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economia circular

Notícias

Tecnologia verde aproveita palha de milho para gerar bioderivados de alto valor com economia

por jornalismo-analytica 4 de junho de 2025
escrito por jornalismo-analytica

Em estudo publicado no Biofuel Research Journal, pesquisadores das universidades Estadual de Campinas (Unicamp) e Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) avaliaram a eficiência e o impacto ambiental do aproveitamento da palha de milho com uma técnica que utiliza apenas água pura como solvente para extrair bioderivados.

A palha de milho é um subproduto agrícola abundante (frequentemente descartado) e rico em compostos lignocelulósicos, como hemicelulose, celulose e lignina. No trabalho, fruto da pesquisa de doutorado de Rafael Gabriel da Rosa, o grupo de cientistas extraiu açúcares, ácidos orgânicos e compostos fenólicos com propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e antimicrobianas a partir desse resíduo, otimizando os parâmetros do processo ao empregar hidrólise (quebra de moléculas grandes em menores) com “água subcrítica” (em alta temperatura e sob pressão alta para evitar ebulição) em vez de hidrólise ácida. O avanço é útil para aplicações na indústria alimentícia, farmacêutica e de biocombustíveis.

A obtenção de cada subproduto depende de variações na temperatura e no pH, seguindo uma sequência de decomposição que inicia nos compostos fenólicos e termina nos ácidos orgânicos, passando pelos açúcares.

Os resultados revelaram uma recuperação significativa: a hidrólise subcrítica conseguiu obter compostos fenólicos em valores de 16,06 miligramas a 76,82 miligramas equivalentes de ácido gálico por grama (padrão na quantificação de compostos fenólicos), enquanto trabalhos com hidrólise ácida obtiveram 12,76 miligramas equivalentes de ácido gálico por grama.

No caso de açúcares (glicose, xilose e celobiose), foram obtidos 448,54 miligramas por grama de palha de milho hidrolisada a 170 °C por no máximo 30 minutos e pH 1. Métodos tradicionais de hidrólise não superam a marca de 74,5 miligramas por grama de palha hidrolisada. Assim, a um rendimento seis vezes maior aliam-se redução de custos em tempo e energia.

Finalmente, no caso de ácidos orgânicos (acético e fórmico), foram obtidos 1.157,19 miligramas por grama de palha de milho hidrolisada a 226 °C e pH 4,5. “Essa extração de ácidos orgânicos representa uma oportunidade concreta para a produção de precursores químicos renováveis com aplicação em plásticos biodegradáveis, solventes e conservantes naturais”, afirma Tânia Forster-Carneiro, orientadora de Rosa, coautora do artigo e professora da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp.

Tânia Forster-Carneiro e Rafael Gabriel da Rosa (foto: acervo pessoal)

Método sustentável

Os pesquisadores também fizeram uma análise de sustentabilidade da tecnologia, chamada EcoScale. Trata-se de uma métrica semiquantitativa para avaliação das condições de reação química em escala de laboratório. A ferramenta, capaz de avaliar os impactos ambientais, econômicos e sociais de um processo ou tecnologia, usa uma escala de 0 a 100, com 0 representando uma reação totalmente falha (0% de rendimento) e 100 a reação ideal: composto A (substrato) reage com (ou na presença de) composto barato B para dar o composto desejado C com 100% de rendimento, à temperatura ambiente, com um risco mínimo para o operador e um impacto mínimo para o meio ambiente. “Nosso resultado surpreendeu: o método atingiu 93 pontos”, comemora Forster-Carneiro. Outros processos que utilizam produtos químicos agressivos, como ácido sulfúrico e hidróxido de sódio, obtiveram notas entre 54,63 e 85,13 pontos.

Segundo a cientista, outra novidade do estudo foi a análise técnico-econômica preliminar (ou taxa de payback), integrando dados experimentais com estimativas de investimento, operação e retorno econômico ao levar em consideração fatores como custo de equipamentos, insumos e energia.

“A análise fornece uma visão estratégica para a tomada de decisão, simula diferentes cenários e identifica os mais promissores para aplicação industrial, fortalecendo o elo entre ciência, inovação e aplicação prática”, explica Forster-Carneiro. O trabalho focou no açúcar como produto final de maior valor econômico, visando os biocombustíveis, e os resultados demonstraram um tempo de payback variando entre quatro e cinco anos.

Além de Rosa e Forster-Carneiro, o trabalho, apoiado pela FAPESP (projetos 18/14938-4, 18/14582-5, 22/02305-2, 23/02064-8 e 21/04096-9), é assinado por Luiz Eduardo Nochi Castro, Tiago Linhares Cruz Tabosa Barroso, Vanessa Cosme Ferreira (FEA); Maurício Ariel Rostagno (Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp) e Paulo Rodrigo Stival Bittencourt (UTFPR).

O artigo Valorizing corn stover waste into valuable bioproducts using subcritical water hydrolysis pode ser lido em: www.biofueljournal.com/article_216413.html.

