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controle de qualidade

Notícias

Anvisa aprova regulamento para uso medicinal de produtos da Cannabis

por jornalismo-analytica 3 de dezembro de 2019
escrito por jornalismo-analytica

Diretoria Colegiada da Anvisa aprovou o texto da regulamentação que tem como objetivo estabelecer os requisitos necessários para a regularização de produtos derivados de Cannabis no país.

A Diretoria Colegiada da Anvisa aprovou, nesta terça-feira (3/12), o novo regulamento para produtos derivados de Cannabis. O texto elenca os requisitos necessários para a regularização desses produtos no país, estabelecendo parâmetros de qualidade. A regulamentação aprovada será publicada no Diário Oficial da União nos próximos dias e passará a viger 90 dias após a publicação.

A decisão da Diretoria estabelece que a norma, denominada Resolução da Diretoria Colegiada (RDC), deverá ser revisada em até três anos após a publicação no Diário Oficial da União, justamente em razão do estágio técnico-científico em que se encontram os produtos à base de Cannabis mundialmente. As empresas não devem abandonar as suas estratégias de pesquisa para comprovação de eficácia e segurança das suas formulações, pois pelo atual conhecimento estamos diante de uma situação em transição regulatória, uma vez que as propostas para os produtos derivados de Cannabis se assemelham às mesmas estratégias terapêuticas de um medicamento.

O desafio da Agência para regulamentar o tema foi o de encontrar uma forma para garantir o acesso, pela via da assistência farmacêutica, assegurando um mínimo de garantia para os usuários dos produtos, seja no sentido de eficácia (efeitos maiores e melhores do que aqueles advindos das terapias disponíveis) e segurança (mínimo de conhecimento que permita dizer quais as potenciais adversidades dos produtos ).

O novo marco regulatório cria uma nova classe de produtos sujeito à vigilância sanitária: os produtos à base de Cannabis, termo que vem sendo utilizado internacionalmente com autorizações emanadas de diferentes autoridades sanitárias do mundo. A RDC aprovada nesta terça-feira dispõe sobre os procedimentos para a concessão de uma Autorização Sanitária para a fabricação e a importação desses produtos, bem como estabelece requisitos para comercialização, prescrição, dispensação, monitoramento e fiscalização de produtos de Cannabis para fins medicinais.

Qualidade

O regulamento aprovado exige, para fins de fabricação e comercialização, além da autorização de funcionamento específica, o Certificado de Boas Práticas de Fabricação (CBPF) emitido pela Anvisa. A empresa requisitante obriga-se a ter um conjunto de dados e informações técnicas, em versão sempre atualizada, que comprovem a qualidade, limites de especificação e métodos de controle de qualidade, bem como estudos de estabilidade e relatórios periódicos de avaliação de uso.

Medidas antecedentes

A empresa responsável pela submissão da Autorização Sanitária do produto de Cannabis à Anvisa deve possuir:

· Autorização de Funcionamento de Empresa (AFE) emitida pela Anvisa com atividade de fabricar ou importar medicamento.

· Autorização Especial (AE).

· Certificado de Boas Práticas de Fabricação (CBPF) de medicamentos para a empresa fabricante do produto.

· Boas Práticas de Distribuição e Armazenamento de medicamento.

· Racional técnico e científico que justifique a formulação do produto de Cannabis e a via de administração.

· Documentação técnica da qualidade do produto.

· Condições operacionais para realizar as análises do controle de qualidade em território brasileiro.

· Capacidade para receber e tratar as notificações de efeitos adversos e queixas técnicas sobre o produto.

· Conhecimento da concentração dos principais canabinoides presentes na formulação, dentre eles o CBD e o THC, além de ser capaz de justificar o desenvolvimento do produto de Cannabis.

Rotulagem e embalagem

A rotulagem e a embalagem do produto não poderão conter:

· Designações, nomes geográficos, símbolos, figuras, desenhos ou quaisquer indicações que possibilitem interpretação falsa, erro ou confusão quanto à origem, procedência, natureza, composição ou qualidade, que atribuam aos produtos finalidades ou características diferentes daquelas que realmente possuam.

· Os termos medicamento, remédio, fitoterápico, suplemento, natural ou qualquer outro que tenha semelhança com estes.

· Qualquer indicação quanto à destinação de uso, especialmente incluindo alegações terapêuticas ou medicinais de forma direta ou indireta.

· Os rótulos das embalagens de produtos de Cannabis devem ter uma faixa horizontal de cor preta abrangendo todos os seus lados, na altura do terço médio e com largura não inferior a um terço da largura do maior lado da face maior.

· Sobre a faixa preta dos produtos de Cannabis contendo até 0,2% de THC devem ser incluídas as seguintes frases, em caixa alta: “VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA” e “SÓ PODE SER VENDIDO COM RETENÇÃO DE RECEITA”.

· Sobre a faixa preta dos produtos de Cannabis contendo acima de 0,2% de THC devem ser incluídas as seguintes frases, em caixa alta: “VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA” e o “USO DESSE PRODUTO PODE CAUSAR DEPENDÊNCIA FÍSICA OU PSÍQUICA”.

Folheto informativo

Os folhetos informativos dos produtos à base de Cannabis deverão conter frases de advertência, tais como “O uso deste produto pode causar dependência física ou psíquica” ou “Este produto é de uso individual, é proibido passá-lo para outra pessoa”.

Prescrição

A indicação e a forma de uso dos produtos de Cannabis são de responsabilidade do médico assistente. Além disso, os pacientes devem ser informados sobre o uso desses produtos. Por isso, eles ou seu representante legal devem assinar Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), que detalha dados específicos do produto à base de Cannabis.

As regras para a prescrição do produto variam de acordo com a concentração de tetra-hidrocanabinol (THC). Nas formulações com concentração de THC menor que 0,2%, o produto deverá ser prescrito por meio de receituário tipo B, com numeração fornecida pela Vigilância Sanitária local e renovação de receita em até 60 (sessenta) dias.

Já os produtos com concentrações de THC superiores a 0,2% só poderão ser prescritos a pacientes terminais ou que tenham esgotado as alternativas terapêuticas de tratamento. Neste caso, o receituário para prescrição será do tipo A, fornecido pela Vigilância Sanitária local, padrão semelhante ao da morfina, por exemplo.

As diferenças nas regras de prescrição para as formulações foram estabelecidas após análise do perfil de segurança da substância e dos efeitos psicoativos do THC.

Dispensação

Os produtos à base de Cannabis devem ser dispensados exclusivamente por farmácias sem manipulação ou drogarias, mediante apresentação de prescrição por profissional médico legalmente habilitado. Já a dispensação dos produtos de Cannabis deve ser feita exclusivamente por profissional farmacêutico.

A escrituração da movimentação dos produtos de Cannabis em farmácias sem manipulação ou drogarias deverá ser realizada por meio do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC).

Importação

Os fabricantes dos produtos que optarem por importar o substrato da Cannabis para fabricação do produto deverão realizar a importação da matéria-prima semielaborada, e não da planta ou parte dela.

A proposta de norma remete essa atividade aos atuais regramentos de importação e demais regulamentos relacionados ao controle dos pontos de entrada e saída referentes a qualquer produto entorpecente, psicotrópico ou precursor, independentemente de se tratar de matéria-prima ou produto acabado.

Para viabilizar o monitoramento integral dos lotes de produtos e medicamentos à base de Cannabis importados, foram limitados os pontos de entrada dos produtos em território nacional.

Manipulação

O regulamento veda a manipulação de qualquer produto derivado de Cannabis.

A comercialização no país ocorrerá exclusivamente em farmácias e drogarias sem manipulação e mediante prescrição médica.

O regulamento é específico para produtos voltados para o tratamento médico de humanos, não sendo prevista a prescrição para uso em animais.

Monitoramento

Cada unidade comercializada deverá ser registrada no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC), já usado para a dispensação de todos os medicamentos de uso controlado no Brasil.

Os produtos de Cannabis produzidos em território nacional devem ser analisados em laboratório da Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos em Saúde (Reblas) e os dados analíticos obtidos devem ser enviados à Anvisa. A Agência irá estabelecer e coordenar um programa especial de monitoramento dos produtos.

A empresa detentora da Autorização Sanitária deve executar as ações de pós-comercialização dos produtos de Cannabis que permitam a adoção, quando necessário, de medidas relativas aos produtos sob sua responsabilidade.

A empresa detentora também deverá possuir banco de dados para o registro sistemático, atualizado e rotineiro das atividades e informações relacionadas às notificações de eventos adversos e de desvios de qualidade recebidas. Anualmente, a empresa deverá elaborar Relatório Periódico de Avaliação Benefício-Risco para o produto de Cannabis. As situações de urgência relacionadas à utilização desses produtos que afetem a segurança do usuário devem ser informadas à Anvisa em até 72 (setenta e duas) horas após a ocorrência.

 

Com informações de Anvisa.

 

3 de dezembro de 2019 0 comentários
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Notícias

Desafios para a indústria de alimentos: cepas resistentes e biofilmes

por jornalismo-analytica 28 de novembro de 2019
escrito por jornalismo-analytica

Entre os desafios da indústria de alimentos, estão as cepas resistentes e os biofilmes. Um dos microrganismos mais preocupantes é a Listeria, devido aos problemas de saúde associados a ela. Podem ser encontradas cepas persistentes de L. monocytogenes na indústria de alimentos, que são capazes de sobreviver por meses e até anos, que normalmente são diferentes das cepas que são introduzidas diariamente por matérias-primas, e isso pode ser explicado pelos seguintes fatores:

a) Sobrevivência à desinfecção: nos processos de desinfecção sempre há a sobrevivência de algumas células, mesmo que seja em uma proporção muito baixa, já que a desinfecção não é o mesmo que a esterilização.

b) Concentrações subletais de desinfetante: quando se desinfeta por spray ou pulverização sobre superfícies molhadas, pode-se diluir o desinfetante em alguns pontos e consequentemente reduzir a concentração a valores subletais, o que possibiltaria a adaptação de células aos desinfetantes.

c) Zonas de refúgio das bactérias: quando se limpa e se desinfecta uma indústria de alimentos, sempre há locais onde os procedimentos são ineficazes, porque as soluções de detergente e/ou desinfetante não chegam, não penetram bem ou não há ação mecânica suficiente: frestas, poros, juntas, zonas pouco acessíveis ou não acessíveis, etc. Nestas zonas as bactérias podem sobreviver e proliferar, aderindo à superfície e formando biofilmes.

d) Formação de biofilmes: os biofilmes podem ser um importante exemplo de como a adaptação fisiológica (fenotípica) pode conferir resistência intrínseca aos biocidas. A maior resistência associada às bactérias no interior do biofilmes desaparece quando as células são extraídas e cultivadas novamente em meio de cultura.

A eliminação de cepas persistentes pode ser mais fácil do que a de biofilmes porque os mesmos são um caso particular de contaminação microbiológica. Os biofilmes são constituídos por agrupamento de bactérias aderidas entre si e à superfície. Essas bactérias encontram-se imersas em uma matriz gelatinosa e adesiva de natureza polimérica, constituída pelos microrganismos e uma mistura de proteínas, polissacarídeos, lipídios e ácidos nucleicos. Essa matriz exopolimérica pode também conter outros materiais não celulares procedentes do entorno em que o biofilme cresceu, como restos orgânicos, argila, metais, etc.

A aderência de bactérias a superfícies é um processo físico-químico determinado por forças eletrostáticas entre as células e as superfícies, que pode ser facilitado pela presença de flagelos, fimbiras e pili.

As etapas de formação de biofilmes são:

1) Contato e aderência da bactéria sobre a superfície;

2) Formação de microcolônias;

3) Comunicação entre as moléculas através do mecanismo chamado de quorum sensing e a produção da matriz extracelular;

4) Crescimento do biofilme através da assimilação de substrato e crescimento de colônias;

5) Dispersão por desprendimento de partes, e essas aderem a outras superfícies possibilitando a expansão do biofilme.

Em resumo, um biofilme consiste em colônias de microrganismos ligados entre si e ligados a um suporte sólido, que lhes proporciona estabilidade, nutrientes e proteção. Consiste em células microbianas circundadas por uma matriz formada por partículas poliméricas extracelulares (EPS), como proteínas e polissacarídeos.

Um biofilme facilita a proliferação de microrganismos pelo fornecimento de proteção, umidade e um ambiente rico em nutrientes.

A matriz pegajosa, densa e muito viscosa representa uma defesa física que protege os microrganismos de forma extremamente eficaz contra a agressão externa.

Biofilmes geralmente são formados por diversas espécies como bactérias, mofos, algas, etc. Eles se desenvolvem nas superfícies favoráveis a sua adesão (poros, ranhuras e superfícies rugosas) e também superfícies que têm um programa de limpeza e desinfecção ineficiente.

A presença de biofilmes na indústria de alimentos é preocupante. As condições ambientais que podemos encontrar dentro de uma indústria de alimentos favorecem, em muitos casos, a presença de uma ecologia microbiana muito diversificada, que pode abrigar microrganismos patogênicos com capacidade de formar biofilmes como Listeria monocytogenes, Salmonella enterica, Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa.

Assim, a identificação do biofilme através da reação com a matriz exopolimérica tem sido a forma mais adequada. Remover um biofilme de uma superfície é muito difícil, mas não é impossível quando se tem suporte de um especialista para adequar o procedimento de sanitização.

Muitas vezes não é suficiente aumentar a concentração dos desinfetantes e se faz necessária a utilização de detergentes especiais para a quebra e desintegração da matriz polimérica, para que o componente ativo de um biocida de amplo espectro possa penetrar na massa viscosa e interagir com todas as diferentes espécies presentes, causando a morte das células microbianas.

Carla Lima Gomes é engenheira de alimentos (UFSC) e Mestre em Qualidade Total (Unicamp).

Texto baseado no livro: Listeria Monocytogenes – 2 Ed. Betelgeux, 2013, escrito por E. O. Iranzo; R.B. Navarro; J.J.C.Gascó, A. M. Cucart; F.L. Cartón.

Referência e imagem: http://www.betelgeux.es/blog/2019/11/08/bihttp://www.betelgeux.es/blog/2019/11/08/bi

Com informações de Food Safety Brazil.

28 de novembro de 2019 0 comentários
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Notícias

A Nanotecnologia nos alimentos – inovações

por jornalismo-analytica 28 de novembro de 2019
escrito por jornalismo-analytica

A nanotecnologia está produzindo um impacto nunca antes presenciado em alimentos, ao influenciar desde a forma como são cultivados até o processo de embalagem.

Em um cenário no qual a preocupação com a segurança e a qualidade dos alimentos oferecidos ao consumidor ganha cada vez mais força, é de se imaginar que a revolução tecnológica que vivenciamos atualmente também seja devidamente explorada pela indústria de alimentos.

Nesse contexto, não podemos deixar de falar da nanotecnologia, uma tecnologia inovadora que pode ser aplicada em qualquer etapa de cadeia produtiva, proporcionando muitos benefícios à indústria de alimentos.

Quem explica isso e mais entende do assunto é o Dr. Eduardo Caritá, também conhecido como Dr. Nano. O especialista em nanotecnologia e diretor da Funcional Mikron está apostando nessa novidade em constante desenvolvimento no país para melhorar a funcionalidade, ou até durabilidade, de diversos tipos de alimentos ofertados pela natureza.

No Brasil, a Funcional Mikron é uma das empresas que usam técnicas de nanoencapsulação e nanonização para criar ingredientes e vendê-los para as indústrias alimentícia e farmacêutica.

“Fomos respondendo as demandas do mercado. Algumas empresas tinham problemas com a estabilidade das matérias-primas, com o gosto, cheiro e textura do alimento. Em outros casos, o produto simplesmente não desempenhava à contento: ou porque o produto não dissolvia ou reagia precocemente na formulação”, explicou Caritá, head de projetos da Mikron.

A nanotecnologia já está na sua rotina

Desde a sua descoberta, as tendências da nanotecnologia vem ditando uma série de inovações no mundo atual.

Para Carità, as pessoas estão “com certeza” ingerindo nanoalimentos. “A nanotecnologia em alimentos e nanoalimentos vem desde a agricultura. Ela está presente em fertilizantes e fixadores de água no solo que são absorvidos pela planta, fruto ou caule. Isso acaba virando matéria-prima. Quase ninguém percebe, mas começa aí”.

As empresas também estão começando a substituir os conservantes pela nanotecnologia para aumentar a durabilidade de produtos. “Existem relatos de produtos com plástico de nanoprata que duram até seis vezes mais”, explica Carità.

Nanotecnologia e saúde

Ainda há dúvidas da população em relação à mistura de nanopartículas em alimentos. Carità conta que faz parte do comitê mundial que busca regulamentar os processos e métodos de análise da nanotecnologia. Para ele, a ingestão de nanoalimentos não apresenta riscos para a saúde humana.

“Como a nanotecnologia é recente, começamos a ‘fuçar’ e descobrimos propriedades chamadas de quânticas na escala nanométrica. Estas propriedades não obedecem à gravidade, o que desperta uma precaução, mas depois de mais de 12 anos trabalhando com produtos nanoencapsulados, aplicando ensaios em animais e humanos, eu diria que se fosse perigoso os mamíferos não tomariam leite, que são nanoestruturados”.

Ele defende a aplicação de tecnologia em alimentos. “Em 2030, serão 10 bilhões de pessoas no planeta. A grande resposta para a nutrição da humanidade está na tecnologia do alimento: produzir cada vez mais com menos recursos”.

O futuro dos nanoalimentos

A nanotecnologia na alimentação nos permitirá ter acesso a produtos mais saudáveis, resistentes a doenças e menos perecíveis.

O agronegócio mostra alguns exemplos de nanotecnologias que estão sendo desenvolvidas para o setor. Um dos maiores exemplos disso no Brasil é a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

Eles publicam anualmente dezenas de pesquisas desenvolvidas na área, como nanotecnologia para redução do agrotóxico, sensores para analisar o estado de frescor e estimar a vida útil com precisão, toxinas, metais pesados e pesticidas.

A começar pelo fertilizante usado em plantações agrícolas, passando pelas embalagens inteligentes e finalmente aos nanoalimentos propriamente ditos. No futuro, Eduardo comenta que a nanotecnologia pode permitir até a criação de amendoins que não provocam reações alérgicas.

