Estudantes desenvolvem cápsula biodegradável para shampoo
Inovação pode ajudar a diminuir o volume de embalagens plásticas descartadas no meio ambiente
Formandos em Engenharia Química do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), em São Paulo, desenvolveram uma cápsula para shampoo biodegradável e vegana. O trabalho de conclusão de curso dos alunos pode substituir embalagens de plástico e assim diminuir o número de embalagens que vão para o lixo. O projeto foi apresentado na feira Eureka 2020, realizada no início de novembro.
Em busca de um projeto inovador, quatro alunos se uniram aos graduandos do curso de administração e se basearam na água em cápsulas para criar um novo produto. Eles descobriram que o processo de criação do invólucro se dá por meio do processo químico de polimerização e que ocorre entre dois reagentes: alginato de sódio e o cloreto de cálcio. Quando estes dois compostos entram em contato, naturalmente forma-se uma película e ocorre o fenômeno da gelificação iônica.
Marcella Raymundo Alves, integrante do grupo que inventou a cápsula, explica o processo químico que culminou na invenção. “São íons que estão livres na solução e o sódio acaba trocando de lugar com o cálcio e forma esta película. Dependendo do instrumento utilizado, ela vai formar o formato que desejamos, e usamos uma espátula de porcelana para definir a forma”.
O alginato é um produto extraído de algas. É isso que torna o material biodegradável. “Como as cápsulas foram obtidas a partir de um material de origem marinha, o produto é biodegradável e atóxico ao meio ambiente e à saúde humana. O cloreto pode ser feito em laboratório, mas ele também é extraído de jazidas de calcário. Isso traz caraterísticas sustentáveis e veganas, já que os reagentes não têm origem animal”.
Ela conta que a reação é simples. Foi feito um primeiro teste em casa devido à pandemia do coronavírus, mas o restante precisou ser feito em laboratório. Segundo a formanda, o futuro da invenção vai depender do investimento que o grupo vai conseguir. “Trata-se de um projeto viável tecnicamente, mas necessita de financiamento para ganhar o mercado”. Além disso, são necessários mais testes para que possa ser comercializado.
Mais um mercado para os químicos
Pesquisa da empresa de consultoria Ibope Inteligência feita em 2018 mostrou o interesse do brasileiro por produtos veganos, aqueles livres de qualquer ingrediente de origem animal.
Mais da metade dos entrevistados (55%) declarou que consumiria mais produtos veganos se estivessem melhor indicados na embalagem ou se tivessem o mesmo preço que os produtos que estão acostumados a consumir (60%). Nas capitais, esta porcentagem sobe para 65%.
Este nicho de mercado abre novas possibilidades para os profissionais da Química. A professora que orientou o grupo de formando em Engenharia Química no trabalho das cápsulas foi a doutora em Ciências dos Alimentos Antônia Miwa Iguti.
Na percepção dela, este tipo de trabalho vem ganhando cada vez mais amplitude graças aos jovens cientistas que chegam ao mercado. “A gente percebe que eles têm uma preocupação cada vez maior não só com o meio ambiente, mas também em atender um público que vem crescendo que é este que tem preferência por produtos veganos. Mas eles vão ainda mais além. Eles se preocupam, principalmente, em ajudar pessoas. Isso renova nossas forças e é motivador”.
Com informações do CFQ – Conselho Federal de Química