Biogás em SP: Mapas interativos mostram potencial de geração de energia

O Centro de Pesquisa para Inovação em Gás (RCGI) lançou um conjunto inédito de mapas interativos com o tema “Biogás, Biometano e Potência Elétrica em São Paulo”.
Disponíveis na internet, os mapas estimam o potencial de produção de biogás e biometano no Estado e o potencial elétrico a partir do biogás, por município, de acordo com três grandes fontes de obtenção do gás: resíduos de criação animal, resíduos urbanos e setor sucroalcooleiro.
O RCGI é um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído pela FAPESP em parceria com a empresa Shell.
Os dados mostram que o potencial de energia elétrica gerada anualmente a partir de biogás em São Paulo é de 36.197 gigawatt-hora (GWh), o que corresponde a 93% do consumo residencial paulista. O potencial anual de biometano poderia exceder em 3,87 bilhões de normal metro cúbico (Nm3) o volume anual de gás natural comercializado ou substituir 72% do diesel comercializado.
“O setor sucroalcooleiro é o que apresenta o maior potencial de aproveitamento de biogás. Em 10 municípios com maior concentração de resíduos, o potencial de biogás é de mais de 3 bilhões Nm3 na safra. Se fossem transformados em biometano, isso corresponderia a 65% do consumo de gás natural no Estado. Ou 32 mil GWh, se fossem aproveitados na geração de eletricidade com biogás”, disse a coordenadora do projeto, Suani Coelho, professora do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP) e integrante do RCGI.
Os mapas foram elaborados com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), da Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), do Datagro, do Centro Internacional de Energias Renováveis (Cibiogás), da Sabesp e da Gasbrasiliano. Podem ser acessados em português ou inglês, e a manipulação deles é fácil e intuitiva.
Dados abrangentes
Além de informações relacionadas ao potencial de biogás e biometano no Estado, é possível saber onde estão os gasodutos, as linhas de transmissão de energia elétrica, as unidades de conservação, os pontos de entrega de gás existentes, entre outras informações importantes para o planejamento energético dos municípios.
O potencial total das três grandes fontes de obtenção do gás também se desdobra em outros mapas mais específicos. Por exemplo: o grupo “resíduos de criação animal” tem mapas específicos para suinocultura, bovinocultura e avicultura. O grupo “resíduos urbanos” também tem mapas distintos para o potencial dos aterros sanitários e o das estações de tratamento de esgoto. “E o setor sucroalcooleiro traz um mapa para a totalidade dos resíduos – vinhaça, torta de filtro e palha de cana – e um somente para a vinhaça, que representa grande parte do potencial de obtenção de biogás, biometano e de geração de energia elétrica em São Paulo”, contou Coelho.
O projeto é resultado de longo trabalho da pesquisadora na área, cujo primeiro fruto foi a publicação, em 2009, do Atlas de Bioenergia do Brasil, com informações sobre o potencial de aproveitamento de biomassa no Brasil por município e tipo de biomassa. O avanço para mapas interativos, com diversas camadas de informações, teve o suporte do RCGI, centro em que Coelho lidera um dos projetos. Além dela, integram a equipe as engenheiras Marilin Mariano dos Santos e Vanessa Pecora Garcilasso, com a colaboração do mestrando Diego Bonfim de Souza.
Novas informações
O grupo de pesquisa pretende inserir novas bases de dados nos mapas. “Estamos realizando simulações com relação à injeção do biometano na rede para saber, por exemplo, qual seria o impacto na tarifa para os consumidores e quanto se evitaria de emissões de gases de efeito estufa. Também estamos simulando qual seria o impacto da substituição do diesel por biometano na indústria sucroalcooleira”, disse a professora.
Um projeto de pesquisa e desenvolvimento com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Companhia Energética de São Paulo (Cesp) também está em andamento.
“O objetivo é elaborar o Atlas de Bioenergia para São Paulo, que não será focado apenas em biogás e biometano, mas também em biomassa sólida: bagaço de cana, resíduo florestal etc. Será elaborado um mapa interativo com os potenciais de geração de eletricidade, que deverá ser lançado no início de 2020”, disse.

Lançado pelo Centro de Pesquisa para Inovação em Gás – um CPE da FAPESP -, material está disponível na internet e também traz dados sobre gasodutos, linhas de transmissão de energia elétrica e outros fatores relevantes para o planejamento energético dos municípios.
* Com informações da Assessoria de Comunicação do RCGI.