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sustentabilidade

Notícias

Curso do Ital ensina a fabricar iogurtes, leites fermentados e bebidas lácteas fermentadas

por jornalismo-analytica 6 de maio de 2021
escrito por jornalismo-analytica

Redução de lactose, aumento de proteínas e adição de fibras e probióticos estão dentre as versões ensinadas pelo órgão da Secretaria de Agricultura de SP

A fabricação de iogurtes, leites fermentados em geral e bebidas lácteas fermentadas será o foco da primeira capacitação do ano do Centro de Tecnologia de Laticínios (Tecnolat) do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que será realizada on-line no próximo dia 21 e está com inscrições abertas.

Em sua nona edição, o curso tem como diferencial a exibição de vídeos das etapas básicas de fabricação de alguns desses produtos e o acesso a formulações para incentivar a inovação nas empresas com diversificação do portfólio e agregação de valor. Serão ensinadas e demonstradas tecnologias para obtenção de produtos com menor teor de lactose, maior teor de proteínas e adicionados de fibras, de prebióticos e de probióticos, dentre outras variações.

Segundo a coordenação do evento, os assuntos abordados levam em consideração estudos do Ital na área. “No Brasil Dairy Trends 2020 foram identificadas seis macrotendências do consumidor com relação a produtos lácteos e todas se encaixam na categorias dos leites e bebidas lácteas fermentadas abordadas no curso. Em Iogurtes Industrializados foram detalhados vários exemplos de produtos do mercado com ênfase nos tipos de ingredientes que podem ser utilizados, na composição (teores de gordura, proteínas, açúcares) e na legislação que os regulamenta”, conta a pesquisadora Patrícia Blumer Zacarchenco, coordenadora do curso junto à assistente de pesquisa Fabiana de Souza Trento.

Diferenças entre os três produtos  

É comum o consumidor ficar em dúvida sobre as diferenças entre o iogurte, o leite fermentado e a bebida láctea fermentada, por isso é preciso atenção ao rótulo para verificar a denominação do produto, seus ingredientes e as informações nutricionais. “Pela legislação brasileira, o leite fermentado é um produto lácteo obtido a partir da fermentação do leite, pasteurizado ou esterilizado, por fermentos lácticos próprios e da redução do pH com ou sem coagulação”, detalha Patrícia, ressaltando que os fermentos lácticos devem ser viáveis, ativos e abundantes durante o prazo de validade.

De acordo com a pesquisadora, o iogurte e o leite fermentado ou cultivado se enquadram nessa classificação. “Enquanto o iogurte é obtido da fermentação com cultivos protosimbióticos de Streptococcus thermophilus e Lactobacillus delbrueckii subsp. bulgaricus, podendo ser acompanhados por outras bactérias ácido-lácticas, o leite fermentado ou cultivado é resultado da fermentação com um ou vários dos cultivos Lactobacillus acidophilus, Lacticaseibacillus casei, Bifidobacterium sp., Streptococus thermophilus e/ou outras bactérias ácido-lácticas”, explica.

Patrícia lembra também que os iogurtes podem ser classificados pelas características físicas como tradicional, clássico ou firme (fermentação ocorre dentro da própria embalagem), batido (fermentação ocorre em fermentadeiras ou tanques antes da quebra do coágulo, embalagem e resfriamento) e líquido ou “para beber” (fermentação é realizada em tanques com quebra do coágulo e resfriamento ocorre, em geral, em trocador de calor de placas).

“Já as bebidas lácteas fermentadas são obtidas a partir de leite, de leite reconstituído ou de derivados de leite (como soro fluido ou em pó) ou da combinação destes, com adição ou não de ingredientes não lácteos, podendo conter um ou mais dos microrganismos presentes nos iogurtes e leites fermentados”, finaliza a pesquisadora, que avalia as bebidas lácteas fermentadas como interessante opção para as queijarias agregarem valor ao soro de leite, subproduto da fabricação de queijos que tem grande potencial poluente.

Sobre o Ital

Localizado em Campinas/SP, o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) realiza pesquisa, desenvolvimento, assistência tecnológica e difusão do conhecimento nas áreas de embalagem e de processamento, conservação e segurança de alimentos e bebidas.

Fundado em 1963, vinculado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, o Ital possui unidades técnicas especializadas em carnes, produtos de panificação, cereais, chocolates, balas, confeitos, laticínios, frutas, hortaliças e embalagens, sendo certificado na ISO 9001 com parte dos ensaios acreditados na ISO/IEC 17025.

Por meio do Centro de Inovação em Proteína Vegetal, do Núcleo de Inovação Tecnológica e da Plataforma de Inovação Tecnológica, o Ital estimula alianças estratégicas para inovação e projetos de cooperação. Possui ainda Programa de Pós-Graduação aprovado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Outras informações estão disponíveis no site http://www.ital.agricultura.sp.gov.br.

6 de maio de 2021 0 comentários
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Notícias

Cosméticos à base de cannabis: um mercado a todo vapor

por jornalismo-analytica 5 de maio de 2021
escrito por jornalismo-analytica

Era 1998. A marca britânica de cosméticos The Body Shop lançava a linha Hemp Hand Protector, um hidratante para mãos à base de Cannabis sativa (nome científico da planta de onde sai a maconha) e passou a distribuir para suas filiais na Europa. Até que tentaram proibir a venda do produto.

O cultivo de cannabis estava legalizado no Reino Unido desde 1993. O que não podia era fazer drogas com ela. Outras coisas, tudo bem. Logo, não havia nada de ilegal na produção da linha da The Body Shop. Em termos históricos, vale salientar, a anomalia era a proibição.

A cannabis sempre foi uma boa matéria-prima para tecidos de fibras longas. As velas dos antigos navios da Marinha Real Britânica eram feitas de cânhamo. As dos navios da frota de Pedro Álvares Cabral também.

“Maconha”, aliás, é um anagrama de “cânhamo”, o nome da cannabis em português. No século 19, os fumadores de cânhamo chamavam sua droga de “mocanha”, migrando a sílaba final para o início da palavra, para não chamar atenção – a primeira lei proibindo a erva no Brasil data de 1830.

Bom, com mais uma rodada de troca de letras na gíria de rua, “mocanha” virou “maconha”.

Os plantadores, porém, sempre diferenciaram por seleção artificial os tipos de cânhamo que produzem muito THC (o ingrediente psicoativo da planta) dos que produzem pouco, melhores para fibras. Tanto que, hoje, chama-se “cânhamo” a versão da planta com níveis de THC próximos de zero, e de “maconha” mesmo a versão cheia do psicoativo – em inglês, cânhamo é hemp, e a droga, weed, pot, marijuana.

