“Série Energia”: Setor de celulose e papel gera energia através do “licor negro”

A geração termelétrica de energia pode ser obtida a partir dos mais diversos combustíveis, incluindo os renováveis e os não renováveis, como tem abordado a Série Energia. Na busca pela transição energética para o baixo carbono, os combustíveis renováveis surgem como uma alternativa aos derivados do petróleo. A indústria de celulose e papel é intensiva no uso energético, isso faz com que o setor busque sempre aumentar a eficiência dos seus processos, o que traz maior equilíbrio ambiental e competitividade. É o setor que produz a biomassa de origem florestal que gera energia através de um subproduto do rejeito do eucalipto, conhecido como “licor negro”.

O setor de celulose e papel tem sua base nas florestas de eucalipto, sendo o pinus também utilizado em alguns processos. Em muitos casos, o aproveitamento da própria matéria-prima, ou seja, do que é dispensado ou rejeito do processo se torna uma alternativa para a autoprodução de energia. De uma forma geral, o setor aproveita parte da sua biomassa para gerar vapor e eletricidade. Alguns processos utilizam cavacos de madeira, que são os pequenos pedaços de madeira resultantes de uma trituração e, mais recentemente, restos de raízes, folhagens e cascas.

Mas também existe o aproveitamento energético através da recuperação química do “licor negro”, que é um subproduto do processo denominado Kraft. Nessa tecnologia, o ganho é multiplicado pois os químicos inorgânicos são restaurados e podem ser novamente incorporados ao processo, evitando o descarte, e ainda liberar calor para cogeração de vapor e eletricidade.

O processo Kraft é o mais utilizado na indústria de celulose e papel, inclusive no Brasil. No processo, a madeira é “cozida” em um digestor para separação da fibra e da lignina, utilizando-se o “licor branco”, que é uma solução de soda e sulfeto de sódio. Após o processo, tem-se como subproduto lignina agregada na forma do “licor negro” com parte dos reagentes, soda e sulfeto de sódio, que podem ser recuperados aumentando a eficiência do processo, diminuindo o impacto ambiental e ainda liberando energia.

O licor negro possui alto teor energético, sendo classificado como uma biomassa de origem florestal. Ao ser queimado libera calor que pode produzir vapor para o processo ou ainda gerar eletricidade. O excesso de eletricidade é injetado nas linhas de transmissão do (SIN).

Segundo dados do Sistema de Informações de Geração (Siga) da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), atualização de 1º de setembro, o Brasil conta com 21 empreendimentos de celulose e papel em operação somando 3.285.441 kW e um empreendimento outorgado em construção, na cidade de Ribas do Rio Pardo (MS) com capacidade de 384.000 kW.

Série Energia tem apresentação do professor Fernando de Lima Caneppele (FZEA), que produziu este episódio com Murilo Miceno Frigo, discente de doutorado e professor do Instituto Federal do Mato Grosso do Sul. A coprodução é de Ferraz Junior e edição da Rádio USP Ribeirão. Você pode sintonizar a Rádio USP Ribeirão Preto em FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular para Android e iOS.

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