A Nanotecnologia nos alimentos – inovações
A nanotecnologia está produzindo um impacto nunca antes presenciado em alimentos, ao influenciar desde a forma como são cultivados até o processo de embalagem.
Em um cenário no qual a preocupação com a segurança e a qualidade dos alimentos oferecidos ao consumidor ganha cada vez mais força, é de se imaginar que a revolução tecnológica que vivenciamos atualmente também seja devidamente explorada pela indústria de alimentos.
Nesse contexto, não podemos deixar de falar da nanotecnologia, uma tecnologia inovadora que pode ser aplicada em qualquer etapa de cadeia produtiva, proporcionando muitos benefícios à indústria de alimentos.
Quem explica isso e mais entende do assunto é o Dr. Eduardo Caritá, também conhecido como Dr. Nano. O especialista em nanotecnologia e diretor da Funcional Mikron está apostando nessa novidade em constante desenvolvimento no país para melhorar a funcionalidade, ou até durabilidade, de diversos tipos de alimentos ofertados pela natureza.
No Brasil, a Funcional Mikron é uma das empresas que usam técnicas de nanoencapsulação e nanonização para criar ingredientes e vendê-los para as indústrias alimentícia e farmacêutica.
“Fomos respondendo as demandas do mercado. Algumas empresas tinham problemas com a estabilidade das matérias-primas, com o gosto, cheiro e textura do alimento. Em outros casos, o produto simplesmente não desempenhava à contento: ou porque o produto não dissolvia ou reagia precocemente na formulação”, explicou Caritá, head de projetos da Mikron.
A nanotecnologia já está na sua rotina
Desde a sua descoberta, as tendências da nanotecnologia vem ditando uma série de inovações no mundo atual.
Para Carità, as pessoas estão “com certeza” ingerindo nanoalimentos. “A nanotecnologia em alimentos e nanoalimentos vem desde a agricultura. Ela está presente em fertilizantes e fixadores de água no solo que são absorvidos pela planta, fruto ou caule. Isso acaba virando matéria-prima. Quase ninguém percebe, mas começa aí”.
As empresas também estão começando a substituir os conservantes pela nanotecnologia para aumentar a durabilidade de produtos. “Existem relatos de produtos com plástico de nanoprata que duram até seis vezes mais”, explica Carità.
Nanotecnologia e saúde
Ainda há dúvidas da população em relação à mistura de nanopartículas em alimentos. Carità conta que faz parte do comitê mundial que busca regulamentar os processos e métodos de análise da nanotecnologia. Para ele, a ingestão de nanoalimentos não apresenta riscos para a saúde humana.
“Como a nanotecnologia é recente, começamos a ‘fuçar’ e descobrimos propriedades chamadas de quânticas na escala nanométrica. Estas propriedades não obedecem à gravidade, o que desperta uma precaução, mas depois de mais de 12 anos trabalhando com produtos nanoencapsulados, aplicando ensaios em animais e humanos, eu diria que se fosse perigoso os mamíferos não tomariam leite, que são nanoestruturados”.
Ele defende a aplicação de tecnologia em alimentos. “Em 2030, serão 10 bilhões de pessoas no planeta. A grande resposta para a nutrição da humanidade está na tecnologia do alimento: produzir cada vez mais com menos recursos”.
O futuro dos nanoalimentos
A nanotecnologia na alimentação nos permitirá ter acesso a produtos mais saudáveis, resistentes a doenças e menos perecíveis.
O agronegócio mostra alguns exemplos de nanotecnologias que estão sendo desenvolvidas para o setor. Um dos maiores exemplos disso no Brasil é a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Eles publicam anualmente dezenas de pesquisas desenvolvidas na área, como nanotecnologia para redução do agrotóxico, sensores para analisar o estado de frescor e estimar a vida útil com precisão, toxinas, metais pesados e pesticidas.
A começar pelo fertilizante usado em plantações agrícolas, passando pelas embalagens inteligentes e finalmente aos nanoalimentos propriamente ditos. No futuro, Eduardo comenta que a nanotecnologia pode permitir até a criação de amendoins que não provocam reações alérgicas.
Também houve progressos significativos no desenvolvimento de nano-embalagens e nano-etiquetagens, um método de fabricação que utiliza a nanotecnologia que faz com que a embalagem mude de cor quando ocorre qualquer deterioração no alimento. Isso permitirá retirar o produto da cadeia de distribuição antes de chegar às prateleiras e ao consumidor final.
Novidades à vista
Atualmente, a Mikron está conduzindo um projeto com o Senai para a criação de snacks com nanotecnologia. “Todo mundo quer assistir TV comendo snacks, mas de forma geral eles não são saudáveis: tem sal demais, amido demais, gordura demais, e nos doces ainda têm os conservantes artificiais”, explica Carità.
“Pensando nisso, decidimos transformá-los em algo gostoso e saudável”. Os produtos serão lançados em 2020. Com o Senai, foram desenvolvidos sachês de suplemento alimentar em pó para que pessoas possam adicionar água ao produto, criando uma bebida embarcada com nanocálcio, nanoferro e outras propriedades como a cafeína e o Ômega 3. Serão sucos, chás e shakes.
Outra novidade, que inclusive, faz o maior sucesso entre as inovações da sua empresa é o Ômega 3 em pó. “O Ômega é uma questão mais complexa. Ele é muito bom para a saúde cardíaca, mental e até para o sistema imunológico. Conseguimos criar um produto sem gosto nem cheiro e extremamente estável e manipulável. Podemos aplicá-lo em shakes, vitaminas em pó, bombons e até barrinhas de proteína”, contou Carità.
Essa é, certamente, uma das mais revolucionárias e benéficas aplicações da nanotecnologia em alimentos, pois pode colaborar com a saúde de muitas pessoas com deficiência do nutriente no corpo.
Com informações de Talk Science.