Mas sabe como é. A partir da década de 1930, o cultivo de cannabis já estava proibido planeta afora – não interessava se o plantio era para a produção de maconha ou de fibras de cânhamo. Entre os países ocidentais, a única exceção foi a França, onde o cultivo para a produção de fibras nunca foi proibido.

Ironicamente, foi justamente lá que a The Body Shop teve problemas. Policiais fizeram uma batida numa loja deles em Aix-en-Provence para apreender os produtos. Justificativa: a linha Hemp faria apologia ao uso da planta como droga. A The Body Shop manteve a linha mesmo assim. Foram proféticos. Hoje, com a flexibilização global em relação ao plantio e ao uso de derivados da cannabis, mais de 30 países produzem cânhamo livremente – cânhamo, veja bem; o plantio de maconha mesmo, weed, para uso recreativo, só está liberado em três países: Uruguai, Canadá e Estados Unidos (em 15 dos 50 Estados). Hoje considera-se que o cânhamo, hemp, é a versão da cannabis com menos de 0,3% de THC. É essa que está liberada em larga escala (Brasil não incluído).

E é ela o assunto da nossa reportagem. Não exatamente ela, já que fibras têxteis também não são o tema aqui. Nosso protagonista é um derivado não psicoativo do cânhamo: o canabidiol, ou CBD.

O CBD é um óleo com propriedades terapêuticas reconhecidas. Certos remédios feitos a partir dele foram legalizados para aplacar sintomas de algumas doenças, como o autismo severo e a epilepsia. Quando você ouve o termo “uso medicinal da maconha”, geralmente estão falando de CBD – ainda que de forma etimologicamente incorreta, o certo seria “uso medicinal do cânhamo”, a maconha sem maconha, como diria Rogerinho, do “Choque de Cultura”.

Mas não é só na medicina que o CBD tem chamado a atenção. Com a abertura para o cânhamo e para os remédios à base de canabidiol, vários gigantes da indústria seguiram a trilha aberta há mais de 20 anos pela The Body Shop e passaram a produzir cosméticos com CBD, principalmente nos EUA.

Diversas marcas de peso aderiram ao canabidiol em suas fórmulas: a Kiehl’s, da L’Oreal; a Tresemmé, da Unilever; e a Avon, da brasileira Natura, com o óleo facial Green Goddess.

Virou moda. A loja de departamentos de luxo americana Barneys inaugurou em 2019 a The High End, uma loja dedicada a cosméticos de CBD. E a influencer Kourtney Kardashian fechou uma parceria entre a marca de cosméticos Hora e sua grife Poosh’s, para a produção de um sérum facial com infusão de CBD.

Mas e aí, funciona mesmo?

Sistema Endocanabinoide

Vários estudos indicam que o CBD é eficiente para retardar o envelhecimento da pele e controlar enfermidades cutâneas, como psoríase, acne e rosácea.

A dermatologista Juliana Piquet, de qualquer forma, alerta: as pesquisas ainda são rasas, com poucos ensaios clínicos, e é necessário mais aprofundamento para entender os benefícios reais do uso de CBD em cosméticos. “Mas existe, sim, um potencial enorme no uso de CBD nesses produtos, porque nosso corpo possui o sistema endocanabinoide, que reage com o canabidiol, e desencadeia várias reações no organismo”, diz Juliana.

O nome “endocanabinoide” faz referência à cannabis, mas é só uma questão de nomenclatura mesmo. Esse sistema é composto por duas partes: 1) Certas substâncias produzidas naturalmente pelo corpo, os canabinoides. 2) Os “receptores canabinoides”, que são ativados por essas substâncias. Esses receptores estão distribuídos pelo corpo todo: cérebro, órgãos internos, tecido conjuntivo, pele.

Não se sabe exatamente como o sistema opera (as primeiras pesquisas sobre o assunto são recentes, da década de 1990). Mas a ciência já descobriu que os encontros entre as substâncias canabinoides e seus receptores internos é fundamental para o funcionamento adequado do corpo. Ele é importante para regular a imunidade, o sono, a dor, o estresse.

Isso não significa, obviamente, que você precise usar derivados de maconha para dormir ou manter o sistema imunológico em dia. O corpo sintetiza canabinoides a partir de alimentos. É o caso do leite, principalmente o materno (mais um ponto para a amamentação).

Certos compostos encontrados na natureza contêm canabinoides “prontos”. É o caso de alguns óleos essenciais, como o de cravo, que contém um chamado beta cariofileno. E, naturalmente, é o caso do CBD.

A tese é que o CBD, por se tratar de um canabinoide poderoso, ativa de forma eficaz os receptores da substância presentes na pele. E isso produziria uma série de efeitos positivos, como o retardo no envelhecimento da epiderme. Os fabricantes vendem seus produtos como “calmantes para a pele” – uma estratégia de marketing que associa o efeito regenerador do CBD ao psicoativo do THC, por mais que este, claro, não esteja presente nas loções, géis e cremes das grandes marcas.

Seja como for, os cosméticos com base em CBD não são livres de riscos, como explica Juliana: “Não existe um padrão de concentração de CBD ou um controle de pureza do componente, então não tem como você saber com clareza o que está colocando na sua pele, mesmo que no frasco indique os ingredientes”. O perigo está relacionado a alergias e irritações.

E no Brasil?

Por aqui não tem conversa. É proibido fabricar, comprar ou vender qualquer cosmético que contenha derivados de cannabis. Se você tentar importar o produto após comprá-lo em um site estrangeiro ou trazer na mala depois de uma viagem para um país onde o CBD é legalizado, a resposta é a mesma: você estará infringindo a lei, concorde com ela ou não.

A legislação brasileira tem uma única exceção: o uso medicinal dos derivados de cânhamo. Quem tiver uma receita médica pode importar remédios à base de CBD – aqueles eficazes contra epilepsia, por exemplo.

Farmacêuticas também podem desenvolver remédios à base de CBD por aqui e distribuí-los no varejo. É o caso do laboratório paranaense Prati-Donaduzzi, que produz um extrato de canabidiol vendido em farmácias. Mas, como plantar cânhamo segue proibido no Brasil, a matéria-prima deve ser sempre importada.

