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plantas

Notícias

Aplicação de bactérias em sementes reduz efeitos do aquecimento global em plantas

por jornalismo-analytica 28 de julho de 2025
escrito por jornalismo-analytica

Técnica já conhecida e utilizada no meio agrícola brasileiro, principalmente na produção de soja, mostra-se eficaz na redução dos impactos do aquecimento atmosférico nas plantas. É o tratamento de sementes com bactérias promotoras de crescimento vegetal, usado para melhorar funções biológicas como fotossíntese e trocas gasosas.

Publicada na Science of The Total Environment, a descoberta dos benefícios da técnica quanto ao aquecimento global aconteceu durante experimento realizado com gramíneas forrageiras (plantas que servem como alimento animal) no campus da USP em Ribeirão Preto.

Um dos responsáveis pelo estudo, o pesquisador Eduardo Habermann, do Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, afirma que a técnica é conhecida por melhorar a qualidade nutricional e a digestão animal das pastagens, mas que esta é a primeira vez que se verificam os efeitos protetores o aquecimento atmosférico.

Segundo o pesquisador, a relação entre a redução de impactos prejudiciais do aquecimento e a inoculação de sementes com bactérias se dá por uma série de efeitos, como o maior crescimento das raízes que proporciona às plantas uma melhor absorção de nutrientes e água. “Além disso, a inoculação estimula o sistema antioxidante das plantas, reduzindo o estresse oxidativo que ocorre sob altas temperaturas”, completa.

A utilização das bactérias para o plantio é importante mesmo sem o contexto de maior aquecimento.

Para o professor do Departamento de Biologia da FFCLRP e líder da equipe de pesquisa Carlos Alberto Martinez y Huaman, “nas condições atuais de temperatura, a simbiose estabelecida entre as plantas e as bactérias promotoras do crescimento vegetal proporciona vantagens, principalmente em relação à fixação do nitrogênio atmosférico, fundamental para o crescimento acelerado, já que o nitrogênio é componente essencial de aminoácidos, proteínas, clorofila e DNA. O resultado será uma planta mais vigorosa e produtiva ainda em situações de estresse hídrico e salinidade”.

Riscos à produção de alimentos
O grupo de pesquisa da FFCLRP realizou o experimento de campo por um ano no próprio campus da Universidade, inoculando as bactérias Azospirillum brasilense e Pseudomonas fluorescens, produzidas pela Embrapa Soja, em uma espécie de gramínea. Para representar o processo de aumento da temperatura atmosférica foi utilizado um sistema de aquecimento ao ar livre chamado T-FACE, capaz de aumentar a temperatura das plantas em 2°C durante todo o tempo do estudo e ininterruptamente através de aquecedores infravermelhos.

O objetivo foi simular um cenário futuro de aquecimento global e investigar o que ocorreria com as plantas germinadas a partir da inoculação destas bactérias, uma vez que as altas temperaturas oferecem riscos à produção de alimentos, prejudicando a fotossíntese e acelerando o ciclo de vida das plantas. O ambiente criado pelo aquecimento global compromete “o enchimento dos grãos e a produtividade das lavouras e também reduz a qualidade nutricional de plantas forrageiras”, lembra Habermann.

Pelas análises dos resultados do experimento, segundo os pesquisadores, foi possível verificar que o aquecimento diminui a eficiência da fotossíntese, aumenta a transpiração e o estresse hídrico, além de afetar negativamente a produção de biomassa, assim como a qualidade nutricional nas plantas. Apesar disso, a inoculação de microrganismos foi capaz de reverter essa situação, neutralizando por completo estes impactos negativos do aquecimento.

Redução da emissão de óxido nitroso
Habermann destaca ainda a sustentabilidade da técnica de inoculação de bactérias promotoras de crescimento vegetal quando comparada aos fertilizantes utilizados amplamente nas atividades agropecuárias atualmente. Para o pesquisador, “a inoculação funciona como um processo complementar, que pode reduzir significativamente a necessidade do uso de fertilizantes químicos, principalmente os nitrogenados”.

