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Tag:

controle de qualidade industrial

Notícias

Coronavírus: como a manutenção industrial pode reduzir prejuízos financeiros e riscos à saúde de profissionais

por jornalismo-analytica 15 de abril de 2020
escrito por jornalismo-analytica

O menor ritmo de produção imposto pelo coronavírus abre espaço para que indústrias invistam na manutenção de seus equipamentos.

Na visão da fabricante de especialidades químicas Quimatic Tapmatic, a manutenção neste momento pode garantir uma significativa economia para as indústrias.

“Uma manutenção de qualidade aumenta a vida útil de máquinas e equipamentos, e evita que as empresas tenham de recorrer à compra prematura de equipamentos novos, que estão ainda mais caros agora devido à falta de peças importadas e alta do dólar”, enfatiza Walter Strebinger, diretor da Quimatic Tapmatic.

Um exemplo de manutenção com produtos químicos é o uso das resinas epóxi Plasteel de alta resistência. Elas recuperam, com eficácia e segurança, equipamentos danificados mecanicamente ou por ataque químico. Os produtos aumentam a vida útil dos equipamentos e evitam que as indústrias invistam prematuramente em máquinas novas. O reparo com a solução sai até 80% mais em conta que o investimento em máquinas novas.

Outro cuidado extremamente necessário neste momento é com o óleo solúvel das máquinas de usinagem. Com o menor volume de produção das fábricas ou parada total devido a férias coletivas, o óleo solúvel nos reservatórios das máquinas operatrizes tende a apodrecer mais rapidamente. Este prejuízo pode ser evitado com soluções químicas e o atendimento técnico on-line com instruções que irão manter o pH do óleo equilibrado até o retorno ao ritmo normal de atividades.

De acordo com a Quimatic Tapmatic, o uso de desengraxantes industriais também é altamente recomendado neste momento de quarentena. “Desengraxantes industriais de alta qualidade, como o desengraxante à base de água Quimatic ED SOLV, são muito mais eficazes para a limpeza de pisos, máquinas e superfícies que sabões comuns. O motivo é que os desengraxantes garantem uma limpeza mais profunda e rompem com mais facilidade a camada protetora que mantém o vírus vivo”, enfatiza Marcos Pacheco, químico da Quimatic Tapmatic.

Com mais de 50 soluções químicas no portfólio, a Quimatic Tapmatic também tem produtos para remoção rápida de ferrugem, limpeza segura de circuitos elétricos, vedação rápida de vazamentos, galvanização a frio, entre outras manutenções industriais.

Visando garantir atendimento dinâmico aos clientes neste período de quarentena, a empresa conta com equipe técnica amplamente acessível através de ligações, chat no site, whatsapp e até videoconferência. Também é possível agendar uma visita presencial, naturalmente com todo o cuidado necessário para preservar a saúde de todos. Para mais informações sobre as soluções da Quimatic Tapmatic, acesse: www.quimatic.com.br

15 de abril de 2020 0 comentários
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Notícias

Grupo Polar realiza Webinar para esclarecer o impacto das RDCs 304 e 360 no transporte de medicamentos

por jornalismo-analytica 14 de abril de 2020
escrito por jornalismo-analytica

No próximo dia 15/04, às 10h, o Grupo Polar realizará webinar gratuita para discutir e elucidar as RDCs 304 e 360, publicadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que dispõem sobre Boas Práticas de Distribuição, Armazenagem e Transporte de Medicamentos. O texto da nova resolução atualiza a então vigente Portaria 802/98 ao alinhar diretrizes para a gestão de qualidade, controle e monitoramento de cargas, logística reversa, além de outros pontos. As medidas trazidas pelas RDCs impactam diretamente os setores farmacêutico, logístico, cold chain e hospitalar, afora outros, e começa a valer a partir de março de 2021.

 

Segundo a gerente de Desenvolvimento Estratégico em Cold Chain do Grupo Polar, Liana Montemor, a iniciativa discorrerá sobre “o que muda com essas RDCs; quais medidas devem ser tomadas com relação ao transporte e armazenagem de medicamentos; como adequar nossas práticas às novas diretrizes; e também equívocos pontuais corrigidos pela Agência Reguladora. Muitas pessoas ainda não sabem o que já mudou desde a publicação da RDC, em setembro de 2019, até agora”. Além das dicas e orientações, o evento deve contar com pesquisas interativas com os espectadores.

 

Em virtude do volume de interessados, o webinar do Grupo Polar ocorrerá em seu canal no Youtube, possibilitando maior número de acessos. Ainda assim, a empresa orienta a realização de cadastro prévio no link https://bit.ly/39XFiJj que possibilitará aos participantes o recebimento da apresentação online gratuitamente.

 

WEBINAR – RDCS 304 E 360

Data: 15/abr – 10h

Local: Canal do Grupo Polar no Youtube (https://bit.ly/2V6q544)

Cadastro: https://bit.ly/39XFiJj.

14 de abril de 2020 0 comentários
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Notícias

Em virtude da pandemia, Inmetro amplia alternativas para atividades de avaliação da conformidade

por jornalismo-analytica 9 de abril de 2020
escrito por jornalismo-analytica

Objetivo da medida é permitir que os serviços sejam realizados de forma remota, mantendo o nível de segurança dos produtos regulados pelo Instituto

Em função do agravamento da pandemia do coronavírus no Brasil, o Inmetro publicou no dia 27 de março a Portaria de nº 111, flexibilizando as atividades de avaliação da conformidade, como auditorias e ensaios. A ideia é executar os serviços de concessão, manutenção e renovação das certificações de produtos de forma que seja possível a conclusão dos processos sem a realização de atividades presenciais.

Por seis meses, conforme o Artigo 9º da portaria, o Inmetro aceitará a realização de auditorias remotas, além de ensaios em laboratórios dos próprios fabricantes ou mesmo o aproveitamento de ensaios realizados antes do processo de certificação.

Todas as medidas contidas na portaria têm por objetivo permitir que os organismos de certificação de produtos (OCPs) emitam a certificação, condição necessária para que os fornecedores registrem seus produtos no Inmetro para a comercialização no Brasil.