De novo: estamos falando aqui de remédios (tarja preta), não de cosméticos, que seguem fora da lei. Mas, como brasileiro não
desiste nunca, o mercado da beleza encontrou uma alternativa: desenvolver produtos que agem no sistema endocanabinoide a partir de matéria-prima legalizada.

A Beraca, uma empresa que desenvolve insumo para cosméticos, criou um composto assim, que, de acordo com ela, produz efeitos similares aos do canabidiol. Trata-se de uma fórmula patenteada, que ganhou o nome de CBA (sigla para Cannabinoid Active System, não por coincidência, parecidíssima com “CBD”).

Um dos clientes da Beraca é a Lola Cosmetics, que produziu uma linha de tratamento para cabelos com CBA. De acordo com a bioquímica Renata Lima, coordenadora de pesquisa e desenvolvimento da Lola, a marca tinha interesse nas propriedades do canabidiol há algum tempo, mas, por conta dos entraves jurídicos, decidiu pelo CBA.

“A Beraca nos apresentou laudos de pesquisa e toda uma documentação de comparação do CBA com o CBD. O CBA mostrou resultados satisfatórios em relação à ação anti-inflamatória e de regeneração de pele. Chegamos em uma solução compatível com o que buscávamos”, diz Renata.
Ainda há muito que aprender sobre o CBD e os canabinoides em geral. Mas o fato é que uma área sem relação alguma com ciência já está bem consolidada: a do marketing. Uma parte considerável do público entende a cannabis como um produto natural “ainda mais natural” (como se isso fosse possível).

Mas as cartas estão na mesa. Uma mudança nas leis brasileiras poderia abrir um horizonte colossal no mercado. Seja para os grandes, seja para os pequenos, que podem criar lojas especializadas, como fez a Barneys.

Atualmente, há um Projeto de Lei (399/ 2015) em tramitação na Câmara que prevê a legalização do plantio de cannabis para fins medicinais e industriais. A eventual aprovação do PL daria espaço para empresas solicitarem ao governo o plantio de cânhamo para fabricação de cosméticos. Mas o texto está travado na Câmara, sem prazo para votação. Porque, nessa seara, você sabe como é…

 

 

Fonte: Cosmetic Innovation

5 de maio de 2021 0 comentários
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Notícias

Inmetro vai testar equipamentos que poderão combater o vírus SarS-CoV-02

por jornalismo-analytica 4 de maio de 2021
escrito por jornalismo-analytica
Com o apoio do National Institute of Standards and Technology, NIST/EUA, o Instituto receberá radiômetros UV-C e leitor portátil

Inmetro vai testar equipamentos de desinfecção por radiação UV-C, utilizados para inativar o vírus SarS-CoV-02 e, potencialmente, higienizar locais fechados, com circulação de pessoas. É mais uma iniciativa do instituto para contribuir no combate à pandemia de Covid-19. “Os resultados positivos desta técnica e o aumento do comércio de equipamentos com lâmpadas UV-C germicidas geraram, na comunidade metrológica mundial, a preocupação com a confiança das emissões de radiação destas lâmpadas”, comentou Iakyra Borrakuens Couceiro , chefe da Divisão de Metrologia Óptica (Diopt).

A radiação ultravioleta (UV) é dividida em três faixas espectrais: UV-A (315 nm – 400 nm); UV-B (280 nm – 315 nm); UV-C (100 nm – 280 nm). Se a radiação emitida não estiver dentro da faixa UV-C, não há o efeito germicida. Os radiômetros são os equipamentos que medem a emissão de radiação das lâmpadas e estes dados de radiação indicam se a lâmpada é realmente uma lâmpada UV-C com propriedades germicidas.

4 de maio de 2021 0 comentários
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Notícias

Grupo usa ozônio e aquecimento a seco para melhorar as propriedades do amido de mandioca

por jornalismo-analytica 3 de maio de 2021
escrito por jornalismo-analytica

Um grupo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) testou pela primeira vez a aplicação conjunta de duas técnicas de modificação do amido que não geram resíduos ou efluentes: o uso de ozônio e de aquecimento a seco (DHT na sigla em inglês). Os cientistas acreditam que os resultados podem contribuir para aumentar as possibilidades de aplicação do amido de mandioca em diferentes setores produtivos. O artigo foi publicado no International Journal of Biological Macromolecules.

Naturalmente presentes nos vegetais, onde exercem função de reserva de energia, os amidos são também ingredientes muito importantes para a indústria, tanto a alimentícia quanto a de papel, tecido, fármacos e tintas, sendo usados até em processos de extração de petróleo. De acordo com Pedro Esteves Duarte Augusto, professor associado da Esalq-USP e pesquisador do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Alimentos (Napan-USP), as técnicas de modificação têm como objetivo melhorar alguma propriedade dos amidos para fins específicos.

“Nosso grupo tem trabalhado muito com a formação de gel, que é uma das propriedades mais importantes do amido, tanto para a indústria de alimentos quanto para outras, como a farmacêutica, por exemplo”, afirma o engenheiro de alimentos. Ele é um dos autores do artigo, que tem a doutoranda Dâmaris Carvalho Lima como primeira autora e conta com a participação de outros pesquisadores do grupo da Esalq, além de colegas da Ecole Nationale Vétérinaire Oniris e do Institut National de la Recherche Agronomique (Inrae), ambos na França. A equipe ligada a Augusto dedica-se ao estudo dos amidos desde 2015.

De acordo com o pesquisador da USP, os resultados expressos no artigo abrem possibilidades. “O gel nativo da mandioca é considerado ‘fraco’ quando comparado a outros, como o do milho, por exemplo, que é a fonte comercial mais relevante atualmente. Obtivemos um gel de mandioca até mais consistente que o de milho. Assim, esperamos contribuir para que o mercado para o amido da mandioca se amplie”, resume.

Augusto explica que, normalmente, o que se busca nessa área é um gel mais forte, uma pasta viscosa e que se forme a uma temperatura mais baixa. “No caso do amido de milho que se usa na cozinha como espessante, por exemplo, é preciso ferver para formar o gel. Nós já conseguimos reduzir essa temperatura em diferentes amidos e, assim, gasta-se menos energia para a obtenção do produto. Também buscamos a formação do gel com uma menor concentração de amido.”

No caso desse estudo especificamente, desenvolvido com apoio da FAPESP, o grupo concluiu que as técnicas de ozônio e DHT, aplicadas isoladamente ou combinadas, foram capazes de aumentar o conjunto de possibilidades de aplicação do amido nativo da mandioca. “Já vínhamos trabalhando separadamente com elas e agora as combinamos.”

