setor até aqui, além de traçar os próximos desafios. Diversos representantes de petroleiras independentes que exploram campos terrestres e outros diversos agentes ligados ao segmento de óleo e gás participaram da Onshore Week 2022, que foi finalizada nesta quarta-feira (20), no SENAI CIMATEC, em Salvador (BA). Além de ter marcado o retorno aos grandes eventos presenciais da mercado do petróleo, a Onshore Week trouxe também uma série de perspectivas positivas para a indústria brasileira. No horizonte futuro, a meta desse setor é alcançar o tão sonhado patamar de 500 mil barris produzidos por dia a partir de campos terrestres até 2030. O encontro também trouxe novidades para o segmento, como o anúncio de um novo mapa do potencial onshore brasileiro. O documento está sendo produzido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e deverá ser lançado oficialmente em maio, conforme revelou durante o evento a diretora de estudos do petróleo, gás e biocombustíveis da EPE, Heloísa Borges.
“O documento vai trazer um novo olhar sobre o onshore brasileiro. Trata-se de um exercício de revisitar os dados disponíveis, para reavaliar todo o potencial terrestre de óleo e gás do país”, detalhou Heloísa. “Reavaliamos algumas bacias sedimentares nacionais, com foco no onshore, buscando reinterpretar os dados e identificar de forma bem específica quais são os tipos de informações necessárias para termos clareza de todo o nosso potencial”, acrescentou.
A diretora da EPE frisou ainda que acredita que a multiplicidade de atores no setor onshore é um dos pontos que garante a retomada dos investimentos. Além disso, ela também destacou uma característica bem conhecida do segmento de campos terrestres – a capacidade de ser um motor de desenvolvimento regional. “Às vezes, não fica clara a importância do segmento onshore. No entanto, sabemos que esse setor tem um valor fundamental para o desenvolvimento regional e a geração de empregos. Os campos terrestres movimentam uma grande cadeia, composta por indústrias prestadoras de serviços, setor metalmecânico, construção civil, indústria hoteleira, alimentação, entre outros elos”, completou.
Outra participante da Onshore Week foi a presidente da distribuidora Potigás, Larissa Dantas, que traçou um elo entre a abertura do mercado de gás natural no país com o desenvolvimento e reaquecimento da indústria onshore nacional. A executiva disse que a Potigás e o setor de distribuição de gás como um todo enxergam com muito entusiasmo o surgimento de uma pluralidade de fornecedores de gás natural no Brasil – muitos deles produtores em campos onshore. No caso específico da Potigás, a empresa celebrou no ano passado um contrato com a PetroReconcavo, conforme noticiamos.
Larissa ressaltou também que o despontar de novas empresas no cenário da indústria já traz consigo a possibilidade de redução de custos para os consumidores – um movimento que deve ser sentido continuamente daqui em diante, segundo a executiva. “Com relação às distribuidoras, a competitividade da tarifa já é relevante para o consumidor final e, daqui a um ano, acreditamos que vamos ter ainda mais competitividade nesse sentido”, previu.
Olhando para os desafios do futuro, o presidente da PetroReconcavo, Marcelo Magalhães, vê uma necessidade de maior agilidade no endereçamento de questões regulatórias, a exemplo da extensão das licenças dos contratos atuais. “Notamos uma enorme boa vontade da ANP, sobretudo das áreas mais experientes, das diretorias e do seu diretor-geral. Também vemos um enorme apoio do Ministério de Minas e Energia. Acho que é preciso sensibilidade e, sobretudo, uma preocupação com que está acontecendo no mundo, de modo a acelerar muitos dos processos. Muito já foi conquistado, mas ainda temos muito a conquistar. E temos pressa”, afirmou.
Apesar dos desafios pela frente, Magalhães reconhece que o setor onshore já evoluiu muito nos últimos cinco anos. “Hoje existem várias empresas operando campos relevantes, além de um crescimento relevante da produção nessas áreas. Além disso, também é possível ver empresas independentes, como a PetroReconcavo, fornecendo gás natural para distribuidoras regionais. Já conquistamos muito, mais até do que esperávamos há cinco anos”, completou.
Nessa mesma linha, o advogado Alexandre Calmon, do escritório Campos Melo, que atua há 20 anos dentro da indústria de óleo e gás, também está no time de profissionais que vê o ressurgimento da atividade onshore no país. Durante um painel sobre Integração Upstream e Downstream, ele destacou no entanto que ainda é necessário um avanço na abertura do setor de refino. “Para o desenvolvimento pleno do onshore, é importante que você tenha alternativas e um mercado competitivo de refino e distribuição. Com um mercado aberto, você vai gerar mais alternativas para que esses produtores possam vender seu óleo a preços melhores. Por isso que é tão relevante, para o desenvolvimento do onshore, que a abertura do mercado de refino aconteça de verdade, assim como aconteceu aqui na Bahia, com a venda da RLAM para a Acelen”, opinou.
AS OPORTUNIDADES DE EMPREGO NA INDÚSTRIA ONSHORE BRASILEIRA
No encerramento da Onshore Week, foi realizado um painel especial voltado para jovens profissionais da indústria de óleo e gás, discutindo quais são as novas oportunidades que irão surgir a partir da maior atividade dos campos terrestres no país. A gerente de talentos da 3R Petroleum, Camila Prista, lembrou que muitas empresas – como a própria 3R – fizeram aquisições de ativos onshore que eram da Petrobrás. Agora, com essa mudança de titularidade, as novas petroleiras independentes estão em busca de profissionais para fazer a gestão desses campos.
“A 3R foi a empresa independente que mais adquiriu campos de petróleo desinvestidos pela Petrobrás. Por isso, estamos construindo um time para atender a nossa operação. Nosso foco está nas vagas de alta expertise, como engenheiros, geólogos e profissionais geralmente oriundos de óleo e gás. No médio prazo, vamos evoluir também na formação de um time de sucessores, fazendo assim a gestão do conhecimento”, explicou.
A executiva afirmou que as maiores demandas na indústria onshore serão por pessoas qualificadas em diferentes disciplinas de engenharia, geologia e geofísica. Camila avalia que a indústria espera e deseja os profissionais mais atualizados sobre as novas tecnologias e ferramentas. “Esses são os profissionais que estarão um passo à frente para crescer dentro das empresas”, disse.
Em um balanço final da Onshore Week, a diretora-geral da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (ONIP), Karine Fragoso, celebrou o sucesso do evento e diz que os organizadores já esperam realizar uma nova edição no próximo ano. “Estamos muito felizes com a realização da Onshore Week. Só conseguimos realizar esse evento entre dois feriados porque tivemos, de imediato, a aceitação das empresas. Já saímos da aqui pensando na próxima Onshore Week para 2023, ainda maior”, projetou. “Queremos marcar e celebrar as conquistas do onshore brasileiro, que tem esse poder de transformação e multiplicação de oportunidades”, adicionou.
Por fim, Karine lembrou ainda da meta estabelecida no REATE, de elevar a produção terrestre brasileira ao patamar de 500 mil barris por dia em 2030. “Temos esperança de que isso vai acontecer”, finalizou a diretora da ONIP. A Onshore Week foi uma realização do SENAI CIMATEC e da ONIP, com o apoio institucional da ABPIP, da EPE, do Sebrae e da ANP.
Veja abaixo uma pequena galeria com algumas fotos da Onshore Week: