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Agricultura sustentável

Notícias

Fertilizantes: mitos e verdades para uma agricultura sustentável

por jornalismo-analytica 17 de julho de 2025
escrito por jornalismo-analytica

Especialista esclarece que o uso de fertilizantes não prejudica a saúde humana e eles são fundamentais para a produção de alimentos

Os fertilizantes desempenham um papel essencial na produtividade agrícola, pois garantem que o solo receba o equilíbrio adequado de nutrientes para sustentar o desenvolvimento das culturas. No entanto, ainda há muitas informações equivocadas que geram dúvidas sobre seu uso. O fato é que sem os fertilizantes não haveria produção de alimentos suficiente para toda a humanidade. Luís Schiavo, CEO da Naval Fertilizantes, empresa especializada em produtos biológicos, nutrição e tecnologia de aplicação em lavouras, esclarece os principais mitos e verdades sobre esse adubo. São eles:

Fertilizantes e Agrotóxicos são a mesma coisa

Mito: Os fertilizantes, que podem ser orgânicos ou inorgânicos, são aplicados no solo para oferecer nutrientes às plantas, proporcionando o aumento da produtividade. “Já os agrotóxicos, conhecidos também como defensivos agrícolas, são produtos essencialmente químicos e visam a proteção de plantas contra o ataque e a infestação de doenças e pragas”, explica Schiavo.

Fertilizantes e adubos são sinônimos e servem para nutrir as plantas

Verdade: Ambos têm o objetivo de nutrir as plantas. Além disso, representam os compostos químicos que podem ser encontrados na forma orgânica ou inorgânica, dependendo da sua origem. “A única diferença é que os fertilizantes inorgânicos têm exatamente a composição desejada de nutrientes, enquanto os adubos não. Assim, para solos muito pobres em nutrientes, recomenda-se o uso do fertilizante inorgânico, que corrigirá exatamente as deficiências”, esclarece o executivo.

Fertilizantes orgânicos são sempre melhores que os inorgânicos

Mito: Não há o “melhor” fertilizante, e sim aquele que atende as necessidades da planta. Nas duas formas existem vantagens que, inclusive, podem ser utilizadas de forma integrada.”A fertilização orgânica é utilizada para aumentar a biodiversidade do solo e a retenção de água e de nutrientes. A inorgânica tem como vantagem as altas concentrações de nutrientes em suas formulações, facilitando o transporte e a aplicação no campo”, pontua Luís.

Fertilizantes em excesso fazem mal às lavouras

Verdade: Nutrientes em excesso fazem mal às lavouras e causam deficiência devido às interações antagônicas. “Neste caso, a absorção de determinada forma de um nutriente será responsável por dificultar a absorção de algum outro”, explica Schiavo.

Fertilizantes são prejudiciais ao meio ambiente

Mito: Fertilizantes somente serão os responsáveis diretos por problemas para o meio ambiente se forem utilizados de forma inadequada e sem o manejo correto. “Seguindo o conceito dos 4Cs (fonte certa, dose certa, hora certa e local certo), eles trarão o efeito desejado e não deixarão consequências negativas ao meio ambiente”, diz o especialista.

Fertilizantes são prejudiciais à saúde humana

Mito: Os fertilizantes contêm nutrientes de plantas que, em geral, são os mesmos dos animais, onde inclui-se os humanos. “Por exemplo: Para sintetizar proteínas, as plantas utilizam nitrogênio, que é a mesma classe de moléculas que constitui nossos músculos. O fósforo fornecido às plantas é o mesmo que compõe nossos ossos e dentes”, finaliza Schiavo.

Sobre a Naval Fertilizantes

Criada em 2014, em Campo Novo do Parecis (MT), a Naval Fertilizantes é uma empresa especializada em produtos biológicos, nutrição e tecnologia de aplicação para as lavouras de soja, milho, milho pipoca, arroz, feijão, algodão, girassol, cana de açúcar e pastagens. Em junho/2024, a marca entra para o franchising com o objetivo de expandir o negócio. Em cinco anos, a meta é chegar a mais de mil unidades, em todas as regiões agrícolas do país e faturar acima de R$ 2 bilhões.

Matéria – SEGS.com.br, por Denise Almeida

17 de julho de 2025 0 comentários
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Notícias

Biofertilizante à base de alga melhora produtividade e qualidade de plantios agrícolas

por jornalismo-analytica 25 de fevereiro de 2025
escrito por jornalismo-analytica

O uso de um biofertilizante à base de algas pode aumentar tanto a produtividade quanto a qualidade de plantios agrícolas, aponta pesquisa conduzida por cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), do Instituto de Pesca, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).

Os testes mais recentes foram feitos em plantações de menta (Mentha piperita), ou hortelã-pimenta, que receberam o extrato aquoso da macroalga Kappaphycus alvarezii. A pesquisa foi conduzida com apoio da FAPESP durante o pós-doutorado de Aline Nunes no Instituto de Biociências de Botucatu (IBB-Unesp).

“O biofertilizante derivado da Kappaphycus alvarezii apresenta um grande potencial para aplicação na agricultura, tanto em cultivos em estufas quanto nos sistemas hidropônicos. O aumento de produtividade e de incremento em parâmetros bioquímicos encontrados para o cultivo da hortelã-pimenta também já foram comprovados em estudo com o manjericão”, disse Nunes à Assessoria de Imprensa do Instituto de Pesca.

