Por Jackson Campos, Diretor de Mercado Farmacêutico e de Relações Governamentais na AGL Cargo.
No transporte de cargas, a indústria farmacêutica costuma apresentar exigências superiores às de qualquer outro setor, uma vez que atuamos com padrões rígidos e exclusivos que devem ser seguidos à risca para garantir a gestão de qualidade dos medicamentos desde a sua origem até o destino final.
Com isso, destaco a preocupação de contar com uma logística moderna que consiga atender as exigências dessa indústria, que tem se transformado, e mostrado uma demanda crescente nos últimos anos, bem como optar por agentes de cargas que tenham expertise no segmento. Pois além de conseguirem negociações mais atrativas, ficam responsáveis por fazer com que a integridade da carga seja mantida.
No Brasil, por exemplo, esse é um dos nossos grandes desafios – e uma das etapas mais críticas e delicadas é assegurar a gestão de qualidade de medicamentos com sensibilidade de temperatura, umidade, choque e luz. Nesta etapa da cadeia fria, é necessária a atuação de profissionais qualificados, estruturas físicas adequadas, processos robustos, regras de boas práticas dos maiores organismos de saúde internacionais, política de qualidade e um sistema de gestão de qualidade bem definido.
Inclusive, muitas vezes os fabricantes de medicamentos não conseguem embalar a carga de acordo com exigências no destino, ou não estão próximos a um aeroporto com câmara fria de exportação. No maior aeroporto da América Latina, localizado em Guarulhos, embora exista uma câmara fria na área de exportação, ela é dedicada em grande parte, para armazenagem de frutas com destino ao exterior, deixando pouco espaço para outros produtos que necessitam dos mesmos cuidados. E é justamente neste ponto que começam os entraves da cadeia fria.
Assim, as cargas farmacêuticas aguardam liberação alfandegária em caminhões refrigerados ou em embalagens ativas e passivas, sem refrigeração externa; somado a isso, mais um agravante: após a carga ser liberada e direcionada para a pista do aeroporto, ela fica aguardando o embarque sob chuva e sol, por um período que varia de acordo com cada companhia aérea e serviço contratado. Desta maneira, alguns exportadores acabam direcionando a carga para aeroportos que se encontram mais distantes do maior polo comercial do país, encarecendo o frete, atrasando a entrega e tornando o produto menos acessível para a população. Por isso, o uso das embalagens passivas ou ativas é fundamental para evitar que essa excursão ocorra neste momento.
Falando exclusivamente das embalagens, elas precisam estar à disposição dos importadores e exportadores, a pronta entrega, assim como os termômetros (data loggers). Como mencionei, elas devem ser ativas e passivas, desde curta duração até alta performance, variando de acordo com a carga (volume, distância, peso, entre outros fatores). Geralmente são alugadas e possuem sistemas de resfriamento – aquecimento controlados eletricamente ou resfriamento usando tecnologias avançadas. Para escolher a embalagem adequada, é essencial que seja analisado o perfil de risco do produto fármaco, tempo de armazenagem e transporte.
E claro, havendo diferentes tamanhos de cargas, diversas configurações de aeronaves para cada destino e origem, inúmeras características regulatórias para cada tipo de produto, o agente de cargas – profissional fundamental neste processo – deve disponibilizar soluções eficientes para o importador e exportador. Essa figura reconhecida no comércio exterior mundial tem suas atribuições previstas em leis da OMC e em praticamente todos os países que operam com importações e exportações. São eles os responsáveis pela emissão de documentos de embarque e responsáveis pelas condições das cargas que aceitam transportar (de acordo com legislação brasileira), sendo que cada um possui sua política de qualidade e procedimentos.
Portanto, eu sempre ressalto a importância das embalagens adequadas e da contratação de armadores que garantam a chegada dos remédios em total integridade a todo o território nacional e internacional. Além disso, ainda reforço que sem uma cadeia fria bem estruturada, não teremos eficiência na gestão de medicamentos.