Cabe ressaltar que esta portaria substitui e amplia as alternativas previstas na Portaria nº 79, publicada em 5/3/2020, já flexibilizando a atividade de avaliação da conformidade. Esta portaria determina que os OCPs realizem uma análise de risco baseada nos registros das últimas auditorias internas, análises críticas da alta gestão da empresa e histórico de reclamações.

Após a realização da análise de risco, o organismo acreditado poderá tomar a decisão de adiar a auditoria de manutenção ou de certificação. O adiamento da auditoria, porém, não impede a emissão do documento de confirmação da certificação.

É importante destacar que, ocorrendo o adiamento, a auditoria deverá, necessariamente, ser realizada no prazo máximo de seis meses, a contar da data em que a decisão for registrada pelo OCP.

Os ensaios poderão ser realizados pelo fabricante, que o fará em laboratórios de 1ª ou 3ª parte acreditados no Brasil ou no exterior, no âmbito do ILAC Mutual Recognition Arrangement (ILAC MRA), independentemente do critério de utilização de laboratórios previsto nos Requisitos da Avaliação da Conformidade (RAC) específicos do objeto.

Com informações de Inmetro Notícias.

9 de abril de 2020 0 comentários
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Notícias

Anvisa realizará Webinar sobre laboratórios analíticos

por jornalismo-analytica 7 de abril de 2020
escrito por jornalismo-analytica

A Anvisa irá realizar, no dia 13 de abril, às 15h, um Webinar para discutir a minuta de Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) sobre os laboratórios analíticos. A norma dispõe sobre critérios, requisitos e procedimentos para o funcionamento desses laboratórios, bem como a habilitação na Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos em Saúde (Reblas) e o credenciamento dos laboratórios que realizam análises em produtos sujeitos ao regime de vigilância sanitária.

É importante destacar que a minuta da norma foi elaborada após a avaliação das contribuições recebidas na Consulta Pública (CP) 632/2019. A Agência promoveu ainda eventos para debater as propostas recebidas. Clique aqui e confira vídeos e outros documentos disponíveis sobre o tema. 

No dia 18 de fevereiro, a minuta de RDC foi apreciada pela Diretoria Colegiada da Anvisa, em reunião ordinária pública, oportunidade em que foi concedida vista do processo.

Participação

Para participar do Webinar, basta clicar no link abaixo, na segunda-feira (13/4), a partir do horário agendado. Não é necessário fazer cadastro prévio.

15h – Webinar Anvisa: minuta de RDC sobre laboratórios analíticos 

Webinar

O Webinar é um seminário virtual que tem como objetivo fortalecer as iniciativas de transparência da Anvisa, levando conteúdo e conhecimento atualizado ao público. A transmissão é via web e a interação com os usuários é feita em tempo real, por um chat realizado durante o evento. A gravação fica disponível para visualização, no mesmo link da transmissão, após o seu término.

 

Com informações de Ascom / Anvisa.

7 de abril de 2020 0 comentários
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Em foco

PURELAB® Chorus – Uma abordagem diferente para a desinfecção

por jornalismo-analytica 6 de abril de 2020
escrito por jornalismo-analytica

A importância da sanitização regular

 

Depois que as impurezas químicas orgânicas e inorgânicas são removidas, o crescimento bacteriano ainda pode ocorrer, apesar do fato da água muito pura proporcionar um ambiente extremamente rigoroso, com o mínimo de nutrientes. As impurezas restantes, os materiais de construção em contato com a água pura e os restos de bactérias mortas podem atuar como fontes de alimento. Se esse crescimento bacteriano não for minimizado, poderá causar problemas na pureza da água necessária, o que pode afetar os resultados das análises.

As próprias bactérias não são o único problema. Elas também produzem endotoxinas e nucleases. Endotoxinas são fragmentos da membrana celular que são liberados  durante o metabolismo das células bacterianas e quando essas células morrem. Elas podem causar séria interferência em muitas técnicas de laboratório nas quais a água, e os reagentes preparados, entrarão em contato com DNA ou RNA e podem ser afetados por nucleases na água.

O interior da maioria dos sistemas de purificação de água consiste em longos trechos de tubos, conectores, reservatórios e filtros que possuem uma grande área de superfície para o crescimento de bactérias. Por isso, um regime de desinfecção é recomendado como parte do programa de manutenção. Isso é essencial para a maioria dos sistemas de purificação de água, para minimizar o acúmulo de partículas, biofilmes, microorganismos e subprodutos bacterianos.

Nossos produtos são projetados para garantir que todas as partes úmidas sejam desinfetadas o mais facilmente possível. Muitos dos sistemas do mercado utilizam como única opção, tabletes de cloro de dissolução rápida e um procedimento de desinfecção previamente programado. No entanto, reconhecemos a inconveniência e limitações envolvidas neste procedimento crucial de manutenção.

 

 

Por que podemos sanitizar o PURELAB Chorus com menos frequência?

O PURELAB Chorus é um sistema de baixo volume. Foi projetado com um mínimo de tubos internos, componentes e um sistema UV de alta eficiência e, como tal, a área para a acumulação de biofilme é reduzida. Os filtros disponíveis no ponto de uso demonstraram sua capacidade de fornecer o controle bacteriano e de endotoxina necessário, quando usados ​​adequadamente.

As bactérias continuarão a crescer dentro de qualquer sistema de purificação de água; portanto, principalmente nas aplicações nas quais os microrganismos preocupam, é importante monitorar e desinfetar a unidade para impedir que a concentração de bactérias atinjam níveis que afetem a eficiência do filtro do ponto de uso.

O PURELAB Chorus utiliza um procedimento de saneamento exclusivo e fácil de usar, que é solicitado com menos frequência (uma vez por ano).

A desinfecção é fácil e rápida no PURELAB Chorus. É um procedimento simples que limpa todas as partes úmidas da unidade, incluindo o reservatório e o ponto de distribuição. O agente desinfetante é fornecido em um cartucho exclusivo e seguro, o que significa que não é necessário solicitar, manusear ou misturar produtos químicos agressivos. O cartucho de higienização é colocado no lugar do cartucho de purificação. O procedimento de desinfecção pode ser simplesmente selecionado no display e não gera nenhum resíduo químico perigoso, uma vez que o desinfetante é absorvido e neutralizado dentro do próprio cartucho de desinfecção.