Apesar de essenciais para a alta produtividade agrícola, o uso excessivo ou inadequado de fertilizantes representa um risco ao meio ambiente. O professor Martinez defende a substituição de fertilizantes por alternativas mais sustentáveis pela “contribuição significativa na mitigação das mudanças climáticas”. A redução da emissão de óxido nitroso, gás liberado após a aplicação de fertilizantes nitrogenados, “é uma necessidade urgente porque esse gás de efeito estufa tem um poder de aquecimento global 300 vezes maior que o dióxido de carbono”, alerta.

Aquecimento global e produção alimentícia
Embora o histórico Acordo de Paris – tratado internacional para frear os efeitos das mudanças climáticas – tenha definido o limite de segurança em 2 graus Celsius, em 2024 a temperatura média global já alcançou cerca de 1,6 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais. E deve aumentar até o fim deste século.

Esse fenômeno ameaça a produção alimentar já que, na agricultura, em função do período de desenvolvimento em que são afetadas pelas ondas de calor, “as plantas podem sofrer severos danos e a produção pode ficar totalmente perdida. Por exemplo, durante a polinização em cultivos, a perda na produção de grãos e sementes pode ser total”, informa Martinez.

Habermann completa destacando que as altas temperaturas também impactam a criação animal. “Na pecuária, o calor excessivo afeta o conforto térmico dos animais, reduzindo o consumo de alimento e sua produtividade. Além disso, diminui a qualidade nutricional da pastagem, o que compromete a digestibilidade do material vegetal e a obtenção de energia pelos animais.”

Fixação biológica de nitrogênio
Os resultados alcançados no estudo abrem margem para novas possibilidades, tanto na área de pesquisa quanto na de produção alimentar brasileira. Habermann acredita que os pesquisadores agora devem investigar se o mesmo ocorre com outras espécies de gramíneas forrageiras como a Brachiaria brizantha cv. Marandu (capim-marandu), amplamente utilizada no Brasil.

“Considerando as enormes áreas agrícolas dedicadas no Brasil ao cultivo de pastagens e culturas agrícolas, como cana-de-açúcar, milho e sorgo, por exemplo, se espera um grande impacto em termos econômicos pela substituição parcial de adubos nitrogenados pela fixação biológica de nitrogênio por bactérias promotoras do crescimento vegetal”, finaliza Martinez.

A pesquisa foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp), dentro do Programa Fapesp de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais, e participaram pesquisadores de diversas instituições nacionais e internacionais, entre eles a pesquisadora Mariangela Hungria, da Embrapa Soja, recentemente nomeada para o World Food Prize.

O artigo Inoculation with plant growth-promoting bacteria mitigates the negative impacts of 2 °C warming on the photosynthesis, growth, and nutritional value of a tropical C4 grassland under field conditions está disponível neste link.

Mais informações: e-mail carlosamh@ffclrp.usp.br com o professor Carlos Alberto Martinez y Huaman

*Estagiário sob orientação de Rita Stella

**Estagiário sob orientação de Moisés Dorado

Matéria – Jornal da USP, Texto: Leonardo Ozima*
Arte: Gustavo Radaelli**

28 de julho de 2025 0 comentários
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Notícias

“Vacina para plantas”: pesquisa usa fungo para reforçar defesas da cana-de-açúcar contra infestações

por jornalismo-analytica 23 de julho de 2025
escrito por jornalismo-analytica

O fungo Metarhizium robertsii, além de combater pragas, também poderia atuar como indutor de defesas, como se fosse uma verdadeira “vacina” para as plantas de cana-de-açúcar, conclui pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba. A partir do estudo sobre as complexas interações entre fungos, plantas e insetos, o trabalho sinaliza para uma estratégia biológica capaz de reduzir a dependência a inseticidas químicos, aprimorar a eficiência do controle biológico e promover a sustentabilidade.

A pesquisa avaliou o Metarhizium robertsii, fungo que vive nos tecidos das plantas (endofítico), onde tem a capacidade de matar insetos (entomopatogênico) para melhorar as defesas da cana-de-açúcar, medindo níveis de fitormônios, emissões de compostos orgânicos voláteis e atração olfativa dos inimigos naturais. Entre eles, a vespa Cotesia flavipes e a tesourinha (também conhecida como “lacrainha”) Doru luteipes, inseto que possui uma espécie de par de pinças no abdome. A atuação do fungo ocorre em condições com e sem infestação da broca-da-cana-de-açúcar, principal praga da cultura.

