Ciência: mudança do clima potencializou furacões Helene e Milton
Novos estudos de atribuição indicam como o aquecimento global intensificou a força dos dois furacões que atingiram o sul dos Estados Unidos nas últimas semanas.
O sul dos Estados Unidos ainda contabiliza as perdas humanas e materiais causadas pela passagem de dois furacões (Helene e Milton) em um intervalo de duas semanas. A potência dessas tempestades surpreendeu especialistas. Agora, dois estudos de atribuição deixaram evidentes como as mudanças climáticas tornaram esses furacões ainda mais potentes.
As análises foram divulgadas na semana passada pelo World Weather Attribution, grupo internacional de cientistas dedicado ao estudo dos efeitos das mudanças climáticas sobre determinados eventos extremos. No caso do furacão Helene, o aquecimento global causado pela concentração de gases de efeito estufa emitidos pela humanidade tornou tempestades desse tipo cerca de 2,5 vezes mais prováveis do que no período pré-industrial.
No clima atual, sob um aquecimento de 1,3ºC da temperatura média global, observações meteorológicas indicam que atualmente eventos de clima tão severos quanto os causados pelo furacão Helene ocorrem cerca de uma vez a cada sete anos na região costeira, e uma vez a cada 70 dentro do continente. Já em um cenário de aumento de 2,5ºC da temperatura média global, tempestades como Helene trarão 10% de chuva a mais.
A análise também indicou a relação entre as mudanças do clima e a intensidade maior de Helene. Segundo o grupo, o furacão foi especialmente potencializado pela temperatura alta da superfície do mar na região do Golfo do México, elevação de 200 a 500 vezes mais provável devido ao aquecimento global. Associated Press, Bloomberg, Guardian, Inside Climate News, NY Times e Observatório do Clima repercutiram a análise sobre o Helene.
Já o furacão Milton teve sua força ampliada pelas mudanças climáticas. Segundo a análise, a precipitação de tempestades desse tipo aumentou de 20% a 30%, e os ventos ficaram cerca de 10% mais potentes. Sem o aquecimento global causado pela humanidade, o Milton teria atingido a Flórida como um furacão de categoria 2, em vez de categoria 3.
De acordo com os pesquisadores, as mudanças climáticas foram responsáveis por um aumento de cerca de 40% no número de tempestades da intensidade de Milton e, da mesma forma, as velocidades máximas do vento de tempestades semelhantes agora são cerca de 5 metros por segundo (cerca de 10%) mais fortes do que em um mundo sem 1,3ºC de aumento na temperatura média global, como o que temos hoje.
A análise sobre o furacão Milton foi destacada pela Associated Press, Bloomberg, CNN, Financial Times, POLITICO e Reuters, entre outros.
Matéria – ClimaInfo