O trabalho também recebeu financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do programa francês RFI “Food 4 Tomorrow”.

Diferenças

Segundo Augusto, o amido usado hoje comercialmente no mundo vem de apenas cinco fontes: milho, arroz, trigo, mandioca e batata. Os métodos mais utilizados atualmente para modificação dessa substância incluem o uso de soluções como hipoclorito de sódio (água sanitária) ou de reagentes químicos que demandam algum cuidado em termos de segurança do trabalho. É preciso garantir que não sobre resíduo no produto final e que os efluentes sejam tratados antes do descarte. “Não são obstáculos intransponíveis e os produtos que estão no mercado são seguros. Mas é sempre bom apresentar uma rota diferente.”

Ele afirma que as vantagens ecofriendly dos produtos obtidos por meios de modificação com ozônio e DHT podem ser mais valorizadas em determinados setores do que em outros. “Acredito que tenham um apelo maior na indústria de alimentos. O próprio fabricante poderá ter interesse em estampar essa informação na embalagem”, avalia.

Segundo o cientista, a aplicação das duas técnicas, uma na sequência da outra, fez uma enorme diferença no produto final. “Inclusive a ordem em que se faz isso alterou completamente o resultado. Quando usamos primeiro o aquecimento e depois o ozônio, obtivemos um gel mais firme e, na ordem inversa, um gel mais mole. Ainda não sabemos por que, mas temos algumas hipóteses, que levam em conta a maneira como as moléculas são alteradas. O interessante é que ambos os produtos finais podem ser úteis para diferentes segmentos da indústria. Esse é o lado bom de trabalhar com amido: não existe trabalho perdido.”

Há outras maneiras não convencionais de modificação do amido estudadas pelo grupo, além do uso do ozônio e do DHT. “Também se pode fazer isso por irradiação e até por ultrassom, mas são técnicas caras, trabalhosas e ainda muito distantes, em minha opinião, de serem adotadas pela indústria. Já o DHT e o ozônio são relativamente baratos, a implantação é de baixa complexidade e a tecnologia está pronta para ser aplicada. Basta que o industrial faça um estudo de viabilidade econômica para seu caso específico.”

Método

O amido de mandioca nativo usado no estudo foi um produto comercial regular fornecido por uma grande empresa do ramo. Augusto explica que, para o experimento descrito no artigo, ele e a equipe produziram o ozônio no laboratório, dando uma descarga elétrica em certa quantidade de oxigênio com 95% de pureza (em uma unidade geradora de ozônio). Segundo ele, o ozônio, composto por três átomos de oxigênio, é bastante instável, pois tende a se degradar e voltar a ser a molécula de oxigênio que existe no ar (com apenas dois átomos). “Trata-se de um oxidante muito poderoso, muito usado para inativação microbiana em filtros de água e piscinas. Em nosso caso, ele oxida o amido e se degrada rapidamente – o que é ótimo, pois o ‘resíduo’ da reação é oxigênio.”

A amostra foi colocada em um reator de vidro no qual se injetou ozônio e oxigênio. Foi então processada por até 30 minutos, sendo constantemente agitada.

Já o aquecimento a seco foi feito em uma estufa de laboratório, uma espécie de forno elétrico, no qual o calor se acumula em uma resistência. “Aquecemos eletricamente o ar, que passa pelo produto e o aquece. Só que, aqui, ao contrário de um forno elétrico caseiro, há um controle de temperatura bastante preciso. As amostras de amido foram embaladas em folhas de alumínio e seladas para garantir que não haveria perda de material.”

Novas fontes

O professor explica que sua equipe trabalha em três frentes, basicamente: identificação e caracterização de novas fontes de amido; modificação dos amidos; e exploração das possíveis aplicações (novas e tradicionais).

“Em parceria com colegas do Peru, estamos estudando a arracacha, uma raiz andina parecida com a nossa mandioquinha. Também investigamos o amido extraído da semente da uvaia, uma fruta nativa da Mata Atlântica. E já temos parceria firmada para estudar resíduos de frutos da Amazônia”, conta.

O grupo agora quer usar essas duas técnicas de modificação em outras fontes de amido e com outras condições de processo, para tentar encontrar funcionalidades adicionais. “E, por fim, vamos buscar aplicar esses amidos em produtos reais: um pão, uma sopa instantânea… Em nosso caso, na indústria de alimentos. Mas estamos abertos a parcerias para outros usos.”

 

Fonte: Agência FAPESP | Karina Ninni 

3 de maio de 2021 0 comentários
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Notícias

Oxiteno apresenta novo intensificador que recupera danos e protege a fibra capilar

por jornalismo-analytica 30 de abril de 2021
escrito por jornalismo-analytica

Com alta performance, o OXISENSE® R 1051 reduz em até 84% a quebra de fios, fornece 2,5 vezes mais proteção contra danos futuros e deixa os cabelos três vezes mais fortes

A Oxiteno, líder na produção de tensoativos e especialidades químicas nas Américas, apresenta um novo produto que reforça seu portfólio de Personal Care: o OXISENSE® R 1051. O intensificador de reparação – de alta performance com ação de reparação e proteção da fibra capilar – promove a selagem da cutícula e evita a perda de proteínas essenciais para a recuperação dos cabelos danificados seja pela exposição a produtos químicos, como descoloração e tintura, ou mecânicos e térmicos, como escovação e uso de secador, chapinha e modeladores.  A novidade foi anunciada no final de 2020, durante um webinar promovido pela Oxiteno para clientes e parceiros de todo o mundo. Além de apresentar a solução, a empresa compartilhou os resultados dos testes de performance. O vídeo da apresentação está disponível aqui.

A nova solução vem ao encontro da crescente demanda no mercado por produtos eficazes na reparação de danos e no fortalecimento dos cabelos. Os fios são envolvidos naturalmente por uma camada hidrofóbica de ácidos graxos. Ao sofrer procedimentos químicos, mecânicos ou térmicos, essa camada é removida, expondo a sua superfície. Com isso, as cutículas ficam irregulares, o que torna os cabelos mais opacos e difíceis de pentear. Essa exposição à agentes químicos e outros tratamentos pode, ainda, danificar a cutícula a ponto de expor o córtex, favorecendo a perda de proteínas essenciais, resultando em um cabelo mais suscetível à quebra.