Matéria – Ricardo Muniz | Agência FAPESP 

4 de junho de 2025 0 comentários
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Notícias

Bagaço de cana vira embalagem que protege equipamentos eletrônicos sensíveis

por jornalismo-analytica 24 de abril de 2025
escrito por jornalismo-analytica

Dispositivos eletrônicos sensíveis, como chips e semicondutores, têm alto valor e precisam ser acondicionados em embalagens especiais para evitar danos por descargas eletrostáticas. Eles estão presentes no nosso dia a dia, em computadores, celulares, TVs e até automóveis. Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) desenvolveram uma nova embalagem antiestática e sustentável, feita a partir do bagaço da cana-de-açúcar e de negro de fumo, para proteção desses equipamentos.

Chamado de criogel condutivo, o composto é feito a partir da celulose extraída de plantas e resíduos agroindustriais, como o bagaço de cana e o negro de fumo, material produzido pela combustão incompleta de matéria vegetal (carvão e alcatrão de carvão, por exemplo) ou produtos petrolíferos. Pode ser usado em embalagens para transportar microchips, semicondutores e outros componentes eletrônicos, garantindo segurança sem comprometer o meio ambiente.

A pesquisa inova ao oferecer um material alternativo às espumas plásticas, derivadas de petróleo, hoje usadas para proteger componentes eletrônicos e evitar danos por descargas eletrostáticas. A ideia é que o criogel, de origem predominantemente vegetal, substitua o produto plástico, altamente poluente.

Financiado pela FAPESP, o estudo é assinado pelas pesquisadoras Gabriele Polezi (também doutoranda na Universidade Federal do ABC), Elisa Ferreira, Juliana da Silva Bernardes e pelo pesquisador Diego Nascimento, todos do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano-CNPEM). Os resultados foram divulgados na revista Advanced Sustainable Systems.

O produto não tem similares no mercado e já teve a patente depositada. O CNPEM buscará agora, por meio de sua Assessoria de Inovação, parcerias com empresas dispostas a investir na produção em escala industrial.

A nova embalagem protege materiais cada vez mais presentes em equipamentos eletrônicos avançados. Segundo relatório do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, o mercado global de embalagens de produtos sensíveis a descargas eletrostáticas deve atingir US$ 5,1 bilhões até 2026.

“Nosso objetivo é oferecer uma alternativa sustentável para a indústria de embalagens de produtos eletrônicos sensíveis, substituindo materiais plásticos por opções menos poluentes e de alto desempenho”, disse Bernardes, coordenadora do estudo, à Assessoria de Comunicação do CNPEM.

O material tem estrutura leve e porosa, com alta resistência mecânica e propriedades que dificultam a propagação de chamas. Sua capacidade de conduzir eletricidade pode ser ajustada conforme a necessidade: em baixas concentrações de negro de fumo (1% a 5%), dissipa cargas eletrostáticas lentamente; em concentrações mais altas (acima de 10%), torna-se um condutor eficiente e pode ser usado em aplicações mais avançadas para proteger equipamentos eletrônicos altamente sensíveis.

Apesar de os custos de produção ainda não estarem precificados, o criogel condutivo tem uma série de vantagens ambientais e competitivas. Oferece maior resistência ao fogo, versatilidade e usa matérias-primas abundantes. A celulose, por exemplo, pode ser obtida do bagaço de cana e outros resíduos agroindustriais, como palha de milho e cavacos de eucaliptos. O negro de fumo é usado na produção de pneus e na indústria – chineses e egípcios antigos já usavam o pó preto para pinturas de murais e impressão.

O artigo Antistatic, Flame-Retardant, and Mechanically Resistant Cellulose/Carbon Black Cryogels for Electrostatic Discharge Packaging pode ser lido em: https://advanced.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/adsu.202400991.

Matéria – Agência FAPESP

Imagem – Pesquisa inova ao oferecer um material alternativo às espumas plásticas, derivadas de petróleo (foto: CNPEM/divulgação)

24 de abril de 2025 0 comentários
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Notícias

Cientistas usam cinzas geradas pela queima do bagaço da cana para recuperar nutrientes da vinhaça

por jornalismo-analytica 28 de agosto de 2024
escrito por jornalismo-analytica

O Brasil é responsável por 8% do consumo mundial de fertilizantes, sendo o potássio o principal nutriente aplicado nas lavouras. Cerca de 96% do potássio que o país consome é importado, segundo dados recentes do governo federal. Entretanto, é possível obter esse mineral a partir de resíduos da indústria sucroenergética, como a vinhaça.

“Em 150 metros cúbicos de vinhaça encontramos, em média, 340 quilos de potássio. Importamos esse insumo, sobretudo nitrato de potássio, enquanto jogamos fora uma imensa quantidade dele. Além do desperdício, é uma situação que nos deixa vulneráveis, até mesmo a conflitos, como, por exemplo, a guerra da Ucrânia, país que tradicionalmente nos fornece o fertilizante”, resume a química Roselena Faez, professora titular da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), campus de Araras.