Os novos dados reforçam evidências previamente publicadas sobre os benefícios dessa macroalga à lavoura. “Esse fator é fundamental, porque a composição da alga cultivada no Brasil difere daquela encontrada em países onde o cultivo já é consolidado há muitos anos.”

Origem asiática

A Kappaphycus alvarezii é uma macroalga vermelha originária das Filipinas e amplamente cultivada no mundo. Foi introduzida no Brasil em 1995, por meio de uma parceria entre a Universidade de São Paulo (USP) e o Instituto de Pesca, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

De acordo com Valéria Gelli, pesquisadora do Instituto de Pesca e coordenadora do Programa Algicultura SP, o biofertilizante vem sendo pesquisado pelo grupo desde 2015. “Este novo estudo reafirma sua eficiência agronômica como uma solução sustentável, com grande potencial para reduzir a dependência de produtos químicos e aumentar a produtividade das lavouras brasileiras.”

Para a obtenção do biofertilizante usado na pesquisa de Nunes, foram utilizadas amostras em partes iguais de macroalgas frescas das linhagens verde e vermelha, que foram lavadas, pesadas, trituradas e, por fim, filtradas para a obtenção do extrato aquoso.

Entre os resultados, destacou-se o aumento na altura das plantas, no número de nós – que são essenciais para o crescimento e a ramificação – e no peso seco da parte aérea da hortelã, que corresponde à parte acima do solo. A aplicação do extrato também apresentou variações nos resultados, dependendo da concentração utilizada, com melhorias expressivas em todos os indicadores analisados. Os dados completos podem ser conferidos em Boletim Técnico publicado pelo Instituto de Pesca.

Na avaliação dos pesquisadores, o uso do biofertilizante natural pode ser uma alternativa sustentável e eficiente para o cultivo de hortelã-pimenta, promovendo um crescimento mais vigoroso sem a necessidade de produtos químicos sintéticos.

Matéria – Agência FAPESP

Imagem – A Kappaphycus alvarezii é uma macroalga vermelha originária das Filipinas e amplamente cultivada no mundo (foto: divulgação)

25 de fevereiro de 2025 0 comentários
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Sistema de sensoriamento remoto mapeia o uso de plástico na agricultura

por jornalismo-analytica 12 de fevereiro de 2025
escrito por jornalismo-analytica

Uma das técnicas mais eficientes na agricultura para proteger plantações, melhorar a produtividade e reduzir a aplicação de agroquímicos é o uso da plasticultura em diferentes produções agrícolas. Por isso, produtos plásticos têm sido empregados em larga escala no campo já há algumas décadas. Esse material, porém, ao mesmo tempo que impulsiona a produção agrícola, sem o manejo adequado representa um desafio ambiental de grandes proporções.

Esse cenário levou um grupo de pesquisadores do Centro de Engenharia da Plasticultura (CEP), apoiado pela FAPESP e pela Braskem, a desenvolver um sistema de sensoriamento remoto para detectar áreas agrícolas que adotam a plasticultura no manejo. A solução usa aprendizado de máquina em séries temporais de imagens de satélite para detectar áreas com plástico agrícola, com precisão próxima de 100%.

Um dos principais focos da pesquisa é a detecção de mulching, uma técnica que usa filme de polietileno com o objetivo de reduzir o crescimento de plantas daninhas, controlar a umidade e a temperatura do solo. Com ela, a plantação tem o que precisa na medida certa: luminosidade, água e nutrientes.

Por outro lado, o mulching, que deve ser trocado a cada nova safra, pode contribuir para a poluição plástica agrícola. O método usa menos plástico que as estufas, mas tem potencial de poluição ambiental maior. “A estufa, por sua vez, é mantida por quatro ou cinco anos. Além disso, o mulching fica em contato direto com a terra e, se manejado de forma incorreta, pode deixar pedaços”, explica Marlon Fernandes de Souza, pesquisador do CEP.

Segundo o engenheiro agrícola ambiental, em alguns locais, o material usado na agricultura está se tornando um grande problema, principalmente pelo descarte inadequado após o uso. “Nosso projeto busca determinar a quantidade de resíduo produzida e propor soluções para gerenciá-lo de maneira sustentável.”

Antes do estudo, não existia um levantamento preciso sobre as áreas que usam mulching no Brasil – nem mesmo a indústria tem esses dados. “O primeiro passo foi descobrir onde o plástico é utilizado e em que quantidade”, conta. “Até então, as informações eram fragmentadas. Com imagens de satélite, conseguimos delimitar essas áreas e obter dados com precisão próxima a 100%.”

Pesquisas com o uso de imagens de satélite para detectar plásticos são mais comuns em áreas marinhas. “Depois do aquecimento global, que ainda não resolvemos, muitos consideram que o maior problema ambiental da atualidade é a poluição plástica”, lembra Souza. O projeto, ao se dedicar a ambientes agrícolas, representa uma possibilidade de ajudar a mudar a forma como o segmento lida com esse tipo de material.

Na avaliação do pesquisador, o estudo conduzido pelo CEP e publicado na revista científica Environmental Science and Pollution Research representa um passo importante para a promoção da circularidade de plásticos na agricultura brasileira. “Como oferece uma metodologia confiável para o mapeamento de resíduos plásticos agrícolas, pode ajudar a minimizar os impactos da degradação no meio ambiente.”