“Na cana-de-açúcar ainda se compreende pouco o impacto desses fungos sobre as defesas químicas e sobre as interações com herbívoros e inimigos naturais”, explica Marvin Mateo Pec Hernández, engenheiro agrônomo formado pela Universidad de San Carlos de Guatemala e doutorando em Entomologia pela Esalq, autor do trabalho. A pesquisa desenvolveu uma abordagem multidisciplinar que incluiu o cultivo do fungo e sua inoculação em plantas, seguido da infestação com pragas.

Análises químicas quantificaram os níveis de fitormônios (hormônios vegetais) e compostos orgânicos voláteis (substâncias que evaporam em temperatura ambiente), e bioensaios comportamentais para avaliaram a preferência de colocação de ovos (ovoposição) das pragas. Ao mesmo tempo, foram couduzidos experimentos para investigar a atratividade pelo olfato da Cotesia flavipes, que atua como parasita, e da Doru luteipes, predadora noturna, ambas inimigas naturais da broca-da-cana.

Estratégia ecologicamente correta
Para Pec Hernández, os resultados apontaram para uma estratégia ecologicamente correta, que pode reduzir a dependência do uso de inseticidas químicos ao melhorar as defesas naturais da planta, tornando o controle biológico mais eficiente. Ao mesmo tempo, ela potencializaria a atratividade de inimigos naturais, como a mosca Cotesia flavipes, para controlar a broca-da-cana, contribuindo para a sustentabilidade da cultura da cana-de-açúcar ao oferecer uma abordagem de manejo de pragas de baixo impacto ambiental.

“Plantas inoculadas com o fungo apresentaram alterações significativas nos níveis de compostos secundários responsáveis pela defesa da planta contra pragas, como os ácidos jasmônico e salicílico, além de mudanças nas emissões de compostos voláteis, tanto durante o dia quanto à noite”, explica o pesquisador. “Nas plantas ainda não infestadas pela broca-da-cana, observamos uma redução na colocação de ovos pela praga.”

Nas espécies infestadas houve maior atração da vespa Cotesia flavipes, indicando que o inimigo natural pode estar atuando de forma mais eficaz no controle da praga. Por outro lado, a tesourinha não apresentou aumento de atração, mesmo com as alterações nos compostos voláteis emitidos à noite.

A pesquisa é descrita na tese de doutorado Metarhizium robertsii altera os voláteis da cana-de-açúcar e suas interações com insetos, defendida por Pec Hernández em janeiro deste ano. O trabalho foi conduzido no Laboratório de Ecologia Química e Comportamento de Insetos da Esalq, sob coordenação do professor José Maurício Simões Bento, com o envolvimento do doutorando Marvin Mateo Pec Hernández e dos pesquisadores Paolo Salazar Mendoza, Diego Martins Magalhães e Kamila E. Xavier de Azevedo.

* Texto: Alicia Nascimento Aguiar, da Assessoria de Comunicação da Esalq, adaptado por Júlio Bernardes

**Estagiária sob orientação de Moisés Dorado

Matéria – Jornal da USP, Texto: Redação*
Arte: Daniela Gonçalves**

Imagem – Pesquisadores cultivaram fungo e o inocularam em plantas, seguido de infestação com pragas, para entender impacto sobre as defesas químicas e as interações com herbívoros e inimigos naturais – Foto: Divulgação/Marvin Mateo Pec Hernández

23 de julho de 2025 0 comentários
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Notícias

Pesquisadores buscam encontrar no Brasil plantas que acumulam altos teores de metais para agromineração

por jornalismo-analytica 21 de julho de 2025
escrito por jornalismo-analytica

Nos últimos anos um grupo de pesquisadores vinculados ao Departamento de Agronomia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em Recife, tem percorrido áreas de preservação ambiental de mineradoras e também os principais herbários do país buscando identificar espécies de plantas raras e de alto interesse econômico. São as hiperacumuladoras de metais – espécies de plantas que absorvem níquel, zinco, cobre, manganês e outros minérios de alto valor comercial do solo em concentrações centenas ou milhares de vezes maiores em comparação com outras.