Também houve progressos significativos no desenvolvimento de nano-embalagens e nano-etiquetagens, um método de fabricação que utiliza a nanotecnologia que faz com que a embalagem mude de cor quando ocorre qualquer deterioração no alimento. Isso permitirá retirar o produto da cadeia de distribuição antes de chegar às prateleiras e ao consumidor final.

Novidades à vista

Atualmente, a Mikron está conduzindo um projeto com o Senai para a criação de snacks com nanotecnologia. “Todo mundo quer assistir TV comendo snacks, mas de forma geral eles não são saudáveis: tem sal demais, amido demais, gordura demais, e nos doces ainda têm os conservantes artificiais”, explica Carità.

“Pensando nisso, decidimos transformá-los em algo gostoso e saudável”. Os produtos serão lançados em 2020. Com o Senai, foram desenvolvidos sachês de suplemento alimentar em pó para que pessoas possam adicionar água ao produto, criando uma bebida embarcada com nanocálcio, nanoferro e outras propriedades como a cafeína e o Ômega 3. Serão sucos, chás e shakes.

Outra novidade, que inclusive, faz o maior sucesso entre as inovações da sua empresa é o Ômega 3 em pó. “O Ômega é uma questão mais complexa. Ele é muito bom para a saúde cardíaca, mental e até para o sistema imunológico. Conseguimos criar um produto sem gosto nem cheiro e extremamente estável e manipulável. Podemos aplicá-lo em shakes, vitaminas em pó, bombons e até barrinhas de proteína”, contou Carità.

Essa é, certamente, uma das mais revolucionárias e benéficas aplicações da nanotecnologia em alimentos, pois pode colaborar com a saúde de muitas pessoas com deficiência do nutriente no corpo.

Com informações de Talk Science.

28 de novembro de 2019 0 comentários
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Metrologia

O poder das medidas

por jornalismo-analytica 25 de novembro de 2019
escrito por jornalismo-analytica

Debatem-se atualmente no Brasil os resultados de medições referentes ao desmatamento da Amazônia, a dados de clima referentes a aquecimento global, aos impactos de mineração em águas e no ambiente regional. Os resultados nessas medições são capazes de afetar as relações comerciais do país, com forte impacto particularmente nas exportações de alimentos.

 

A coleta de dados, as medições, sua organização em informações que permitam a tomada de decisões políticas, são processos baseados em técnicas rigorosas e todo um acúmulo de conhecimento científico. Este acúmulo está nas disciplinas de ciências da natureza e nas bases matemáticas e estatísticas que regem o formalismo que garante que essas informações reflitam da melhor maneira possível a realidade. Ciência busca conhecer a realidade e é o que de melhor trouxe a humanidade até aqui. O que permitiu produzir mais alimentos, diminuir a mortalidade, aumentar a expectativa de vida, maior conforto, melhor qualidade de vida e bem-estar.

 

O desconhecimento dessas técnicas, procedimentos e bases científicas relacionadas às medições, o não domínio dessas noções fundamentais pela sociedade e sua incompreensão por aqueles responsáveis pelas tomadas de decisões políticas pode ter resultados desastrosos para o Brasil. Não simplesmente para as relações comerciais, mas principalmente para a vida das populações. E aqui não pensamos apenas naquelas comunidades vivendo diretamente nas regiões afetadas. No dia 19 de agosto de 2019 noticiou-se que o céu da cidade de São Paulo ficou negro no meio da tarde e caiu uma chuva cinza, cheia de particulado oriundo nas queimadas nas regiões Norte e Centro-Oeste. As consequências desses fenômenos também são importantes para o mundo. Veja-se o alerta em muitos países sobre as situações levantadas acima.

 

E então nos vem a pergunta: por que uma Sociedade Brasileira de Metrologia?

 

O melhor remédio contra a desinformação e a propagação de boatos ou de informações ou notícias falsas, as hoje tão comentadas fake news, é a apropriação de conhecimento pela maior parte da população, não apenas por tomadores de decisão ou formadores de opinião. É necessário que tenhamos conhecimento dos processos de medição, dos instrumentos e dos resultados. Isso garante a confiança nas medições.

 

A SBM busca, desde sua fundação, ter um papel importante na disseminação do conhecimento em metrologia e nas demais disciplinas ou ferramentas de Tecnologia Industrial Básica. Além de essenciais para o desenvolvimento econômico e para a melhoria de processos e produtos e para a garantia da competitividade da indústria brasileira, a apropriação desses conhecimentos é muito importante para a efetiva construção da cidadania, para que as pessoas possam, elas mesmas, construir as condições de compreensão e julgamento das informações recebidas.

 

Aumenta nossas preocupações o fato de que, mesmo naqueles processos formativos onde essas ferramentas são evidentemente necessárias, como nas áreas de ciências da natureza, engenharias e tecnologia, percebe-se uma enorme carência de conhecimentos nessas áreas de TIB. Como constatamos em estudo discutido no XLV Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia – COBENGE[1], a maior parte dos cursos de Engenharia não tem uma formação adequada em Metrologia.

 

A disseminação de conhecimentos em metrologia é, portanto, um grande desafio. E a SBM se coloca como agente a buscar parcerias para vencê-lo. Cada passo não dado significa que mais distante ficamos de nosso objetivo: desenvolvimento econômico sustentável e socialmente justo.

[1]     BERNARDES, A. T.; MENDES, A. ; SOUTO, A. L. C. F. ; GRANJEIRO, J. M. ; ALVES, L. E. S. ; MENDES, M. F. A. ; COSTA-FELIX, R. P. B. ENSINO DE METROLOGIA NOS CURSOS DE ENGENHARIA. In: Adriana Maria Tonini. (Org.). DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA: Formação acadêmica e atuação profissional, Práticas Pedagógicas e Laboratórios Remotos. 1ed. Brasilia: Abenge, 2017, v. 1, p. 126-158.

 

Américo Tristão Bernardes, Presidente da Sociedade Brasileira de Metrologia, Engenheiro Eletricista, Doutor em Física e Professor da Universidade Federal de Ouro Preto.

Artigo disponível também na Revista Analytica 103.