Logística reversa

Um dos maiores desafios globais do manejo adequado do plástico usado na agricultura é a falta de infraestrutura para o recolhimento e a reciclagem do material, especialmente em regiões remotas. “Em algumas localidades, a instalação mais próxima está a mais de mil quilômetros de distância, o que torna a logística reversa inviável economicamente.”

O grupo do CEP não recolhe os descartes identificados, mas o levantamento feito pelos pesquisadores permite analisar a viabilidade de instalar sistemas de logística reversa. A partir dos resultados, é possível avaliar se a criação de usinas de reciclagem regionais é viável ou se é melhor estabelecer um sistema de transporte para levar os resíduos até centros de reciclagem mais distantes.

A ausência de um sistema estruturado de coleta e reciclagem de plástico agrícola tem levado muitos produtores a adotarem soluções improvisadas. “Infelizmente, ainda há muitos produtores que mantêm pilhas enormes de resíduos porque não sabem o que fazer com eles. Em alguns casos, o material permanece acumulado por anos, já que ninguém pode recolhê-lo.”

Isso é mais comum entre pequenos produtores, que não têm poder de negociação nem volume de descarte suficiente para atrair recicladores interessados em recolher o material. “A maioria dos grandes produtores consegue negociar a coleta com empresas recicladoras, mas os pequenos não têm essa vantagem. Eles, então, acumulam grandes volumes de plástico sem saber como destiná-los corretamente.”

A pesquisa pode contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas e sistemas de gestão de resíduos mais eficientes. Uma das opções é a criação de um modelo de logística reversa semelhante ao Sistema Campo Limpo, que recolhe embalagens vazias de defensivos agrícolas. Nesse sistema, os produtores devolvem as embalagens vazias quando vão comprar novos produtos.

Assim, o ideal seria criar um sistema semelhante para os filmes plásticos agrícolas. “A implementação desse tipo de solução requer a criação de políticas públicas e o envolvimento de toda a cadeia de valor. Nossa pesquisa tem o objetivo de fornecer as informações necessárias para que esse tipo de iniciativa seja viável”, explica.

Falta de legislação

A falta de legislação específica para o manejo do plástico é uma preocupação crescente na agricultura. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) discute códigos de conduta voluntários para a gestão do plástico no segmento. Mesmo assim, o futuro ainda é incerto. “Até dez anos atrás praticamente não havia pesquisas semelhantes. Hoje, há debates sobre melhores práticas e recomendações, mas ainda não há regulamentação clara para a prática.”

Souza destaca que o objetivo do projeto é buscar soluções para que o uso do plástico na agricultura traga benefícios sem causar danos ao meio ambiente. “O objetivo é encontrar maneiras de utilizar esse material de forma que não cause problemas ambientais. Essa discussão está acontecendo agora: neste ano, houve várias conferências das Nações Unidas para tratar especificamente desse tema.”

O artigo Remote sensing detection of plastic-mulched farmland using a temporal approach in machine learning: case study in tomato crops pode ser lido em: https://link.springer.com/article/10.1007/s11356-024-35026-7.

 

Matéria – Roseli Andrion | Agência FAPESP

Imagem – Resultados podem ajudar a minimizar os impactos da degradação no meio ambiente (foto: Marlon Ferreira de Souza)

12 de fevereiro de 2025 0 comentários
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Notícias

Estudo avalia como práticas sustentáveis de manejo agropecuário nas Américas auxiliam sequestro de CO2

por jornalismo-analytica 28 de janeiro de 2025
escrito por jornalismo-analytica

Estudo publicado na revista Frontiers in Sustainable Food Systems aponta o potencial que as Américas têm de compensar parte das emissões de gases de efeito estufa a partir da adoção de práticas de manejo sustentável na agropecuária que restauram a saúde do solo e sequestram carbono.

O solo é compreendido como um recurso base para a promoção de serviços que são essenciais para a manutenção da vida. Além da produção de alimentos, contribui para a purificação de água, promoção da biodiversidade, neutralização de poluentes, bem como a regulação do clima. Este último se dá principalmente pelo sequestro de carbono orgânico, processo pelo qual as plantas removem dióxido de carbono (CO2) da atmosfera e o fixam no solo via deposição de resíduos orgânicos.

Em sistemas naturais, a ausência de interferências antrópicas reduz o dinamismo do carbono orgânico no solo. Em sistemas agrícolas, por outro lado, a frequente adoção de práticas de manejo e alteração da dinâmica de adição de resíduos impactam diretamente no armazenamento de carbono. Nesse sentido, avaliar o impacto de diferentes práticas de manejo sobre o potencial de sequestro de carbono no solo é essencial, principalmente diante da necessidade da expansão de sistemas capazes de contribuir para a mitigação das mudanças climáticas.

A adoção de boas práticas de manejo, como o plantio direto, a recuperação de pastagens degradadas e os sistemas integrados de produção agropecuária, tem amplo reconhecimento na literatura como práticas que apresentam potencial para promover o sequestro de carbono no solo. Logo, a ampla adoção dessas estratégias pode representar uma grande oportunidade para que sistemas agrícolas contribuam para a mitigação das mudanças climáticas.

Nas Américas (do Norte, Central, Sul, região andina e Caribe), a área ocupada por sistemas agrícolas é estimada em aproximadamente 1,11 bilhão de hectares. Todavia, embora tal área represente um grande potencial para a expansão em larga escala de boas práticas de manejo, pouco se sabe a respeito do impacto da adoção dessas diferentes práticas de manejo sobre os níveis de carbono do solo nessas diferentes regiões.

