Analitica Latin America apresenta lançamentos diversos da indústria química e surpreende público
Soluções laboratoriais e produtos inovadores para a indústria são apenas algumas das surpresas agradáveis que impactaram tanto o público quanto os expositores da Analitica Latin America 2017.
Logo no primeiro dia do evento, que contou com palestras e debates diversos, o espaço dedicado à apresentação de pesquisas de nanotecnologia impactou positivamente os visitantes, como demonstrou Ivy Garcez, da empresa Tec Sinapse. Durante a apresentação ministrada pelo cientista Delmarcio Gomes da Silva, que falava sobre a importância da nanotecnologia para a educação, ela afirmou: “É importante que a gente assista a palestras como essa para conhecer mais sobre o assunto, aprender e, consequentemente, espalhar conhecimentos sobre o tema adiante. Além disso, nós, da Tec Sinapse, conhecemos e admiramos o trabalho do Delmarcio, o que só aumentou o nosso interesse em saber mais sobre a proposta apresentada por ele”.
Na quarta-feira (27), o movimento se intensificou e fez com que os estandes lotassem os expositores com perguntas acerca dos principais lançamentos de produtos para a indústria química. Sheila Lima, suporte de vendas da Corning, mostrou-se empolgada com a apresentação das novas micropipetas da empresa, aparelho laboratorial que permite a medição e transferência de pequenos volumes em análises clínicas. “O diferencial do nosso produto é que ele contempla quatro dígitos, ao invés dos tradicionais três. Além disso, eles são mais leves e sensíveis para pipetagem, o que promove maior conforto no usuário e evite tendinites desagradáveis”, explicou. Além disso, ela destacou a nova linha Cool Products, com objetos diferenciados e voltados para a cultura celular de armazenamento e refrigeração de amostras.
Outro bom lançamento que chama a atenção é o agitador magnético de soluções H57 Control, que possui como principal diferencial o fato de possuir aquecimento. Karine Souto, Coordenadora de Vendas da empresa, afirmou: “É um ótimo produto para impulsionar ainda mais as atividades de setores como os da indústria farmacêutica e os de pesquisa e movimento”.
Na outra extremidade da indústria, focada sobretudo em sacos de armazenamento para a indústria de alimentos e bebidas, por exemplo, a Nasco destacou-se com suas novas Whril – Pak, focadas nas amostras de superfícies com esponjas hidratadas de poliuretano ao invés das tradicionais esponjas de celulose, que são mais fortes e de maior absorção. A representante internacional de vendas Kelly Gratz, dos Estados Unidos, não poupou elogios ao evento: “A feira está ótima e muito bem organizada, o que é muito bom para apresentar os novos produtos. Notei que a organização priorizou uma boa mistura de empresas de diversos setores da química analítica e atraiu um público bem diversificado, o que é ótimo!”, afirmou.
A visão de Kelly parece ter sido compartilhada tanto pelos visitantes como pelos expositores. Prova disso é Juan Francisco Morla, visitante da Colômbia que deu seu parecer: “A feira está representada por ótimas empresas e pela apresentação de produtos variados. Eu me senti muito bem acolhido. O atendimento dos representantes de vendas tem sido incrível”.
Entre as empresas empolgadas com o resultado, destaca-se também os profissionais da Anton Paar Brasil, que apresentou como um dos principais destaques o Carbo 520 Optical, que mede a concentração de CO₂ em bebidas através de uma medição óptica e isenta de manutenções preventivas com outras substâncias, já que seus comprimentos de onda foram especialmente desenvolvidos para a captação exclusiva de dióxido de carbono, o que é um tiro certeiro para a indústria de bebidas como água, cerveja e refrigerantes.
Otimista, Claudio Gregório, representante de vendas da empresa, destacou: “A movimentação mais intensa da feira nesse ano tem sido ótima para os negócios. Nós recebemos tanto clientes fiéis, que já nos conhecem, como novos consumidores em potencial, o que nos dá uma boa perspectiva de mercado”.
O movimento crescente observado na feira também não passou despercebido para outros profissionais, que atuam há anos nas edições. Gaby Reimer, tradutora do estande principal de empresas alemãs, intitulado Made In Germany, conclui: “Trabalho como intérprete na Analitica Latin America há seis anos. Acredito que, em comparação com os anos anteriores, a feira está muito mais frequentada e com uma distribuição melhor dos estandes. Isso aumenta a movimentação e traz novos visitantes, o que é ótimo para o nosso trabalho”.