Em razão dessa capacidade, elas têm sido utilizadas para promover a chamada agromineração: o uso de plantas para extrair metais de ambientes contaminados e comercializá-los, atendendo aos preceitos da economia circular.

“O trabalho de identificar essas plantas é como tentar encontrar agulha no palheiro”, comparou Clístenes Williams Araújo do Nascimento, professor da UFRPE e pioneiro no desenvolvimento da técnica no Brasil, durante palestra proferida segunda-feira (14/07) na 77ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que acontece até sábado (19/07) no campus da UFRPE, em Recife.

“Mas já encontramos algumas espécies de plantas hiperacumuladoras de níquel, zinco e manganês no país – incluindo algumas novas, que eram desconhecidas –, que estão disponíveis para iniciarmos testes em casa de vegetação e em campo para levarmos até as mineradoras e implantarmos em tecnossolos [substratos minerais produzidos a partir de rejeitos da mineração]”, afirmou Nascimento, que é engenheiro agrônomo graduado pela Universidade Federal da Paraíba com doutorado em solos e nutrição de plantas pela Universidade Federal de Viçosa e pós-doutorados pela University of Massachusetts e pela North Carolina State University.

De acordo com Nascimento, estima-se que as hiperacumuladoras de metais representem apenas 0,2% de todas as plantas conhecidas atualmente – um universo de 350 mil a 400 mil espécies catalogadas. Duas delas, como a Pycnandra acuminata, já são usadas comercialmente para a agromineração em países como a Albânia, além da Malásia e da Indonésia.

“Essas espécies são adaptadas ao clima temperado e tropical. No Brasil ainda não identificamos uma hiperacumuladora ideal e estamos promovendo uma verdadeira caça por todo o país, que tem grande potencial para essa área porque tem a maior biodiversidade de plantas do planeta”, disse Nascimento.

Na concepção da agromineração, as plantas hiperacumuladoras ideais são aquelas que apresentam alto poder de bioconcentração, ou seja, são capazes de reter níquel, por exemplo, em teor comparável ao encontrado no solo. Além disso, precisam ter alta capacidade de translocação dos metais para a parte aérea (porção que se desenvolve acima do solo, incluindo caule, folhas, flores e frutos) e alta produção de biomassa para serem incineradas – o minério é então extraído de suas cinzas.

“Não adianta uma planta concentrar muito metal mas ser pequena. No caso do níquel, para ser considerada eficiente para agromineração, uma espécie de planta candidata precisa permitir produzir 10 toneladas por hectare”, explicou Nascimento.

Por meio de estudos de campo realizados em Niquelândia, em Goiás, os pesquisadores identificaram algumas espécies de interesse. Algumas das limitações, contudo, é que não crescem em outros ambientes que não o Cerrado, produzem pouca biomassa e acumulam pouca quantidade do metal.

“Elas atingem o limiar de concentração de níquel para serem consideradas hiperacumuladoras de mil ppm [partes por milhão] do metal na parte aérea, mas não alcançam a meta de 10 mil ppm, que as tornariam interessantes para uso comercial”, disse Nascimento.

Caça às hiperacumuladoras

A fim de tentar identificar candidatas a hiperacumuladoras de metais ideais no Brasil, os pesquisadores têm feito parcerias com as principais mineradoras do país para realização de estudos em campo em áreas de mineração e em outros lugares onde são encontrados os chamados solos ultramáficos (originados de rochas muito ricas em níquel, cromo e cobalto, por exemplo).

De acordo com o pesquisador, esse tipo de solo ocupa entre 1% e 3% da superfície terrestre, tem baixos teores de nutrientes essenciais para as plantas, como nitrogênio, fósforo, potássio e cálcio, e alta relação de magnésio. “Para um solo ser viável para a agricultura ele precisa, geralmente, ter mais cálcio do que magnésio. No caso dos solos ultramáficos, essa relação é inversa: têm maiores proporções de magnésio do que cálcio”, explicou o pesquisador.

Nascimento, da UFRPE: “Não adianta uma planta concentrar muito metal mas ser pequena; no caso do níquel, para ser considerada eficiente, uma espécie candidata precisa produzir 10 toneladas por hectare” (foto: Elton Allison/Agência FAPESP)

“Por isso, as plantas que conseguiram se adaptar a esses ambientes, ao longo de milhões de anos, são muito especiais porque algumas conseguem evitar a absorção desses metais disponíveis nesses solos, como níquel, cromo, cobalto e ferromanganês. Já outras, como as hiperacumuladoras, desenvolveram a habilidade de crescer nesses solos pobres em nutrientes, ricos em metais pesados tóxicos para outras espécies e absorvê-los em altas concentrações.”

Para ser considerada hiperacumuladora, uma espécie de planta precisa apresentar a capacidade de absorver mais de 100 microgramas por grama de cádmio, ou mais de 300 de cobalto, mais de mil de níquel, 3 mil de zinco e 10 mil de manganês, apontou Nascimento.

“Algumas teorias sobre as razões de essas plantas terem desenvolvido a capacidade de hiperacumulação de metais focam a proteção do ataque de patógenos e pragas ou a ocupação de nichos ambientais. Poderia ser uma vantagem para elas crescerem em um ambiente onde outras espécies não resistiriam”, detalhou o agrônomo.

Busca em herbários

Outros lugares onde os pesquisadores têm procurado identificar essas espécies de plantas são nos principais herbários do país. Por meio de análises realizadas nesses espaços, eles identificaram em Pernambuco, em 2024, uma espécie de planta conhecida popularmente como feijão-bravo-preto ou folha-dura (Capparidastrum frondosum), capaz de acumular grandes quantidades de zinco. “Essa planta também possui grande quantidade de biomassa”, afirmou Nascimento.

Para medir a concentração de metais em expedições em campo ou herbários, os pesquisadores usam um equipamento portátil de fluorescência de raios x. Com ele é possível estimar, em até 30 segundos, a concentração de metais nas folhas e nos caules das plantas. “Por meio desse equipamento é possível analisar mais de 300 espécies de plantas por dia disponíveis nas coleções dos herbários”, disse Nascimento.

Os pesquisadores já visitaram e estão analisando as coleções dos herbários da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da UFRPE, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus, da Embrapa Recursos Genéticos e Tecnologia, da Universidade de Brasília (UnB) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em agosto deste ano vão iniciar o mesmo trabalho no herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), na Bahia, e do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, considerado o maior do país. “Até o momento já fizemos a análise de mais de 8 mil exsicatas [amostras de partes de plantas desidratadas] presentes nessas coleções”, afirmou Nascimento.

O trabalho deve ganhar maior impulso com a recente aprovação pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) da criação do Instituto Nacional de Biotecnologias para o Setor Mineral (Inabim), coordenado por Nascimento e sediado na UFRPE. Um dos objetivos do Inabim é buscar soluções para desafios nacionais, como a recuperação de áreas degradadas pela mineração, o aproveitamento de resíduos e a produção de novos materiais.

O instituto terá a participação de pesquisadores vinculados à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp), entre outras instituições, sublinhou o pesquisador. “Também pretendemos analisar o herbário da Esalq a fim de identificar espécies de plantas candidatas para agromineração”, antecipou Nascimento à Agência FAPESP.

Matéria – Elton Alisson, de Recife | Agência FAPESP
Imagem – Estima-se que as hiperacumuladoras de metais representem apenas 0,2% de todas as plantas conhecidas atualmente; a Pycnandra acuminata (na foto) já é usada comercialmente para agromineração na Indonésia, por exemplo (imagem: Henry Benoît/Biodiversity4all)

21 de julho de 2025 0 comentários
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Notícias

Pesquisa revela como patógenos inativam sistema de defesa de plantas

por jornalismo-analytica 13 de novembro de 2024
escrito por jornalismo-analytica

Em artigo divulgado na revista Nature Communications, pesquisadores brasileiros detalham como a bactéria causadora do cancro cítrico, a Xanthomonas citri, metaboliza compostos tóxicos relacionados à lignina – molécula presente na parede celular das plantas, conferindo-lhe resistência, rigidez e proteção contra patógenos. Os resultados, portanto, ajudam a entender como o microrganismo age para superar o sistema de defesa vegetal.