Sobre o autor: Jackson Campos, Diretor de Relações Institucionais da AGL Cargo, autor do livro Venda por telefone sem precisar visitar: Um guia para serviços de comércio exterior, Campos atua com comércio exterior e relações governamentais há anos, o que que o coloca em posição de destaque para abordar quaisquer desdobramentos relacionados à importação, exportação, comércio exterior e lobby dentro da logística farmacêutica internacional. O especialista que também é Fellow do CBEXs possui facilidade em explicar todos os processos e etapas que fazem parte do ciclo de vida de um determinado produto, desde a movimentação de seus insumos até a sua entrega no cliente, desvendando dados, estatísticas e revelando os percalços do comércio exterior. Saiba mais em: www.jacksoncampos.com.br
A usina nuclear da Ontario Power Generation (OPG) está prestes a se tornar o primeiro reator de energia privado do mundo a produzir molibdênio-99 (Mo-99) depois que a Laurentis Energy Partners e a BWXT Medical concluíram a instalação e o comissionamento inicial de um sistema isotópico inovador. A OPG anunciou em 2018 seus planos de usar Darlington para produzir Mo-99, usando alvos naturais de molibdênio em vez dos alvos de urânio tradicionalmente usados para produzir o radioisótopo em reatores de pesquisa. O Mo-99 deve ser usado em novos geradores Tc-99m projetados pela BWX Technologies. As empresas anunciaram em julho que atingiram o marco da energização do sistema, permitindo a realização de testes preliminares do sistema parcialmente instalado. Agora todo o equipamento restante foi instalado, disseram as empresas. As atividades planejadas de comissionamento e preparação continuarão prontas para a produção comercial do Mo-99, aguardando a conclusão das execuções de validação e aprovação da FDA e Health Canada da Food and Drug Administration dos Estados Unidos.
cardíacas. Tanto o Tc-99m quanto o Mo-99 do qual é gerado nos hospitais têm meias-vidas curtas e precisam ser usados rapidamente depois de produzidos, portanto, é necessário um suprimento constante e estável deles. O isótopo é produzido principalmente em reatores de pesquisa usando alvos de urânio. Anteriormente, a maior parte dos suprimentos de Mo-99 da América do Norte eram provenientes do reator National Research Universal do Canadá, que cessou a produção do isótopo em outubro de 2016, antes de sua aposentadoria em 2018, deixando os hospitais dependentes de importações. Uma vez operacional, o acordo entre a Laurentis e a BWXT Medical será capaz de produzir Mo-99 suficiente para suprir uma parte significativa da demanda norte-americana atual e futura, disseram as empresas.
O CEO Ken Hartwick da Laurentis Energy Partners, uma subsidiária da OPG, disse que o marco foi “emocionante” para todas as empresas envolvidas, mas o mais importante para os pacientes necessitados: “As usinas nucleares de Ontário demonstraram por décadas que seu valor vai além da produção de energia limpa, confiável e acessível”, disse ele. O presidente e CEO da BWXT Medical, Jonathan Cirtain, disse que a parceria “alavanca a confiabilidade operacional líder do setor de Darlington, a experiência da Laurentis e da OPG para fornecer serviços de irradiação e o processo de captura de nêutrons proprietário da BWXT e tecnologia de produção inovadora”.
A Petrobrás está mais perto de iniciar atividades exploratórias na Margem Equatorial. A empresa declarou que deve começar a perfuração de poços ainda neste trimestre, conforme detalha o seu Plano Estratégico 2023-2027. Ao todo, a companhia planeja investir US$ 2,9 bilhões nos próximos 5 anos na região, com a perfuração de 16 poços. A chamada Margem Equatorial cobre uma área que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte. O primeiro poço da região será perfurado na Bacia da Foz do Amazonas. A Petrobrás pretende ainda perfurar dois poços na Bacia Pará-Maranhão a partir de 2026.


