O Cientista Nexialista

- “Nexialismo: A Arte do Cientista que Conecta Saberes”
Talvez ainda não tenha notado, mas existem incríveis e misteriosas simetrias que conectam o macro e o micro. Fascinantes semelhanças que divergem apenas em sua escala. Padrões que conectam, por exemplo, estruturas do universo com sistemas biológicos e físicos menores. A estrutura da retina humana, com sua rede de vasos sanguíneos irradiando do nervo óptico, lembra imagens de nebulosas captadas por telescópios. O cérebro humano, com bilhões de neurônios interligados, reflete o padrão da teia cósmica, onde galáxias e matéria escura se conectam. A helicoidal do DNA se assemelha ao formato das galáxias espirais, como a Via Láctea. Já os alvéolos pulmonares compartilham uma estrutura ramificada semelhante ao sistema de veias das folhas. Ambos estruturados para trocas gasosas.
Assim, se a natureza nos ensina que tudo está interligado, por que a ciência deveria ser fragmentada? Em um mundo onde a especialização técnica se aprofundou a níveis impressionantes, corremos o risco de perder a capacidade de conectar saberes e enxergar o todo. E é exatamente aqui que surge o nexialismo: uma competência essencial para quem deseja transitar entre disciplinas, integrar conhecimentos e inovar de maneira holística. O conceito, originalmente criado na literatura de ficção científica, tornou-se uma habilidade indispensável no mundo real, especialmente em indústrias altamente reguladas, como a farmacêutica. O nexialista não apenas domina sua especialidade, mas entende como ela se relaciona com outras áreas, criando pontes entre setores e solucionando problemas que exigem uma visão ampla e interconectada. O termo nexialismo surgiu no livro de ficção científica “The Voyage of the Space Beagle” (1950), de A. E. van Vogt. A história narra a viagem da nave Space Beagle, tripulada por especialistas de diversas áreas, como biologia, física e astronomia. Sempre que surgia um desafio, nenhum deles conseguia resolvê-lo sozinho, pois os problemas eram complexos e multidisciplinares. No entanto, o protagonista Elliot Grosvenor, um nexialista, conseguia conectar conhecimentos de diferentes campos para encontrar soluções inovadoras. Diferente dos especialistas tradicionais, ele dominava um pouco de cada área e, mais importante, sabia relacioná-las de forma estratégica, mostrando que a integração do saber pode ser mais valiosa do que a especialização isolada.
Assim como os padrões da natureza nos mostram que diferentes escalas seguem princípios semelhantes, o cientista nexialista vê conexões onde outros enxergam fronteiras. E essa habilidade pode ser o diferencial para quem busca se destacar em um mundo cada vez mais interligado e complexo. Simon Sinek, renomado palestrante e autor de “Líderes se servem por último” (2019), possui uma visão nexialista da liderança, conectando aprendizados de diferentes áreas para transformar o ambiente corporativo. Em suas pesquisas, ele destaca paralelos entre os Navy SEALs (força de operações especiais da marinha dos EUA) e líderes empresariais, mostrando que a chave para a excelência não está apenas na competência técnica, mas na construção de confiança, empatia e propósito compartilhado. Chris Voss, ex- negociador de reféns do FBI e autor de “Negocie como se sua vida dependesse disso” (2019),
trouxe para o mundo corporativo técnicas de comunicação e persuasão desenvolvidas em situações extremas. Sua abordagem mostra que, seja negociando com terroristas ou conduzindo uma reunião de negócios, o fator decisivo não é a força da argumentação, mas a habilidade de criar empatia, ler emoções e influenciar comportamentos. Jordan Peterson, psicólogo clínico, professor e autor de “12 Regras para a Vida” (2018), é conhecido por suas reflexões sobre comportamento humano, hierarquias sociais e a importância do conhecimento interdisciplinar. Sua abordagem une psicologia, filosofia, biologia e cultura, explorando como diferentes áreas do saber se conectam para moldar nossas percepções e decisões. Peterson frequentemente enfatiza que indivíduos que transitam entre diferentes campos do conhecimento possuem uma vantagem significativa, pois conseguem identificar padrões, resolver problemas de forma inovadora e se adaptar a contextos complexos. Nesse sentido, sua visão reforça a importância do nexialismo ao reconhecer que a integração de múltiplos saberes não apenas expande o pensamento, mas fortalece a capacidade de liderança e tomada de decisão, como ele afirma em uma de suas palestras:
“Aqui há algo legal que notei sobre as pessoas. Então você tem conhecimento especializado? Há alguns como você. Mas se você tem conhecimento especializado em duas áreas distintas, não há quase ninguém como você. E se tiver três, é como se você fosse: Você é a pessoa! Você é a única pessoa jogando esse jogo… Fique muito bom em algo. Isso te torna excepcional. E você terá algum sucesso só por causa disso. Mas então, se você adicionar outra distinta habilidade a isso e juntar elas, tipo… você é muito raro. Três habilidades? Ninguém é como você.”
Assim como Sinek, Voss e Peterson mostram que o pensamento interdisciplinar transforma a liderança, a comunicação e a tomada de decisões, o nexialismo também se revela um diferencial estratégico para cientistas, pesquisadores e profissionais da indústria. Em um mundo cada vez mais interligado, onde inovação e eficiência dependem da capacidade de conectar conhecimentos distintos, desenvolver essa habilidade se torna essencial. Nas próximas edições da Coluna: O Cientista Nexialista, exploraremos como essa competência se aplica a diferentes áreas, desde o avanço das ciências laboratoriais até a otimização de processos industriais, destacando profissionais e métodos que impulsionam essa revolução do saber integrado. Afinal, enxergar conexões onde outros veem barreiras é o primeiro passo para transformar desafios em descobertas.
Short Bio
Nexialista, inventor e investigador de falhas em equipamentos de instrumentação analítica. Green Belt, formado em Engenharia Elétrica e cursando MBA em Gestão da Manutenção no IPOG.