Grupo da Etec de Americana cria bioconcreto capaz de se autorregenerar
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Projeto desenvolvido como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) por alunas da Escola Técnica Estadual é uma inovação sustentável, que pode reduzir custos de manutenção
A fim de combater rachaduras, consideradas um dos principais desafios das edificações, e oferecer ao mercado uma solução inovadora, sustentável e econômica, alunas da Escola Técnica Estadual (Etec) Polivalente de Americana criaram um bioconcreto autorregenerativo usando a bactéria Bacillus subtilis. O projeto, desenvolvido como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do Ensino Médio Integrado ao Técnico em Edificações, ultrapassou as barreiras da escola e chegou à final da 21ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), que acontece entre os dias 20 e 24.
A construção civil é um setor importante da nossa economia, em constante desenvolvimento. Para atendê-lo, as alunas Lívia Colossal Rodrigues Sciascio, Letícia Percio Miguel e Maria Clara Leme Trindade, fizeram inúmeras pesquisas, analisaram vertentes e encontram em um estudo sobre bioconcreto, do cientista Henk Jonkers, a junção de todos os fatores que elas gostariam de abordar no TCC. “Chegamos ao terceiro ano certas de que queríamos trabalhar em um projeto que não agredisse o meio ambiente e que tivesse potencial para revolucionar a área da construção civil”, explica Lívia.
Fórmula viva
A solução encontrada pelas estudantes consiste na criação de um concreto que leva em sua composição bactérias encapsuladas com seu alimento, o lactato de cálcio. As Bacillus subtilis sobrevivem adormecidas nas edificações por até 200 anos. Quando trincos ou rachaduras aparecem, esses microrganismos ficam expostos à umidade e oxigenação, o que faz com que essas bactérias “despertem”. É nesse momento que elas encontram o alimento e, durante o processo de digestão, produzem carbonato de cálcio, substância que “cicatriza” a fissura.
A escolha do tipo de microrganismo usado no estudo é o grande diferencial. Lívia conta que as primeiras pesquisas sobre o bioconcreto usaram bactérias vulcânicas, que seriam inviáveis para o projeto e para o mercado nacional, em razão do alto custo e processo de importação. “Estudamos quais outros tipos de bactérias produziam o carbonato de cálcio e, a partir de então, fomos em busca da que contasse com maior disponibilidade e facilidade de compra no Brasil.”
O concreto é um dos principais materiais usados nas construções. Diferentemente do composto tradicional, o material apresentado pelas alunas tem maior vida útil e uma considerável redução de custos com manutenções devido ao processo de autorrecuperação. Apesar disso, não é um produto barato. As alunas estimam que o custo seja 60% maior em relação ao concreto convencional. “Apesar da diferença, precisamos levar em conta os benefícios a longo prazo e o fato de que podemos reduzir bastante o valor com uma produção em grande escala.”
Futuro próspero
Os estudos das estudantes foram bastante promissores. Os protótipos apresentaram o resultado esperado e foi possível observar o processo de regeneração a olho nu. “Agora a expectativa é seguir com os estudos para poder oferecer o produto ao mercado, sabemos que esse projeto fora do meio acadêmico pode ajudar na evolução do futuro da construção civil”, explica Lívia. Ela pretende trabalhar o tema quando ingressar no curso de arquitetura. O mesmo pensa Letícia Percio, que ingressou na faculdade de Engenharia Civil. Além disso, elas buscam programas e parcerias que possam conectá-las a investidores.
A professora Denise Alvares Bittar, comenta com orgulho a evolução trabalho, que teve muito empenho das estudantes. “As meninas foram além das pesquisas, fizeram o ensaio prático no laboratório e agora ainda têm esse reconhecimento da classificação na final da Febrace, (Feira de projetos organizada pela Universidade de São Paulo). É uma emoção que não cabe no peito.”
Rumo à Febrace
Morando a cerca de 130 quilômetros da Capital, as estudantes criaram uma vaquinha para ajudar nos custos de hospedagem, transporte e alimentação que as jovens terão durante a Febrace. Para contribuir e ter mais informações sobre a campanha, acesse aqui.
Foto: Divulgação
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Maria Clara, Letícia e Lívia exibem alguns dos protótipos do ensaio prático para o estudo do bioconcreto
Sobre o Centro Paula Souza – Autarquia do Governo do Estado de São Paulo vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, o Centro Paula Souza (CPS) administra as Faculdades de Tecnologia (Fatecs) e as Escolas Técnicas (Etecs) estaduais, além das classes descentralizadas – unidades que funcionam com um ou mais cursos, sob supervisão de uma Etec –, em cerca de 360 municípios. As Etecs atendem mais de 226 mil alunos nos Ensinos Técnico, Integrado e Médio. Nas Fatecs, o número de matriculados nos cursos de graduação tecnológica supera 96 mil estudantes. Além dos cursos técnicos e superiores de tecnologia, a instituição oferece Formação Continuada e Pós-graduação (stricto sensu e lato sensu).
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