– Como foi o ano de 2021 para o senhor e a sua instituição?
– Em outubro deste ano, a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), implementada pelo então presidente Michel Temer e mantida pelo
O PPI ampliou a desigualdade social do país, reforçando a escalada da inflação. Esse foi o ano em que o botijão de gás de cozinha passou a custar mais de R$ 120,00 em algumas regiões do país, impondo à população mais carente a humilhação e o risco de ter que usar lenha ou até mesmo álcool para cozinhar, como alternativa ao gás. Também foi o ano em que o litro da gasolina superou R$ 7,00 e o litro do óleo diesel subiu acima de R$ 5,00.
Embora autossuficiente na produção de petróleo, com custos em reais, o Brasil tornou-se refém do PPI, com reajustes de preços dos combustíveis vinculados ao mercado internacional do petróleo, à variação do dólar e a custos de importação.
O ano de 2021 foi também o período no qual a gestão da Petrobrás promoveu a liquidação de vários ativos, com a venda de empresas estratégicas a preços de banana, provocando a desintegração da companhia, estimulando a formação de monopólios privados em diferentes setores e tornando-se uma
Aliado a isso, refinarias da Petrobrás estão sendo deliberadamente subutilizadas. Operam hoje com, em média, 75% de sua capacidade, viabilizando, assim, importações de derivados, que não seriam necessárias.
– O que sugere para o governo fazer e melhorar a nossa economia e dar mais força aos setores de petróleo, gás, energia e logística?
– Nós, da FUP, sugerimos o urgente fim do PPI, política de preço adotada essencialmente para atrair interessados na liquidação de ativos da Petrobrás, que eles chamam de investidores.
É inadmissível que não haja tributo sobre esses bilhões de dólares em exportações de petróleo cru. A população brasileira precisa beneficiar-se disso. O PL propõe usar os recursos dessa tributação para atender à demanda interna de refino, com a construção de novas refinarias no país.
É inadmissível também que, nos dez primeiros meses de 2021, tenham ocorrido, nas refinarias, 12 aumentos na gasolina, 13 no diesel e 8 no GLP. A disparada nos preços dos combustíveis e do gás de cozinha é um dos fatores que mais pesam na inflação galopante. Nas refinarias, as altas foram de 67,2% na gasolina; de 64,7% no diesel e de 48% no gás de cozinha. Nos postos, os aumentos entre janeiro e outubro passado foram de, respectivamente, 41,5%, 39,1% e de 35,8%.
– Quais são as suas perspectivas e da FUP para 2022?
– As perspectivas são de que a Petrobrás recupere seu papel crucial de indutora do desenvolvimento econômico, social, regional, tecnológico e de
As perspectivas para 2022 são também de reversão das privatizações criminosas, judicializadas, feitas a partir do governo Temer e consolidadas com Bolsonaro, com a liquidação de ativos, a preço de banana, abaixo do valor de mercado, entregues, em muitos eventos, ao capital financeiro internacional, multinacionais, favorecendo a criação de monopólios privados. É o caso, por exemplo, da venda da Gaspetro,
Esperamos que com o processo eleitoral de 2022 consigamos reverter essas privatizações, a partir da eleição de um governo popular democrático, desenvolvimentista, e com a ampliação das bancadas progressistas no Congresso Nacional. Acreditamos que será possível reverter o quadro de destruição da Petrobrás, com o Parlamento cumprindo seu papel de legislar e de fiscalizar, e a sociedade civil organizada pressionando pela Petrobrás como empresa pública, patrimônio nacional.
Fonte: Petronotícias