 

Sobre a Veolia

 

O grupo Veolia é a referência mundial em gestão otimizada dos recursos. Presente nos cinco continentes com mais de  171000 colaboradores, o Grupo concebe e implementa soluções para a gestão da água, dos resíduos e da energia, que fomentam o desenvolvimento sustentável das cidades e das indústrias. Com suas três atividades complementares, Veolia contribui ao desenvolvimento do acesso aos recursos, à preservação e renovação dos recursos disponíveis.

 

Em 2018, o grupo Veolia trouxe água potável para 95 milhões de habitantes e saneamento para 63 milhões, produziu cerca de 56 milhões de megawatt/hora e valorizou 49 milhões de toneladas de resíduos. Veolia Environnement (Paris Euronext : VIE) realizou em 2018 um faturamento consolidado de 25,91 bilhões de euros. www.veolia.com

 

6 de abril de 2020 0 comentários
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Metrologia

Metrologia: Um instrumento de Soberania e Cidadania

por jornalismo-analytica 3 de abril de 2020
escrito por jornalismo-analytica

Daroda, R.J.; Souza, T.L.; Barros, A.O.; Rodrigues, J.M.; Cunha, V.S.

Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – Inmetro,

Av. N.S das Graças, 50, Xerém – Duque de Caxias, RJ

A Metrologia: Histórico

            O homem e a metrologia caminham juntos desde os primórdios da civilização. Vestígios da utilização de técnicas de medição remontam desde as primeiras agregações humanas rudimentares. A medida que os grupos sociais aumentavam, as técnicas de medir também evoluíam. É difícil imaginar que egípcios, maias ou astecas construíram os históricos monumentos que sobrevivem até hoje sem técnicas de medição apuradas e padrões de medição previamente estabelecidos. [SOUZA 2010].

O desmembramento de grupos humanos primários provocou o surgimento de diferentes padrões de medição. Ao longo do tempo, tal conjuntura dificultava o comércio entre eles, o que gerou preocupação entre os governantes, que passaram a promover a uniformização das unidades de medida de modo que pudessem ser de utilização geral. Assim, surgiram as primeiras referências ao corpo humano, usadas como padrões de medidas tais como: pés, braças, polegadas, palmo, cúbito etc…..

Padrões baseados nos membros do corpo humano [WORDPRESS 2016]

Estas referências por si só não resolveram o problema uma vez que cada cidadão tinha referências diferentes, resultando em medições sem correspondência entre si. Assim, cada povo definiu que tais referências fossem obtidas tendo como padrão o rei, imperador, chefe, etc. Um exemplo característico é encontrado na civilização egípcia, há 5000 anos, onde a unidade de comprimento era o cúbito do Faraó, padrão materializado na forma de uma barra de granito [WORDPRESS 2016] O padrão de trabalho era uma barra de madeira que deveria ser periodicamente comparada com aquele baseado no Faraó. Estabeleceu-se assim a rastreabilidade da unidade metrológica.

O cúbito do Faraó [WORDPRESS 2016]

Ainda hoje, é possível observar nas fortificações, castelos ou até igrejas marcas gravadas na pedra, que serviam de padrão para os negócios da cidade.

Na medida em que as civilizações foram evoluindo, o comércio entre elas crescia, ocasionando sérios problemas em função dos padrões adotados em cada região, país ou comunidade. A necessidade de uma padronização mundial das unidades de medida ficava cada vez mais premente. O comércio interno beneficiando e protegendo a sociedade e o comércio internacional promovendo o desenvolvimento econômico seriam definitivamente consolidados.

O grande passo na direção da uniformização dos padrões de medição se deu no século XVIII, com a Revolução Francesa quando a França introduziu o sistema métrico decimal. Em 20 de maio de 1875, um tratado internacional foi assinado por 17 países (o Brasil entre eles) conhecido como a “Convenção do Metro”. A partir de então, foram instituídas três instâncias para conduzir a uniformização internacional das medições: CGPM, CIPM e BIPM. [DIAS 1998]

Ano após ano, cresce a adesão de países à Convenção do Metro. Não participar é quase que uma exclusão do comércio internacional, o que significa enfrentar sérios problemas econômicos internos e privar a sociedade do desenvolvimento econômico e social e seu bem estar.

 

Metrologia: a História no Brasil

O descobrimento do Brasil pela coroa portuguesa e a instauração de um governo provisório na nova colônia trouxe junto as legislações em vigor em Portugal. Entre elas as regras e os controles relacionados ao sistema de medição. Em Portugal, na época do descobrimento do Brasil, havia uma grande diversidade de medidas nas diferentes regiões a despeito das determinações dos Reis para que houvesse uniformização de padrões no País. Esta diversidade de medidas veio com os portugueses para a colônia que passou a ter em cada região padrões metrológicos diferentes. A expansão e a dispersão geográfica, a diversidade política e econômica das regiões, a corrupção dos funcionários, almotacés ou empregados da coroa responsáveis pela aferição dos pesos e medidas, intensificaram as diferenças que chegou a ser chamada de “babel das medidas”.

À medida que o comercio entre os países europeus e entre as colônias e os países europeus aumentava, intensificado com a vinda para o Brasil da família real em 1808, a uniformização dos padrões se tornava cada vez mais necessária.

Em 1795, durante a Revolução Francesa, a Convenção da Revolução sancionou a lei que criou o Sistema Métrico Decimal estabelecendo o metro, quilograma e litro como as primeiras unidades de medida. Iniciava-se lentamente a uniformização metrológica na França.

  1. João VI volta a Portugal em 1821 e deixa na colônia seu filho, o Príncipe D. Pedro. O sistema decimal se consolidava na França e provocava adesões em outros países europeus para facilitar o comércio. No período de permanência de D. João VI no Brasil, houve ganhos importantes como a abertura dos portos para nações amigas, infraestrutura de transporte e instalação de indústrias, especialmente a siderurgia. Isto provocou aumento do comércio internacional, antes exclusivo com Portugal, pressionando a uniformização do sistema de pesos e medidas para o sistema decimal já em implantação em Portugal.