25 de novembro de 2019 0 comentários
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Sem categoria

Portal com dados sobre a qualidade do leite brasileiro está sendo preparado

por jornalismo-analytica 25 de novembro de 2019
escrito por jornalismo-analytica

O Ministério da Agricultura (Mapa) está finalizando um novo portal que reunirá dados de análises de qualidade do leite em todo o País. O projeto ainda está em desenvolvimento e fornecerá informações quantitativas e das medições dos padrões previstos nas INs 76 e 77 de forma a ter um raio-X da produção nacional. A posição foi indicada pela fiscal do Mapa e médica veterinária Milene Cé, que se reuniu com representantes das principais indústrias laticinistas em atuação no Rio Grande do Sul na tarde da última terça-feira (19/11) em Porto Alegre.

Segundo o secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, esta será uma ferramenta importante para guiar os trabalhos de qualificação da produção no país e seria excelente se permitisse estratificar o grau de testagens nos diferentes estados do país. “A Região Sul está muito engajada com o projeto de qualificação da produção. É essencial disseminar esse conceito no país todo.” O projeto, inicialmente previsto para entrar no ar em outubro, ainda encontra-se em fase de elaboração.

Durante a reunião com as indústrias, Milene Cé esclareceu questões importantes sobre a fiscalização e penalizações a serem aplicadas ao setor em decorrência das INs 76 e 77, em vigor desde 31 de maio deste ano. “O que a gente tem visto é uma reação extremamente positiva da cadeia do leite. Uma posição de competência”, elogiou. Coordenando a reunião, o vice-presidente do Sindilat, Guilherme Portella, enalteceu a reação positiva da cadeia produtiva em relação às medidas.  “Isso mostra um amadurecimento do setor, que foi lá e fez acontecer”, pontuou Portella.

As principais dúvidas apontadas durante reunião foram em relação à mudança nas regras de exclusão de produtores, publicadas no dia 7 de novembro. Segundo Milene, reconhecendo que havia pontos a serem corrigidos, as equipes do Mapa revisaram os regramentos, permitindo que a medição de CBT do último mês se sobreponha à média dos últimos três meses, desde que se encontre abaixo do padrão oficial. Desta forma, entende-se estar valorizando quem realmente está trabalhando pela melhoria dos processos e do manejo animal.  “Não queremos a exclusão de ninguém, mas valorizar a qualidade”, explicou.

Para cadastro de novos produtores, Milene recomenda que as contratantes solicitem as medições de meses anteriores, junto aos respectivos laboratórios da RBQL, mesmo do período em que estavam vinculados a outras empresas como forma de assegurar um histórico desse criador.

Com informações de Portal DBO.

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Em foco

Luvas para salas limpas: por que o comprimento importa

por jornalismo-analytica 22 de novembro de 2019
escrito por jornalismo-analytica

A popularidade de luvas para sala limpa de comprimento mais longo é o resultado de uma maior conscientização e da necessidade de mais proteção pessoal ou do produto, juntamente com uma motivação para cortar custos e reduzir o impacto ambiental. O comprimento tradicional de uma luva usada em uma sala limpa é de 300 mm/12 polegadas (12”).

No entanto, ao manusear produtos químicos perigosos, tais como medicamentos quimioterápicos, o usuário deve ter maior proteção e tranquilidade de uma luva que tenha 400mm/16” de comprimento, garantindo que o antebraço inteiro, até o cotovelo, seja coberto e protegido contra o risco de exposição a produtos químicos perigosos.

A proteção do produto também é de extrema importância; a cobertura até o cotovelo com punho com rebordo para um ajuste mais seguro no braço possibilita que as luvas de 400 mm/ 16” eliminem o risco de contaminação da pele exposta entre as luvas e o vestuário das salas limpas. Usar as luvas para salas limpas que são 33% mais longas do que o padrão do setor, elimina a necessidade de artigos protetores adicionais tais como capas para manga ou o uso da fita de punho e, dessa forma, permite economias em custos e redução de desperdício, o que resulta em um impacto positivo no ambiente.

Saiba mais sobre as luvas BioClean https://www.ansell.com/br/pt/life-sciences

 

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Em foco cietífico

Avaliação de eficiência de sanitizante de ar em salas e ambientes de laboratórios de microbiologia de alimentos

por jornalismo-analytica 21 de novembro de 2019
escrito por jornalismo-analytica

 Artigo baseado em estudo realizado no instituto de tecnologia de alimentos em Campinas pelos seguintes autores:

Thaís M. Paes, Hector A. Palacios, Artur Rocha, Adriana Sottero, Suzana Eri Yotsuyanagi, Beatriz Iamanaka – ISBN-85-7029-135-6

 

De acordo com OMS, mais de 50% dos locais fechados tem ar de má qualidade, o que se deve principalmente a má higienização dos aparelhos de ar condicionado e a falta de controle periódico sobre as possíveis fontes de contaminação (Schirmer et al.,2011). Em tais espaços confinados, com escassa renovação do ar, há maior tendência de acumulação de microrganismos oriundos de infiltrações ou da má conservação do sistema de ar condicionado, principalmente fungos e bactérias (Sodré, 2006).Sabendo-se que grande parte das bactérias patogénicas são mesófilas, uma alta contagem total deste tipo de microrganismo no ar é um indicativo de insalubridade, pois significa que o ambiente está apropriado para seu crescimento (Jesus et al. , 2007). É sabido que ar e ambiente interagem de forma dinâmica em termos de contaminação por agentes microbianos, portanto “quaisquer superfícies nas quais os microrganismos estejam depositados podem agir como fontes de contaminação para o ar, quando ocorrerem condições apropriadas para a formação de aerossóis” (Salustiano, 2002).

A sanitização é uma etapa indispensável aos procedimentos de higienização em ambientes confinados especialmente sob ar condicionado.

Em harmonia com as tendências de sustentabilidade, proteção ao meio ambiente e pesquisa alternativa, os terpenos e seus derivados, que não apresentam toxicidade e são biodegradáveis, podem ser uma alternativa para este fim.

O objetivo do trabalho citado é avaliar a performance do sanitizante à base de terpenos para redução da contaminação de bolores em ambientes fechados, bem como comparar diferentes métodos de quantificação de bolores utilizando as técnicas de compactação e sedimentação.