Este foi o contexto que motivou os pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), do Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical (CCARBON), do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e da Ohio State University (Estados Unidos) a desenvolver o estudo Carbon farming in the living soils of Americas.

De acordo com Carlos Eduardo Cerri, professor do Departamento de Ciência do Solo da Esalq e coordenador do CCARBON – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP –, o objetivo do trabalho foi “entender a disponibilidade de informações relacionadas ao impacto da adoção de boas práticas de manejo na agricultura sobre a dinâmica de carbono do solo nas Américas, bem como estimar o potencial de sequestro de carbono perante a adoção de práticas potenciais em larga escala”. O trabalho foi baseado em uma extensa revisão da literatura disponível sobre o tema, em que mais de 13 mil trabalhos foram incluídos.

De acordo com Maurício Cherubin, também professor do Departamento de Ciência do Solo da Esalq e vice-coordenador do CCARBON, a adoção do sistema de plantio direto, a recuperação de pastagens e a expansão de sistemas integrados em 30% da área agrícola (aproximadamente 334 milhões de hectares) possibilitariam mitigar aproximadamente 40% das emissões de gases do efeito estufa originados do setor agropecuário no período.

Segundo os autores, esses resultados são muito promissores, e ainda podem ser maiores em função da adoção de práticas mais eficientes para a promoção de sequestro de carbono ou mediante o aumento da área com adoção de boas práticas.

Para Muhammad Ibrahim, diretor de Cooperação Técnica do IICA, este estudo pioneiro é muito relevante para dar subsídios aos diferentes países e regiões do continente na definição de programas e compromissos de enfrentamento das mudanças climáticas. Por outro lado, destaca a necessidade de novos esforços de geração de dados para reduzir as incertezas das estimativas do potencial de sequestro de carbono do solo para todas as regiões, mas principalmente na América Central, Caribe e região andina.

O trabalho ainda indicou a necessidade da padronização dos protocolos de amostragem, incluindo minimamente a camada de 0-30 centímetros (cm) do solo e preferencialmente camadas mais profundas (até 100 cm).

Segundo os pesquisadores, a padronização das informações coletadas é um passo importante para o refinamento das informações disponíveis, essencial para a redução das incertezas e cálculos como os apresentados no estudo publicado. Apesar das limitações encontradas, os autores destacam que os resultados obtidos representam um passo importante para direcionar a aplicação de recursos necessários para ampliar as iniciativas de monitoramento, bem como para priorizar as áreas onde a disponibilidade de informações ainda é baixa.

O artigo Carbon farming in the living soils of the Americas pode ser lido em: www.frontiersin.org/journals/sustainable-food-systems/articles/10.3389/fsufs.2024.1481005/full.

* Com informações do CCARBON.

Matéria – Agência FAPESP*
Imagem – Práticas de manejo sustentável ajudam a restaurar a saúde do solo e, assim, favorecem o sequestro de carbono (foto: CCARBON/divulgação)

28 de janeiro de 2025 0 comentários
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Notícias

Material libera fertilizante para plantas de forma controlada e se degrada após 90 dias

por jornalismo-analytica 20 de setembro de 2024
escrito por jornalismo-analytica

Pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) desenvolveram, em parceria com um produtor de antúrios de Holambra, no interior de São Paulo, um filme à base de algas e nanocelulose que substitui, com vantagens, o material importado usado pelo agricultor como recipiente para reproduzir a planta. Isso porque o filme criado pelos brasileiros é capaz de liberar fertilizante lentamente no substrato. Com adaptações, poderá ser utilizado na reprodução de diversas culturas, além do ornamental antúrio. 

“No caso do antúrio, nosso parceiro usa um recipiente fabricado por uma empresa estrangeira para reproduzir o tecido vegetal em laboratório. Essa empresa produz um papel e uma máquina. Outros empreendedores compram o papel e a máquina e fornecem esses vasinhos que, segundo ele, são muito caros”, explica à Agência FAPESP Claudinei Fonseca Souza, do Grupo de Pesquisa em Engenharia de Água, Solo e Meio Ambiente da UFSCar, no campus de Araras. 

Em busca de um diferencial em relação ao produto importado, a equipe da UFSCar teve a ideia de usar a carragena (substância extraída de algas vermelhas) e o alginato (obtido de algas marinhas marrons) como meio para armazenar um fertilizante, o MAP (fosfato monoamônico, composto químico de fórmula NH₄H₂PO₄), amplamente empregado em diversas culturas. 

“O desafio na utilização de polímeros como a carragena e o alginato está na obtenção de materiais com resistência, já que eles tendem a se dissolver rapidamente em contato com a água. Por isso, adicionamos nanofibras de celulose ao material, em diferentes concentrações, na expectativa de melhorar suas propriedades mecânicas, físicas, químicas e térmicas”, conta o pesquisador. 

Assim, a equipe obteve um filme com o qual moldou vasinhos (de 4 centímetros de altura por 3,5 cm de diâmetro) que podem substituir aqueles tradicionalmente usados na reprodução da planta. 

“Esse filme tem de manter a estrutura da planta, mas não pode oferecer resistência ao sistema radicular. Ou seja, tem de ser resistente, mas não muito. Por isso, fizemos o teste agregando de 1% até 5% de nanocelulose ao material. Obtivemos o melhor resultado com 4%. Nossa intenção agora é patentear o material e partir para testes com outras culturas”, adianta Souza. 