Com seus orientandos do Programa de Pós-Graduação em Agricultura e Ambiente, Faez vem tentando encontrar meios de reutilizar o potássio e o nitrogênio da vinhaça, gerada em enormes quantidades pela indústria da cana. Para cada litro de etanol produzido são gerados de 12 a 18 litros de vinhaça.

Em um dos trabalhos, Faez e sua orientanda de mestrado Milena Maria Antonio usaram as cinzas resultantes da queima do bagaço da cana para retirar esses nutrientes da vinhaça. O estudo foi publicado no Journal of Environmental Management e contou com o apoio da FAPESP.

Cinzas

O bagaço da cana-de-açúcar é fonte de energia para a indústria, que queima o material. A cientista ressalta que essa combustão acontece em altos-fornos, sem parâmetros controlados, e gera basicamente dois resíduos: fuligem e cinzas. “O interessante das cinzas é que elas têm material carbonáceo, consistindo em uma parte de carbono e também sílica. Trata-se de um material poroso, que ajuda no processo de adsorção. Existem vários projetos para uso desse resíduo, principalmente como aditivo para material cerâmico, tijolo, asfalto. Mas utilizar as cinzas não modificadas para recuperar nutrientes da vinhaça é algo inédito.”

Ela explica que as cinzas, com um perfil heterogêneo, compreendem vários tipos de partículas, do ponto de vista estrutural. Podem ser irregulares, esféricas, tubulares fibrosas ou prismáticas. As tubulares fibrosas apresentam maior porção carbonácea, as angulosas irregulares têm grande proporção de sílica. “Além de grande porosidade, essas partículas têm grupos hidroxilas e grupos carbonilas com cargas negativas que interagem com as cargas positivas dos íons em que estamos interessados [de potássio e nitrogênio]. Assim, além das interações físicas proporcionadas pela porosidade [adsorção], há também interações químicas [absorção].”

De acordo com Faez, muitas pessoas trabalham para melhorar a capacidade de sorção (adsorção e/ou absorção) das cinzas com modificação superficial das partículas ricas em sílica. “É possível adicionar outros grupos químicos ali, mas esse trabalho adicional não era desejável. A intenção era pegar dois resíduos brutos e saber o que a gente conseguiria fazer com eles, num processo com o menor gasto energético possível e que gerasse dois produtos interessantes. Assim, usamos as cinzas após simples lavagem e secagem. Partimos do princípio de que, quanto menos processamento for necessário, mais fácil será convencer a indústria sucroalcooleira a inserir essa nova etapa no processo produtivo.”

Vinhaça

O rejeito representa um problema por demandar muito oxigênio para decompor a matéria orgânica, tanto quimicamente quanto bioquimicamente (com a ajuda de microrganismos). Muito rica em potássio (aproximadamente 4 mil partes por milhão a cada 100 mililitros), além de fósforo e nitrogênio, é comumente usada como fertilizante, sendo jogada diretamente no solo, às vezes diluída. “Colocada diretamente no campo, que é o que geralmente se faz, pode provocar acidificação e salinização do solo.”

As normativas existentes exigem que a vinhaça seja tratada antes de empregada para tal finalidade. No Estado de São Paulo, maior produtor brasileiro de cana-de-açúcar, a aplicação da vinhaça no solo agrícola foi regulamentada pela Norma Técnica P 4.231, editada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) em 2005.

“Entre os cientistas, já existe muita gente pensando na vinhaça, sempre no sentido de diminuir sua demanda bioquímica. Entretanto, não encontramos nenhum trabalho com o objetivo de reutilizar seus nutrientes”, garante Faez.

Segundo ela, a vinhaça é a continuação do processo de destilação e contém muitos compostos que vão gerando ácidos orgânicos ao longo do caminho. “Assim, no processo de sorção, certamente também estamos retirando outros componentes da vinhaça.”

As cientistas conseguiram não somente recuperar os nutrientes desejados, mas melhorar a própria vinhaça. “Melhoramos a sua acidez, deixando-a com o pH neutro, próximo a 7, graças ao caráter alcalino das cinzas. Além disso, demonstramos com sucesso o potencial das cinzas como sorvente de nutrientes eficazes para o tratamento da vinhaça.”

Elas começaram identificando as condições ideais de sorção usando, para isso, uma solução que simulava a vinhaça. As cinzas, mergulhadas no líquido, foram deixadas em uma mesa de agitação. Chegaram à proporção de 2,5 gramas (g) de cinzas e 6 horas (h) de tempo de contato entre as cinzas e o líquido.

Após a identificação das condições ideais de sorção, dois testes foram realizados com a vinhaça in natura. Primeiro, 2,5 g de cinzas e 100 mL de vinhaça foram misturados em condições predeterminadas por 6 e 24 horas. O segundo teste foi um processo de três etapas que totalizou 72 horas, com as cinzas sendo substituídas a cada etapa.

“No primeiro, usamos a menor quantidade possível de cinzas no tempo mais curto possível para avaliar a concentração dos íons de interesse. E vimos que, se deixássemos as mesmas cinzas na vinhaça por um período longo, como 24 horas, o processo não se mostrava eficiente. Então, fizemos um segundo teste, de 72 horas, em bateladas, trocando as cinzas a cada 24 horas.”

As cinzas ricas em potássio e nitrogênio resultantes do processo podem ser usadas como fertilizante, enquanto da vinhaça foi retirado seu caráter ácido, o que deve reduzir o impacto negativo para o solo. “Outra aluna está começando a avaliar o uso da vinhaça tratada no solo e seu efeito em comparação à não tratada”, adianta Faez.

Segundo a cientista, a ideia de sustentabilidade deu início a um processo revolucionário, no qual os ciclos produtivos não podem mais ficar abertos, devendo se fechar sem deixar pegadas. “Mas isso é histórico: a história da química é assim. Hoje, nosso grande problema é minimizar o uso de recursos minerais. E os fertilizantes que usamos são obtidos por mineração. Além disso, o uso excessivo desses compostos tem impacto. Não podemos perder mais nada, não existe mais resíduo. Aliás, essa palavra é imprópria. Resíduo é oportunidade e não problema.”

O artigo Unlocking Agronutrient Resources: Sorption Strategies for sugar-energy industry waste pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0301479724006200?via%3Dihub.

Matéria – Karina Ninni | Agência FAPESP
Imagem – As cinzas foram mergulhadas em um líquido que simula a vinhaça para a avaliação da metodologia (foto: Milena Maria Antonio)

28 de agosto de 2024 0 comentários
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Processo otimiza extração de compostos bioativos de resíduos agrícolas para produtos cosméticos e alimentícios

por jornalismo-analytica 7 de junho de 2024
escrito por jornalismo-analytica

Processo inovador desenvolvido por cientistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) utiliza mel de abelhas sem ferrão para extrair com mais eficiência das cascas das amêndoas de cacau teobromina e cafeína – dois compostos que podem ser aplicados em produtos alimentícios e cosméticos.

Essas cascas são particularmente ricas em teobromina e cafeína, no entanto, os métodos convencionais de extração frequentemente envolvem o uso de solventes que podem ser prejudiciais à saúde e ao ambiente, além de serem, geralmente, complexos e demorados.

A invenção foi liderada por Felipe Sanchez Bragagnolo, que tem como hobby a criação de abelhas sem ferrão (Melipona quadrifasciata ou mandaçaia), prática conhecida como meliponicultura. O trabalho, que faz parte do projeto de pós-doutorado de Bragagnolo, contou com a colaboração de Monique Martins Strieder e Leonardo Mendes de Souza Mesquita, com a supervisão de Maurício Ariel Rostagno. O grupo recebe apoio da FAPESP em suas pesquisas (projetos 19/13496-0 e 18/14582-5).

Abelha da espécie Melipona quadrifasciata, popularmente conhecida como mandaçaia (foto: Rich Hoyer)

“A inovação proposta oferece um método de extração assistida por ultrassom de alta intensidade e utiliza mel de mandaçaia como solvente natural. Essa abordagem não apenas elimina o uso de solventes orgânicos prejudiciais, mas também simplifica o processo de extração, reduzindo o tempo necessário e tornando-o mais sustentável”, explica Rostagno, agrônomo formado pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e inventor de 17 patentes. Rostagno também é mestre em ciência de alimentos pela UFLA, mestre em vitivinicultura e doutor em química pela Universidade de Cádiz (Espanha).

Resíduos valiosos

Os resíduos agrícolas têm sido cada vez mais reconhecidos como fontes valiosas de compostos de interesse. A teobromina, estimulante do sistema nervoso central, é o principal composto presente no cacau, com ação semelhante (embora mais suave) à da cafeína.

“Tradicionalmente esses resíduos são descartados ou subutilizados. Ao extrair esses compostos não só reduzimos o volume de resíduos agrícolas, mas também promovemos a economia circular e mitigamos o impacto ambiental do desperdício”, diz Rostagno, que é professor associado na Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA-Unicamp), no campus Limeira. Ele atua na área de tecnologia, composição e análise de alimentos, no Laboratório Multidisciplinar em Alimentos e Saúde (LabMAS).

Um dos princípios da chamada química verde é eliminar solventes tóxicos e contaminantes de processos e produtos. “Apesar de o uso de solventes como metanol, acetona e hexano ser permitido, ainda ficam resíduos no alimento que podem ser prejudiciais à saúde e devem ser evitados. Não só tendo em vista o consumidor, mas também o pessoal técnico responsável pelo processo de extração, sujeito à exposição por contato ou vapores”, explica Rostagno.