Com base neste desafio, O OXISENSE® R 1051 foi desenvolvido para agir na recuperação dos fios por meio de seus polímeros catiônicos, que se ancoram na superfície dos fios, formando uma camada que restaura a integridade das cutículas e protege o córtex, evitando, portanto, a perda de proteínas essenciais. A solução pode ser aplicada em shampoos, condicionadores, máscaras e cremes.

“Assim como o vestuário, o corte, estilo e penteado dos cabelos fazem parte da construção e expressão da identidade e individualidade. Procedimentos como descoloração, tintura, uso de secador e outros são intervenções comuns, mas podem comprometer a estrutura dos fios, deixando-os mais secos, ásperos, embaraçados e quebradiços. Para apoiar nossos clientes a responder a esse desafio, a Oxiteno apresenta o OXISENSE® R 1051. A tecnologia mostrou excelente performance e resultados nos diversos testes, mostrando-se superior a formulações do mercado.” conta Gustavo de Souza, Head de Negócios Globais para Home and Personal Care da Oxiteno.

Os estudos conduzidos pela Oxiteno comprovaram que o uso de formulações com OXISENSE® R 1051 na composição resulta em 84% de redução na quebra dos fios, e deixa os cabelos três vezes mais fortes em comparação ao mesmo produto sem a solução. O ativo reduz, ainda, em até 60% a perda de proteínas essenciais para o cabelo, fornecendo 2,5 vezes mais proteção contra danos futuros. Outro diferencial é a facilidade para pentear os fios, exigindo 47% menos força para desembaraçá-los. “Com o uso da solução, os cabelos ficam mais fortes, macios, hidratados e mais fáceis de pentear” acrescenta Alexandra Pavanelli, pesquisadora de Home and Personal Care da Oxiteno.

               Fio de cabelo descolorido x Fio de cabelo descolorido tratado com OXISENSE® R 1051

Descrição: Instrumental test: SEM (Scanning Electron Microscopy)

Formulações testadas: Shampoo (9.5% SLES, 2.5% CAPB, 2% OXISENSE® R 1051); Condicionador (4% Cetearyl Alcohol, 2% BTAC, 1% OXISENSE® R 1051).

O OXISENSE® R 1051 passa a integrar o portfólio abrangente de produtos de Personal Care da Oxiteno, que inclui cuidados com o cabelo, pele, bath & shower (banho) e proteção solar. As tecnologias são desenvolvidas para entregar benefícios como performance, sustentabilidade, multifuncionalidade e experiência sensorial.  Entre as especialidades para cabelos, a empresa destaca o agente condicionante OXISENSE® S 0440, o modificador reológico OXIFLOW® S 6800 e o OXISMOOTH® CO, emoliente produzido a partir de recursos naturais e que substitui silicone nas formulações.

 

Fonte: Cosmetic Innovation

30 de abril de 2021 0 comentários
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Artigo científico

Seção Tecnologias Químicas | Produtos Nanotecnológicos

por jornalismo-analytica 29 de abril de 2021
escrito por jornalismo-analytica

Por Prof. Dr. Marcos Roberto Ruiz

 

A ciência, de forma geral, está sofrendo uma grande revolução, mesmo antes da pandemia muitas tecnologias já estavam à disposição da nova indústria química. Os produtos químicos de todas as áreas estão sendo modificados para atender o desenvolvimento humano, em especial os saneantes, que são essenciais no combate aos microrganismos. Estes produtos já não podem mais ter a formulação do século passado, ou seja, precisam ser modificados com as novas tecnologias, para garantir um melhor desempenho frente aos novos microrganismos. 

Diante da crise global causada pela pandemia, onde o mundo precisa retomar o desenvolvimento econômico, as pessoas necessitam voltar as suas atividades de trabalho com segurança, é preciso que novas tecnologias atendam esse momento. Novos produtos que são resultados de pesquisas que comprovam aumento de eficácia em relação ao combate a vírus e bactéria precisam sair das instituições de ensino o mais rápido para a prateleira dos consumidores. 

Umas das tecnologias químicas que estão em alta, é a nanotecnologia, que pode ser compreendida como a tecnologia que constroem estruturas e novos materiais a partir dos elementos ou átomos. A finalidade principal é que esses novos materiais devem possuir maior estabilidade e propriedades superiores a suas formas originais, a explicação é que os elementos possuem comportamento diferenciado na escala nanométrica.

Em especial temos a síntese de nanopartículas, com alto potencial de aplicação em produtos como, roupas, combustíveis, produtos de limpeza, alimentos, entre outros. Nos centros de pesquisa e desenvolvimento, alguns produtos com essas características já foram testados e apresentaram resultados que credenciam para inserção imediata no mercado. 

Um exemplo é o desenvolvimento de saneantes com ação potencializada pelas nanopartículas de prata, estas possuem propriedades bactericidas e antivirais para limpeza e higienização de ambientes de alto risco de contaminação, como hospitais e clínicas médicas.

 

Exemplos de aplicações das nanopartículas de prata e cobre foram desenvolvidas por aluno (a)s do curso Técnico em Química, que comprovaram a ação bactericida e antiviral em desinfetante (processo de patente no INPI) e sabão lava-roupas concentrado, as nanopartículas de prata estão se destacando como uma importante classe de nanomateriais. Já é de conhecimento que propriedades como cor, a quantidade, o tamanho, a estabilidade, as ações antimicrobianas das nanopartículas de prata dependem e diferem conforme o formato físico da nanopartícula sintetizada. 

Em ambos trabalhos, as nanopartículas foram sintetizadas separadamente, por rota sintética laboratorial e caracterizada por técnicas instrumentais, como espectrofotometria UV-Vis e analisador de partículas. A fabricação dos saneantes seguiu formulações de base atuais e foram inseridas as nanopartículas para efeito potencializador.

Para comprovação da eficácia dos novos saneantes foram realizadas análises microbiológicas com as principais bactérias do meio hospitalar, onde a eliminação ocorreu de forma completa em todos os ensaios.

Este exemplo demonstra a importância das novas tecnologias para o desenvolvimento de produtos, que serão capazes de atender as necessidades impostas por novos cenários e mudanças que o mundo está atravessando. 

Algumas imagens que foram utilizadas no pitch dos produtos:

Autor: Prof. Dr. Marcos Roberto Ruiz  (Químico, Mestre em Química Analítica e Doutor em Ciência e Tecnologia dos Materiais, docente do Curso Técnico em Química do SENAI-SP, com atuação no desenvolvimento de Projetos Inovadores.)

