“O documento vai trazer um novo olhar sobre o onshore brasileiro. Trata-se de um exercício de revisitar os dados disponíveis, para reavaliar todo o potencial terrestre de óleo e gás do país”, detalhou Heloísa. “Reavaliamos algumas bacias sedimentares nacionais, com foco no onshore, buscando reinterpretar os dados e identificar de forma bem específica quais são os tipos de informações necessárias para termos clareza de todo o nosso potencial”, acrescentou.
A diretora da EPE frisou ainda que acredita que a multiplicidade de atores no setor onshore é um dos pontos que garante a retomada dos investimentos. Além disso, ela também destacou uma característica bem conhecida do segmento de campos terrestres – a capacidade de ser um motor de desenvolvimento regional. “Às vezes, não fica clara a importância do segmento onshore. No entanto, sabemos que esse setor tem um valor fundamental para o desenvolvimento regional e a geração de empregos. Os campos terrestres movimentam uma grande cadeia, composta por indústrias prestadoras de serviços, setor metalmecânico, construção civil, indústria hoteleira, alimentação, entre outros elos”, completou.
Larissa ressaltou também que o despontar de novas empresas no cenário da indústria já traz consigo a possibilidade de redução de custos para os consumidores – um movimento que deve ser sentido continuamente daqui em diante, segundo a executiva. “Com relação às distribuidoras, a competitividade da tarifa já é relevante para o consumidor final e, daqui a um ano, acreditamos que vamos ter ainda mais competitividade nesse sentido”, previu.
Olhando para os desafios do futuro, o presidente da PetroReconcavo, Marcelo Magalhães, vê uma necessidade de maior agilidade no endereçamento de questões regulatórias, a exemplo da extensão das licenças dos contratos atuais. “Notamos uma enorme boa vontade da ANP, sobretudo das áreas mais experientes, das diretorias e do seu diretor-geral. Também vemos um enorme apoio do Ministério de Minas e Energia. Acho que é preciso sensibilidade e, sobretudo, uma preocupação com que está acontecendo no mundo, de modo a acelerar muitos dos processos. Muito já foi conquistado, mas ainda temos muito a conquistar. E temos pressa”, afirmou.
Nessa mesma linha, o advogado Alexandre Calmon, do escritório Campos Melo, que atua há 20 anos dentro da indústria de óleo e gás, também está no time de profissionais que vê o ressurgimento da atividade onshore no país. Durante um painel sobre Integração Upstream e Downstream, ele destacou no entanto que ainda é necessário um avanço na abertura do setor de refino. “Para o desenvolvimento pleno do onshore, é importante que você tenha alternativas e um mercado competitivo de refino e distribuição. Com um mercado aberto, você vai gerar mais alternativas para que esses produtores possam vender seu óleo a preços melhores. Por isso que é tão relevante, para o desenvolvimento do onshore, que a abertura do mercado de refino aconteça de verdade, assim como aconteceu aqui na Bahia, com a venda da RLAM para a Acelen”, opinou.
AS OPORTUNIDADES DE EMPREGO NA INDÚSTRIA ONSHORE BRASILEIRA
No encerramento da Onshore Week, foi realizado um painel especial voltado para jovens profissionais da indústria de óleo e gás, discutindo quais são as novas oportunidades que irão surgir a partir da maior atividade dos campos terrestres no país. A gerente de talentos da 3R Petroleum, Camila Prista, lembrou que muitas empresas – como a própria 3R – fizeram aquisições de ativos onshore que eram da Petrobrás. Agora, com essa mudança de titularidade, as novas petroleiras independentes estão em busca de profissionais para fazer a gestão desses campos.
“A 3R foi a empresa independente que mais adquiriu campos de petróleo desinvestidos pela Petrobrás. Por isso, estamos construindo um time para atender a nossa operação. Nosso foco está nas vagas de alta expertise, como engenheiros, geólogos e profissionais geralmente oriundos de óleo e gás. No médio prazo, vamos evoluir também na formação de um time de sucessores, fazendo assim a gestão do conhecimento”, explicou.
A executiva afirmou que as maiores demandas na indústria onshore serão por pessoas qualificadas em diferentes disciplinas de engenharia, geologia e geofísica. Camila avalia que a indústria espera e deseja os profissionais mais atualizados sobre as novas tecnologias e ferramentas. “Esses são os profissionais que estarão um passo à frente para crescer dentro das empresas”, disse.
Por fim, Karine lembrou ainda da meta estabelecida no REATE, de elevar a produção terrestre brasileira ao patamar de 500 mil barris por dia em 2030. “Temos esperança de que isso vai acontecer”, finalizou a diretora da ONIP. A Onshore Week foi uma realização do SENAI CIMATEC e da ONIP, com o apoio institucional da ABPIP, da EPE, do Sebrae e da ANP.
Veja abaixo uma pequena galeria com algumas fotos da Onshore Week: