Calcário: o implacável amigo dos fertilizantes
Valter Casarin*
É muito comum entre os brasileiros as reclamações sobre os sintomas de azia. O desconforto ocasionado pela queimação no estômago que irradia pelo pescoço e garganta, afetando o bem estar e a ingestão de alimentos. Em muitos casos, o tratamento com antiácidos é recomendado e utilizado.
Quando olhamos para os solos brasileiros, os quais apresentam uma severa acidez, podemos fazer uma analogia com aquilo que acontece conosco. Os nossos solos também sofrem de “azia”. A acidez dos nossos solos indisponibiliza os nutrientes para as plantas. Sendo assim, as plantas não terão os nutrientes em condições de serem absorvidos, ou seja, as plantas irão passar fome, com isso a eficiência das adubações é baixa.
Da mesma forma que tratamos nossa azia, o tratamento mais correto e eficaz para o solo é a aplicação de um antiácido. O antiácido para o solo é o calcário. Sua aplicação é o caminho para manter o potencial de produção dos solos. O controle da acidez é essencial e a prática da aplicação de calcário é uma prática fundamental para melhorar a vida do solo, aumentando a eficiência do uso dos fertilizantes e o rendimento das culturas. Essa prática consiste na realização de correções à base de, principalmente, carbonato de cálcio e magnésio.
O objetivo do calcário é manter o solo em uma faixa de pH favorável ao crescimento da cultura. O fornecimento de cálcio e magnésio, além de nutrir as plantas, contribui para a formação de agregados do solo, o que auxilia na redução da erosão e compactação e permite melhor infiltração da água.
A acidez do solo influencia a disponibilidade de nutrientes e pode criar deficiências ou toxicidades, que afetarão o crescimento das plantas e, consequentemente, o seu rendimento. A atividade dos microrganismos do solo que mineralizam a matéria orgânica e de diversos organismos benéficos e patogênicos também são influenciados por essa acidez.
Os efeitos da aplicação de calcário são múltiplos, alguns favoráveis às culturas, enquanto outros podem ser prejudiciais no caso de mal aplicação deste insumo. Visar um pH entre 6,0 e 6,5 representa um ideal no que diz respeito à disponibilidade de todos os nutrientes essenciais às culturas.
A eliminação da toxicidade do alumínio em solos demasiadamente ácidos é a principal função da aplicação de calcário. A toxicidade do alumínio é responsável por reduções de rendimento em solos ácidos. A concentração de alumínio na solução do solo aumenta fortemente com a acidez do solo e tornam-se tóxicos a partir de um certo limiar de pH.
O alumínio diminue fortemente o crescimento das raízes, que ficam mais espessas e pouco ramificadas. Essas raízes não são mais capazes de garantir adequadamente o abastecimento de água e nutrientes pelas plantas.
A disponibilidade de fósforo no solo também é influenciada pelo nível de pH. Em condições de acidez do solo a disponibilidade de fósforo para a planta é baixo. No final, a disponibilidade de fósforo é maior para pH próximo a 6.
Por todos esses fatores acima podemos ter certeza de que o investimento na aplicação de calcário é compensador. Essa prática irá melhorar a eficiência dos fertilizantes, ajudando na maior disponibilidade dos nutrientes para as plantas, melhorar a fixação de nitrogênio do ar pelas leguminosas, aumentar a decomposição da matéria orgânica, melhorar a estrutura do solo, aumentar a capacidade de enraizamento das plantas, além de limitar o desenvolvimento de certas doenças.
A Nutrientes para a Vida tem como missão melhorar a percepção da população urbana em relação às funções e os benefícios dos fertilizantes. A NPV possui visão, missão e valores análogos aos da coirmã americana, a Nutrients For Life. Sua principal missão é destacar e informar a população a respeito da relevância dos fertilizantes para o aumento da qualidade e segurança da produção alimentar, colaborando com melhores quantidades de nutrientes nos alimentos e, consequentemente, com uma melhor nutrição e saúde humana.