29 de abril de 2021 0 comentários
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Notícias

Empresas do Setor Elétrico Aumentarão Orçamento Para Cibersegurança em 2021

por jornalismo-analytica 28 de abril de 2021
escrito por jornalismo-analytica
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Ronaldo Valiño

A digitalização já estava na pauta das empresas do setor elétrico quando a pandemia de Covid-19 surgiu. As medidas de distanciamento adotadas para frear o contágio pelo coronavírus aceleraram ainda mais a digitalização de vários processos dentro das empresas desse segmento. Contudo, um novo estudo da PwC Brasil indica que os investimentos em inteligência artificial, robótica, machine learning e outras tecnologias precisam ser acompanhados por um plano de segurança cibernética ágil e estruturado. A consultoria também indicou que quase 60% das empresas do setor em todo o mundo devem aumentar o orçamento de cibersegurança em 2021.

De acordo com o novo relatório “A evolução do setor elétrico diante das ameaças cibernéticas nos ambientes de missão crítica”, desde o início da pandemia, as concessionárias do setor elétrico brasileiro aderiram ao trabalho remoto para a equipe de atendimento ao cliente e aperfeiçoaram serviços por meio de novos canais digitais. As companhias também aumentaram suas capacitações de análise de dados e direcionaram esforços na geração de ganhos com a melhoria dos índices de qualidade, redução de custos e otimização da cadeia de suprimentos.

linha“A quarta revolução industrial, que a sociedade vive agora, evidencia o intenso uso de dados por meio de tecnologias como inteligência artificial (IA), robótica, machine learning e Internet das Coisas (IoT), entre outras, que alavancam a utilização de big data e promovem a migração das atividades presenciais para o mundo digital“, afirmou o sócio e líder da Indústria de Energia da PwC Brasil, Ronaldo Valiño (foto). O especialista, porém, ressaltou que essas tecnologias aumentaram drasticamente tanto a exposição das empresas a ameaças quanto os riscos de segurança cibernética.

O estudo da PwC Brasil aponta que foi observado um aumento de incidentes de segurança no setor elétrico, com riscos de impactos para a sociedade. Além disso, casos como esses podem gerar muitas dores de cabeça para as empresas do setor, como multas regulatórias e possíveis paralisações parciais ou totais dos serviços. Agora, as ameaças cibernéticas subiram uma posição entre as principais preocupações do setor, saindo do 5º lugar em 2019 (30%) para a 4ª colocação em 2020 (33%). Os demais problemas do segmento citados são excesso de regulação, incertezas políticas e econômicas e conflitos comerciais.

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Eduardo Batista, da PwC Brasil

Uma outra pesquisa da PwC, chamada “Digital Trust Insights”, afirmou que as companhias de energia em todo mundo estão investido cada vez mais na segurança digital. O estudo revelou que 58% das empresas dessa indústrias vão aumentar o orçamento de cibersegurança em 2021.

A consultoria lembra ainda que o Brasil não tem uma regulamentação específica sobre segurança cibernética para as infraestruturas do setor elétrico.  A PwC acredita que devem surgir regulamentações locais para definir requisitos gerais de evolução da maturidade de segurança cibernética na indústria. Isso vai aumentar a necessidade de preparação das companhias para adequações de segurança e evolução da capacidade de resposta aos incidentes.

“Um bom programa de segurança cibernética, alinhado aos objetivos do negócio e riscos, pode alavancar as capacidades de identificação, preparação e resiliência das organizações contra as ameaças cibernéticas no ambiente de missão crítica, bem como atender às novas regulamentações no setor”, avaliou o sócio e líder de Cyber Security da PwC Brasil, Eduardo Batista (foto à direita).

 

 

Fonte: Petronoticias

28 de abril de 2021 0 comentários
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Espectrometria de massas

Seção Espectrometria de Massa Ed.111 | Mobilidade iônica acoplada a espectrometria de massas

por jornalismo-analytica 27 de abril de 2021
escrito por jornalismo-analytica

Por Oscar Vega Bustillos*

 

A espectrometria de massas (MS) é uma técnica analítica conhecida por sua excelência na discriminação de átomos e moléculas, baseada na medida das razões massa/carga (m/z).  Mas tem a desvantagem de não ser excelente na separação de isômeros, isto é, distinguir moléculas com mesma massa molecular.  Neste caso estão incluídos os enantiomeros, que são moléculas que possuem estruturas e propriedades distintas, porem apresentam exatamente a mesma massa.  

Com o rápido crescimento do mercado de drogas enantioméricas puras e moléculas bioativas, novas ferramentas analíticas quirais seletivas foram exploradas.  Embora a MS seja uma das melhores ferramentas analíticas, que tem sido usada de forma eficiente em diversas aplicações farmacêuticas e biológicas, tradicionalmente a MS é considerada uma técnica “quiral ‐ cega”. Essa limitação ocorre devido à incapacidade de o MS diferenciar entre dois enantiômeros de uma molécula quiral com base apenas em suas massas.  Uma das drogas enantiométricas é a talidomida, devido a seus efeitos teratogénicos, tal substância deve ser evitada durante a gravidez humana pois pode causar má-formação no feto.  A talidomida é um derivado do ácido glutâmico e estruturalmente contém dois anéis amida e um único centro quiral. Este composto existe na forma de mistura equivalente dos isómeros (S)(-) e (R)(+) que se interconvertem rapidamente em condições fisiológicas. O enantiómero (S) está relacionado com os efeitos teratogénicos, enquanto o enantiómero (R) é responsável pelas suas propriedades sedativas.

Várias abordagens foram exploradas para avaliar o papel potencial da MS na análise quiral.  A primeira abordagem depende do uso de técnicas de hifenização utilizando ferramentas de separação quiral rápidas e sensíveis, como cromatografia líquida (LC), cromatografia gasosa (GC) e eletroforese capilar (CE) acoplada ao detector MS.  Uma dessas técnicas hifenadas é GC/GC-TOF utilizada para caracterizar os Compostos Orgânicos Voláteis Biogênicos no estudo da química da atmosfera (N. Zanoni, 2020).  Mais recentemente, a espectrometria de mobilidade iônica foi introduzida para avaliar qualitativa e quantitativamente os compostos quirais. 

A espectrometria de mobilidade iônica (IMS) oferece uma separação baseada não apenas na massa e na carga, mas também no formato dos íons. Assim, ela possui a habilidade de resolver isômeros com diferentes geometrias espaciais, expressas pela secção de choque.  Sua combinação com a MS gerou, desse modo, uma ferramenta analítica poderosa para a caracterização e resolução de íons, incluindo isômeros.