Cabe destacar que, se olharmos desde a antiguidade os aspectos metrológicos, pesos e medidas sempre foram instrumentos de afirmação e exercício de poder (KULA 1999). Nobili escreveu:

“…. la sovranitá metrológica assurgeva a símbolo del diritto di sovranitá nel próprio âmbito e de libertá ed autonomia da altri sovrani.” (NOBILI 1997)

 (“… a soberania metrológica surgia como símbolo do direito de soberania em sua própria esfera e de liberdade e autonomia de outros soberanos.”).

Já em Portugal, D. João VI incentiva a adoção no Brasil do sistema decimal de pesos e medidas. No entanto, seu retorno a Portugal provocou instabilidade no Brasil e forçou D. Pedro a proclamar a independência em 1822, iniciando o período do Brasil Império. Neste período, de 1822 a 1889, que corresponde ao primeiro e segundo reinados, embora várias tentativas com projetos de lei legislativos tivessem sido apresentadas para implantação do sistema métrico decimal nunca tiveram efeito prático. Em 1862, D. Pedro II, através da Lei Imperial 1.157, oficialmente implantou o sistema decimal no Brasil. Também não houve resultado prático. O Brasil continuava uma “babel de medidas”. D. Pedro II, defensor do Sistema Métrico Decimal, tornou o Brasil em 1875, um dos 17 países signatários da Convenção do Metro que criou uma organização internacional para difundir e implantar o sistema métrico decimal uniformizando as medidas e facilitando o comércio internacional. [DIAS 1998] [ZUIN 2016]

Embora signatário, o Brasil não havia ratificado a Convenção. A assinatura “ad referendum” pelo representante do Brasil foi erroneamente interpretada pela convenção como já estando aprovada pelo Congresso.  O engano não foi corrigido e, com o pagamento das anuidades e participação na reunião da Convenção do Metro em 1921 (que modificou a aquela de 1875), ficou como membro até 1932, quando saiu definitivamente por falta de recursos. A instabilidade política com o início do Estado Novo em 1930, através do governo provisório de Getúlio Vargas e a Revolução Constitucionalista em 1932 deixou a metrologia em segundo plano. [PROJETO Congresso 1952]

Com a reestabilização do governo o tema metrologia volta ao cenário e o Sistema Métrico Decimal implantado pela Convenção do Metro ganha força legal.

Embora o sistema decimal de medidas já houvesse sido implantado em 1862 com a Lei Imperial 1.157, promulgada por D. Pedro II, [LEI IMPERIAL 1862] o sistema legal de medidas e instrumentos de medir foi novamente regulamentado pelo Decreto-Lei nº 592 de 1938 e nos decretos nº 886 de novembro de 1938 e nº 4.257 de junho de 1939. O Decreto-Lei nº 592 em seu Preâmbulo apresenta a importância fundamental do Decreto-Lei:

“O Presidente da República:

Considerando a importância e a necessidade urgente da fixação das unidades de medidas e respectivos padrões que as indústrias, em sua incessante evolução, têm sido levadas a criar e cujo interesse só é comparável ao da fixação da moeda nacional;

Considerando que a legislação vigente sobre pesos e medidas já se tornou, além de antiquada, técnica e juridicamente inaplicável, fato que tolhe, até certo ponto, a ação dos poderes públicos, além de criar sérios embaraços e prejuízos ao comércio, à indústria, à técnica e ao público em geral;

E usando da faculdade que lhe confere o artigo 180 da Constituição

DECRETA:” (….)

Mostra de forma clara e inequívoca a necessidade urgente de harmonização do sistema de medidas no País, em sintonia com o sistema já adotado internacionalmente sob pena de criar sérios prejuízos ao comércio com consequente paralisação do desenvolvimento industrial e uma afronta à cidadania do povo na medida em que a ausência de uma legislação com regras claras e harmonização em relação ao sistema de medidas deixa a sociedade vulnerável e desprotegida nas relações comerciais. No Art. 1º do decreto fica estabelecido:

“Art. 1º As unidades componentes do sistema de medidas legal no Brasil são as adotadas nas Conferências Gerais de Pesos e Medidas, reunidas por força da Convenção Internacional do Metro (de 20 de maio de 1875). Os nomes, as definições, as representações e os símbolos destas unidades deverão constar do quadro que o Governo organizará e expedirá com o regulamento a ser baixado para execução deste decreto-lei.”

 

O Art. 2º proíbe em qualquer transação o uso de outra medida diferente da estabelecida no Art. 1º.

 

O Brasil, tanto em 1875 como em 1921, assinou a Convenção do Metro, porem, o Congresso Brasileiro em nenhuma das assinaturas havia ratificado. Isto colocava o Brasil, embora usando o sistema métrico decimal, a margem da Convenção do Metro e das decisões do CIPM e BIPM. Em 1952 através do Projeto de Lei nº 2580 o Congresso ratifica Convenção Internacional do Metro, pressionado pela sociedade e pelos setores produtivos. O Brasil, a partir de 1952, passa a aderir plenamente a Convenção e a receber oficialmente todas as decisões e padrões do BIPM, participando de suas reuniões como membro efetivo. [ALMEIDA 2002] [MOREIRA].