O mel de abelhas sem ferrão, além de ser um solvente natural, apresenta uma série de benefícios à saúde, como propriedades antibacterianas, antioxidantes e nutritivas. Assim, segundo o inventor, sua utilização como solvente não apenas torna o processo mais sustentável, mas também enriquece o produto final com um potencial único de utilização em uma variedade de produtos. “Pode ser incorporado em formulações cosméticas, aproveitando suas propriedades para promover a saúde da pele e do cabelo”, exemplifica o pesquisador. Também pode ser utilizado como ingrediente em produtos nutracêuticos, fornecendo um impulso natural de energia.

Ao utilizar a técnica de extração assistida por ultrassom em conjunto com o mel de abelhas sem ferrão, a eficiência do processo é amplificada, resultando em extrações mais rápidas e com maior rendimento de teobromina e cafeína. “Além disso, o extrato final não requer secagem, simplificando ainda mais o processo.”

Há ainda um ganho de marketing, segundo o pesquisador, visto que, além da eficiência e da sustentabilidade na extração de compostos valiosos, há uma valorização da biodiversidade local, já que o mel da abelha mandaçaia é utilizado. “Isso contribui para a diferenciação e autenticidade dos produtos”, diz Rostagno.

O depósito da patente no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) foi realizado em março (nº BR 10 2004 005638 8).

Matéria – Ricardo Muniz | Agência FAPESP
Imagem – As cascas das amêndoas de cacau são ricas em teobromina e cafeína (foto: Wilfredor/Wikimedia Commons)

7 de junho de 2024 0 comentários
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Economia circular: Danone busca reduzir embalagens de origem fóssil pela metade

por jornalismo-analytica 3 de abril de 2024
escrito por jornalismo-analytica

Nesta terça-feira, 2, a Danone lança um programa para reduzir pela metade o uso de embalagens com materiais de origem fóssil, como o plástico. A iniciativa faz parte da Jornada de Impacto da fabricante de alimentos, lançada há cerca de um ano globalmente. “A Jornada de Impacto Danone é fundamentada em nosso crescimento como B Corp [companhias que fazem parte do Sistema B, que tem como princípio um sistema econômico mais inclusivo, equitativo e regenerativo] incorporando impacto em nossa estrutura empresarial, práticas de gestão e indicadores de desempenho”, diz Mário Rezende, diretor de operações e sustentabilidade da Danone.

O executivo lembrou ainda do Projeto Duplo, do início da década de 1970, quando a companhia assumiu que era preciso cuidar da saúde das pessoas e do planeta de forma integrada. “Ali já entendemos que, como negócio, precisamos promover tanto o desempenho econômico como o progresso social”, diz.

 

Economia circular

O Danone Circula, que tem como objetivo promover a transição para um sistema de embalagem circular e de baixo carbono a partir das seguintes metas:

  • Oferecer embalagens 100% reutilizáveis, recicláveis e compostáveis até 2030
  • Reduzir pela metade o uso de embalagens virgens de origem fóssil até 2040, com redução de 30% até 2030, acelerando a reutilização e materiais reciclados
  • Liderar o desenvolvimento de sistemas de coleta eficazes para recuperar ao máximo plásticos utilizados até 2040

Para isto, a companhia está reformulando a atuação em economia circular a partir do design de embalagens, a recuperação de materiais recicláveis e a doação de alimentos. Um destaque é o lançamento, feito em fevereiro, do iogurte  morango 800 gramas em garrafa pet transparente. “Este é um produto bastante representativo para o negócio e que passa a ser vendido num material que tem mais valor para a cooperativa e é 100% reciclado”, explica Scheilla Montanari, gerente de sustentabilidade da Danone no Brasil.

Em poucos meses de estudo e desenvolvimento, a companhia conseguiu fazer a transição para o uso de pet transparente neste produto. A meta agora é ter 100% de garrafas recicláveis — atualmente são 75%. Outra prática relacionada é a venda do alimento em embalagem mais leve. “Reduzimos em 27% a quantidade de plástico nas embalagens desde 2021. Isto é parte do resultado da nossa meta de reduzir o uso de materiais de origem fóssil, ou seja, plástico virgem, em 50% até 2040″.

Relação com cooperativas

Para conseguir avanço, a Danone tem atuado com as cooperativas e catadores de recicláveis, de modo a entender as necessidades deles ao longo do processo. Com a startup Yattó, de soluções de reciclagens para materiais complexos, a companhia desenvolveu, no ano passado, o projeto Recicla PS, focado na reciclagem das bandejas de iogurtes, que tem baixo valor no mercado. O piloto foi executado em 13 municípios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, com cerca de 30 cooperativas de catadores e 500 cooperados.

Na fase piloto foram recuperadas mais de 25 toneladas de PS, o equivalente a 8,3 milhões de bandejas de Danoninho, gerando uma renda de 30 mil reais para os catadores, e menos 45 metros cúbicos de resíduos que deixaram de ser destinados a aterros sanitários.