O estudo foi conduzido com apoio (projetos 19/06921-7, 19/08590-8, 22/01070-1 e 21/07139-0) da FAPESP no Laboratório Nacional de Biorrenováveis do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (LNBR-CNPEM), no âmbito de um projeto que busca aumentar a produção de bioquímicos e outros produtos a partir de biomassas. Seus resultados também poderão auxiliar no combate a doenças que afetam a agricultura, em especial a cultura de cítricos.

Como explicam os autores, a pesquisa visa o desenvolvimento de fábricas microbianas capazes de transformar biomassas vegetais em biocombustíveis, bioquímicos e outros biomateriais, como etanol e bioplásticos. Este trabalho recente enfocou microrganismos pouco estudados, buscando-se entender todas as etapas enzimáticas necessárias para transformar os blocos de construção da lignina em outros produtos químicos.

“Enquanto muitos estudos se concentravam em bactérias de solo, havia uma lacuna no conhecimento sobre patógenos de plantas, o que levou a equipe a se concentrar nesse aspecto”, explicou à Assessoria de Imprensa do CNPEM Priscila Oliveira de Giuseppe, autora principal do artigo.

A pesquisa não só avança na compreensão fundamental do metabolismo de compostos aromáticos, mas também abre novas possibilidades para aplicações biotecnológicas. “Queríamos explorar o inexplorado e entender como a Xanthomonas citri supera o desafio da toxicidade dos compostos de lignina e os transforma em outras moléculas de interesse industrial, um tema pouco abordado na época”, disse.

O artigo descreve como a Xanthomonas citri processa três principais precursores da lignina, os álcoois p-cumarílico, coniferílico e sinapílico. E revela como essa bactéria se protege do efeito tóxico de alguns produtos da degradação dessas moléculas. Esses compostos desempenham um papel vital nas defesas das plantas contra patógenos e também têm potencial como fonte renovável de carbono para a produção de produtos químicos de base biológica.

Além da contribuição para a ciência fundamental, a descoberta de uma nova via metabólica na Xanthomonas citri abre perspectivas promissoras para o desenvolvimento de novas estratégias de manejo de doenças e produção sustentável de químicos.

Controle de pragas

A bactéria causadora do cancro cítrico tem um grande impacto na produtividade, sobretudo na cultura de laranja, muito suscetível à praga. Mas as implicações do trabalho se estendem para todo o setor agrícola, tanto no desenvolvimento de plantas mais resistentes a patógenos quanto em tratamentos para combate a pragas causadas por bactérias do gênero Xanthomonas.

Neste ano, a produção de laranja no cinturão citrícola de São Paulo e Minas Gerais deve ter uma queda de 24%, conforme estimativa do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), causada por doenças e pela seca. O Brasil, maior produtor mundial de laranja segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), é responsável por 21,5% da produção global, com São Paulo concentrando 77,2% da produção nacional. O Brasil responde por 79% do suco de laranja comercializado globalmente, segundo a Associação Nacional de Exportadores de Suco (CitrusBR).

O desenvolvimento da pesquisa pode ter aplicações ainda mais amplas na área agrícola, já que o gênero Xanthomonas engloba várias espécies que infectam diferentes outras plantas além da laranja, como morango, banana, feijão, cana-de-açúcar, repolho e muitas outras.

O artigo Resolving the metabolism of monolignols and other lignin-related aromatic compounds in Xanthomonas citri pode ser lido em: www.nature.com/articles/s41467-024-52367-6.

Matéria – Agência FAPESP

Imagem – Folhas de laranja infectadas por Xanthomonas citri (foto: Léo Ramos Chaves/Pesquisa FAPESP)

13 de novembro de 2024 0 comentários
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