Ele ressalta que a raiz tem dupla importância para a planta: primeiro, de suporte, e segundo na absorção de água e nutrientes. “Ao conceber o material, não podemos esquecer de nenhuma delas. A partir desse filme com 4% de nanocelulose, passamos para o teste em campo, que ainda não foi publicado. Usamos uma técnica que consegue dar uma ideia do material liberado a partir da condutividade elétrica do solo. Fizemos também um teste de degradação. A cada 30 dias íamos até Holambra, coletávamos as plantas e fazíamos uma avaliação. E observamos que o material desaparece após 90 dias.” 

De acordo com Souza, a liberação dos nutrientes acontece por diferença de potencial entre o material enriquecido com fertilizante e o substrato da planta, que não contém a substância. 

“Estamos testando numa condição real, no campo, fazendo igualzinho o agricultor. Com amparo, portanto, da agronomia. Há técnicas pelas quais se consegue monitorar a liberação do material quase em tempo real.” 

O trabalho, publicado na revista Cellulose, teve apoio da FAPESP por meio de Auxílio à Pesquisa Regular concedido à professora Roselena Faez, segunda autora do artigo. 

Vantagens 

Em laboratório, os cientistas fizeram placas de 10×20 centímetros do material em uma impressora 3D de filamentos ABS (resina termoplástica derivada do petróleo, obtida a partir da combinação de três monômeros: acrilonitrila, butadieno e estireno). Depois, enrolaram o filme em um gabarito de aço redondo e colaram para formar os vasinhos. 

“Nessas placas, conseguimos fazer umas ranhuras que facilitam a saída das raízes. E a própria raiz, depois que vai crescendo, faz uma espécie de reforço do material”, diz Souza. 

Para ele, é perfeitamente possível produzir o filme em grande escala, pois o Brasil tem facilidade de acesso a algas e é o maior produtor de celulose do mundo. “Só que, para chegar em escala, precisamos desenvolver essa parte final, analisar os resultados do trabalho de campo e patentear o material. Estamos procurando matérias-primas que existam em abundância e tenham preço bom, porque não adianta nada desenvolver um filme excelente e muito caro, que não chega ao agricultor.” 

Souza ressalta que o filme à base de algas e nanocelulose tem diversas vantagens: promove a economia de fertilizante, pois há menos perda por lixiviação (a alga segura os compostos, que não são levados pela chuva ou irrigação) e pode evitar a utilização de plástico, pois o filme também se presta a substituir as esferas de microplástico usadas pela agricultura em larga escala para liberação de fertilizantes. “Utiliza-se a mesma técnica de inserção de fertilizante nas esferinhas de plástico, só que nosso material é biodegradável. Depois de 90 dias, ele praticamente desaparece.” 

O artigo Enhancing marine algae composites with cellulose nanofibrils for sustainable nutrient management pode ser acessado em: https://link.springer.com/article/10.1007/s10570-024-05947-0#Ack1. 

Matéria – Karina Ninni | Agência FAPESP 

Imagem – O filme biodegradável foi usado para moldar vasinhos com 4 cm de altura por 3,5 cm de diâmetro (foto: André Felipe Silverio Neubern) 

20 de setembro de 2024 0 comentários
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Uso de microgéis e nanogéis com ferro pode melhorar a germinação da planta do pepino

por jornalismo-analytica 19 de setembro de 2024
escrito por jornalismo-analytica

Experimento realizado por pesquisadores da Universidade de Franca (Unifran), no interior de São Paulo, mostrou que o uso de micro e nanogéis contendo ferro é uma alternativa para otimizar o processo de germinação de sementes de pepino. 

O trabalho contou com a colaboração de pesquisadores do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (LNLS-CNPEM) e do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (Cena-USP). 

Os micro e nanogéis são uma classe de polímeros, sistemas coloidais com estrutura interna semelhante a um gel (incha quando exposto a um solvente) e tamanho que varia de alguns micrômetros (microgéis) até nanômetros (nanogéis). Os sistemas poliméricos são utilizados de diversas formas na agricultura, pois promovem a liberação controlada de agroquímicos e são compostos indutores de absorção de água. 

O pepino (Cucumis sativus) foi utilizado no projeto por ocupar uma posição de destaque entre as hortaliças cultivadas e consumidas globalmente, sendo comumente usado como modelo para estudos agrícolas e classificado entre os quatro vegetais mais plantados no mundo, depois do tomate, do repolho e da cebola. 

No estudo, os autores fizeram duas comparações. Uma confrontou a utilização do tratamento com polímeros puros com o uso apenas de água. Na outra, foram analisadas as diferenças entre o tratamento com polímeros contendo ferro e o realizado com água com ferro. 

Os resultados, divulgados no Journal of Agricultural and Food Chemistry, apontam que o uso dos polímeros puros ou contendo ferro estimulou o processo de germinação e de crescimento da planta. “Além disso, o nanogel contendo ferro foi capaz de levar maior concentração da substância a certas regiões celulares [embrião e cotilédone] da semente, o que pôde ser avaliado por uma técnica chamada fluorescência de raios X. Isso estimulou melhora no tamanho da raiz e do caule”, conta Eduardo Molina, químico industrial, pesquisador da Unifran e coordenador do estudo, que contou com apoio da FAPESP. 