 

 

Considerações

 

Se analisarmos a evolução histórica da metrologia apresentada acima podemos estabelecer as seguintes conclusões:

 

  • Desde a antiguidade a definição de pesos e medidas tem sido competência exclusiva dos governantes, fossem eles reis, imperadores, chefes, etc. o que evidencia a importância da metrologia como agente de proteção para trocas comerciais justas na sociedade e garantia de uma correta arrecadação de impostos/taxas;

 

  • A manutenção do poder sobre sistemas de pesos e medidas foi, desde a antiguidade, instrumentos de poder e afirmação de soberania de um povo. A Soberania e a Cidadania são os dois primeiros fundamentos estabelecidos na Constituição de 1988, no Art. 1º:

 

“A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: Inciso I: a soberania; Inciso II: a cidadania”;

 

  • A história da metrologia no Brasil mostra que o longo período de indefinições foi utilizada uma grande diversidade de medidas nas diferentes regiões a despeito das determinações dos Reis para que houvesse uniformização de padrões no País. Esta diversidade de medidas iniciou com a vinda dos portugueses para a colônia implantando em cada região padrões metrológicos diferentes. A dispersão geográfica, a diversidade política e econômica das regiões, com certeza, foi um fator determinante pela diversidade metrológica;

 

  • As competências de implantar, legislar, fiscalizar o sistema de pesos e medidas no Brasil estão expressas nas diversas Constituições Federais de 1824 a 1988, conforme apresentado a seguir:

 

1824 – Constituição Política do Império do Brasil, outorgada pelo Imperador D. Pedro I: Art. 15.  É da atribuição da Assembleia Geral: XVI. Determinar o peso, valor, inscripção, typo, e denominação das moedas, assim como o padrão de pesos e medidas; [CONST 1824]

 

1891 – Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil: Das atribuições do Congresso: Art.34 – Compete privativamente ao Congresso Nacional (Redação dada pela Emenda Constitucional de 03/09/1926). § 9º – Fixar o padrão de pesos e medidas. [CONST 1891]

 

1934 – Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil:  Art.5º – Compete privativamente à União: XIX – legislar sobre: h) sistema de medidas; [CONST 1934]

 

1937 – Constituição dos Estados Unidos do Brasil: Art.16º – Compete privativamente à União o poder de legislar sobre as seguintes matérias: IX – os pesos e medidas, os modelos, o título e a garantia dos metais preciosos; [CONST 1937]

 

1946 – Constituição dos Estados Unidos do Brasil:  Art.5º – Compete à União:  XV – legislar sobre:    m) sistema monetário e de medidas; título e garantia dos metais; [CONST 1946]

 

1967 – Constituição da República Federativa do Brasil (e Emenda Constitucional Nº1 de   1969):   Art.8º – Compete a União:   XVII – legislar sobre: i) sistema monetário e de medidas; título e garantia dos metais; [CONST 1967]

 

1988 – Constituição da República Federativa do Brasil: Art.22. Compete privativamente à União legislar sobre: (EC nº 19/98 e EC nº 69/2012):   VI – sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais; [CONST 1988]

 

  • Desde 1875, com a Convenção do Metro, o mundo todo busca harmonizar o sistema de medidas adotando o sistema métrico decimal para que haja um comércio justo tanto nacional como internacional. Países que até há poucos anos não haviam implantado um sistema metrológico aderente ao BIPM estão acelerando a implantação para competir no mercado internacional e garantir proteção ao consumidor nacional. Em todos eles o Estado é o responsável por legislar.

 

  • Retirar a competência privativa do poder central de um país é regredir ao período anterior à Convenção do Metro onde cada país tinha suas unidades e dentro de cada um deles havia diversidade de padrões em diferentes regiões. No Brasil não foi diferente, pois do período colonial até o período republicano com o Estado Novo o Brasil experimentou, inicialmente nas províncias e posteriormente nos estados e municípios, um sistema de unidades diversificadas que geravam problemas comerciais e econômicos como mostra a história apresentada acima. Voltar aos modelos antigos é se expor ao risco de retornar ao caos metrológico, isolamento no mercado internacional e confusão, inclusive de taxas de serviço entre estados.

 

  • Passar para a gestão privada, alternativa várias vezes trazida a tona, também não é o caminho favorável. Há exemplos de países que tentaram e que logo depois retomaram o controle metrológico por se mostrar inviável e de alto risco.

 

  • Ter um instituto nacional de metrologia forte e coeso é fundamental, pois o contrário pode produzir consequências desastrosas para o País tais como: perda da referência metrológica nacional, perda da Soberania ao ter que buscar referência em outros países para dar rastreabilidade aos laboratórios nacionais, risco de regionalizar a regulamentação metrológica prejudicando o comércio e prejuízos ao setor produtivo principalmente quanto a qualidade e produtividade.

 

  • Distanciamento do restante do mundo na sua corrida tecnológica, no aperfeiçoamento, na exatidão e, principalmente, no atendimento às exigências do consumidor quanto a Qualidade de produtos e serviços.

Portanto, um Instituto Nacional de Metrologia robusto, aliado às principais práticas internacionais, responsável pelo sistema de medição e padronização nacional, não só fortalece o país no mercado globalizado, mas também garante as justas relações de troca nacional e internacionalmente, contribuindo para a qualidade dos produtos e serviços e promovendo uma melhor qualidade de vida para o cidadão.

 

[[Artigo disponível na íntegra na REVISTA ANALYTICA ED 105]]

Referências Bibliográficas

[ALMEIDA] – Almeida, L.A.; 2002; Metrologia: instrumento de cidadania; Dissertação de Mestrado; Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; PUC-Rio – Certificação Digital Nº0025011/CC. https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=4004@1

[CONST1824] – http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm

[CONST1891] – http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao91.htm

[CONST1934] – http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao34.htm

[CONST1937] – http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao37.htm

[CONST1946] – http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao46.htm

[CONST1967] – http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao67.htm

[CONST1988] – http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

[DIAS] – Mattos Dias, J. L.; 1998; Medida, Normalização e Qualidade – Aspectos da história da Metrologia no Brasil; Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas Editora.

[KULA] – Kula W. Las Medidas Y los Hombres; 1999; 3ª edicion; sigloventiuno editores; Chapter 4th: Las Medidas como Atributo del Poder.  . https://books.google.com.br/books/about/Las_medidas_y_los_hombres.html?id=T8AQ4C8SvxsC&redir_esc=y

[LEI IMPERIAL] – Lei Imperial Nº 1157 de 1862 que: Substituiu em todo o Império o sistema de Pesos e Medidas em vigor no Império pelo Sistema Métrico Frances. http://repositorios.inmetro.gov.br/bitstream/10926/343/1/1862_leidometro.pdf

[MOREIRA] – Moreira, I. C. – A Implantação Do Sistema Métrico Decimal No Brasil. Instituto de Física – UFRJ e HCTE. http://www.hcte.ufrj.br/downloads/sh/sh5/trabalhos%20orais%20completos/trabalho_012.pdf

[NOBILI] – NOBILI, Gloria. (1997). “Delle misure d’ogni genere antiche e moderne: un inventario dele unità di misure premetriche.” http://www.brera.unimi.it/SISFA/atti/1997/Nobili.pdf

[PROJETO Congresso) – Projeto do Congresso Brasileiro Nº2580 – 1952, Exposição de Motivos; Ratificação da Convenção do Metro; Decreto Legislativo Nº57,1953. http://imagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/DCD25OUT1952.pdf#page=35

https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=1747761A61064128B4DFFBD9933F4419.proposicoesWebExterno1?codteor=1219987&filename=Dossie+-PL+2580/1952+CESPCRE

SOUSA – Carlos Sousa, 2010; Cadernos Técnicos Carlos Sousa; Metrologia Notas Históricas; Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica, 2010. http://www.catim.pt/Catim/PDFS/metrologia-introducao.pdf

[WordPress] – 2016; Contexto Histórico da Metrologia – Metrologia e Medições;

https://metrologiaemedicoes.wordpress.com/2016/08/08/contexto-historico-da-metrologia-mundial/

.[ZUIN] – Zuin, E.S.L.; 2016; Euclides Roxo – Pelos Caminhos da Metrologia; Caminhos da Educação Matemática em Revista/On line – v. 5, n. 1, 2016 – ISSN 2358-4750. https://aplicacoes.ifs.edu.br/periodicos/index.php/caminhos_da_educacao_matematica/issue/view/15

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Em foco

Lab de A a Z: Espectrofotômetros Kasvi e Dispensador de Volume Manual Olen

por jornalismo-analytica 1 de abril de 2020
escrito por jornalismo-analytica

Com o propósito de deixar seu laboratório cada vez mais produtivo e com rotinas mais práticas, a Kasvi amplia seu portfólio com mais dois lançamentos na linha de equipamentos, com os Espectrofotômetros Kasvi e o Dispensador de Volume Manual Olen.

Com os Espectrofotômetros Kasvi suas análises ficarão mais rápidas e os resultados mais confiáveis. São dois modelos: com comprimento de luz visível (320~1100nm), largura da banda espectral de 4 nm, configuração do comprimento de onda manual, variedade de métodos de leitura: absorbância, transmitância, concentração e fator e display LCD. E com comprimento de luz UV e luz visível (190~1100nm), largura da banda espectral de 2nm, configuração do comprimento de onda automático. Acompanha software de varredura.

Os Dispensadores de Volume Manual Olen tornam a dispensação de líquidos mais segura e fácil. Produzidos em material de alta qualidade e com um design funcional, opera de forma suave, exigindo um esforço mínimo no enchimento e na dispensação de reagentes. Ajuste fácil de volume sem perda de reagentes, acompanha 05 adaptadores rosqueáveis que se encaixam em diferentes tipos de garrafas e frascos, O4 modelos que abrange volumes de 5ml até 50mL e totalmente autoclavável.

Conte sempre com nosso Suporte ao Cliente para esclarecimentos e auxílio na busca da melhor solução para o seu laboratório.

Saiba mais sobre nossos lançamentos, acesse: www.kasvi.com.br

 

Kasvi

0800 726 0508
kasvi@kasvi.com.br

 

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Espectrometria de massas

A cromatografia a gás acoplada à espectrometria de massas – GC/MS

por jornalismo-analytica 30 de março de 2020
escrito por jornalismo-analytica

A técnica da Cromatografia a gás acoplada a Espectrometria de massas abre novos caminhos para elucidar a estrutura da matéria.  Esta técnica é denominada técnica hibrida já que cada uma das suas partes realiza um determinado processo analítico, a cromatografia a gás em inglês GC “Gas Chromatography”, realiza a separação dos componentes de uma mistura gasosa a ser analisada e a espectrometria de massas, em inglês MS “Mass Spectrometry”, realiza a identificação dos componentes químicos gasosos separados pelo GC.  Desta forma o analisador GC/MS (Figura 1) funciona no modo Tandem, onde os compostos químicos precursores de uma mistura gasosa são separados pelo GC e logo detectados e quantificados em seus produtos, pelo MS.  Quem trabalha com cromatografia denomina o MS como detector num sistema GC/MS, mas quem trabalha com MS denomina o GC como sistema de introdução de amostra, cabe ao leitor decidir a preferencia.

O GC/MS aumentou o poder analítico enormemente na química.  O GC acoplado com outro detector, não sendo o MS, tal como o da Ionização de Chama (Flame Ionization Detector – FID) e conhecido como GC/FID, realiza análises de compostos químicos somente quando o analisador é calibrado anteriormente com padrões previamente estabelecidos e conhecidos.  Por outro lado o MS discrimina os analitos por meio de sua razão massa/carga (m/z), mas tem a contribuição no seu espectro de fracionamentos moleculares além das contribuições isotópicas, facilitando a identificação do analito por meio do espectro de massas (Figura 2).

A cromatografia a gás é definida como um método físico-químico de separação dos componentes de uma mistura, que são distribuídas em duas fases intimamente ligadas: fase estacionária contida na coluna cromatográfica e fase móvel, denominado gás de arraste que a percorre, contendo os analitos a serem separados.  Durante a passagem da fase móvel sobre a estacionária, os componentes do analito são distribuídos e retidos na fase estacionária conforme a sua afinidade físico-química, sendo logo eluídos seletivamente em direção ao analisador, resultando em migrações diferenciais para cada analito, cuja unidade é o Tempo de Retenção – TR, medida em minutos.

