Sem chuva e com incêndios, Brasil tem cidade mais poluída do que Delhi e passa o Deserto do Saara
As queimadas e a baixa umidade do ar, agravadas pela falta de chuvas, colocaram a cidade de São Paulo em uma posição ameaçadora para a saúde da população.
Segundo o site suíço IQAir, que analisa a situação de diversos países em tempo real, a qualidade do ar em áreas da cidade da cidade de São Paulo e da região metropolitana começou a manhã desta segunda-feira, 9, entre ruim e muito ruim. Por volta das 10h, a capital ocupou a posição de metrópole com a pior qualidade de ar no mundo. Às 14h14, estava em segundo lugar, atrás de Laore, no Paquistão, que tem uma população estimada de 13 milhões de habitantes. Outra capital em condições alarmantes na América do Sul é Santiago, que ocupava a nona posição, e Lima, em 11º lugar.
O IQAir classifica a qualidade do ar como boa, moderada, insalubre para grupos sensíveis, insalubre, muito insalubre e perigosa.
Risco: na segunda-feira, 9 de setembro, às 14h12, São Paulo ocupava o segundo lugar como cidade com pior qualidade de ar do mundo, segundo a AQAir (Reprodução/AQAir)
Já a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), segundo relatório publicado às 13h, mostra que dos 22 pontos mensurados na Grande São Paulo, nove foram classificados com a qualidade do ar como “muito ruim” e 11 como ruim. Apenas duas delas conseguiram alcançar o índice de qualidade “moderado — Santo André/Capuava e Diadema. Em um raio de alcance maior, a medição estadual aponta Jundiaí, Campinas/Vila União, Paulínia/Santa Terezinha e Ribeirão Preto ficaram na categoria “muito ruim”. O órgão faz a classificação como boa, moderada, ruim, muito ruim e péssima.
Perigo: qualidade do ar na região metropolitana de São Paulo, no dia 9 de setembro de 2024, às 13h, segundo a Cetesb (Reprodução/Cetesb)
Doenças pulmonares
De acordo com a Cetesb, quando o ar está muito ruim pode causar o aumento dos sintomas em crianças e pessoas com doenças pulmonares e cardiovasculares e o aumento de sintomas respiratórios na população em geral. Se o ar é classificado como péssimo, as principais vítimas são aquelas com doenças cardíacas ou pulmonares. Nessa situação, para se protegerem, idosos e crianças devem evitar esforço físico pesado ao ar livre; o restante da população deve reduzir o esforço físico pesado ao ar livre.
Ainda segundo a Cetesb, se o ar está classificado como ruim, pessoas com doenças respiratórias ou cardíacas, idosos e crianças têm os sintomas agravados. Já a população em geral pode apresentar sintomas como ardor nos olhos, nariz e garganta, tosse seca e cansaço. A recomendação, orienta o órgão, é reduzir o esforço físico pesado ao ar livre, principalmente pessoas com doenças cardíacas ou pulmonares, idosos e crianças.
Pior do que o Saara
As atuais condições climáticas colocaram várias regiões do país em uma categoria de umidade relativa do ar abaixo do que se registra no Deserto do Saara, uma das áreas mais secas do Planeta, que varia de 14% a 20%.
Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) do domingo, 8, mostra que as estações meteorológicas em Coxim e em Sonora, ambas as cidades em Mato Grosso do Sul, registraram a menor umidade relativa do ar do país, de 7%. Cuiabá é a capital com menor índice, com 8%. No estado de São Paulo, Barretos alcanço o menor índice, com 9%.
A baixa umidade relativa do ar é influenciada pelo calor intenso, a seca história e por conta dos bloqueios atmosféricos — configuração dos ventos que impede o avanço de frentes frias e, por consequência, das chuvas. A umidade cai cada vez mais à medida que há menos nuvens e chuvas.
Abaixo, os dados mais recentes do Inmet mostram as cidades com os piores percentuais de umidade relativa do ar:
Alerta: dados do Inmet, de 8/09, mostram as 20 cidades com menor umidade relativa do ar no Brasil (Reprodução/Inmet)
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a faixa de umidade ideal para o organismo humano varia entre 40% e 70%. Se a taxa cai para 30%, chega-se a uma situação de alerta, com prejuízos para a saúde.
Matéria – Exame, Por Paula Pacheco
Imagem – Saúde: problemas pulmonares se acentuam nas atuais condições de ar registradas no Brasil (Paulo Pinto/Agência Brasil)