 

Aplicação do sanitizante: para a aplicação de sanitizante foi utilizado um lavador de ar de médio porte, com vazão de 400m3/h, fornecido pelo fabricante do sanitizante.

 

   Método de sedimentação: consistiu na exposição de uma placa de Petri – contendo os meios de cultura Dicloran 18% Glicerol (DG18) e Ágar Padrão (PCA) -aberta ao ambiente por 15 minutos.Após cada coleta, a placa era tampada e incubada – a 35ºC por 2 dias para o PCA e a  25°C por 5 dias para o DG18. Após a incubação, prosseguiu-se com a contagem de colônias nas placas e os resultados foram reportados em UFC/placa.

 

  Método da compactação: foram utilizados dois equipamentos:

a) MAS 100 Eco (Merck) e b)Amostrador de Andersen. Para ambos, o volume de ar amostrado foi 283 litros, a altura de coleta fixa a 1,5 m. Após cada coleta, a placa era tampada e incubada – a 35ºC por 2 dias para o PCA e a 25°C por 5 dias para o DG18. Após a incubação, prosseguiu-se com a contagem de colônias nas placas e os resultados puderam ser reportados em UFC/placa ou UFC/m3.

 

 

 Para efeito deste artigo focaremos nos resultados do amostrador MAS-100 ECO afim  de avaliar sua eficiência para   esse monitoramento de air em ambientes .

 

Diagnóstico inicial: as salas 9 e 13 foram escolhidas para realização dos testes.

 

A Tabela 1 apresenta os resultados do diagnóstico inicial ( antes da sanitização) da sala 9 (72m3), a qual foi diagnosticada com maior contaminação do ar ambiente:

 

Tabela 1– Coleta de ar na Sala 09

 

  PCA DG18
Metodologias A B Média A B Média
1-Sedimentação (UFC/placa) 1,0 0,0 0,5 10,0 10,0 10,0
2-Compactação  
b) MAS 100 Eco (UFC/m3)1  

169,61

 

159,0

 

164,3

 

2339,2

 

1939,9

 

2139,6

 

A Tabela 2 apresenta os resultados do diagnóstico inicial da sala 13, a qual foi escolhida por ter maior dimensão(157,5m3), controle de temperatura e menor movimentação de pessoas.

 

Tabela 2– Coleta de ar na Sala 13

 

  PCA DG18
Metodologias A B Média A B Média
1-Sedimentação (UFC/placa) 1,0 2,0 1,5 4,0 4,0 4,0
2-Compactação  
b) MAS 100 Eco (UFC/m3)1 102,5 113,0 107,8 470,0 629,0 549,5

 

Tabela 3 – Média dos resultados obtidos pelos métodos da sedimentação e compactação no monitoramento de 8 horas da sala 9 (em ágar DG18 e PCA) ( pós sanitização do ambiente).

 

  PCA (UFC/placa) DG18 (UFC/placa)
Sedimentação MAS 100

Eco

  Sedimentação MAS 100

Eco

 
Hora 1 1,0 291,5   100,5 404,5  
Hora 2 2,5 92,0   25,5 371,0  
Hora 3 0,5 96,0   12,0 360,0  
Hora 4 0,5 70,5   7,5 335,5  
Hora 5 0,0 19,5   4,5 291,0  
Hora 6 0,0 7,0   4,0 288,0  
Hora 7 0,0 4,5   4,5 224,0  
Hora 8 0,5 18,5   3,0 248,0  
%d1 50 93,7   97,0 38,7  

 

Tabela 4 – Média dos resultados obtidos pelos métodos da sedimentação e compactaçãono monitoramento de 6 horas da sala 13 (em ágar DG18 e PCA)

 

  PCA (UFC/placa) DG18 (UFC/placa)
 

Sedimentação

MAS 100

Eco

   

Sedimentação

MAS 100

Eco

 
Hora 1 0,0 12,0   2,0 108,0  
Hora 2 1,0 3,5   1,0 140,5  
Hora 3 0,5 8,5   1,0 115,0  
Hora 4 1,5 9,0   0,0 69,5  
Hora 5 0,5 8,0   0,0 66,5  
Hora 6 3,0 57,5   0,5 99,0  
%d1 – – – 75,0 8,3  

 

CONCLUSÃO

 

Os resultados obtidos do monitoramento nas salas 9 e 13 indicam que a eficiência da aplicação do sanitizante à base de terpenos depende das condições ambientes e que a adoção desse produto como método de descontaminação do ar deve ser feita mediante um estudo microbiológico criterioso para assegurar que o produto tenha o efeito desejado.

A quantificação da contaminação do ar ambiente se mostrou mais eficiente com o método da compactação, apesar do método da sedimentação ser mais usado.

O equipamento MAS 100 Eco apresentou resultados equivalentes ao amostrador de Andersen, o que indica que ele é uma alternativa válida, além de ser mais rápido e facilmente manipulável.

A contaminação do ar ambiente, nas dimensões de salas testadas, se mostrou homogênea. O desempenho do sanitizante aplicado com o lavador de ar utilizado no estudo também se mostrou homogeneo.

 

Resumo/adaptação: Luis Henrique da Costa

Field Marketing America Latina

Biomonitoring Division

Merck S.A.

biomonitoringbra@merckgroup.com

 

 

 

 

 

21 de novembro de 2019 0 comentários
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Notícias

A Biorremediação como método para recuperação de áreas manchadas pelo petróleo

por jornalismo-analytica 18 de novembro de 2019
escrito por jornalismo-analytica

Na trajetória do derramamento de petróleo que já atingiu mais de 450 praias do litoral nordestino e chegou ao Espírito Santo, uma opinião prevalece entre todos os especialistas no tema: o ideal seria conter a substância tóxica ainda no mar. O que fazer, então, depois que o contaminante alcança areia, estuários e manguezais?

Cada ecossistema demanda uma técnica distinta, por isso, em Salvador, o Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (Igeo/UFBA) apresentou ao Comando Unificado de Incidentes, no dia 13 de outubro, uma minuta em que estão indicados métodos biotecnológicos de remediação.

São processos que aceleram a degradação dos compostos de petróleo já impregnados nas áreas afetadas, ou seja, realizam a limpeza da toxicidade microscópica, impossível de ser feita com o trabalho manual.