Teste de segurança 

A possível toxicidade dos polímeros empregados também foi avaliada por meio de ensaios com peixes-zebra, que foram expostos ao material durante 96 horas. O resultado foi negativo, ou seja, o material se mostrou seguro para aplicação sem risco de contaminação. 

De acordo com os autores, as conclusões obtidas evidenciam os benefícios proporcionados ao desenvolvimento da planta, não deixando dúvidas dos ganhos que o método pode oferecer à agricultura, sem o risco de impactar negativamente o meio ambiente. 

“Os resultados obtidos até o momento são promissores, mas foram testados somente em escala laboratorial com controle de temperatura, umidade e exposição à luz”, ressalta Molina. “Posteriormente, após validarmos os resultados para diferentes culturas, serão necessários parceiros para experimentos em escalas maiores”, acrescenta. 

O pesquisador explica ainda que, nas próximas etapas, a equipe pretende avaliar o efeito do tratamento na semente durante todo o estágio do crescimento da planta, não só na germinação. “Além disso, pretendemos utilizá-lo como sistema de liberação controlada para a nutrição das folhas”, conta. 

Esses próximos passos do projeto também devem trazer novidades muito úteis à agricultura, já que estudos de outros cientistas apontaram que esse tipo de tratamento tem potencial para promover uma restauração considerável do pigmento verde das plantas de pepino com deficiência de ferro, substância essencial para a nutrição e cuidado dos vegetais, sem induzir quaisquer efeitos adversos. 

Nos últimos anos, os micro e nanogéis têm tido uso significativo em contextos agrícolas, visando melhorar a saúde das plantas e a produção de alimentos, possibilitando o cultivo de mais e melhores vegetais, mais rapidamente, em menos espaço e com menor custo. “Assim, poderão ajudar a suprir a demanda cada vez maior de uma produção sustentável de alimentos para a população mundial, que aumenta continuamente.” 

O artigo Facilitating Seed Iron Uptake through Amine-Epoxide Microgels: A Novel Approach to Enhance Cucumber (Cucumis sativus) Germination pode ser lido em: https://pubs.acs.org/doi/10.1021/acs.jafc.4c01522. 

Matéria – Thais Szegö | Agência FAPESP 

Imagem – Pepinos germinados em meio a microgéis (foto: Eduardo Molina) 

19 de setembro de 2024 0 comentários
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Notícias

Sistemas agropecuários sustentáveis ajudam a reduzir as emissões de gases de efeito estufa

por jornalismo-analytica 26 de agosto de 2024
escrito por jornalismo-analytica

Estudo conduzido na Universidade de São Paulo (USP) buscou avaliar em que medida a adoção de práticas da chamada “agricultura climaticamente inteligente” (CSA, na sigla em inglês) é capaz de mitigar as emissões de gases de efeito estufa no Brasil. Esse conjunto de métodos busca transformar e reorientar a agricultura de modo a alcançar maior sustentabilidade e resiliência econômica, social e ambiental.

Para responder à questão, cientistas do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena-USP) e da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP) fizeram uma revisão sistemática de artigos já publicados com medições desses gases no campo. Os resultados foram divulgados no Journal of Cleaner Production.

A investigação foi conduzida no âmbito do Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical (CCARBON) e do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI). O CCARBON é um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na Esalq-USP. O RCGI é um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído na Escola Politécnica da USP por FAPESP e Shell, com apoio de diversas empresas.

De acordo com Wanderlei Bieluczyk, bolsista de pós-doutorado da FAPESP no Cena-USP e primeiro autor do artigo, constatou-se que “converter áreas de pastagens degradadas e de agricultura convencional para práticas de CSA, especialmente para sistemas integrados de produção, tem elevado potencial para mitigar a emissão de gases. Isso graças a uma redução das emissões de metano [CH4] entérico por produto [por quilograma de carne produzido, por exemplo] e ao funcionamento do solo como um dreno de CH4”.

Em entrevista à Divisão de Comunicação da Esalq-USP, Bieluczyk destacou ainda que há poucos dados sobre emissões de gases do efeito estufa medidas em campo no Brasil, “dificultando extrapolações para todos os biomas brasileiros”.

O artigo revelou que há poucos pesquisadores e instituições atuando nessa área em importantes regiões do país, como Norte e Nordeste, evidenciando a necessidade de apoio à infraestrutura e de recursos para aumentar o número de estudos nesses locais.

Também enfatizou a busca por aprimoramentos metodológicos e oportunidades de pesquisa, incluindo a urgência de priorizar medições frequentes de dióxido de carbono (CO2), metano e óxido nitroso (N2O) em múltiplos sistemas de CSA ao longo de vários anos.

“Isso permitirá cálculos confiáveis de balanço de carbono e removerá barreiras decorrentes da falta de resultados abrangentes para implementar programas de certificação, possibilitando incluir sistemas de CSA no mercado de carbono e em outros mecanismos de finanças verdes”, avaliou Maurício Roberto Cherubin, professor da Esalq e vice-diretor do CCARBON.

Os autores finalizam reforçando que os resultados são importantes para refinar o inventário nacional de gases do efeito estufa, servem de evidência científica sobre o potencial de soluções baseadas na natureza e para apoiar novas políticas, projetos e investimentos no Brasil.

O artigo Greenhouse gas fluxes in brazilian climate-smart agricultural and livestock systems: A systematic and critical overview pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S095965262402230.