As principais partes de um cromatógrafo são (Figura 1): o injetor, coluna e detector, neste caso o MS.  A amostra líquida, gasosa ou sólida, contendo os analítos é introduzida no injetor.  O uso de temperatura no sistema de injeção favorece a vaporização da amostra, para amostras líquidas ou sólidas, sendo introdução direta para amostras gasosas.  Os analítos no estado gasoso são carregados pelo gás de arrastre para a coluna.  A coluna capilar é constituída por sílica fundida de diâmetro interno de 0,1 mm com fase estacionária interna, polar ou apolar, de acordo afinidade dos analistos.  A coluna fica condicionada num forno resistivo programável.  A programação da temperatura na coluna contribui para separação dos analitos devido as suas características, tais como, volatilidade, ponto de ebulição, peso molecular e estabilidade térmica.  Cada espécie separada apresentará diferente tempo de retenção (RT), que ao chegar ao fim da coluna, segue para o detector.

O detector dos analítos é o Espectrômetro de massas.  O MS esta constituído de fonte de íons, analisador e detector (Figura 1).  Quando uma das substâncias emerge da coluna e ingressa no Espectrômetro de massas, através da linha de transferência, a mesma interage com elétrons acelerados emanados por um filamento, gerando íons do analíto na fonte de íons.  Nesse local os analitos na forma de íons são fragmentados de acordo a suas ligações químicas (Figura 2) seguindo um padrão de fragmentação constante e único para uma dada energia de ionização que geralmente é de 70 eV, tal como uma impressão digital para cada molécula do analíto em estudo, facilitando a construção de um banco padrão de espectros de massas de interesse, entre estes os padrões da “National Institute of Standards and Technology – NIST”.

Os íons gerados na fonte de íons são acelerados e introduzidos no analisador de quadrupolo, constituído de quatro barras cilíndricas ligadas eletricamente em DC e RF em pares, mas com fases opostas eletronicamente.  Dentro deste campo eletromagnético, os íons do analíto sofrem o efeito eletromagnético e são filtrados pelas barras cilíndricas de acordo com sua razão massa/carga (m/z).  Somente uma espécie de íons com uma determinada m/z passará através dos quadrupolos sem colidir com as barras.  Finalmente, estes íons são detectados e contados pelo multiplicador de elétrons, denominado detector.  Desta forma discretizando massas de 1 a 1090 m/z, em intervalos de tempo de micro segundos é construído um espectro de massas em menos que um segundo.  O número de íons de cada espectro de massas gerado é utilizado para construir o cromatograma por meio de um “software”.  Assim, todo GC/MS gera duas informações para o analista químico, um cromatograma e milhares de espectros de massas.  O cromatograma (Figura 2a) apresenta a intensidade total dos íons detectados “Total Ion Current – TIC” (eixo y) em função do Tempo de Retenção em minutos da eluição de cada analito (eixo x).  Os espectros de massas apresentam as análises dos compostos químicos presentes na eluição a cada segundo, com uma vantagem, podendo ser comparados com o banco de dados da NIST para uma possível detecção do analito desejado.  Todo espectro de massas (Figura 2b) apresenta a intensidade relativa dos íons fragmentos e do íon molécula de cada analito (eixo y) em função da razão m/z (eixo x) de cada fragmento detectado.

A união do GC/MS demorou a ser descoberta devido as suas peculiaridades intrínsecas, o GC trabalha a pressões positivas, isto é, pressões maiores à atmosférica e o MS a pressões negativas, isto é, vácuo.  Como compatibilizar um instrumento que funciona a pressões positivas e outra negativa?  Como coletar tantos dados em cada análise realizada?  Sendo que a eluição dos analítos gerando um cromatograma, demora em torno de 30 a 60 minutos, armazenando um espectro de massas por segundo isto significa 1800 a 3600 espectros de massas por análise, acarretando a necessidade de Megabytes (MB) de memória no computador.

Para resolver o problema da incompatibilidade de pressões, foi desenvolvida uma bomba de vácuo mais potente, para poder drenar rapidamente o MS.  Assim surgiu a bomba de vácuo Turbo-molecular (Figura 1).  Além disso, teve que se diminuir o fluxo da fase móvel da coluna cromatográfica atingindo-se até 1 mL/min.  Para resolver o problema da coleta de amostras do GC/MS, computadores com maior capacidade de memória são utilizados.  O Prof. Peter Atkins no seu livro “What is chemistry?” diz: “O instrumento que transformou a química, assim como transformou a vida nesta última década é o computador. Graças ao computador pode se simular e modelar as novas moléculas sintetizadas, sendo esta nova ciência denominada química computacional”.  A mesma é aplicada no analisador GC/MS.

Vários modos de análise no GC/MS são possíveis de serem utilizados.  Entre estes: modo “scan mass – SCAN” ou varredura de massas, onde são analisadas todas as massas dos analitos num determinado intervalo de massas.  Este modo é utilizado para análise de uma amostra desconhecida.  Modo “Selected Ion Monitoring – SIM” onde apenas os íons desejados são monitorados, analisando só uma ou várias espécies iônicas específicas.  Este modo é utilizado na análise quantitativa de um ou vários analítos (Figura 2a).

Superados os problemas da gênesis do GC/MS, hoje em dia é um analisador versátil para a análise de compostos químicos especialmente a nível traços.  Seus usuários cada dia exploram mais o analisador tornando um instrumento de rotina no laboratório de análises química sendo até utilizados nas explorações extraterrestres pela NASA.  Diminuiu seu tamanho, tornando-se um analisador de bancada, comercialmente vendido como “Bench-Top”.  Além disso, o seu custo, ficou cada vez mais accessível para os mais humildes laboratórios.

O GC/MS é um método rápido que fornece informações valiosas sobre a análise de produtos naturais usado para analisar misturas orgânicas e bioquímicas complexas, pesticidas e compostos orgânicos voláteis e semivoláteis no meio ambiente.  A principal desvantagem do uso do GC/MS é de ser incapaz de analisar compostos não voláteis, polares ou termicamente lábeis, sendo necessária a derivatização para aumentar a volatilidade e a estabilidade térmica desses compostos.

Fonte: Redígolo, 2020

Figura 1: Analisador GC/MS. Constituído de dois compartimentos separados: um contém o GC e outro o MS. O GC está composto por: injetor da amostra, coluna cromatográfica e forno resistivo programável. O MS está formado por: da fonte de íons, analisador de massas quadrupolar e detector de íons. O MS funciona sob alto vácuo obtida por meio de bomba turbomolecular e bomba mecânica de pré-vácuo.