No entanto, 75 dias depois de a primeira praia do Nordeste ter sido atingida e um mês após a entrega da minuta de remediação, nenhuma ação neste sentido foi levada à prática pelo Comando Unificado ou pelo Grupo de Avaliação e Acompanhamento (GAA), formado pela Marinha, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

“O momento ideal de utilizar essas técnicas é agora. Quanto mais rápido agirmos, mais êxito se tem na remediação. Com o passar do tempo, essas substâncias vão se diluindo ou se misturando aos sedimentos, o que torna mais difícil a limpeza efetiva”, diz Olívia Oliveira, que é diretora do Igeo e há 12 anos coordena pesquisas para desenvolver métodos de remediação.

O superintendente do Ibama na Bahia, Rodrigo Alves, afirmou que todas as sugestões recebidas (não só as da minuta) foram encaminhadas à Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec), ligada ao Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).

“Os métodos que envolvem o uso de produtos químicos são logo descartados. Mas os que são naturais estão em análise pela Defesa Civil”, disse Alves.

Métodos naturais

As técnicas desenvolvidas pelo Igeo e patenteadas pela UFBA, individualmente ou em parceria com a Unifacs (uma universidade privada de Salvador), aliam tecnologia e insumos encontrados facilmente nas costas baiana e nordestina, fazendo cair o custo e evitando o uso de produtos químicos — o que lançaria novas substâncias possivelmente tóxicas nas biotas já impactadas.

Todos os métodos já foram, inclusive, testados com amostras do próprio óleo que chega ao litoral brasileiro desde 30 de agosto.

“O que fazemos é usar organismos vivos para remover os poluentes do ambiente. Não adianta só tirar a poluição visual, é preciso eliminar os compostos invisíveis, como benzeno, tolueno e xileno, ou no mínimo diminuir a presença deles. Aí entra a biotecnologia, com diferentes indicações para cada ambiente”, explica Ícaro Moreira, que é professor da UFBA e já atuou na agência ambiental do governo canadense, justamente na área de remediação em episódios de derramamento de petróleo.

Para os casos em que o petróleo já se dissolveu na água, a indicação é utilizar microalgas que se alimentam do carbono contido nas substâncias tóxicas, o que elimina tais substâncias e a conseqüente contaminação.

Funciona como uma máquina de diálise: a água contaminada entra em um tanque (reator) onde estão as microalgas, que se abastecem do carbono. Em seguida, a água limpa é liberada de volta no ambiente.

Devidamente alimentadas e crescidas, as microalgas viram uma biomassa que pode ser utilizada para produção de biodiesel. “É um processo que não gera resíduo. A água fica limpa e a microalga pode virar um combustível também limpo”, explica Moreira.

Integrante da pesquisa em que tal método foi desenvolvido, Isadora Machado mostrou, em seu mestrado em Geoquímica, que num período de 28 dias as microalgas conseguiram eliminar 94% dos poluentes de amostras da chamada “água do petróleo” — um efluente resultante da produção petrolífera que é apontado como uma das “águas” mais poluídas do mundo.

“Torcemos para que esses métodos sejam aplicados, pois a pesquisa é pra isso. Pra dar um retorno para o meio ambiente e a sociedade”, observa Machado.

Em uma estimativa feita pelo professor Ícaro Moreira, um conjunto de reatores capaz de tratar 1,5 mil litros de água marinha a cada três dias custaria cerca de R$ 50 mil para implantação, com manutenção de R$ 7 mil por mês. Ao final do processo, entretanto, cada quilo de biomassa gerada poderia ser vendido por R$1 mil.

“No final das contas, a biomassa gerada paga as contas e ainda dá lucro. Isso é um exemplo bem claro do que nós chamamos de economia circular”, aponta Moreira.

Areia e manguezais

Para a areia da praia ou áreas de mangue e superfícies lamosas, cujas características físicas dificultam a limpeza manual e favorecem a impregnação das substâncias tóxicas, o remédio previsto na minuta entregue há um mês ao governo é a fitorremediação, ou seja, o uso de plantas, que devem ser identificadas no próprio ambiente atingido.

Ali, o cientista detecta qual espécie consegue se dar melhor na presença do contaminante, o que significa uma alta capacidade de fixação do carbono. Após tratamento em laboratório, várias dessas plantas são inseridas no ecossistema impactado, onde devem ser monitoradas por um período que vai de três a seis meses.

Assim como as microalgas, essas plantas vão se alimentar do poluente, tirando-o do ambiente. Ao final da limpeza natural, elas também podem ser destinadas para a produção de biocombustível.

Experimentos já realizados com o método em áreas contaminadas por petróleo no entorno da Baía de Todos os Santos mostram a eliminação de 89% dos compostos tóxicos em um intervalo de 90 dias.

Um detalhe: esse método serve também para áreas atingidas por esgoto (com limpeza de 100% de poluentes) e metais pesados, com êxito de 70% na eliminação, por exemplo, de chumbo, cobre e zinco.

Na minuta, consta ainda a possibilidade do uso de fibras de côco e sisal para retenção do óleo na água — técnica que poderia ter sido adotada pelo governo até mesmo para a construção de contenções em diferentes formatos e disposições, com o objetivo de proteger áreas mais sensíveis, como manguezais.

Nesse caso, as fibras utilizadas pelo Igeo são originárias do descarte das indústrias sisaleira e do côco. Tudo viraria lixo, mas, após tratamento em laboratório com produtos não tóxicos, os poros dessas fibras ganham 20 vezes mais capacidade de absorção.

Então, basta “empacotar” em pequenos ou grandes formatos para deter o óleo, que pode, mais uma vez, ser reaproveitado.

“Quando o petróleo começou a chegar em Salvador, nós mesmos pegamos a fibra e fomos para as praias. E foi muito eficiente para barrar o óleo ainda na água. O problema é que temos essas bolsas pequenas. Barreiras desse material poderiam ter evitado que muitos mangues fossem atingidos”, diz a mestranda Célia Maia, que desenvolveu o método junto com a colega de mestrado Rebeca da Paixão.

“Confesso que nunca imaginei ver algo desse tamanho no Brasil, mas aconteceu e estamos percebendo um despreparo do governo para lidar com a situação”, avalia Ícaro Moreira.