 

Estudo buscou avaliar em que medida a adoção de práticas da agricultura climaticamente inteligente é capaz de mitigar as emissões no Brasil(imagem: CCARBON)

Matéria – Agência FAPESP

26 de agosto de 2024 0 comentários
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Pesquisa otimiza controle biológico de praga que afeta cultura de soja

por jornalismo-analytica 30 de abril de 2024
escrito por jornalismo-analytica

Artigo publicado na revista Insects determina com precisão a distância de dispersão de um tipo de vespa que neutraliza uma praga comum em áreas de produção de soja – o Euschistus heros, inseto conhecido como percevejo-marrom. Trata-se de um grave desafio à produção de soja na América do Sul e seu controle é difícil por causa de resistência a inseticidas químicos, afirmam os autores do artigo. Já a solução, a Telenomus podisi, é uma espécie de microvespa parasitoide, descrita pelo entomologista norte-americano William Harris Ashmead em 1893.

Com o estudo conduzido por cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Estadual de Oklahoma (Estados Unidos), é possível aprimorar a liberação da vespa para assegurar o controle biológico do percevejo, que também afeta áreas de cultivo de algodão e girassol, além de pastagens.

A investigação científica tem recebido diversos apoios da FAPESP (projetos 18/02317-5, 19/10736-0 e 18/19782-2).

As fêmeas de T. podisi localizam ovos de E. heros nas plantas e neles depositam seus próprios ovos, interrompendo o desenvolvimento do percevejo-marrom no início do ciclo de desenvolvimento.

“Os ovos da praga tornam-se de coloração escura e dão origem a novas vespas, em vez de novos percevejos. Na sequência, essas vespas vão parasitar mais ovos da praga”, detalha Regiane Cristina de Oliveira, professora do Departamento de Proteção Vegetal da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, campus de Botucatu. Para oferecer aos produtores a forma correta de utilização do defensivo agrícola natural, vários estudos foram realizados para entender como deve ser liberado – qual a quantidade de vespas e a melhor distância entre os pontos de liberação, entre outros aspectos.

O grupo de pesquisadores verificou em condições de campo que a capacidade de dispersão de T. podisi, influenciada pelo estágio de crescimento da soja, variou entre 31 e 39 metros. A taxa máxima de parasitismo de ovos de percevejos foi de cerca de 60%. Com base nesses resultados, os autores recomendam que os pontos de liberação das vespas sejam espaçados no máximo 30 metros entre si para fornecer controle eficaz da praga, uma das mais agressivas da cultura da soja. O E. heros causa prejuízos nas vagens (pode impor perda de até 30% do potencial produtivo). No outono, o inseto-praga inicia a procura por abrigos sob a palhada, onde permanece até o verão. Durante esse tempo, acumula lipídios e não se alimenta, permanecendo num estado de quiescência (estado fisiológico de baixa atividade metabólica).

Como a eficácia do parasitoide depende da capacidade de encontrar hospedeiros, o conhecimento da capacidade de dispersão possibilita o ajuste da logística e da técnica de liberação. “Isso otimiza o manejo de percevejos por programas de controle biológico aplicados em extensas áreas de monocultura”, diz Oliveira, que é engenheira agrônoma formada pela Universidade Federal do Espírito Santo, mestre em entomologia agrícola pela Unesp e doutora em entomologia pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), com pós-doutorado na Universidade Estadual do Mississippi (Estados Unidos).

Além de Oliveira, o artigo é assinado por William Wyatt Hoback e Rafael Hayashida, do Departamento de Entomologia e Patologia Vegetal da Universidade de Oklahoma, e Gabryele Ramos, Daniel Mariano Santos e Daniel de Lima Alvarez, da FCA-Unesp.

O artigo Optimizing the Release Pattern of Telenomus podisi for Effective Biological Control of Euschistus heros in Soybean pode ser lido em: www.mdpi.com/2075-4450/15/3/192.
Matéria – Ricardo Muniz | Agência FAPESP

Imagem – As fêmeas de T. podisi (foto) localizam ovos de E. heros nas plantas e neles depositam seus próprios ovos, interrompendo o desenvolvimento do percevejo-marrom (crédito: Centre for Biodiversity Genomics/CBG Photography Group)

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Notícias

Registro de produtos para controle biológico de pragas ultrapassa o de agroquímicos no Brasil

por jornalismo-analytica 22 de abril de 2024
escrito por jornalismo-analytica

O número de produtos biológicos para a proteção de culturas contra pragas agrícolas registrados no Brasil nos últimos anos superou o de agroquímicos. Cerca de 90% da área voltada ao cultivo de cana-de-açúcar no país hoje, por exemplo, já utiliza inimigos naturais, como microrganismos, macrorganismos, bioquímicos (compostos de origem natural que controlam pragas e doenças) e semioquímicos – como são chamadas as moléculas que induzem respostas comportamentais em organismos-alvo.

Os dados foram apresentados por José Maurício Simões Bento, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), em um painel de discussão sobre agricultura inteligente durante a FAPESP Week Illinois, na semana passada, em Chicago (Estados Unidos).

“Atualmente existem cerca de 629 produtos biológicos registrados no Brasil para controle de pragas, envolvendo microrganismos, macrorganismos, bioquímicos e semioquímicos. Esse número tem aumentado constantemente ano após ano”, disse Bento, que é um dos pesquisadores principais do Centro de Pesquisa Avançada de São Paulo para Controle Biológico (SPARCBio), constituído pela FAPESP em parceria com a empresa Koppert.