Adesivo de vinil com biomarcadores pode auxiliar no diagnóstico precoce de doenças, como o câncer
Pesquisador, professor e cientista da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com pós-doutorado pela Universidade de Connecticut, Ronaldo Censei Faria esteve no segundo dia do Congresso da Analitica Latin America 2017 para mostrar seu projeto de pesquisa e desenvolvimento de imunossores para determinação de biomarcadores. O intuito desse trabalho, realizado em parceria com o Hospital do Câncer de Barretos, é captar o diagnóstico precoce de doenças em animais e seres humanos para antecipar o tratamento.
Utilizando o câncer como exemplo e doença impulsionadora das pesquisas sobre o tema, Ronaldo chamou a atenção para o diagnóstico tardio realizado nos pacientes: “Hoje em dia, a identificação do câncer é feita através da manifestação de sintomas do doente, o que pode acabar acontecendo tardiamente. No Brasil, nós temos menos casos identificados de tumores se compararmos com os Estados Unidos e a Europa. No entanto, a mortalidade no nosso país é muito mais alta”, explica ele. “Com esse projeto, é possível identificar a manifestação do tumor nos primeiros estágios, facilitando o tratamento e combatendo os casos mais propensos ao óbito”, concluiu.
A detecção dos biomarcadores, segundo o docente, tem como foco medir e acompanhar processos biológicos normais e patogênicos dos organismos, além de identificar os efeitos imediatos de medicamentos através das proteínas. O processo é realizado através de partículas magnéticas, nanomateriais e microfluídicos, que facilitam a captura do biomarcador e resultam na identificação de células cancerígenas e dos anticorpos. Os exemplos utilizados com adesivos de vinil, que determinam as áreas do eletrodo, é muito eficiente no acompanhamento dos primeiros sinais de cânceres como o de mama.
Além da captura de células anormais, Censei também realizou uma parceria com a professora Márcia Regina Cominetti, do departamento de gerontologia da UFSCar, para utilização do dispositivo na identificação do mal de Alzheimer, com testes promissores que permitem identificar e analisar os três estágios diferentes da doença, considerada como uma das mais temidas pela população mundial. “Hoje em dia, a doença de Alzheimer é diagnosticada através dos sintomas e do tradicional sistema de perguntas e respostas cognitivas por parte do médico junto ao paciente. A análise profunda dos danos cerebrais provocados por esse tipo de demência só é realizada após a morte do paciente. O sistema permite que haja uma análise detalhada da circulação de proteínas através de um hemograma diferenciado, que mostra os danos que afetam a memória e outras funções mentais”, explica.
O teste, que pode identificar a doença em até trinta minutos, teve repercussão na mídia e ativou o interesse de empresas. “Temos companhias interessadas em adquirir o sensor, que tem foco no baixo custo e na simplicidade dos métodos, para realizar testes em voluntários. Estamos otimistas”, concluiu.
Roupas para alérgicos, gel que acelera a cicatrização e comida funcional são exemplos dos benefícios da nanotecnologia aplicada
O espaço NANO Soluções, que acontece no pavilhão da Analitica Latin America, recebeu, na tarde desta quarta-feira (27), dois palestrantes que abordaram como a nanotecnologia pode ser aplicada em diversos campos da indústria, seja a cosmética, farmacêutica, têxtil ou alimentícia. Os pesquisadores Koiti Araki, do IQ-USP, e Eduardo Caritá, da empresa Funcional Mikron, se complementaram durante a discussão, cada um em sua área de atuação.
Araki fez diversas demonstrações de projetos que já estão em fase de testes no IQ-USP e explicou como eles podem auxiliar na melhoria de vida da população, como por exemplo os Pigmentos Funcionais que carregam nanotecnologia e podem ser usados em roupas que controlam o odor ou auxiliam a inibir alergias. Outro destaque foram as nanopartículas de prata, que estão presentes em alguns projetos do instituto, entre eles, um gel que pode ser usado na pele para acelerar o processo de cicatrização e inibição de manchas; e um imã que usa as nanopartículas para atrair células doentes no corpo ou retirar impurezas de águas poluídas. Um dos espectadores levantou o questionamento se essas partículas imã podem auxiliar na despoluição de áreas atingidas por desastres ambientais, como a região de Mariana (MG) e o professor respondeu que acredita que com um pouco mais de desenvolvimento, isso pode sim ser possível.
