A manteiga de laboratório testada e aprovada por Bill Gates
Para limitar o impacto ambiental da agricultura e da agropecuária, diferentes iniciativas buscam recriar alimentos em laboratórios, como a carne de frango de laboratório. Neste cenário, a startup norte-americana Savor aposta em uma manteiga de laboratório, que foi testada e aprovada por Bill Gates.
Há anos, o bilionário Gates deixou o comando da Microsoft e se tornou um filantropo, apoiando novas iniciativas na área da saúde e do meio ambiente. Tanto é que a startup, responsável pela nova manteiga, recebeu seus aportes. A aposta é que alimentos do tipo reduzam a pegada de carbono da alimentação humana, ajudando a conter o aquecimento global.
Afinal, essa nova “gordura vegetal” é produzida a partir de dióxido de carbono retirado do ar e hidrogênio da água, sem precisar da criação de animais ou de terras agrícolas. Do ponto de vista químico a manteiga de laboratório é igual à tradicional, segundo os inventores.
Produção da manteiga de laboratório
Quando se olha para a estrutura química da gordura, o produto é feito basicamente de cadeias com átomos de carbono e hidrogênio. Através dos testes da Savor, foi possível obter esses blocos de construção a partir da água e do ar. Em seguida, uma série de processos bioquímicos os reorganiza em gorduras, que são molecularmente idênticas.
“O resultado são moléculas de gordura reais como as que obtemos do leite, queijo, carne bovina e óleos vegetais”, afirma Bill Gates, em artigo do seu blogGatesNotes. No entanto, há uma diferença bastante importante. “O processo não libera gases de efeito estufa, não usa terras agrícolas e demanda menos de um milésimo da água que a agricultura tradicional usa”, destaca o investidor.
Bill Gates aprova a nova manteiga
Diferente da maioria dos alimentos cultivados em laboratório, Gates garante que a manteiga “tem um gosto muito bom — como a versão real, porque químicamente é”. “Eu provei os produtos da Savor e não conseguia acreditar que não estava comendo manteiga de verdade”, reforça sobre a sua experiência positiva. Entretanto, o hambúrguer da startup ainda não tem um sabor tão bom quanto o original.
Substituto do óleo de palma
Gates não está preocupado em buscar novas alternativas apenas para a gordura animal, ele também investe na startup C16 Biosciences que trabalha no desenvolvimento de uma alternativa ao óleo de palma. Esta é a gordura vegetal que causa mais destruição e impacto ambiental, já que é associada ao desmatamento.
Neste caso, a empresa desenvolve um produto feito a partir de um micróbio de levedura, usando um processo de fermentação que não produz emissões de dióxido de carbono.
“Embora seja quimicamente diferente do óleo de palma convencional, o óleo da C16 contém os mesmos ácidos graxos, o que significa que pode ser usado nas mesmas aplicações. E é tão ‘natural’ quanto o óleo de palma”, escreve Gates. “É apenas cultivado em fungos em vez de árvores”, acrescenta.
Desafio da comida de laboratório
Apesar das novas iniciativas, ainda há um longo percurso antes que esses alimentos cheguem ao mercado. Mesmo saboroso, como a manteiga de laboratório, o custo de produção é excessivamente alto, o que inviabiliza a produção em larga escala.
“O grande desafio é reduzir o preço para que produtos como os da Savor se tornem acessíveis às massas — seja pelo menos igual ao custo das gorduras animais ou menor”, completa Gates.
Fonte: GatesNotes, Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela