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sustentabilidade

Notícias

Biofiltro reaproveita água doméstica para produção de alimentos e forragem

por jornalismo-analytica 15 de agosto de 2022
escrito por jornalismo-analytica

Amenizar os impactos das secas e da irregularidade das chuvas é um dos grandes desafios para a agricultura, especialmente para quem vive no Semiárido brasileiro. Uma alternativa para contornar o problema vem sendo testada pela Embrapa e utilizada na região. O sistema Bioágua Familiar Integrado reaproveita a água doméstica gerada nas pias, chuveiros e lavanderias – chamada de “águas cinzas” – para produzir alimentos e forragens (veja como funciona no quadro abaixo).

Um estudo realizado pela Embrapa Semiárido (PE), com plantio de palma forrageira, demonstrou que as plantas irrigadas com água de reúso alcançaram quase o dobro de produção, em comparação com o uso da água da companhia de abastecimento local. Isso porque, além de ser mais uma fonte hídrica, após passar pelo tratamento no biofiltro, a água também apresenta maior concentração de nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio, essenciais para o desenvolvimento das plantas.

A pesquisadora Roseli Freire de Melo (foto à direita), responsável pelos estudos, explica que o sistema funciona como uma complementação hídrica, já que não é uma irrigação constante e que outras águas também podem ser utilizadas. “Mesmo sendo uma irrigação complementar, é possível notar nas plantações diferenças positivas no seu desenvolvimento, como folhas mais verdes, nutridas, e um suporte maior de forrageiras, uma vez que o tempo de espera entre um corte e outro é reduzido”, ressalta a pesquisadora.

Para ela, o reúso de águas cinzas surge como oportunidade de sustentabilidade de pequenos sistemas de produção. “Ele fortalece a produção familiar, realiza saneamento básico na zona rural, aumenta a disponibilidade hídrica e acaba transformando um problema em oportunidade, além dos benefícios ambientais”, destaca.

Como funciona o sistema Bioágua Familiar

O sistema Bioágua Familiar de reúso de águas cinzas domiciliares foi desenvolvido por meio de parceria entre a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), a ONG Atos e famílias de agricultores. Ele se constitui em uma unidade para tratamento de água residuária doméstica.

Antes de chegar às plantações, a água das pias, chuveiros, lavanderias e máquinas de lavar roupas passa por um processo de tratamento. Primeiro ela atravessa uma caixa de gordura, depois segue para o filtro e finalmente para o tanque de reúso, de onde é bombeada para uma caixa d’água, e de lá para o sistema de irrigação.

Segundo a pesquisadora Roseli Melo, todas as etapas são essenciais, mas o filtro pode ser considerado a principal parte do sistema, pois é nele que a água será tratada. Ele tem aproximadamente um metro de profundidade e possui cinco camadas de diferentes composições (de baixo para cima): seixo, brita, areia lavada, pó de serragem e, por último, os húmus com minhocas.

Para cada unidade do Bioágua são necessárias, aproximadamente, mil minhocas, do tipo californianas, que são adaptadas ao Semiárido. Elas se alimentam das raspas de madeira e do húmus, absorvendo todo segmento desnecessário, como, por exemplo, os produtos de limpeza.

Melo alerta que é preciso ter alguns cuidados com o filtro: cobrir com uma tela, para evitar a entrada de insetos e outros animais, fazer manutenção entre seis a oito meses e manter sempre a umidade para que as minhocas consigam sobreviver.

Sistema eficiente

Para avaliar a eficiência do uso das águas cinzas foi implantado, no Campo Experimental da Caatinga, da Embrapa Semiárido, um experimento com espécies forrageiras, como palma, leucena, gliricídia e moringa. Foram comparadas as plantas molhadas com água de reúso, com água da companhia de abastecimento e sem irrigação, com e sem uso de esterco.

Nesse sistema analisado, são gerados em torno de 1,5 mil litros de água por semana, correspondendo ao consumo aproximado de uma família com cinco pessoas, o suficiente para irrigar cerca de 1,26 mil plantas de palma forrageira.

Em sete meses de cultivo, cada planta de palma produziu uma média de 3,67 raquetes em condição de sequeiro (sem irrigação e sem esterco), e de 6,3 raquetes quando irrigada com água da companhia de abastecimento, com uso de esterco. Por outro lado, aquelas irrigadas com água de reúso e com esterco chegaram a uma média de 12,33 raquetes, correspondendo a quase o dobro da produção em relação à água não reutilizada. Considerando o custo médio de R$ 0,20 para venda da raquete, a estimativa de geração de renda para essa área é em torno de R$ 3,1 mil para o período analisado.

O pesquisador da Embrapa João Ricardo Ferreira de Lima, que conduziu o estudo de viabilidade econômica desse sistema, detalha que “com um investimento de implantação de aproximadamente R$ 6,5 mil, essa água, que antes seria descartada, pode ser tratada, armazenada e utilizada para irrigação, de forma a aumentar a produtividade das lavouras existentes e fazer o produtor economizar, a cada sete meses, cerca de R$ 3 mil com a compra de raquetes de palma para alimentação dos animais, ou obter uma receita desse mesmo montante, caso decida comercializar”.          .

Outro importante aspecto econômico do sistema é que ele ainda gera húmus de minhoca, que tanto pode ser utilizado diretamente na área do produtor como também, considerando a reprodução das minhocas colocadas no filtro, pode se transformar em outra fonte de renda. A estimativa é que, em um período de seis meses, o sistema consiga gerar cerca de 300 quilos de húmus. Um valor médio de R$ 5,50 por quilo significa a geração de R$ 1,65 mil a cada seis meses, em economia ou renda, no caso de comercialização.

Assim, de acordo com Lima, levando em conta o investimento inicial, custos de manutenção, entradas com o corte da palma e a retirada do húmus, todos os indicadores mostram a viabilidade econômica de se produzir palma irrigada utilizando o sistema de reúso de água. “Além de viável, o tempo de recuperação do investimento é bastante curto, próximo a um ano apenas”, ressalta.

A experiência de quem usa

A tecnologia também vem sendo inserida em comunidades rurais do Semiárido, como forma de testar e demonstrar seu potencial para promover a segurança alimentar dos agricultores familiares. Um dos beneficiados com a implantação do sistema Bioágua Familiar é o produtor Humberto Ferreira de Souza, do município de Uauá, na Bahia. Ele afirma que a tecnologia tem auxiliado muito a sua família, pois água cinza, que antes era jogada fora, agora é tratada e aproveitada para irrigar suas plantações, evitando também outros transtornos, como o aparecimento de mosquitos, o que era comum. “Hoje não tem mosquitos em volta da casa, e a gente ainda molha as plantas”, completa.

A agricultora Antônia Andrade de Araújo (foto à direita), da Comunidade Indígena Coelho Atikum Jurema, em Petrolina (PE), diz que está “feliz da vida”, porque só a chuva não era suficiente para os plantios, e precisava carregar água de um barreiro próximo à sua área. “[Com a implantação do sistema, há cerca de um ano,] mudou tudo pra mim. Agora minha água é certa, não vou mais carregar. Se não chover, tudo bem e se chover, tudo bem também,” declara.

A área de cerca de 800 m² que tinha apenas algumas plantas e produzia pouco milho e feijão para o consumo da família, agora abriga uma horta e um pomar bastante variado, de onde já se colheu abóbora, acerola, mamão, caju, pinha, tangerina, entre outras frutas e hortaliças. “Eu acho bonito e gosto de comer, e aqui não tem veneno não”, se orgulha.

Na casa de dona Antônia Araújo vivem sete pessoas, e a água para o consumo vem de um caminhão pipa que eles pagam todo mês. Ela conta que a água usada era toda desperdiçada no terreiro e que ela se lamentava por não aproveitá-la. “Agora, as plantas ficaram mais bonitas, cresceram mais, mudaram de folha. Coisa linda demais, pra mim é maravilhoso”, comemora.

O produtor Rinaldo de Lima (foto à esquerda), morador do Sítio Coelho, em Petrolina, relata que também precisava molhar as plantas “no balde”. Agora não falta água, pois complementa a da chuva, armazenada na cisterna, com a do barreiro e ainda a do reúso. “A gente gasta bastante água pra tudo, então assim já é bem aproveitada. Usa a água e não desperdiça”, declara.

Com essa segurança, irriga as plantas que já tinha e também está investindo em outras culturas. “Botei pitaia, limão tahiti, macaxeira, banana, batata, melancia… de tudo tem um pouquinho. Lá em casa eu ia comprar [esses alimentos] e já não estou comprando, que tudo eu tenho produzindo”, relata o produtor.

Ele está investindo em uma área maior e mais variada, com irrigação por gotejamento, visando à comercialização do excedente. “Meu plano é produzir pra conseguir fazer minha feira aqui de dentro, e trabalhar agora pra daqui a um ano ter retorno daquilo que eu apliquei”, planeja.

 

Qualidade da água

As águas geradas no dia a dia nas residências, pela lavagem de louças e roupas, banhos e nas pias de banheiros, causam preocupação em relação à sua qualidade para o solo e para as plantas. Por essa razão, elas são tratadas no Bioágua, e sua utilização nesses sistemas vem sendo monitorada por meio de análises físicas e químicas realizadas no Laboratório Agroambiental da Embrapa Semiárido.

De acordo com Paula Tereza de Souza e Silva, a pesquisadora responsável, as avaliações comprovaram que, depois de ser tratada, a água possui qualidade suficiente para a irrigação, podendo ser aplicada tanto para culturas alimentares como forrageiras. “O que nós observamos é que o tratamento das águas cinzas é bastante promissor, pois remove uma quantidade significativa de matéria orgânica”, explica.

Para ela, um dos aspectos mais interessantes é que, na maioria das análises, é observada a presença de nitrogênio e fósforo em um teor significativo. “Isso é muito bom para a agricultura porque você já tem uma água enriquecida com esses nutrientes, que são essenciais para o desenvolvimento das plantas, e com isso aumenta a produção e reduz a necessidade de outra fonte de fertilizante”, avalia.

É importante ressaltar, no entanto, que as águas dos vasos sanitários não são aproveitadas nesse sistema.

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Grupo estuda como converter etanol em eletricidade e hidrogênio

por jornalismo-analytica 12 de agosto de 2022
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A chamada “reforma eletroquímica” é uma técnica que tem sido usada na produção de hidrogênio a partir da oxidação de álcoois e quebra das moléculas da água. Essa novidade, que passou a ser usada de forma sistemática no mundo há cerca de dois anos, está sendo explorada no projeto “Uso eficiente de etanol para produção de hidrogênio e eletricidade”, desenvolvido no âmbito do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído por FAPESP e Shell na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).

“O hidrogênio é o combustível do futuro, mas o etanol não fica atrás nessa corrida. Juntos, eles podem dar ao Brasil um papel de protagonismo na luta por um combustível verde”, diz o engenheiro químico Hamilton Varela, coordenador do projeto e diretor do Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (IQSC-USP).

Segundo o químico Germano Tremiliosi Filho, vice-coordenador do projeto, uma das vantagens desse tipo de reação é reduzir o custo da energia elétrica ao longo do processo. “Na produção de hidrogênio em escala comercial por eletrólise da água, aplica-se uma voltagem no sistema da ordem de 2 volts. No caso da reforma eletroquímica, esse potencial energético é muito mais baixo, entre 0,6 e 0,7 volt. Trabalha-se com uma quantidade energética um terço menor do que a exigida pela eletrólise da água”, conta o especialista, que é professor do IQSC.

Varela cuida do chamado mecanismo de reação, onde se debruça sobre as equações do passo a passo da reação de oxidação do etanol, que é a fase mais complexa que ocorre no reformador. “Por meio de simulações, a ideia é descobrir quais catalisadores favorecem a quebra da molécula do etanol, como é o caso do catalisador de platina, o mais utilizado para essa reação”, aponta o pesquisador. “É uma etapa inicial, mas primordial para o desenrolar das outras fases. Essas informações contribuem para que os demais colegas consigam desenvolver células a combustível, equipamento que utiliza o hidrogênio para gerar eletricidade, e reformadores eletroquímicos mais eficientes ao longo do projeto.”

Na reforma eletroquímica, os catalisadores desempenham papel fundamental, pois provocam tanto a oxidação do etanol quanto a redução da água e assim fazem com que a célula de reforma eletroquímica gere hidrogênio. “Estamos desenvolvendo catalisadores para a redução da água tanto à base de sulfetos quanto de metais de transição, como níquel e ferro, que, por sinal, são materiais mais baratos do que a platina, por exemplo, utilizada atualmente”, esclarece Tremiliosi Filho.

No decorrer do projeto, os pesquisadores pretendem desenvolver uma célula de membrana polimérica que, por meio da reforma eletroquímica, possa converter etanol e água em hidrogênio para abastecer células a combustível. “A ideia é que no futuro as residências ou prédios possuam células a combustível estacionárias, nos moldes do que acontece com os geradores a óleo diesel”, prevê Varela. “Essas células a combustível poderão alimentar os veículos e fornecer eletricidade para a casa. Tudo com hidrogênio.”

Atualmente o grupo busca compreender como as diferenças de temperatura impactam o processo. “Uma hipótese nesse caso seria instalar a bordo do veículo um reformador eletroquímico que processaria etanol e água em hidrogênio, para suprir a célula a combustível e fazer funcionar o motor elétrico. Mas o desenvolvimento do reformador ainda demanda muita pesquisa, inclusive em nível mundial”, diz Tremiliosi Filho. “Ou seja, a célula a combustível direta de etanol é uma proposta de longo prazo.”

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Brasil produzirá Coenzima Q10 a partir da biofermentação da cana-de-açúcar

por jornalismo-analytica 11 de agosto de 2022
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Projeto financiado por meio de uma operação de equity crowdfunding reduzirá a necessidade de importação da substância usada em medicamentos e suplementos nutricionais

 

A biotecnologia é um ramo da ciência que ganhou bastante destaque nos últimos anos por causa da pandemia de coronavírus. É o ramo responsável pela produção de vacinas, mas não somente isso. Os cientistas desta área também desenvolvem soluções para combate de pragas nas lavouras, aperfeiçoamento na produção de alimentos, entre outros. No Brasil, a empresa de biotecnologia BioGrowth iniciou em maio deste ano uma pesquisa para produção da coenzima Q10 a partir da cana-de-açúcar.

Substância com propriedade antioxidante, a coenzima Q10 é fundamental para a produção de energia nas mitocôndrias das células, sem a qual o organismo não consegue funcionar. É produzida naturalmente pelo corpo humano e pode ser obtida também por meio da ingestão de certos alimentos. No entanto, há situações em que se faz necessário a reposição por meio de suplementos. É recomendada para indivíduos que possuem problemas cardíacos, musculares ou que praticam exercícios físicos.

Segundo o Diretor de Operações da BioGrowth, Ivo Rischbieter Junior, a coenzima Q10 existente no mercado é extraída por meio de outros processos e o Brasil precisa importar. Com o desenvolvimento e produção local a tendência é que o preço de medicamentos e suplementos à base da substância se tornem mais baratos e o risco de escassez diminua bastante, já que a cana-de-açúcar é o que não falta no Brasil.

“Estamos muito confiantes porque a biofermentação bacteriana é um processo que dominamos totalmente. Com esse Know-How produziremos coenzima Q10 de alta qualidade para o mercado nacional e até mesmo para exportação ou licenciamento para produção em outros laboratórios”, comenta o executivo da BioGrowth.

Além da pesquisa ser conduzida por uma empresa privada, outra novidade é que seu financiamento não envolve recursos públicos. Todo o dinheiro é proveniente de investidores privados por meio de uma operação de captação comandada pela Hurst Capital. Funciona da seguinte forma: a BioGrowth cedeu royalties de seu estudo por meio de uma operação conhecida como equity crowdfunding, regulamentada pela Resolução 88 da CVM.

Cada investidor interessado pode aportar qualquer valor a partir de R$ 5 mil. A operação terá duração de 43 meses e a rentabilidade prevista é de 29,18% a.a. no cenário base. A projeção mais otimista é de retorno do 44,01% e a mais pessimista 19,92%. Além da rentabilidade, os investidores, dentro do prazo estipulado, serão proprietários do protocolo de produção que está sendo criado. Assim, eles terão direito a tudo o que gerar receita, como o licenciamento para indústrias farmacêuticas do Brasil e do exterior.

É uma operação que deve mudar paradigmas quando o assunto é financiar trabalhos científicos. Hoje, praticamente toda a pesquisa brasileira é financiada com recursos públicos. O problema é que o Estado sozinho não consegue suprir os trabalhos científicos de empresas, universidades e demais instituições. Em tempos de crise econômica, como o atual, o que se vê é corte de gastos e cientistas brasileiros buscando oportunidades em outros países. “É a primeira vez que adotamos esse modelo para captação de recursos e sei que se trata de uma operação inédita no Brasil. Ela conta com a inteligência de estruturação da Hurst e faz todo sentido para nós”, afirma Ivo Rischbieter Junior.

Segundo Arthur Farache, CEO da Hurst, a parceria com a BioGrowth é apenas o início de um projeto maior. O objetivo é montar um time especializado para originar operações de investimento em pesquisa científica, mitigando principalmente os riscos de mercado. Ou seja, apenas aprovar projetos que tenham viabilidade econômica clara e direta para que o investidor tenha seu dinheiro de volta. Dessa forma o poder público ficará responsável apenas pelo financiamento de projetos de mais longo prazo, geralmente mais ligados à ciência pura.

“Queremos ser a ponte entre o capital e os ativos ligados à ciência, arte e tecnologia. Com essa iniciativa, nós proporcionaremos o financiamento de pesquisas científicas. Temos estudado esse tema há cerca de um ano e percebemos que a ciência no Brasil tem três problemas: (i) o financiamento público não é suficiente e deveria ser direcionado para a ciência pura, enquanto que o capital privado (que não há) deveria ser usado para a ciência aplicada; (ii) a fuga de cérebros para países em que há recursos disponíveis; e, (iii) um distanciamento entre pesquisa científica e mercado”, explica Farache.

11 de agosto de 2022 0 comentários
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Notícias

Biotecnologia aumenta a produtividade das culturas

por jornalismo-analytica 10 de agosto de 2022
escrito por jornalismo-analytica

Por Décio Luiz Gazzoni, Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa e membro fundador do Conselho Científico Agro Sustentável.

 

Estamos vivenciando um momento de intensas mudanças climáticas, fruto direto do padrão global de desenvolvimento insustentável das últimas décadas, principalmente devido ao uso elevado de energia fóssil (petróleo, carvão, gás), desmatamentos e incêndios florestais. Ao mesmo tempo, a FAO aponta uma multidão de quase um bilhão de cidadãos de diferentes países, com insegurança alimentar. Em nosso país, a fome atinge mais de um terço dos brasileiros.

As mudanças climáticas geraram adversidades para a agricultura, especialmente com as secas, que reduzem a produção agrícola. Criou-se, então uma aparente inequação: para produzir mais alimentos, seria necessário abrir novas fronteiras, normalmente com desmatamento. Isso agravaria ainda mais os eventos extremos do clima, principal componente das mudanças climáticas, que, ao final, reduziriam ainda mais a produção agrícola.

Entrementes, a História demonstra que, nas crises, a Ciência sempre desponta com uma solução. Eis que surge uma esperança no horizonte: novos arranjos genéticos nas plantas cultivadas, que podem aumentar substancialmente a produção agrícola sem expandir a área cultivada.

 

Os antecedentes

Como regra geral, para conseguir aumentos de produtividade, é necessário melhorar, conjuntamente, diversos componentes dos sistemas de produção. São raros os eventos que, de per se, oferecem incrementos expressivos. Isto ocorreu, por exemplo, com a descoberta dos ganhos pelo vigor híbrido, ou quando se entendeu a importância de determinados elementos químicos para fertilização, ou ainda de pesticidas para controlar pragas.

Atualmente, a oferta de polinização adequada tem permitido aumentos de produtividade muito acima da média, sem acréscimo de custos para o produtor. Por exemplo, a Embrapa descobriu que, quando a soja recebe polinização suplementar com uma população adequada de abelhas próximo à lavoura, a produtividade pode aumentar em até 18%, a custo zero para o agricultor, reduzindo a taxa de emissão de gases de efeito estufa por unidade de produto agrícola colhida. Ou seja, menos impacto no clima.

O rendimento de uma planta é muito complexo, sendo o resultado da ação de muitos genes que interagem para influenciar a produtividade. Durante anos, foram procurados genes únicos que aumentassem o rendimento, sem sucesso. A abordagem recente está focada em genes que controlam outros genes. Assim podem ser trabalhados, de forma conjunta, fatores que influenciam o rendimento, como processos fisiológicos, a absorção de água e nutrientes, a fotossíntese e a translocação dos fotossintatos para os frutos e sementes.

Em 2019 um estudo provou que a modificação de um gene regulador no milho proporciona um ganho de rendimento de 10%. O que já é significativo, se comparado ao aumento médio de 1% ao ano, obtido pelo melhoramento clássico.

 

A Ciência básica

Os cientistas já sabiam que os processos biológicos complexos, existentes nos organismos vivos, são normalmente controlados por fatores de transcrição. Esses fatores regulam a expressão de conjuntos de genes e, também, ativam outros fatores de transcrição associados ao processo biológico, todos atuando de forma coordenada. É o caso do processo de crescimento e desenvolvimento de plantas, e do uso de fatores externos, como nutrientes, água, gás carbônico e energia, que ocorre na fotossíntese.

E o que são fatores de transcrição? Trata-se de proteínas que se ligam ao DNA, criando uma “ponte” entre a enzima RNA-polimerase e o DNA, permitindo a transcrição do DNA para o RNA. A principal função do RNA é permitir que toda a informação contida no DNA possa ser copiada e transportada até as estruturas responsáveis pela síntese de proteínas.

Importante também relembrar outros conceitos, que estão envolvidos na nova descoberta: transcriptoma é o conjunto completo de transcritos (RNAs mensageiros, ribossômico ou transportadores e os microRNAs) de um organismo, sendo o reflexo direto da expressão dos genes; metaboloma é o conjunto de todos os metabólitos (produzidos ou modificados), presentes em um organismo, sendo os produtos finais dos processos celulares; plantas C4 são aquelas cujo primeiro produto da fotossíntese é uma molécula com 4 átomos de carbono, um “aprimoramento” das plantas C3, cujo primeiro produto é uma molécula com 3 átomos de carbono.

A fotossíntese de plantas C4 é uma adaptação das plantas à fotorrespiração – o que é muito comum em ambientes quentes e secos. As plantas C4 são muito mais eficientes que as C3, em condições de maior temperatura, luminosidade, uso de CO2 atmosférico e quando ocorre déficit hídrico, dentro dos limites aceitos pelo metabolismo das plantas.

 

A descoberta científica

Um grupo de cientistas liderados pelo Dr. Shaobo Wei (Institute of Crop Sciences, Chinese Academy of Sciences) realizou uma análise comparativa de transcriptomas e metabolomas de folhas de milho e arroz. O estudo revelou um conjunto de 118 fatores de transcrição que podem atuar como reguladores da fotossíntese de plantas do tipo C4, as quais, naturalmente, são mais eficientes do ponto de vista fotossintético.

Dos 118 fatores, a equipe selecionou 13 genes que eram ativados quando as plantas de arroz foram cultivadas em solo pobre em nitrogênio. Desses, cinco propiciaram a que a planta absorvesse até 300% mais nitrogênio. Contudo, o principal mérito do grupo foi identificar um fator de transcrição que regula a fotossíntese em arroz. Trata-se de um membro da família DREB (Dehydration Responsive Element Binding), denominado OsDREB1C. A importância da descoberta é que esse fator tem sua expressão induzida por alta intensidade luminosa e baixo teor de nitrogênio.

Os cientistas demonstraram que o fator OsDREB1C atua em diversos processos de transcrição que, ao final, determinam a capacidade fotossintética, utilização de nitrogênio e do carbono, e até o início e a duração do florescimento de uma planta e de seu ciclo. O gene exibe propriedades esperadas de um regulador que pode modular, simultaneamente, a fotossíntese e a utilização de nitrogênio, especialmente em condições de baixo teor desse elemento.

 

Testes de campo

Para verificar o que ocorreria no campo, os cientistas inseriram uma cópia extra do gene OsDREB1C, em uma variedade de arroz chamada Nipponbare. Para usar como comparador, também eliminaram o gene em outras plantas de arroz da mesma variedade. No campo, as plantas sem o gene cresceram menos do que as plantas de controle, enquanto aquelas com cópias extras de OsDREB1C cresceram mais rápido e tinham raízes mais longas.

E o mais importante: os rendimentos do arroz com cópia extra do gene foram 41 a 68% mais altos que na sua ausência. Os testes foram realizados durante três anos, em três locais, com climas que incluíam deste temperado até tropical. O aumento da produtividade se deveu ao maior número de grãos por panícula, peso de grãos mais elevado e índice de colheita aprimorado.

Além disso, a duração do ciclo da semeadura à colheita foi mais curta, houve melhora na eficiência do uso de nitrogênio e de outros recursos. As plantas superexpressando o gene OsDREB1C-OE floresceram de 13 a 19 dias antes e acumularam maior biomassa no estágio de enchimento de grãos. Nos estudos preliminares com trigo, os aumentos de produtividade variaram de 17 a 22%.

A boa nutrição foi uma das razões para o aumento de produtividade. Usando nitrogênio marcado com radioisótopos foi demonstrado que as plantas com cópias extras de OsDREB1C absorveram muito mais nitrogênio através de suas raízes. As plantas modificadas também tinham um terço a mais de cloroplastos, as organelas fotossintéticas dentro das células vegetais responsáveis pela fotossíntese. Também apresentavam um teor 38% superior de RuBisCO, uma enzima chave na fotossíntese, que também é a proteína mais abundante no planeta Terra.

 

A importância da descoberta

Mais que o crescimento populacional, o incremento da renda per capita no mundo aumenta a demanda de alimentos e, especialmente, de proteínas animais. Outras demandas recaem sobre a agricultura, como a produção de energia, madeira, fibras e flores.

Seguindo o paradigma vigente, o aumento da produção ocorreria por algum grau de expansão de área e aumento do consumo de fertilizantes. A descoberta do Dr. Wei e sua equipe permite aumentos de rendimento por maior eficiência de uso de um recurso caro, escasso e poluente – fertilizante nitrogenado – reduzindo o custo dos alimentos e o impacto ambiental da produção.

O estudo demonstrou que a superexpressão de OsDREB1C não apenas aumenta o rendimento de grãos, mas também confere maior eficiência no uso do nitrogênio, floração precoce e ciclo mais curto. Do ponto de vista da fisiologia das plantas, o estudo demonstrou que este gene pode ser alvo de futuras estratégias de melhoramento de culturas, embasando sistemas de produção agrícolas mais sustentáveis.

Como ainda persiste uma discussão sobre o uso de engenharia genética em alimentos, os cientistas também estudam editar o genoma das plantas, usando técnicas como o CRISPR/Cas9 ou semelhantes. Isso é possível porque o gene OsDREB1C e outros similares estão naturalmente presentes em muitas plantas cultivadas, não havendo necessidade de sua introdução nas mesmas.

Essa descoberta é mais uma prova irrefutável da importância transcendental de investimentos portentosos e continuados em Ciência. A sociedade chinesa receberá de volta milhões de vezes mais do que investiu nesse projeto de pesquisa. E como o mundo também se beneficiará, o retorno para a sociedade global será bilhões de vezes maior do que o valor que a China investiu no grupo de pesquisa do Dr. Shaobo.

Que isto sirva de exemplo para o Brasil, onde o agronegócio ponteia como a grande locomotiva da economia, do desenvolvimento, do emprego, da renda e das divisas provenientes do comércio exterior.

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Notícias

39% das empresas brasileiras pretendem investir em ESG nos próximos 12 meses, mostra pesquisa da Grant Thornton

por jornalismo-analytica 5 de agosto de 2022
escrito por jornalismo-analytica

O estudo semestral International Business Report (IBR), da Grant Thornton, realizado em 28 países com mais de 4,6 mil empresários, fez um recorte especial para o Brasil, com 255 empresas, sobre investimentos em aspectos ESG (ambiental, social e governança, em português) nos próximos 12 meses

A grande maioria dos empresários brasileiros considera importantes a redução de emissão de gás carbônico e os esforços contra o desmatamento e/ou geração de energia limpa. Essa preocupação foi manifestada por 95% dos entrevistados recentemente pela Grant Thornton, dos quais 54% pretendem investir em novos projetos já identificados no plano estratégico da empresa; 39% em desenvolvimento de um plano estratégico com abordagem ESG, e 32% estão buscando investimentos nesses temas por meio de startups.

O alto custo da energia elétrica, que é relevante para 87% das empresas, também impulsiona os planos de investir em projetos ou aquisições de energia renovável. Para 83%, a melhor alternativa de investimento é a energia solar, enquanto 23% devem investir em energia eólica, e 14% em bioeletricidade.

Dentro das práticas ESG, a prioridade para os empresários brasileiros é o pilar Ambiental – preservação e recuperação do meio ambiente (47%), seguido pelo Social – planos de inclusão, diversidade, projetos envolvendo a comunidade (29%) e pelo pilar de Governança – transparência nos processos, objetividade nos fluxos de informação, desenvolvimento sustentável (16%).

A pesquisa buscou saber também quais outros temas estão entre as prioridades na agenda das empresas em 2022. Para 68% dos entrevistados, a redução de custos é a maior prioridade, enquanto a inovação é a área que deve receber maior atenção de 55% das empresas. O treinamento das equipes também teve destaque, com 49% de escolha dos empresários, seguido por desenvolvimento de novos produtos (46%), ESG (27%) e financiamento (captação de crédito), que é prioridade para 25%.

Daniele Barreto e Silva, líder de Sustentabilidade da Grant Thornton Brasil, avalia que há um movimento global crescente em busca de sustentabilidade e as empresas brasileiras não fogem dessa tendência, como demonstram os resultados da pesquisa. No entanto, o principal motivador da sustentabilidade na agenda de decisão executiva, na grande maioria das organizações, ainda está relacionado à redução de custos, como no caso da energia elétrica, por exemplo, e à pressão por compliance e questões ligadas aos riscos de reputação.

“É preciso avançar além da agenda reativa. As empresas brasileiras ampliaram seu olhar para os aspectos ESG, mas ainda há lacunas importantes a serem preenchidas. Os aspectos sociais, assim como os ambientais, precisam amadurecer de forma mais efetiva, pois a sociedade e os investidores estão cada vez mais atentos a identificar as empresas que estão realmente comprometidas e possuem práticas concretas de sustentabilidade”, conclui.

Sobre a Grant Thornton

A Grant Thornton é uma das maiores empresas globais de auditoria, consultoria e tributos. Está presente em mais de 140 países e conta com mais de 62 mil colaboradores. No Brasil, está posicionada nos 13 principais centros de negócios do país, contando com mais de 1.400 pessoas, atendendo empresas nas mais variadas etapas de crescimento, desde startups a companhias abertas. Com uma forma de trabalho customizada, auxilia empresas dinâmicas a atingirem seus potenciais de crescimento de forma sustentável, gerando a melhor proposta de valor para o negócio por meio de recomendações significativas, voltadas ao futuro.

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FIEC SUMMIT 2022 É ABERTO OFICIALMENTE E DESTACA IMPORTÂNCIA DO CEARÁ NA PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO VERDE

por jornalismo-analytica 4 de agosto de 2022
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Começou nesta quarta-feira, 03/08, a primeira edição do FIEC Summit. O evento tem como tema o hidrogênio verde e é realizado na Casa da Indústria. Várias autoridades estiveram presentes durante a cerimônia de abertura, dentre elas, o Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Ricardo Cavalcante; Joaquim Leite, Ministro de Estado do Meio Ambiente; a Governadora do Estado do Ceará, Izolda Cela e o Prefeito de Fortaleza, José Sarto Nogueira.

A 1ª edição do FIEC Summit conta com players de mais de 20 países para debater sobre a produção de hidrogênio verde. O evento, que acontece até quinta-feira, é palco de palestras e apresentações de cases nacionais e internacionais, além de exposições, debates e rodadas de negócios.

“Este evento foi pensado para ser um fórum aglutinador de ideias geradas no setor produtivo, na Academia, no poder público e na sociedade civil organizada com foco no desenvolvimento sustentável do nosso estado, da região Nordeste e, por que não dizer, do Brasil e do mundo. O FIEC Summit é resultado da união de esforços entre a Federação das Indústrias do Estado do Ceará e a Confederação Nacional da Indústria, com o propósito de contribuir de forma efetiva para o amplo movimento multissetorial e multinacional em curso no mundo inteiro, pela sustentabilidade do planeta”, afirmou Ricardo Cavalcante.

Em sua fala, a Governadora Izolda Cela destacou a importância do Ceará estar inserido, definitivamente, nos cenários nacional e internacional, como um grande produtor de hidrogênio verde. “Essa agenda de transição energética é essencial para todos nós. É um compromisso moral nosso, neste momento histórico, frente às gerações que virão, para que tenham o direito de habitar com condições de vida melhores neste planeta. O Ceará se posiciona como sendo a casa do hidrogênio verde e estamos fazendo o nosso dever para que isso aconteça. Não será fácil, mas é possível”, destacou a líder do executivo.

Representando o Governo Federal, o Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, destacou que o Nordeste será referência para o mundo na produção de energia limpa. “O caminho é aqui, o caminho é esse. Com o hidrogênio verde vamos trazer solução e gerar empregos. A nova indústria no Nordeste será verde, pois vocês vão ter energia excedente, renovável e limpa. Isso é um belo exemplo. O Nordeste será um grande produtor de energia limpa para o mundo”, celebrou Joaquim Leite, Ministro do Meio Ambiente.

A expectativa é que, com o hidrogênio verde, ocorra uma elevação na oferta de produtos verdes, tais como: aço, cimento, entre outros. Dessa forma, abre-se uma oportunidade para o setor industrial brasileiro relacionada ao maior aproveitamento do potencial de energias renováveis, aliado ao fato do Brasil ter uma das matrizes energéticas elétricas mais limpas e renováveis do mundo. Além disso, o Brasil possui uma matriz de energia elétrica não somente elétrica, cerca de quatro vezes mais renovável que a média mundial.

“A nossa proximidade geográfica com os principais mercados consumidores do mundo nos credencia a sermos fornecedores privilegiados de Hidrogênio Verde para os mais diferentes países. Vale ressaltar, ainda, a credibilidade global conquistada pelo Ceará, por conta do ambiente favorável aos negócios construído ao longo das últimas décadas, fruto de uma contínua interação virtuosa entre a iniciativa privada e os governos municipais, estadual e federal”, completou Ricardo Cavalcante.

SERVIÇO

FIEC Summit – Hidrogênio Verde

03 e 04 de Agosto de 2022

Federação das Indústrias do Estado do Ceará

Av. Barão de Studart, 1980 – Aldeota

Fortaleza – Ceará – Brasil

4 de agosto de 2022 0 comentários
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Notícias

Caberá à ciência o aumento da produção de alimentos criando gigantescos “refúgios” ambientais?

por jornalismo-analytica 2 de agosto de 2022
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Por José Luiz Tejón Megido, membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS)

O colunista do Estadão, Fernando Reinach, registra na sua coluna sobre ciência da última semana uma descoberta de cientistas chineses de um gene capaz de aumentar em 50% a produção de arroz e trigo por hectare. A pesquisa na área da engenharia genética já surpreendeu o mundo na virada dos anos 90 com sementes geneticamente modificadas resistentes a herbicidas, e outras resistentes a pragas, como a helicoverpa armigera, e doenças.

O trabalho dos geneticistas ao longo das últimas décadas tem sido na busca de sementes com maior capacidade de produtividade, com maior resistência aos fatores hídricos e também numa produção de grãos e de hortaliças e frutas com maior potencial nutricional, de sabor e de facilidade no transporte.

Em 50 anos multiplicamos por quase 8 vezes a produção nos campos com tecnologia enquanto a área usada cresceu apenas duas vezes mais: 8 vezes 2. Jeremy Rifkin, escritor norte-americano dentre seus best sellers estão os livros “O fim dos empregos” e “O século da biotecnologia”. Numa ficção ele considerava que a produção de alimentos, fibras, e derivados dos solos, passariam a ser cada vez mais em labfarmers, do que em vastas extensões de terras.

No último dia 22, Reinach aponta exatamente uma nova potencial descoberta genética de um gene descoberto por cientistas chineses capaz de aumentar em 50% a produção de arroz e de trigo no mesmo hectare. De fato os geneticistas, não só os que trabalham com melhoramento clássico observando o comportamento das variedades e benefícios dos cruzamentos, mas a genética contemporânea introdutora de genes numa planta, e agora com a edição gênica, que não introduz genes novos mas os reedita naquela específica variedade vegetal, estão de fato no comando das cadeias produtivas do agronegócio.

Falamos aqui no Agroconsciente que agronegócio vai do gene da genética ao meme da percepção neurônica do consumidor final e do cidadão. A genética impacta decisivamente a performance dos vegetais e da proteína animal, e consequentemente exige produtores rurais muito mais avançados na sua gestão e de tudo o que envolve os modernos tratos culturais, a mecanização e a digitalização.

Mas nessa descoberta chinesa o gene batizado de OsDREB1C atua comandando a planta como se estivesse o tempo todo com alta voracidade de luz, fotossíntese, e também com uma busca faminta de nutrição. A pesquisa ao longo de dois anos revelou serem essas plantas de 41% a 68% mais produtivas do que as normais pois captam mais nitrogênio do solo e transformam mais e melhor a fotossíntese.

 

Sabemos nos estudos da genética que sempre que ampliamos um ângulo , uma competência no melhoramento genético de uma planta, outros fatores precisam ser avaliados, pois podem representar debilidades que precisariam ser repostas na administração dessas lavouras, como por exemplo complementos pontuais de nutrientes, para nunca nos esquecermos da lei de Liebig, agrônomo que concluiu estar nos fatores mais carentes, o que chamou da “lei dos mínimos” o maior desafio para obtermos o máximo potencial daquela planta.

Mas isto fica para nossos doutores e pesquisadores tratarem, vai aqui uma convocação ao CCAS, Conselho Científico do Agro Sustentável nos ajudar neste debate visionário. O Prof. Dr. Joaquim Machado, geneticista, me mandou uma mensagem falando que essa descoberta dos chineses é uma “coisa fina e sem transgênicos clássicos”.

Entretanto se a ciência se desenvolver a um limite de multiplicar os grãos e a produção agropecuária de forma exponencial, se dentro de cada grão de trigo, soja, feijão e arroz, da mesma forma seu aproveitamento agroindustrial for multiplicado exponencialmente, e se tudo isso ocorrer em paralelo a análises sensoriais de sabor e satisfação das nossas percepções humanas como consumidores, poderemos imaginar nos próximos 100 anos brutais revoluções com o uso de muito menos terras para a produção agroalimentar, agroenergética, e talvez muita liberação de terras para os gigantescos “refúgios ambientais”.

O que já foi a maior fazenda pecuária dos Estados Unidos até os anos 80 na Califórnia, Tejon Ranch, hoje é um gigantesco parque servindo, inclusive, para cenários do cinema de Hollywood, mas os motivos foram outros, não os científicos deste texto.

Portanto seria ficção, ou estará na ciência uma mudança revolucionária de produtividade para produção de muitos mais grãos por hectare, e muito mais proteína e energia grão a grão?

Dessa forma, quais serão os papéis dos novos agricultores, pecuaristas, agrônomos, veterinários, zootecnistas, geneticistas, sensorialistas, nutricionistas e profissionais de marketing agroindustriais e comerciais? Como será o “master chef” nesse futuro científico da alimentação?

O presente vira resultado do futuro. 2122 não está tão longe assim  e um bebê recém nascido agora terá enormes chances de estar vivo e ativo lá nesse futuro tão pertinho do presente.

*Artigo publicado originalmente Eldorado/Estadão

2 de agosto de 2022 0 comentários
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Notícias

Canaviais irrigados por gotejamento, um novo conceito de sustentabilidade

por jornalismo-analytica 1 de agosto de 2022
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Realizada na cidade de Glasgow, na Escócia entre os dias 1 e 12 de novembro de 2021 a COP 21 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) tratou de assuntos voltados a conter o aquecimento global visando reduzir, principalmente pelos países membros, a emissão de GEE (gases de efeito estufa). Nessa reunião, o Brasil se comprometeu a reduzir em 50% a emissão de gás carbônico, um dos principais vilões. Segundo as novas estimativas do SEEG, o Brasil liberou 2,16 bilhões de toneladas de gás carbônico em 2020.

Para isso, várias políticas ambientais estão sendo tomadas, sendo que dentre essas, está a política de combustíveis e a adoção crescente do etanol em nossa frota veicular, baseando-se que foi comprovada que esse tipo de combustível pode diminuir em até 90% a emissão de carbono, quando comparado a gasolina. Buscando incentivar a produção e adoção desse combustível, foi criado o Renovabio, que pode ser entendido como uma política que reconhece o papel estratégico de todos os biocombustíveis na matriz energética brasileira no que se refere à sua contribuição para a mitigação de emissões dos gases causadores do efeito estufa. Com isso, os biocombustíveis viabilizam uma oferta de energia cada vez mais sustentável, competitiva e segura.

Como principais tópicos para a redução na emissão de GEE, o Renovabio concentra suas atenções no aumento na produção de etanol (o qual ocupa 19% da matriz energética nacional), redução no consumo de diesel e a redução no consumo de fertilizantes, principalmente a base de nitrato.


Com isso em pauta, a irrigação, principalmente a irrigação por gotejamento pode influenciar na balança de maneira positiva.

Por exemplo, já é de conhecimento que com o uso da irrigação localizada a produtividade pode aumentar em torno de 50-80% da produtividade histórica da área. Fazendo alguns cálculos: considerando que uma área qualquer produz 100 ton/ha e que em média 1 ton de cana de açúcar produz 80 litros de etanol, chegamos a produção de 8.000 litros de etanol/ha. Caso opte em utilizar a irrigação por gotejamento e considerando um aumento mínimo de 50% na produtividade, teremos: 150 ton/ha x 80 litros de etanol, seria igual a 12.000 litros de etanol/ha ou seja 50% a mais de etanol, com potencial de redução de 90% de carbono para atmosfera.

Com esse mesmo raciocínio, estudos mostram que com o uso do gotejamento, com a possibilidade em se realizar os tratos culturais via sistema (fertirrigação e proteção de cultivos), pode-se reduzir no mínimo em 13% o uso de diesel.

Além disso, com base no conceito em verticalização da produção, há uma redução no custo de produção de cana de açúcar, ou seja, o custo de Reais investidos para se produzir uma tonelada de cana de açúcar é menor, como observado na tabela abaixo.

Com esses dados, podemos concluir que o uso da irrigação por gotejamento, através da maior produção de etanol, redução no consumo de diesel e redução do uso de fertilizantes por tonelada de cana de açúcar produzida é uma excelente ferramenta para chegar a meta estipulada pelo governo e não porque dizer em ter um canavial mais sustentável

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Notícias

Farinha de sorgo reduz gordura no fígado em ratos

por jornalismo-analytica 29 de julho de 2022
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Pesquisa da Embrapa e da Universidade Federal de Viçosa (UFV) demonstrou que a farinha integral feita com o sorgo BRS 305, desenvolvido pela Embrapa, reduziu o acúmulo de gordura no fígado em ratos, uma condição médica conhecida como esteatose hepática. Os cientistas ainda registraram vários outros efeitos benéficos promovidos pelo alimento, como o auxílio no controle do excesso de gordura no organismo (adiposidade) e a redução de triglicérides e de ácido úrico. O sorgo também promoveu melhora na sensibilidade à insulina e na tolerância à glicose. Os animais analisados receberam dieta rica em gordura e em frutose, conhecida pela sigla HFHF.

 

O resultado desta pesquisa integra a tese de doutorado de Oscar David Medina Martinez (à direita na foto ao lado) e foi publicado no periódico internacional Journal of Cereal Science, no artigo Dry heated whole sorghum flour (BRS 305) with high tannin and resistant starch improves glucose metabolism, modulates adiposity, and reduces liver steatosis and lipogenesis in Wistar rats fed with a high-fat high-fructose diet – ScienceDirect (Farinha de sorgo BRS 305 com alto tanino e amido resistente, aquecida a seco, melhora o metabolismo da glicose, modula adiposidade e reduz a esteatose hepática e a lipogênese em ratos Wistar alimentados com uma dieta rica em gordura e frutose).

 

“Observamos que as alterações metabólicas ocasionadas pela dieta rica em gordura saturada e frutose foram revertidas pelo tratamento com a farinha do sorgo BRS 305, substituindo-se 50% das recomendações diárias de fibra alimentar, por dez semanas”, relata a professora Hercia Stampini Duarte Martino, do Departamento de Nutrição e Saúde da UFV.  Além desses benefícios, registrou-se nos animais tratados menor acúmulo e maior quebra de gordura corporal, e ainda menor inflamação e estresse oxidativo no fígado e no plasma sanguíneo. O objetivo desse estudo foi verificar o efeito da farinha de sorgo BRS 305 no tratamento das alterações metabólicas ocasionadas por uma dieta rica em gordura e frutose em ratos Wistar.

Segundo Martino, o estudo mostra que o sorgo pode ser um alimento em potencial para contribuir na reversão dos prejuízos ao organismo ocasionados pela dieta rica em gordura saturada e frutose, característica da dieta ocidental observada nos dias atuais.

 

A pesquisadora Valéria Queiroz, da Embrapa Milho e Sorgo, ressalta que esses resultados estão associados à alta concentração de taninos e amido resistente, ao perfil de compostos fenólicos e à elevada capacidade antioxidante presentes nesse híbrido de sorgo.

 

Ela conta que a Embrapa, há mais de uma década, desenvolve pesquisas visando agregar valor nutricional e funcional aos grãos de sorgo para uso na alimentação humana. O híbrido BRS 305 foi selecionado, entre centenas de genótipos avaliados, como material superior nessas características de interesse, e seu potencial funcional vem sendo comprovado por outras pesquisas como essa (veja quadro abaixo).

“A melhora no metabolismo de glicose, associada à redução da inflamação, do estresse oxidativo e do excesso de gordura corporal, promovida pelo consumo do sorgo, é vital para a redução do risco de desenvolvimento de doenças crônicas, como a diabetes mellitus, o câncer, doenças cardiovasculares, entre outras. Portanto, o sorgo, como um alimento de baixo custo e excelente composição nutricional, pode contribuir diretamente para a saúde e a qualidade de vida da população”, complementa Hércia Martino.

 

Um sorgo desenvolvido para alimentação humana

 

O BRS 305 (foto à esquerda) é um híbrido de sorgo granífero, desenvolvido pela Embrapa ainda na década de 1990, para uso na alimentação de bovinos. A pesquisadora Valéria Queiroz explica que, em 2010, a Embrapa Milho e Sorgo, em parceria com diversas universidades, iniciou uma linha de pesquisa com o objetivo de valorar e difundir o uso do sorgo na alimentação humana no Brasil. “Centenas de genótipos de sorgo, incluindo linhagens, variedades e híbridos foram avaliadas quanto à composição em substâncias bioativas. Entre esses, o híbrido BRS 305 se destacou com altos teores de compostos fenólicos totais, taninos, amido resistente e elevada capacidade antioxidante; portanto, com alto potencial de uso na produção de alimentos com alegação de propriedades funcionais, ou seja, que podem trazer benefícios para a saúde”, disse Queiroz.

Entre os resultados obtidos, um estudo em parceria com o Departamento de Nutrição e Saúde da UFV mostrou que o genótipo BRS 305 continha concentração oito vezes maior de fenólicos totais e 21 vezes maior de taninos em relação ao sorgo BRS 309, e níveis sete vezes maiores de fenólicos totais e cinco vezes maiores de taninos em relação ao sorgo BRS 310 (veja artigo). Além disso, de acordo com o melhorista de sorgo da Embrapa Cícero Beserra de Menezes, esse híbrido também apresentou características agronômicas interessantes, pois, entre 12 materiais avaliados sob deficiência hídrica, o sorgo BRS 305 foi um dos dois mais produtivos. Os dados da pesquisa foram publicados neste artigo.

29 de julho de 2022 0 comentários
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