“O desafio nesse caso é gerar valor para a venda do PS para que ele não fique parado na cooperativa ou sem o interesse dos catadores. Para isto, além da conscientização, promovemos um incentivo financeiro ao oferecer valor superior do material de R$ 0,5 a R$ 1,2/kg. Com isto, esperamos que o material passe a ser mais valorizado”.

Descarbonização e agricultura regenerativa

Na frente de mudanças climáticas o foco da Danone está na descarbonização, a partir de metas como ter 30% das matérias-primas provenientes da agricultura regenerativa até o próximo ano; reduzir 30% das emissões de metano do leite fresco até 2030 e melhorar em 30% a eficiência energética até 2025.

Para a agricultura regenerativa, por meio do chamado Projeto Flora, de 2019, a Danone investe 1 milhão de reais ao ano em ações que apoiam e capacitam pequenos a grandes produtores leiteiros, viabilizado a aplicação de novas técnicas com a intenção de disponibilizar as ferramentas necessárias para promover uma produção de leite mais sustentável.

“Temos um time de especialistas que auxiliam os produtores no entendimento de como preservar o solo a partir de técnicas de plantio e cobertura, por exemplo, assim como aproveitar melhor a água”, diz Taisa Costa, gerente de sustentabilidade da Danone no Brasil. De acordo com ela, nas primeiras etapas, foram observados o aumento de produtividade, margem líquida e rentabilidade por hectare.

Para o bem-estar animal, em novembro, a Danone lançou o programa “Fazenda Tudo de Bem”. Com um investimento de 3 milhões de reais, a primeira fase conta com um diagnóstico para garantir as melhorias necessárias. Por meio de treinamento técnico e desenvolvimento de materiais, a Danone busca melhores resultados no manejo e instalação dos animais em todo o ciclo de vida.

Uma terceira frente é o olhar social em busca de melhora na renda do produtor. “Quando ele percebe melhora na produtividade, é possível ter mais ganho e até influenciar na gestão da fazenda por meio da melhoria de processos e do interesse dos jovens na continuidade do trabalho familiar ao invés do exôdo”, diz.

“Nossoo objetivo é ter, já neste ano, produtos que sejam baixo em emissões de carbono da produção do leite e embalagem até o transporte para as prateleiras dos supermercados”, diz Taísa.

 

Matéria – Exame, Por Marina Filippe

Imagem – Fábrica da Danone em Poços de Caldas (Danone/Divulgação)

3 de abril de 2024 0 comentários
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Economia circular pode gerar ganho de US$ 108 bilhões para a economia global até 2050

por jornalismo-analytica 11 de março de 2024
escrito por jornalismo-analytica

Sem medidas de proteção, o custo global para gerir resíduos sólidos nas cidades pode chegar a 640,3 bilhões de dólares até 2050, aponta o relatório “Global Waste Management Outlook” (Perspectiva Global de Gerenciamento de Recursos, em tradução livre) feito pela ONU e a International Solid Waste, organização sediada na Holanda que promove estudos e pesquisas sobre o  setor de resíduos.

Os pesquisadores testaram cenários e avaliaram que, com medidas de controle na geração de lixo, o custo com os resíduos em 2050 poderia cair de 640,3 bilhões para $ 270,2 bilhões de dólares. Com a implementação da circularidade, modelo que aumenta a vida útil dos itens produzidos, a economia global poderia ter ganho de 108,1 bilhões de dólares.

A pesquisa aponta que sem medidas eficazes, a produção global de resíduos chegará a 3,78 bilhões de toneladas em 2050. Em 2020, o total de resíduos gerados foi de 2,12 bilhões de toneladas, o que representaria uma alta de 56%.

O relatório da ONU aponta que, além de gerar custos econômicos, a alta geração de lixo, seu transporte e processamento impactam as mudanças climáticas com a alta geração de gases de efeito estufa. O descarte incorreto do resíduo causa perda da biodiversidade, uma vez que a contaminação com o solo pode prejudicar a fauna e flora, podendo criar efeito até mesmo nas comunidades locais.

Com o ritmo atual da geração de lixo, os efeitos ambientais e climáticos em 2050 afetariam fortemente a qualidade de vida e saúde da população, com uma alta de 91% nas emissões de gases de efeito estufa. Considerando uma geração de resíduos controlada, a queda nas emissões seria de 69%, taxa que pode chegar a -159% com a implementação da economia circular.

 

Cenário na América do Sul

Em 2020, cerca de 5% da produção de lixo na América do Sul era destinada para reciclagem. Mais de 60% do resíduo era destinado para aterros. O restante entra na categoria incontrolada, quando os resíduos são incinerados. Em outras regiões, como na Europa, a destinação do lixo para a reciclagem é superior a 40%. Segundo o relatório, a reciclagem ainda não é o melhor cenário para a gestão dos resíduos. “É melhor evitar o desperdício ao prevenir sua produção em primeiro lugar”, consta na pesquisa.