Em um espectrômetro de mobilidade iônica, moléculas orgânicas são ionizadas e conduzidas por um campo elétrico contra um contrafluxo de gás de deriva neutro. Em seu caminho para o detector, os íons colidem várias vezes com o gás de deriva reduzindo sua velocidade.  Após cada colisão, os íons são acelerados novamente pelo campo imposto.  A alternância de acelerações e as colisões resultam em uma velocidade média constante de íons que depende das suas cargas, massa e seção transversal de colisão (Figura 1).

O espectrômetro de mobilidade iônica acoplado a espectrometria de massas (IMS/MS) funciona em três etapas básicas (Figura 2).  Na primeira etapa, íons são gerados por uma fonte de íons à pressão atmosférica, a partir dos analitos a serem estudados.  Na segunda etapa os íons são separados de acordo com sua mobilidade através de um gás tampão em uma escala de tempo de milissegundos, num tubo de derivação de íons mantido num gradiente de campo elétrico uniforme (IMS).  Na terceira etapa, os íons separados são então introduzidos em um analisador de massas (MS), onde sua razão massa/carga pode ser determinada em uma escala de tempo de microssegundos.

Vários métodos de ionização são utilizados no IMS para converter moléculas do analito em íons. Entre estes estão: fonte radiativa de 63Ni (igual a utilizada no “Electron Capture Detector- ECD” inventada por James Lovelock), fotoionização, ionização a Laser e ionização por “Electrospray”.  A fonte de Electrospray é ideal para amostras líquidas e não voláteis de alto peso molecular. O Electrospray é uma fonte de ionização suave que produz espectros simples sem fragmentação, onde o peso molecular pode ser facilmente determinado durante o acoplamento com o IMS.  O uso de Eletrospray no IMS como um dispositivo de separação e detecção foi demonstrado para explosivos, produtos de degradação de guerra química e amostra biológicas.

Os espectros de IMS/MS são gráficos de intensidade de picos de íons vs. tempo de deriva no eixo x.  A Figura 3 mostra um espectro típico de mobilidade dos íons dos fosfatos de açúcar isoméricos: frutose-6-fosfato, glicose-6-fosfato e glicose-1-fosfato, com estruturas moleculares diferentes.  Os fosfatos de açúcar estão envolvidos em importantes processos metabólicos via glicólise ou via da pentose fosfato.  Devido à sua natureza isomérica, muitos deles não podem ser distinguidos usando LC ou MS/MS.  No entanto, a concentração do fosfato pode fornecer informações cruciais sobre as estatísticas metabólicas de um sistema.  A Figura 4, mostra a análise da molécula C6H13O9P via UHPLC-MS usando uma coluna cromatográfica HILIC, apresenta apenas um único pico, como mostra a figura à esquerda.  A figura à direita mostra a análise do mesmo analito extraído do pico de LC-MS mas via IMS/MS. A presença de duas substâncias isoméricas é observada: a da frutose-1-fosfato e da frutose-6-fosfato.

As vantagens da IMS são as seguintes:  opera à pressão atmosférica, ionização eficiente para moléculas orgânicas, seletividade baseada na protoafinidade, separação com base na seção de choque, equipamento portátil, resposta em milisegundos e prático acoplamento com o MS.

As desvantagens são as seguintes:  Gera espectro complexo devido a interferência de sinais espúrios, não é apropriado para analitos não voláteis e requer eletrônica de alta velocidade. 

Fonte: M.D.Katiuska 

Figura 1: Espectrômetro de mobilidade iônica (IMS).

 

Figura 2: O espectrômetro de mobilidade iônica acoplado a espectrometria de massas (IMS/MS).  1) Fonte de íons à pressão atmosférica.  2) Os íons são separados de acordo com sua mobilidade através de um gás tampão, os íons são mantidos num gradiente de campo elétrico uniforme (IMS).  3) Os íons separados são então introduzidos em um analisador de massas (MS) a vácuo.

Fonte: M. Groessl (2017) 

Figura 3: Separação via IMS/MS de alta resolução dos fosfatos de açúcar isoméricos frutose-6-fosfato, glicose-6-fosfato e glicose-1-fosfato.

Fonte: M. Groessl (2017)

Figura 4: Esquerda: Análise via LC-MS do íon de razão m/z 259,022 apresenta apenas um único pico. Direita: Dados de IMS extraídos do LC-MS mostram claramente a presença de duas substâncias isoméricas frutose-1-fosfato e frutose-6-fosfato. 

 

 

Referências bibliográficas

  1. M.D. Katiuska e R. Fernandez-Maestre. “Ion mobility spectrometry”. Rev. Assoc. Med. Bras. v.64 n.9. (2018).
  2. M. Groessl. “TOFWERK”. Application Notes. Switzerland (2017).
  3. N. Zanoni e J. William. “Surprising chiral composition changes over the Amazon rainforest with height, time and season”. Communications Earth & Environment. Article number: 4 (2020).

 

 

*Oscar Vega Bustillos

Pesquisador do Centro de Química e Meio Ambiente CQMA do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares IPEN/CNEN-SP

55 11 28105656

ovega@ipen.br

www.vegascience.blogspot.com.br

27 de abril de 2021 0 comentários
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Notícias

Biotecnologias produtivas e reprodutivas do IZ colaboram na bubalinocultura brasileira

por jornalismo-analytica 26 de abril de 2021
escrito por jornalismo-analytica

Laboratórios de Biotecnologia e de Análise do Leite reforçam parceria da Secretaria de Agricultura com a ABCB 

O Brasil concentra o maior rebanho de bubalinos do Ocidente, com cerca de três milhões de cabeças. Somente no estado de São Paulo soma-se mais de 112 mil. A região do Vale do Ribeira com o maior rebanho de búfalos de São Paulo, conta com as pesquisas desenvolvidas no Instituto de Zootecnia (IZ/Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Atualmente, somado ao apoio da Associação Brasileira dos Criadores de Búfalos (ABCB), o IZ estabeleceu parcerias com a transferência de tecnologias de dois de seus relevantes Laboratórios – o de Biotecnologia e o de Análise de Leite.

O Vale do Ribeira hoje soma 44 mil cabeças de búfalos, com 399 propriedades na área. Em Registro (SP), onde está a Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento (UPD) do IZ, concentram-se 12.500 cabeças de búfalos. Contudo, há 35 anos, o IZ oferece aos produtores biotecnologias produtivas e reprodutivas.

