“O quadro está ficando mais complicado a cada dia. A produção agrícola e industrial, que já sofre com atrasos, será ainda mais afetada se a situação atual não for revertida”, alertou o presidente da Federação Argentina de Entidades Empresariais de Transporte de Carga (Fadeeac), Roberto Guarnieri (foto). Segundo a federação, 19 províncias argentinas estão com problemas de abastecimento.
O último relatório da Fadeeac indica que 29,6% dos transportadores tiveram que esperar mais de 12 horas para carregar combustível; 28,9% entre 3 e 6 horas; 24,4% entre 6 e 12 horas; e 17% entre 2 e 3 horas. Na maioria das províncias da Argentina, existe racionamento de diesel e os caminhoneiros só podem comprar até 20 litros por unidade. Em média, um caminhão precisa de 35 a 40 litros para percorrer 100 km, de acordo com a Fadeeac.
No Brasil, a possibilidade de falta do diesel a partir do segundo semestre virou uma preocupação em maio, quando a Petrobrás enviou uma carta ao governo federal, alertando para uma possível dificuldade de abastecimento de diesel no país. Procurada pelo Petronotícias, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) disse que o fornecimento de diesel está normal e que o órgão acompanha a situação continuamente.
Outra preocupação diz respeito ao preço do petróleo e seus efeitos nos valores dos combustíveis no Brasil. Um novo relatório da hEDGEpoint Global Markets indica que os preços do petróleo tendem a continuar elevados por conta da crise de oferta causada pela invasão da Ucrânia. O mercado russo, que já estava apertado, sofre um déficit que pode aumentar caso o país fique sem capacidade de estocagem. Para agravar o cenário, países membros da OPEP+ também estão com a produção limitada.
A Arábia Saudita sinalizou que deve compensar totalmente a perda de produção russa. “Mas acreditamos que isso será muito difícil. Os produtores do Oriente Médio prometeram aumentar sua capacidade de produção, mas isso não acontecerá imediatamente”, observou Paiva. A companhia Saudi Aramco, por exemplo, comprometeu-se a atingir a capacidade de 13 milhões de bpd até 2027, frente aos 11,5 milhões de bpd produzidos atualmente.