 

 

 

   (a)

                                                                                                 (b)

Fonte: Sassine, 2002

Figura 2: Análise do Piretróide Cipermetrina na matriz leite. (a) Cromatograma da molécula Cipermetrina em modo SIM, monitorando os íons m/z 127, 163 e 181.  Assinala-se a presença de quatro diasterónimos cis-1, cis-2, trans-1 e trans-2; A, B, C, D, respectivamente. (b) Espectro de massas da Cipermetrina apresentando o íon molécula m/z 415, altamente fragmentado e seus principais fragmentos m/z 77, 91, 127, 163, 181 com suas respectivas representações iônicas químicas.

Referências bibliográficas

  • Sassine, A.; Moura, S.; Léo, V. and Bustillos, O. “Cypermethrin residues determination in the milk of a lactating dairy cow by gas chromatography – Ion Trap mass spectrometry”. of Analytical Toxicology. V.28, 2004.
  • Redígolo, M.M.; Costa, I.; Vega, O. “Cadernos de ciência da conservação Volume 1. Tintas brasileiras”. Ed. Scortecci. 1ª Ed. 2020.
  • Atkins, P. “What is chemistry”. Oxford University Press. 2013.

*Oscar Vega Bustillos

Pesquisador do Centro de Química e Meio Ambiente CQMA do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares IPEN/CNEN-SP

55 11 3133 9343

ovega@ipen.br

www.vegascience.blogspot.com.br

 

 

< Artigo disponível na íntegra na Revista Analytica Ed 105. >

 

30 de março de 2020 0 comentários
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Microbiologia

Qualidade Microbiológica Dos Produtos Farmacêuticos

por jornalismo-analytica 26 de março de 2020
escrito por jornalismo-analytica

Como sabemos a qualidade microbiológica dos produtos farmacêuticos é de extrema importância para que se possa assegurar a sua segurança, eficácia e potência para os pacientes que necessitam fazer uso dos produtos 

A garantia da qualidade e o controle de fabricação previstos nas boas práticas devem garantir que  o produto  cumpra as especificações determinadas, isto é, que atendam além de outros parâmetros, aos limites aceitáveis para micro-organismos. 

A seleção dos fornecedores e a adoção das Boas Práticas de Fabricação e Controle garantem a qualidade dos produtos farmacêuticos através do  controle de qualidade microbiológico e o o monitoramento ambiental microbiológico .  No entretanto,  a realização dos testes microbiológicos não apresenta a garantia absoluta da ausência dos microrganismos indesejáveis tais como as bactérias, vírus, fungos etc.  

A confiabilidade dos métodos microbiológicos deve ser demonstrada através dos controles realizados em cada etapa de produção e a amostragem adequada.  Todos sabemos porém  , que estes métodos tem baixa precisão e grande variabilidade quando comparado a outros métodos métodos analíticos , justamente por se tratar de métodos biológicos.  

A seleção e planejamento do método microbiológico com níveis de precisão e exatidão aceitáveis   devem ser fazer parte da estratégia de validação pela equipe de qualidade. 

Os métodos microbiológicos são descritos nos compêndios , tais como a Farmacopéia Brasileira e  outras farmacopeias e não necessitam ser validados.   Porém , as empresas farmacêuticas devem demonstrar através de um protocolo e documentação que o laboratório de controle microbiológico tem um sistema de qualidade adequado e que o método é confiável apresentando dados de precisão e exatidão, como descritos na farmacopeia.  

A empresa deve apresentar a “Adequabilidade do método”, através da qualificação do produto farmacêutico sendo submetido ao desafio  com a adição dos contaminantes bacterianos citados nas farmacopeias e os microrganismos isolados do ambiente utilizados como controles positivos para demonstrar que a matriz do produto não interfere na detecção dos mesmos e afeta o resultado da análise. 

Exemplos de adequabilidade dos métodos ; teste de bacteriostase e fungistase para os testes de esterilidade, e determinação da contagem microbiana de produtos e biocarga. 

Resultados de contagem microbiana com variação de 50 a 200% são aceitáveis na determinação das Unidades Formadoras de Colônias nos métodos de contagem microbiana devido a variabilidade inerente ao método. 

Na realização dos testes de adequabilidade de contagem microbiana e pesquisa de microrganismos indesejáveis devemos utilizar que as cepas de controles positivos apresentem contagem inferior a 100 Unidades Formadoras de Colônias. Para adequação dos métodos farmacopeicos aos produtos não estéreis deve ser demonstrada a eliminação de qualquer propriedade antimicrobiana antes da verificação da existência de contaminação microbiana nos produtos. 

O protocolo do teste de adequação deve mimetizar o teste de limite microbiano o preparo da amostra, tipo de meio de cultura e soluções tampão, número e tipo da solução de lavagens das membranas bem como as condições de incubação. Esse protocolo requer o uso de micro-organismos para o teste de recuperação microbiana. 

Durante a adequação, demonstrar que a escolha do método para estimativa qualitativa e/ou quantitativa dos micro-organismos viáveis é sensível, exato e confiável e que é capaz eliminar qualquer interferência ou inibição durante a recuperação dos micro-organismos viáveis. 

Revalidar o método de adequação se forem modificadas as condições de ensaio e/ou ocorrerem alterações no produto que possam afetá-lo. 

 

Referencias bibliográficas 

  • Farmacopéia Brasileira 6º edição capítulo  5.5.3 
  • Farmacopéia dos Estados Unidos da América USP 43 , cap. <1227> “Validation of Microbial Recovery from Pharmacopeial Articles”. 

 

*Claudio Kiyoshi Hirai é farmacêutico bioquímico, diretor científico da BCQ consultoria e qualidade, membro da American Society of Microbiology e membro do CTT de microbiologia da Farmacopeia Brasileira. Telefone: 11 5539 6719 ​E-mail: técnica@bcq.com.br

 

 

 

 

26 de março de 2020 0 comentários
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