“Atualmente, a unidade conduz cinco linhas de pesquisas, como produção animal, inseminação artificial em tempo fixo (IATF), produção in vivo (SOV) e in vitro (PIVE) de embriões e transferência de embriões em tempo fixo (TETF), contando com apoio da Fapesp e CNPq”, detalha o pesquisador Nelcio Antonio Tonizza de Carvalho, chefe da Unidade.

O Laboratório de Biotecnologia, do Centro de Pesquisa de Genética e Reprodução Animal do IZ em Nova Odessa (SP), coordenado pelo pesquisador Anibal Eugênio Vercesi Filho, desenvolveu metodologias que certificam os produtos lácteos existentes no mercado quanto à presença integral de leite de búfalas nestes produtos. “Esta certificação permite que a ABCB credite as empresas de produtos lácteos bubalinos com o selo de 100% de pureza [produto certificado pela constituição de 100% leite de búfalas], conferindo segurança ao consumidor com relação à pureza do produto que adquire e leva para o seu lar”.

Já o Laboratório Móvel para Análise de Leite fica no Centro de Pesquisa de Bovinos de Leite do IZ, coordenado pelo pesquisador Luiz Carlos Roma Jr, em parceria com a Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS), da região de Itapetininga (SP), tem capacitado produtores de leite de búfalas “in situ” para melhorias na qualidade do leite produzido pelo rebanho, “ponto imprescindível para que os laticínios possam receber matéria prima de qualidade”.

Assistência Técnica e pesquisa  

Roma destaca que o projeto de assistência técnica acompanhada e instruída pela análise da qualidade do leite de búfalas iniciou em 2018 e, até hoje, as propriedades recebem mensalmente um relatório de análise do leite com recomendação técnica para manter a produção e qualidade do leite, “dentro das diretrizes da cooperativa e atendendo à resolução da SAA para produção de leite bubalino”.

A parceria do IZ neste projeto está na pesquisa e nas recomendações técnicas, e da CDRS, na assistência técnica ao produtor. “Nestes três anos, monitorados, houve aumento da produção de leite, e também da qualidade do leite”, explica Roma.

Este ano, ainda, o laboratório de qualidade do Leite ampliará a capacidade de atender mais produtores de bovinos, bubalinos e outros, aumentando os resultados de pesquisas e a transferência de tecnologias ao produtor rural. O laboratório de Qualidade do Leite, em Nova Odessa (SP), foi atualizado com os recursos do PDIP/FAPESP.

Nelcio, ainda, expõe que está em estudo a criação do Centro de Referência em Bubalinocultura na unidade do IZ, em Registro, para o desenvolvimento de técnicas e produtos que possam ser aplicados nesta espécie de interesse econômico para a região do Vale do Ribeira, com apoio logístico da Associação Brasileira dos Criadores de Búfalos (ABCB) e financeiro da SAA.

A difusão das tecnologias em Bubalinocultura pela Secretaria de Agricultura ultrapassou fronteiras, alcançado criadores do exterior, recebendo comitivas de bubalinocultores da Colômbia, Guatemala e México. A unidade de Registro faz parte do roteiro “Búfalo Tour” no Brasil, promovido pela ABCB.

A Unidade do IZ trabalha em parceria com a Associação para atender aos anseios dos bubalinocultores por tecnologias que possibilitem a máxima eficiência produtiva de seus rebanhos e, consequentemente, o maior retorno financeiro com suas atividades.

Parceria SAA e ABCB 

Por meio do IZ, a Secretaria de Agricultura mantém um diálogo aberto com a ABCB, sediada no Estado de São Paulo, desde 1960, comemorando em 23/4, 61 anos, e que tem representado e defendido a bubalinocultura brasileira, elevando o conceito da espécie Bubalus bubalis no território nacional, ao incrementar, difundir e controlar os processos de aprimoramento técnico-científico da espécie bubalina e manter em funcionamento os serviços de Controle de Produtividade Geral e de Melhoramento Zootécnico.

Para o presidente da ABCB, Caio Rossato, a Associação e o IZ “fizeram uma parceria de sucesso desde seu primeiro dia, sendo de grande importância para a Bubalinocultura nacional”. “Estamos em parceria em diversas frentes, e o IZ, além de servir de modelo de produção para os bubalinocultores do Vale, desenvolve pesquisas e difunde tecnologias imprescindíveis para o setor, que é uma das principais atividades agropecuárias do Vale do Ribeira”, enfatiza.

“Em menos de seis meses, foram mais de 200 amostras de queijo de búfala analisadas, graças à parceria com os pesquisadores Anibal Vercesi Filho e Rodrigo Giglioti e a equipe do Laboratório de Biotecnologia do IZ”, ressalta Caio.

O presidente da entidade reforça que a história da ABCB com a unidade de pesquisa do IZ em Registro é ainda mais antiga: “Poderia ficar o dia todo falando do relacionamento entre IZ e ABCB.O pesquisador Nelcio é colaborador e parceiro da ABCB há pelo menos 20 anos. Já foi nosso superintendente técnico, é um grande parceiro e ficamos muito gratos a ele por esses anos todos.”

A Unidade do IZ conduziu, de 1989 a 2003, o Programa de Desenvolvimento da Bubalinocultura no Vale do Ribeira, que consistia na cessão de módulos de dez fêmeas e um macho bubalino a pequenos produtores rurais. Em 2004, o “Programa” foi reeditado e renomeado pelo Governo Estadual como “Projeto Paulista de Criação de Búfalos”, com a implantação de novos módulos de criação no Vale do Ribeira.

Segundo Nelcio, a expansão da bubalinocultura no Vale do Ribeira atraiu quatro laticínios especializados em derivados lácteos da espécie e gerou fonte de renda para pequenas e médias propriedades, sendo que atualmente o valor médio pago pelo litro de leite de búfalas é de R$ 2,70.

A unidade de pesquisa do IZ, que está preparada para contribuir com os bubalinocultores, tem hoje todo o rebanho bubalino registrado na ABCB. Os animais têm potencial genético para produção de leite superior a dois mil litros na lactação, o dobro da produção anual individual na região. “Parte deste rebanho já está sendo disponibilizado para venda por meio de leilão, a valor acessível, permitindo ao produtor de leite de búfalas acesso a animais com características leiteiras que possibilitarão aumento na produtividade e, consequentemente, na renda da propriedade”, ressalta Nelcio.

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