Terras Raras, Lucro e Risco De Poluição

Nós aprendemos na escola o que é a Tabela Periódica.

Dependendo do curso que vamos seguir na faculdade, nos aprofundamos ou não sobre o assunto, elementos químicos.

Porém, todos lembram que havia curiosamente uma família de elementos que ficava abaixo dos elementos de transição, com nome esquisito.

O nome era esquisito, Lantanídeos, resumido era um quadradinho abaixo do Ítrio, sendo que este quadradinho representava 15 elementos.

A maioria dos estudantes, salvo raríssimas exceções, nunca precisou ficar lendo muito sobre esses elementos, pois a aplicação deles, no passado, nunca foi tão falada.

Mas, agora, é um assunto em pauta e que move a ambição das grandes nações do mundo.

Motivo: esses elementos são fundamentais para geração de energia elétrica a partir da eólica, carros híbridos, produtos eletrônicos de alta tecnologia, armas bélicas como mísseis, jatos de guerra, smartfones, TV de tela plana, e outros inúmeros produtos tecnológicos de vanguarda.

Na verdade, o que está sendo citado na mídia, são as Terras Raras, compostas pelos Lantanídeos e os elementos Ítrio e Escândio.

Olhando a Tabela Periódica, estes outros dois estão logo acima dos Lantanídeos, e abaixo estão os Actinídeos, elementos raros também, porém radioativos.

A importância destes elementos por si só, apenas no indicativo onde são necessários, já os transformam em fundamentais no mundo que vivemos hoje.

O curioso, é o nome de “Terras Raras”, onde dá-se a nítida impressão de que não são encontradas com facilidade na Terra.

A realidade, é que são encontradas por quase todo planeta, porém compondo minerais, os quais possuem concentrações baixíssimas destes elementos, daí o significado de raro.

Mas, no planeta, temos alguns países onde a concentração destes elementos é maior.

O primeiro é a China, com 49% das reservas mundiais e o segundo é o Brasil com 23% seguido do terceiro que é a Índia com 6,9%, isto segundo a edição de 2025 do U.S. Mineral Commodity Summaries.

Portanto, isto pode significar uma grande alavancada para o nosso progresso, nos inserindo como fornecedores de produtos estratégicos para o mundo.

A pergunta: Porque ainda não fizemos isto?

Mais uma pergunta: Porque a China é a maior produtora e refinadora do mundo, praticamente sem concorrência?

As respostas, até que são simples.

Ainda não estamos explorando esta nossa “riqueza mineral”, por dois motivos, pelo menos no nosso entendimento: custo tecnológico e risco ambiental.

A China saltou na frente já a algumas décadas, pois, como de conhecimento geral, a sua legislação ambiental, bem como trabalhista, não eram das mais rigorosas como em outros países, como Brasil, por exemplo.

O custo é alto, pois para se extrair, concentrar e refinar estes elementos, exige tecnologias específicas e onerosas, as quais são de domínio da China, que levou anos a fio para conseguir processos viáveis técnica e economicamente.

Porém, o que pouco se fala é da poluição gerada para obtenção destes elementos tidos hoje, como fundamentais e estratégicos para as grandes nações.

A China paga ainda um preço altíssimo com contaminação de rios, lençóis freáticos e plantações. Sendo um real e grande problema de saúde pública onde ocorrem as minerações destes elementos.

Elementos denominados como metais pesados e arsênio, todos tóxicos ao ser humano, são encontrados nesta mineração e constam nas imensas quantidades de resíduos gerados, que com a falta de devido tratamento químico, contaminam toda região da mineração e seu entorno.

Para se embrenhar numa empreitada com estes tipos de elementos químicos, faz obrigatoriamente a necessidade de planejamento estratégico, não apenas de cunho financeiro e tecnológico de produção, mas também ambiental.

O levantamento através do Estudo de Impacto Ambiental é fundamental para se começar algo que pode inutilizar parte de nosso território mediante a poluição gerada. Sem contar o problema grave de saúde pública que vem em consequência.

A palavra SUSTENTABILIDADE não pode ser renegada quando tratamos de Terras Raras e sua exploração.

Não podemos deixar para as próximas gerações um legado de “terra arrasada” apenas para sermos um país com poderio estratégico e mais rico.

A saúde deve ser prioridade, pois sem ela, não vai adiantar ter o dinheiro, pois o dinheiro não compra a saúde, com saúde conseguimos obter recursos financeiros e usá-los em benefício de nossa qualidade de vida.

A ganância não pode sobrepujar a inteligência.

Prof. Dr. Rogério Ap. Machado

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