Saúde do planeta pode atingir ponto irreversível em poucos anos, alerta estudo global

saúde do planeta pode atingir um ponto irreversível ou em poucos anos, caso ações urgentes não sejam tomadas para mitigar a crise climática. É isto que revela um estudo publicado na revista BioScience nesta terça-feira (8), ao alertar que dos 35 parâmetros utilizados para monitorar as mudanças no clima, 25 atingiram recordes extremos em 2023 (70%). Entre os indicadores, estão a temperatura média da superfície da Terra, a cobertura de gelo e a acidez do oceano.

Alguns deles são considerados pontos de inflexão (ou “pontos de não retorno”) e representam limiares críticos que caso forem ultrapassados, podem desencadear mudanças irreversíveis no sistema climático e levar a consequências drásticas. 

A análise, elaborada por uma coalizão internacional e liderada por cientistas da Universidade de Oregon (EUA), conta com a participação de pesquisadores de doze instituições globais, incluindo a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 

Além de investigar o comportamento dos 35 sinais vitais da Terra, a equipe também sintetizou as principais tragédias ambientais que aconteceram nos últimos doze meses e que podem ter relação com o agravamento das mudanças climáticas – como é o caso das inundações no Rio Grande do Sul. 

Segundo o estudo, os três dias mais quentes da história ocorreram em julho de 2024 e as políticas climáticas vigentes permitirão um aquecimento de 2,7°C até 2100, e cada 0,1°C adicional deve colocar cerca de 100 milhões de pessoas sob temperaturas extremas inéditas. Além disso, o número de mortes humanas relacionadas ao calor aumentou 117% nos Estados Unidos entre 1999 e 2023 e as altas nos termômetros também contribuíram para a mortalidade em massa de animais marinhos entre 2022 e 2023.

Em 2022, a queima de combustíveis fósseis representaram cerca de 90% das emissões de gases de efeito estufa, enquanto as mudanças no uso da terra foram responsáveis por aproximadamente 10%. No Brasil, o cenário é diferente: maior parte das emissões é oriunda do desmatamento e da agropecuária, então o foco é em investir em práticas de pecuária regenerativas e restaurar as áreas, destacou Cássio Cardoso Pereira, pesquisador da UFMG e um dos autores do estudo.

O tema também deve pautar a COP29 em Baku, no Azerbaijão. Segundo Pereira, a atual situação é crítica e sem uma mudança no cenário, não será possível manter o limite de aumento da temperatura global em 1,5ºC até 2050 como previsto no Acordo de Paris.

“Já estamos nos aproximando dessa temperatura e podemos passar de 2°C em poucos anos, o que seria catastrófico, gerando pontos de não retorno para a Amazônia, por exemplo, o que só pioraria a situação ao longo prazo por conta do aumento das emissões”, disse em nota.

No entanto, o cientista reitera que não devemos ser pessimistas e ainda há tempo de agirmos. “Se reduzirmos as emissões e investirmos em estratégias de remoção do CO2, como a restauração dos ecossistemas, podemos sim alcançar um cenário de emissões líquidas zero até 2050” defendeu. Para continuar avançando, Perreira pretende seguir estudando o papel da conservação e da restauração da biodiversidade na mitigação da emergência climática. 

 

Matéria – Exame, Sofia Schuck

Related posts

Novas rotas, novas possibilidades: estratégia modular amplia o acesso a tiofenos arilados e expande o espaço químico para fármacos, materiais e sensores

A Virada Estratégica do Controle de Qualidade Orientado a Risco

ANVISA proíbe TPO e DMPT: nova medida reforça segurança toxicológica em cosméticos para unhas em gel