As usinas de Waste-To-Energy, método em que o incineramento do lixo gera energia elétrica, já é utilizado em larga escala em países europeus e asiáticos com maior industrialização: cerca de 42% do lixo gerado no norte da Europa já é transformado em energia por meio da incineração. O processo ainda não chegou na América do Sul, no entanto.

Barreiras para a solução

Segundo o relatório, a falta de reconhecimento sobre a urgência do problema na geração de lixo é um dos principais impedimentos dos líderes mundiais para agir por uma solução. “A gestão dos resíduos costuma recair sobre a gestão dos municípios, mas os governos estaduais e federais não tomam ações pela redução desse resíduo gerado todos os dias”, afirma a pesquisa.

Segundo a pesquisa, faltam dados, financiamento e conhecimento para alavancar a agenda da circularidade e da relação dos resíduos nas mudanças climáticas. “Caminhar para uma economia circular e com uma abordagem de zero-desperdício é o único caminho para um futuro sustentável, seguro e acessível”, aponta a pesquisa.

A pesquisa completa pode ser acessada, em inglês, neste link.

 

Matéria – EXAME, por Letícia Ozório

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Economia circular vai além de uma moda passageira

por jornalismo-analytica 18 de outubro de 2023
escrito por jornalismo-analytica

Estudos sobre economia circular atestam que a implantação desse modelo de negócio vem ganhando cada vez mais terreno no Brasil. A economia circular nada mais é do que um modelo de produção e consumo que envolve a reutilização, reparação, renovação e reciclagem de produtos, no lugar do simples descarte.

 

Dessa maneira, o ciclo de vida dos bens de consumo é aumentado, diminuindo a quantidade de resíduos e promovendo o uso mais consciente dos recursos naturais, o que contribui para a preservação do meio ambiente.

 

A economia circular está presente em diversos setores, desde a compra e venda de roupas em brechós até a utilização de embalagens retornáveis, por exemplo. E vai ser desdobrada durante o Climathon UniOpet 2023, edição paranaense do evento global que será realizada pelo Centro Universitário UniOpet em parceria com o Impact Hub no dia 28 de outubro.

de impressoras gasta menos energia e é feita com componentes de fácil manutenção (Eduardo Frazão/Exame)

 

No Paraná, universitários e empreendedores estarão reunidos em um hackathon de 12 horas para fomentar localmente o combate às práticas que vêm provocando acentuadas mudanças climáticas no planeta. Inscreva-se gratuitamente para o Climathon pelo link.

 

Além de reforçar a formação cidadã dos profissionais da instituição, o evento estimula áreas fundamentais como meio ambiente, sustentabilidade, governança e economia circular.

 

Na economia circular, os materiais são aproveitados em cadeia de forma cíclica e os recursos naturais são valorizados em todas as etapas produtivas, para reduzir a extração e ampliar sua disponibilidade. Assim, a economia circular tem potencial para reverter danos ambientais como o aquecimento global

 

O hackathon vai estimular os participantes a desenvolverem soluções de combate às mudanças climáticas em projetos que atendam às necessidades locais. Entre os parceiros confirmados estão Renault, Condor e iCities, além do Vale do Pinhão. Além de reunir em um só espaço de networking líderes locais, empresas e autoridades, o Climathon reforça a formação cidadã dos profissionais do UniOpet.

 

O grupo que ficar em 1º lugar ganha um tablet para cada integrante, mentoria e visita técnica na Fiep, além de participar do Smart City Expo Curitiba 2024. O 2º lugar ganha uma Alexa cada um e o 3º lugar leva um kit de casa inteligente.

 

Curitiba será a única cidade do estado a participar do Climathon, evento global que ocorre simultaneamente em todo o mundo, envolvendo mais de 30 mil participantes, com mil eventos realizados desde 2015. O programa faz parte do EIT Climate-KIC, comunidade de inovação e conhecimento para uma economia zero carbono.

 

“As inscrições são individuais, mas os desafios serão em equipes de cinco pessoas. Alguns já se organizam para ir em equipe, outros poderão montar seus grupos na hora. Os participantes unem forças com outros empreendedores, estudantes e desenvolvedores com ideias semelhantes. A sociedade ganha ideias e soluções para as mudanças climáticas que podem se tornar negócios reais. Também haverá certificação de atividades complementares”, convida Raphaella Caçapava, head do OpetLab, hub de inovação que acelera carreiras e integra ações do UniOpet com o mercado.

 

Durante o hackathon, as equipes irão criar soluções para a área industrial ou poder público, com auxílio dos mentores. “Também teremos pitchs ao longo do dia, para inspirar os participantes. Ao final do dia, haverá os pitchs simultaneamente de todos os grupos. As cinco melhores notas irão para o palco principal, com apresentação para todos os presentes, com premiação dos três melhores”, detalha.

