Cientistas criam óculos de realidade virtual para camundongos de laboratório
Na melhor junção entre ciência e tecnologia, os camundongos de laboratório e os cientistas que os estudam ganharam um inovador aparelho para ajudar nas pesquisas — um aparelho de realidade virtual (RV) em miniatura, facilitando a vida de animais e humanos. Para nós, a RV tem sido usada em pesquisas da neurobiologia há mais de 10 anos, mas a tecnologia não havia chegado aos roedores por conta de limitações de tamanho.
Vários problemas surgiam por conta disso, já que as simulações para os animais se limitavam a telas 2D, que não tinham imersão o suficiente e deixavam o laboratório ainda à vista, distraindo as cobaias e requerendo treinamento extensivo apenas para seu uso. Agora, esse problema parece ter sido resolvido.
Realidade virtual para camundongos
Os óculos de RV para os camundongos não são apenas uma miniaturização dos convencionais, mas foram preparados especialmente para a visão diferenciada dos roedores. A cena projetada, assim, fica em 3D, tomando todo o campo de visão e seguindo os bichos para qualquer lado que virarem. Isso foi testado simulando um ataque vindo dos céus.
Nos camundongos, o topo de seu campo de visão foi feito para detectar predadores do alto, e isso não é questão de aprendizado — é instintivo, ou seja, vem pré-programado em seus cérebros. Para verificar o comportamento, os pesquisadores projetaram um disco escuro no topo da simulação, que se expandia aos poucos. A resposta dos animais se deu em duas instâncias: eles congelavam ou tentavam fugir. São reações comuns a predadores, que puderam ser estudadas detalhadamente graças ao aparelho.
Os roedores ficam em uma esteira, então mesmo quando correm, ficam no mesmo lugar, permitindo o mapeamento dos circuitos cerebrais ativados durante a resposta. O dispositivo foi chamado de Iluminação Estéreo para Roedores em Miniatura (iMRSIV, da sigla em inglês), e não fica ao redor da cabeça, como nossos aparelhos de RV, mas consiste de duas lentes com telas projetadas.
Ele é pequeno, barato e fácil de usar, tornando a tecnologia mais acessível aos pesquisadores. Os cientistas planejam testar o contrário da próxima vez — com os camundongos sendo predadores, e não presas, perseguindo moscas, por exemplo. Isso envolve percepção de profundidade e estimativa de distância, tipo de coisa que se busca estudar na pesquisa.
Matéria – Por: Augusto Dala Costa
Fonte: Neuron