“Acho muito importante trazer esse assunto para a feira, pois a nanotecnologia está na fronteira do que há de mais avançado no conhecimento e é importante que seja discutido. O mais bacana aqui é juntar academia com o setor privado de produtos e demonstrar que juntos podemos obter muitos avanços nessa área. Só quando saímos de nossa zona de conforto que conseguimos realizar coisas muito maiores”, celebrou Koiti Araki, membro do IQ-USP.
Já Eduardo Caritá falou sobre a nanotecnologia na indústria de alimentos, dando ênfase a fase regulatória que, segundo ele, ainda é um tabu. Sobre a aplicação da tecnologia, ele exemplificou sua presença em aromas, consistências, redução do desperdício e no auxílio às técnicas analíticas, como no controle do uso de pesticidas em alimentos. “Com a nanotecnologia é possível aumentar a área de aplicação e, em contrapartida, diminuir a contaminação e o impacto ambiental”, exemplificou Caritá.
O pesquisador levantou outro ponto importante sobre a hiperdosagem em vitaminas e minerais na alimentação brasileira, que automaticamente levam a uma série de doenças, como a obesidade. Com a nanotecnologia é possível fazer esse controle. “Alguns países da Europa já incluíram as nanopartículas em sua legislação alimentar, enquanto que no Brasil ainda estamos discutindo regulação”, pontuou Eduardo. Ele também demonstrou alguns produtos já disponíveis em sua empresa, como o sal para hipocondríacos que pode substituir remédios que controlam a pressão.
Após acompanhar as duas palestras, Natália Ribeiro, analista de pesquisa e desenvolvimento da Hypermarcas, concluiu que o assunto abordado foi bastante esclarecedor e ficou surpreendida com a quantidade de aplicações possíveis. “Foi minha primeira palestra de nanotecnologia e achei o assunto muito intrigante. Enxergo algumas possibilidades para serem discutidas em meu local de trabalho”, comentou.
Empresa de ciência e inovação apresenta questões sobre a contaminação de vestimentas da indústria química
A jovem Patrícia Furini Vasconcellos, gerente de contas e responsável pelo departamento de vestimentas da DuPont, uma das maiores empresas do setor de química analítica do mundo, palestrou sobre a importância de evitar a contaminação biológica de vestimentas durante procedimentos da indústria.
Durante o segundo dia da Analitica Latin America, ela apresentou dados de uma pesquisa realizada pela empresa nos Estados Unidos e que apontam que a contaminação microbiana é a maior causa de deficiências notáveis da indústria farmacêutica, que estão diretamente ligadas às vestimentas dos colaboradores durante os processos químicos realizados em laboratórios.
“Existem muitos fatores que contribuem para essa contaminação, que vão desde a ausência da limpeza total dos resíduos das vestimentas até as condições do tecido, que aumentam a propagação de bactérias oriundas do corpo humano e de agentes externos”, afirma ela. Para tanto, Patrícia apresentou exemplos de vestimentas utilizadas durante os procedimentos que podem aumentar os riscos, como o uso de TNT, oriundo de ambientes hospitalares, e de tecidos reutilizáveis de poliéster, que estão mais propensos a rasgos e a performances alteradas durante seu ciclo de vida.
Além disso, condições comportamentais, como da umidade do ambiente, transpiração do colaborador e fiapos de tecido emitidos pela vestimenta, além dos processos de esterilização atual, que incluem autoclave (vapor de alta pressão e temperatura) e Et0 (processo químico altamente tóxico) prejudicam a eficácia dos resultados finais dos produtos comercializados para a indústria farmacêutica.
Para evitar a contaminação biológica, Patrícia apresentou soluções eficazes que auxiliam as empresas, como o uso de luvas esterilizadas e longas, vestimentas descartáveis e vestimentas de baixo em ambientes de alto risco, tecidos com barreira de filtração bacteriana para conter a contaminação do usuário e promover a garantia de esterilidade, priorizar o uso de tecidos como o tyvek (um polietileno de alta densidade que permite a troca de calor com o meio e é confortável para o usuário, sendo altamente recomendado pela DuPont) e esterilização com irradiação gama, que é energética, apresenta melhor relação de custo-eficiência e possui maior tempo médio para falha de esterilização, com durabilidade de 83 anos.