“Essa contaminação invisível pode levar muitos anos para metabolizar sozinha, influenciando no uso das praias, na economia da pesca e na alimentação das pessoas, pois vai sempre existir a dúvida sobre a contaminação ou não dessas áreas. Não dá pra ficar de braços cruzados esperando o tempo passar”, completa.

Patentes prontas à espera de recursos

Para além dos métodos descritos na minuta elaborada pelo Igeo, as técnicas biológicas mais difundidas de remediação — sem uso de substâncias químicas — envolvem a aplicação de fungos e bactérias nas áreas a serem descontaminadas.

Esse é o foco da pesquisa de Cristina Quintella, titular da UFBA que neste momento está em Portugal como professora visitante, testando novos métodos no Centro de Investigação em Energia e Ambiente do Instituto Politécnico de Setúbal (IPS).

“As técnicas existem e não são poucas. Estão todas testadas e patenteadas, prontas para aplicação. A maior parte das patentes é registrada na China, mas são tecnologias já em domínio público”, diz Quintella, co-autora da mais atualizada revisão global de patentes de biorremediação para áreas atingidas por óleo, publicada em julho deste ano pelo Journal of Environmental Management.

Ela explica que, com os fungos e bactérias, o processo é semelhante ao das microalgas e plantas.

Primeiro, o pesquisador identifica os microorganismos na praia ou no manguezal impactado — nunca se deve usar microorganismos extraídos de outros ecossistemas, para não proliferar uma praga que vai gerar desequilíbrio.

Em seguida, o volume dessas bactérias e fungos é multiplicado em laboratório. Reinseridos na biota, eles vão se alimentar dos compostos de petróleo e limpar o ambiente.

“Sabe criança que não quer comer e você dá uma bala pra abrir o apetite? É a mesma coisa. A gente bota os fungos lá com uma comidinha. Depois que acabar, eles vão precisar de mais comida, então vão comer as moléculas do petróleo”, explica Quintella.

Quando o poluente se esgota, prossegue a professora, os fungos e bactérias ficam sem alimento e começam a morrer, restando somente o volume da população original daqueles microorganismos, o que refaz o equilíbrio do ecossistema.

Quintella evita fazer uma estimativa de custos da aplicação do método, pois depende de variáveis como tamanho da área atingida, volume do material de laboratório e tempo de monitoramento.

A professora afirma, entretanto, que a depender do contexto e da fonte de financiamento, recursos para deslocamento, hospedagem e alimentação dos cientistas que vão a campo ou até a mesmo a partilha na utilização de equipamentos podem ser suficientes para que seja aplicada a biorremediação em determinadas áreas.

“Bem ou mal, da água se tira o óleo. O problema é o que fica nos solos e nos mangues. É para isso que existem esses métodos, que são inclusive bastante simples e o governo pode pagar. Basta ter vontade”, conclui.

 

Com informações de BBC News.

 

18 de novembro de 2019 0 comentários
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Eventos

Está chegando o Metrologia 2019

por jornalismo-analytica 18 de novembro de 2019
escrito por jornalismo-analytica

Metrologia para a Indústria 4.0

 

Finais do século XIX. A partir da iniciativa dos setores dinâmicos da indústria e da academia alemãs, representados por Werner von Siemens e Hermann von Helmholtz, foi criado o Instituto Nacional de Metrologia da Alemanha, o PTB. Compreendia-se que era necessário, para garantir o desenvolvimento industrial do país, ter uma instituição de pesquisa capaz de unir ciência, tecnologia e os interesses industriais.

Era o nascer da segunda revolução industrial, quando novos produtos passam a exigir a definição de padrões e de procedimentos de medição, particularmente no campo da eletricidade. Essa segunda revolução ocorre nos marcos do estabelecimento de um sistema internacional de unidades em 1875 e na compreensão que os processos de comércio internacional dependeriam cada vez mais do acordo em torno das definições no campo da metrologia.

A terceira revolução representa um salto importante na integração cada vez maior entre ciência, tecnologia e inovação. A automatização de processos e a introdução da microeletrônica produz enormes saltos de produtividade. Além disso, a globalização da produção passa a exigir melhores medições e processos. Operam-se mudanças fundamentais nos modelos de negócios e nos mercados de trabalhos. Profissões extinguem-se; outras são criadas, exigindo um dinamismo muito maior dos processos de formação de pessoal.

Vivemos no umbral de nova revolução. A dinâmica de produção de dados e de comunicação máquina a máquina criam um novo cenário, onde os centros de decisão poderão estar em sistemas cyber-físicos, onde as unidades produtoras serão capazes de construir autonomamente novos processos e melhorias em produtos. O uso massivo de tecnologias de informação e comunicação é elemento chave dessa nova revolução. Qual a base metrológica necessária para monitorar fenômenos físicos remotos, desenvolver novos sensores, técnicas de aquisição, novos sistemas de aquisição de dados? Quais são as bases metrológicas para a nova revolução industrial?

O Metrologia 2019 se propõe a ser um ambiente científico e técnico que para criar redes de inovação e colaboração, baseadas em pesquisas e trabalhos nas fronteiras da metrologia e da qualidade. Será mais uma voz a se unir àquelas que defendem o papel central da ciência e tecnologia como pilares do desenvolvimento e bem-estar das pessoas.

O Metrologia 2019, como em anos anteriores, será composto por congressos simultâneos nas áreas de Mecânica, Elétrica, Radiações Ionizantes, Química e Óptica, além das demais disciplinas de Tecnologia Industrial Básica reunidas no Congresso Brasileiro de Metrologia.

Repetindo a iniciativa realizada nas últimas edições do evento, os melhores trabalhos, selecionados pelo Comitê Técnico Científico, serão publicados em uma edição especial do Journal of Physics Conference Series, editado pelo IOP Publishing.

Como em eventos anteriores, realizaremos a Expo Metrologia 2019, feira e exposição de equipamentos de medição.

Também teremos no Metrologia 2019, a oferta de cursos presenciais em diversas áreas de interesse da Metrologia e Avaliação da Conformidade, promovida pela Escola Nacional de Tecnologia Industrial Básica – ENTIB.

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO.

 

18 de novembro de 2019 0 comentários
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