José Maurício Simões Bento, professor da Esalq-USP (foto: Elton Alisson/Agência FAPESP)

De acordo com o pesquisador, aproximadamente 20% dos produtores agrícolas globais adotam produtos biológicos. O Brasil lidera nesse quesito, com 55% das propriedades utilizando biocontrole em comparação com 6% nos Estados Unidos. Em bioestimulantes, o país responde por 50% contra 16% e, para biofertilizantes, a proporção é de 36% contra 12% nas duas nações, respectivamente.

“Hoje, o Brasil conta com cerca de 170 biofábricas, tratando uma área de aproximadamente 25 milhões de hectares, e um mercado que movimenta mais de US$ 1 bilhão anuais, com projeção de crescimento de 15% a 20% ao ano”, relatou Bento.

Em lavouras de cana-de-açúcar – cultura da qual o Brasil é o maior produtor mundial, com área plantada de 22 milhões de hectares e aumento de produção de quatro vezes nos últimos 40 anos –, o controle biológico tem sido combinado com tecnologias como sistemas de monitoramento, sensores, inteligência artificial e veículos autônomos para potencializar sua aplicação.

Ao longo das áreas plantadas têm sido instaladas armadilhas inteligentes, equipadas com câmeras que captam imagens dos insetos capturados, atraídos por feromônios.

As imagens são enviadas para uma central onde são processadas por um software que quantifica os insetos capturados. Por meio de ferramentas de inteligência artificial, as imagens são processadas juntamente com dados climáticos e previsões meteorológicas.

“Esse processamento por inteligência artificial permite estimar a população de insetos para os próximos dias e determina, com precisão, a data mais adequada para a liberação dos inimigos naturais em diferentes partes da fazenda, que é feita por meio de drones”, explicou Bento.

Impacto das mudanças climáticas

As ferramentas de inteligência artificial também têm permitido modelar os impactos das mudanças climáticas, como seca, temperatura elevada e aumento dos níveis de dióxido de carbono (CO2) na composição da semente da soja produzida no Brasil.

Por meio de análises feitas a partir delas, um grupo de pesquisadores do Instituto de Biociências da USP observou que, até determinado ponto, níveis elevados de CO2 exercem efeito protetor na soja, que passa a produzir mais sementes, por exemplo. Sob alta temperatura os resultados são ainda melhores. Ao misturar essas duas variáveis com a seca, contudo, o efeito disso sobre a planta pode ser desastroso, alterando a composição dos óleos do grão.

“Isso pode causar impactos econômicos desastrosos para o Brasil, que é o maior produtor mundial da oleaginosa, seguido pelos Estados Unidos”, avaliou Marcos Buckeridge, professor do IB-USP e coordenador do estudo.

De acordo com o pesquisador, as variedades de soja produzidas no Brasil e nos Estados Unidos são completamente diferentes geneticamente. “Por isso, é importante a colaboração em pesquisa para avançarmos no entendimento dos possíveis impactos das mudanças climáticas nessas plantas”, sublinhou.

Uso de robôs

Já nos Estados Unidos, pesquisadores da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign estão conduzindo um programa sobre o uso de inteligência artificial para o desenvolvimento de soluções agrícolas sustentáveis.

Uma das tecnologias que estão sendo criadas são pequenos robôs, com rodas e outros aparatos, voltados ao controle de ervas daninhas em lavouras de milho, por exemplo.

“Esses robôs conseguem passar sob a copa das plantas, detectar e remover ervas daninhas mecanicamente. A maneira de fazer isso hoje é muito primitiva. Os herbicidas convencionais só podem ser aplicados antes do fechamento da copa das plantas, na fase inicial da estação de crescimento”, explicou Madhu Khana, professora da instituição e coordenadora do projeto.

Outra aplicação dos robôs é no plantio de plantas de cobertura, que têm a finalidade de cobrir temporariamente o solo, durante a pós-colheita, protegendo-o contra processos erosivos e a perda de nutrientes.

“Esses robôs podem espalhar as sementes das plantas de cobertura. Dessa forma, enquanto o milho é colhido, a cultura de cobertura já está plantada. A utilização deles também contribui para diminuir a necessidade de mão de obra, aumentar a saúde do solo, reduzir a necessidade de fertilizantes e a quantidade de ervas daninhas”, avaliou Khana.

De acordo com a pesquisadora, as taxas de adoção de culturas de cobertura têm crescido ao longo do tempo, mas ainda são inferiores a 10% dos hectares no centro-oeste dos Estados Unidos.

Os pesquisadores têm conduzido estudos feitos por meio de ferramentas de aprendizado de máquina e de sensoriamento remoto para analisar ao longo do tempo mudanças na adoção de culturas de cobertura em três Estados norte-americanos: Illinois, Iowa e Indiana.

Os resultados dos estudos indicaram que as chances de adoção dessa prática aumentam quando já é utilizada por fazendas vizinhas, a qualidade de terra é ruim e o custo do cultivo de cobertura é menor, entre outros fatores.

Mais informações sobre a FAPESP Week Illinois podem ser acessadas em: fapesp.br/week/2024/illinois.
Matéria – Elton Alisson | Agência FAPESP

Imagem – Aproximadamente 20% dos produtores agrícolas globais adotam produtos biológicos (foto: Koppert/divulgação)

22 de abril de 2024 0 comentários
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