 

Participe do Climathon

Para se preparar para idear sobre os desafios da mudança climática em Curitiba, confira as datas da jornada do Climathon UniOpet 2023:

  • 18 de outubro – Oficina 02/02 da metodologia Human Centered Design
  • 18 de outubro – Talks Climathon UniOpet no Congresso Sesi ODS 2023
  • 23 de outubro – Esquenta online Climathon UniOpet
  • 28 de outubro – 12 horas de hackathon (Climathon UniOpet)

 

Matéria –  Por Centro Universitário Uniopet

18 de outubro de 2023 0 comentários
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Notícias

Método desenvolvido na Unesp permite limpar água contaminada por glifosato

por jornalismo-analytica 31 de agosto de 2023
escrito por jornalismo-analytica

Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) desenvolveram uma estratégia para remover da água resíduos de glifosato – um dos herbicidas mais vendidos no mundo. Idealizada de acordo com os conceitos da economia circular, a técnica usa como matéria-prima o bagaço da cana-de-açúcar, um detrito gerado nas usinas durante a produção de açúcar e de etanol.

“Isoladas e funcionalizadas quimicamente, as fibras de celulose do bagaço podem ser empregadas como material adsorvente [superfície sólida insolúvel, geralmente porosa, à qual moléculas dispersas em um meio líquido ou gasoso podem aderir], retendo em sua superfície as moléculas do glifosato. Dessa forma, é possível remover, por filtração, decantação ou centrifugação, o contaminante da água”, conta à Agência FAPESP Maria Vitória Guimarães Leal, primeira autora do artigo publicado na revista Pure and Applied Chemistry.

Devido ao baixo custo e alto potencial para intensificar a produtividade agrícola, o glifosato tem sido amplamente empregado no controle de ervas daninhas em diversas culturas agrícolas. Contudo, estudos apontam possíveis impactos à saúde humana, sobretudo aumento no risco de câncer. A aplicação de produtos contendo glifosato foi restringida ou banida em países como Alemanha, Áustria, Dinamarca, Bulgária, Grécia, Colômbia, Costa Rica e El Salvador, entre outros. No Brasil, porém, são usadas 173.150,75 toneladas ao ano – sendo parte desse montante carregada pelas chuvas, podendo contaminar rios, riachos, poços e outros ambientes aquáticos.

Com apoio da FAPESP por meio de três projetos (14/50869-6, 20/06577-1 e 21/09773-9), pesquisadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Unesp, em Presidente Prudente, buscaram uma forma para remover o produto do meio aquoso. O trabalho foi coordenado pelo pós-doutorando Guilherme Dognani e pelo professor da FCT-Unesp Aldo Eloizo Job.

Passo a passo

Dognani detalha o procedimento: “Depois de triturar o bagaço, é preciso isolar a celulose, separando-a da hemicelulose e da lignina, que também compõem o resíduo da cana-de-açúcar. Isolada a celulose, o passo seguinte é funcionalizar as fibras, agregando grupos de amônia quaternária em sua superfície, conferindo carga positiva ao material, e possibilitando assim obter microfibras catiônicas de celulose (cCMF, da expressão em inglês cationic cellulose microfibers), que se ligam facilmente ao glifosato”, relata.

Leal acrescenta que algumas condições podem favorecer o processo. É o caso da variação do pH, que foi o foco do estudo. “Ao variar o pH, tanto o material adsorvente quanto o glifosato apresentam diferentes configurações moleculares. O pH 14 é o mais eficiente para a interação entre eles, gerando uma maior adsorção e, consequentemente, melhor remoção”, afirma.

 

À esquerda, solução com a celulose extraída do bagaço de cana-de-açúcar. À direita, as fibras em contato com material contaminado por glifosato e submetido ao método de determinação de glifosato em diferentes pHs (foto: Maria Vitória Guimarães Leal)

 

 

Para avaliar a capacidade de adsorção, a partir de uma solução única de glifosato, foram preparadas frações com pH 2, 6, 10 e 14, ajustadas com auxílio de pHmetro. Em seguida, foram adicionadas a cada fração quantidades idênticas de microfibras de celulose funcionalizadas. Os frascos com a solução contaminada por glifosato mais a celulose foram mantidos sob agitação por 24 horas. Seguindo o procedimento descrito na literatura, as soluções foram aquecidas em banho-maria para que a reação ocorresse, resfriadas à temperatura ambiente e então analisadas por espectrofotometria na região do espectro visível. A eficiência de remoção foi calculada de acordo com a relação entre a concentração final e a concentração inicial de glifosato em cada amostra. E a capacidade de adsorção em função do pH foi calculada em seguida.

O artigo pH dependence of glyphosate adsorption from aqueous solution using a cationic cellulose microfibers (cCMF) biosorbent pode ser acessado em: www.degruyter.com/document/doi/10.1515/pac-2022-1205/html.

Matéria – José Tadeu Arantes | Agência FAPESP

31 de agosto de 2023 0 comentários
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