A PetroReconcavo já alcançou um papel de destaque ao adquirir alguns ativos dentro do programa de desinvestimentos da Petrobrás. Como está o apetite e a expectativa da empresa com os processos que ainda estão em curso?
Em um segundo momento, a Petrobrás passou a oferecer lotes maiores, com a venda de toda a sua infraestrutura em diferentes bacias terrestres. Isso está acontecendo no Espírito Santo, no Rio Grande do Norte, na Bahia e em Sergipe-Alagoas. A PetroReconcavo participou de todos esses processos, exceto o do Espírito Santo, já que esses ativos são, sobretudo, de óleo pesado e essa característica não é convidativa sob a nossa perspectiva para um desenvolvimento de aumento de fator de recuperação.
O último processo que participamos foi o da Bahia. Apresentamos a nossa proposta no dia 25 de agosto. Estamos aguardando a Petrobrás pronunciar-se formalmente sobre esses diversos processos. Obviamente, temos um grande interesse na maioria deles, sobretudo na Bahia e em Sergipe. No Rio Grande do Norte, a PetroReconcavo optou por não prosseguir e no Espírito Santo, como mencionei antes, decidimos desde o início que não participaríamos.
O Petronotícias publicou recentemente sobre o aumento de produção no Polo Riacho da Forquilha nos últimos meses, após a PetroReconcavo assumir o ativo. Pode compartilhar conosco algumas das medidas adotadas pela empresa que resultaram nessa expansão?
Dentro desse foco, temos uma característica muito peculiar no mercado. Somos uma companhia com uma estrutura de operação muito verticalizada. Isso significa que contamos com pessoal próprio e também com equipamentos próprios, incluindo uma frota de quase 9 equipamentos de grande porte, sendo uma unidade de perfuração e uma unidade de fraturamento. Além disso, contamos com sete unidades de workover – sendo duas alugadas e operadas quase que integralmente por pessoal próprio. Essa estrutura nos permite mobilizar recursos logo após o closing. Foi o que fizemos em Riacho da Forquilha e estamos preparadíssimos para fazer o mesmo em Remanso e Miranga. Estamos na expectativa da nossa entrada em Miranga, que é um campo de gás associado. Normalmente, o ganho inicial em ativos de gás é mais rápido e menos intensivo em capital. Isso traz uma perspectiva de crescimento muito rápido em Miranga.
Antes de falar sobre Miranga, gostaria de ouvir os planos para o Polo Remanso.
A PetroReconcavo já opera os ativos do Polo Remanso há 21 anos, através de um contrato de produção incremental com a Petrobrás. A oportunidade de crescimento em Remanso é mais no médio prazo, à medida que passemos a obter a extensão das concessões. A partir disso, passaremos a ter uma perspectiva que vai além de agosto de 2025. Hoje, no Polo Remanso, todas as concessões venceriam em agosto de 2025, porque são todas da Rodada Zero. O investimento em Remanso voltará a ser mais alto quando obtivermos as extensões dessas concessões.
Agora, abordando o tema do Polo Miranga, o que pode revelar aos nossos leitores sobre os planos para esse ativo?
Depois disso, faremos o que chamamos de mudança de método. A Petrobrás, em virtude de seu porte e complexidade, tem métricas de performance muito diferentes de uma empresa menor e mais ágil como a PetroReconcavo. Existe, por exemplo, um método de elevação em poços de gás denominado gas lift, no qual você usa o gás para produzir petróleo. Muitos poços em Miranga utilizam esse método. Assim que começarmos a mobilizar um volume maior de sondas, poderemos fazer gradualmente uma mudança de todos os métodos de elevação de gas lift para o bombeio mecânico. O método de bombeio mecânico desafoga poços onde há condensado ou óleo, desobstruindo o gás.
Por fim, após um intervalo inicial no qual a empresa terá acesso a todo o polo, será possível fazer a abertura de novas zonas, além de outras mudanças de método, fraturamentos hidráulicos convencionais e planejamento de perfuração de novos poços para aumentar a malha e o fator de recuperação desses campos. Então, esse será um projeto feito em etapas. Temos uma sequência muito claramente definida em Miranga.
Noticiamos recentemente que a ANP autorizou a transferência de Miranga para a PetroReconcavo. Quando a empresa assumirá a operação do ativo, de fato?
A empresa já tem sentido alguns efeitos da Nova Lei do Gás e do Novo Mercado de Gás?
Certamente. Recentemente, vimos uma aceleração muito bem vinda da efetivação do chamado Novo Mercado de Gás e a PetroReconcavo foi pioneira mais uma vez. A partir de janeiro, vamos implementar o primeiro contrato no qual um operador independente fornecerá a integridade do gás de um estado da federação, no caso, o Rio Grande do Norte. A PetroReconcavo assinou um contrato para fornecer 236 mil m³ por dia de gás natural para a Companhia Potiguar de Gás (Potigás), a partir de 1º de janeiro [leia mais sobre esse contrato nessa reportagem]. Isso é um marco muito relevante.
Além disso, estamos participando de várias outras chamadas públicas de companhias de gás, particularmente no Nordeste. Somos sempre muito competitivos, até porque o gás produzido no onshore brasileiro é a molécula de menor custo de produção disponível no mercado. Conseguimos ser extremamente competitivos e, ao mesmo tempo, gerar uma margem muito boa para a companhia. Essa margem nos possibilita desenvolver ainda mais projetos de gás e gera um ciclo virtuoso. Esperamos aumentar ainda mais nossa produção e fornecer gás para outras companhias distribuidoras.
A PetroReconcavo não quer parar por aí. Nossa empresa quer também ser pioneira na entrega de gás a consumidores industriais de médio porte. Estamos trabalhando muito para que isso venha acontecer o mais rápido possível.
Importante mencionar ainda que devemos ser uma das primeiras empresas, em conjunto com outros operadores do Rio Grande do Norte, a ter a prestação de serviço da UPGN Guamaré. Como você sabe, a Petrobrás fez um acordo com o CADE [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] no qual é obrigada a dar acesso às infraestruturas essenciais. A Petrobrás negociou com os operadores o acesso e a prestação de serviço de tratamento de gás em Guamaré. Devemos ser a primeira empresa a passar com gás dentro do regime de serviço naquela unidade.
A PetroReconcavo olha para eventuais novas oportunidades de expansão de portfólio na Oferta Permanente da ANP?
No segundo ciclo da Oferta Permanente, tivemos a felicidade de arrematar um bloco exploratório, adjacente aos nossos campos de Sabiá e Sabiá Bico de Osso. Entendemos que há ali uma possibilidade forte de extensão. Temos o compromisso de perfurar pelo menos um poço. Não entendemos que esse será um poço exploratório em si, mas sim um poço de desenvolvimento, visando confirmar uma interpretação sísmica de que os reservatórios dos campos vizinhos se estenderiam por aquela área.
Por fim, quais são as expectativas da empresa com o futuro?
Já reportamos dois trimestres no pós IPO. Nosso entendimento é que foram trimestres muito fortes, revelando uma forte geração de caixa, com uma margem de EBITDA muito robusta. E também verificamos um crescimento de produção em todos esses trimestres. Sendo assim, a PetroReconcavo espera continuar mostrando um EBITDA robusto, geração de caixa e crescimento.
No médio e longo prazos, a expectativa é mostrar um crescimento constante. Nossa curva de reservas certificadas indica a possibilidade de que possamos mais do que dobrar a produção atual até 2025. Na verdade, a expectativa é que possamos chegar a 2025 em uma posição superior a 30 mil barris de óleo equivalente por dia.
Fonte: Petronotícia