Por Claudio Kiyoshi Hirai*
De acordo com a Taxonomia a família Enterobacteriaceae é constituída por 53 gêneros e cerca de 170 espécies conhecidas: Arsenophonus, Biostraticola, Brenneria, Buchnera, Budvicia, Buttiauxella, Calymmatobacterium, Cedecea, Citrobacter, Cosenzaea, Cronobacter, Dickeya, Edwardsiella, Enterobacter, Erwinia, Escherichia, Ewingella, Gibbsiella, Hafnia, Klebsiella, Kluyvera, Leclercia, Leminorella, Levinea, Lonsdalea, Mangrovibacter, Moellerella, Morganella, Obesumbacterium, Pantoea, Pectobacterium, Phaseolibacter, Photorhabdus, Plesiomonas, Pragia, Proteus, Providencia, Rahnella, Raoultella, Saccharobacter, Salmonella, Samsonia, Serratia, Shigella, Shimwellia, Sodalis, Tatumella, Thorsellia, Trabulsiella, Wigglesworthia, Xenorhabdus, Yersinia and Yokenella.
De todos estes, sabe-se que 26 gêneros são causadores de infecções em seres humanos. As enterobactérias estão amplamente distribuídas na natureza e são encontradas no solo, água, frutas, vegetais e produtos de origem animal, como a carne e ovos. Sua ecologia é variável, bem como seu potencial patogênico para o homem, animais e vegetais.
A nomenclatura das Enterobacteriaceae é complicada e se baseia nas características bioquímicas e antigênicas.
Recentemente, a aplicação de novas tecnologias, tais como a hibridização do DNA, provocaram numerosas mudanças na classificação com novos gêneros e novas espécies que foram descobertas, sendo que algumas são raras e de difícil isolamento.
Outras espécies foram reclassificadas, como, por exemplo, a alteração da Enterobacter sakazaii para Cronobacter sakazakii.
As bactérias da família Enterobacteriaceae são bacilos Gram negativos não esporuladores, anaeróbios facultativos, e a maioria das espécies crescem bem na temperatura de 37ºC. Por outro lado, algumas espécies crescem melhor na temperatura de 25- 30ºC.
Alguns gêneros apresentam motilidade pela posição dos flagelos peritríquios, com exceção da Tatumella, Shigella e Klebsiella que não são móveis.
Crescem bem nos meios comuns de cultura e nos meios seletivos para enterobactérias como o ágar Mac Conkey. Fermentam a glicose com ou sem a formação de gás. A maioria é catalase positiva, exceto a Shigella dysenteriae. A maioria é oxidase negativa, exceto Plesiomonas, gênero recentemente incorporado na classificação da família Enterobacteriaceae e Aeromonas sp. (muito semelhante a E . coli). A maioria reduz o nitrato a nitrito.
Embora possam ser encontradas amplamente na natureza, a maioria habita os intestinos do homem e dos animais, seja como membros da microbiota normal ou como agentes de infecção.
A diferenciação dos gêneros e espécies é realizada por meio de uma série de provas bioquímicas. Algumas espécies, em um mesmo gênero, são muito semelhantes, sendo necessário grande número de provas para diferencia-las.
A identificação de uma enterobactéria é normalmente feita por meio de provas bioquímicas, seguidas ou não de provas sorológicas. Em se tratando de enterobactérias enteropatogênicas, as provas bioquímicas são sempre acompanhadas de provas sorológicas, seja para confirmar a identificação bioquímica ou para diferenciar os sorogrupos e sorotipos. Quando a infecção é causada por uma enterobactéria não enteropatogênica, sua identificação é feita apenas por meio de provas bioquímicas, exceto quando se isola as Salmonellas, tífóide e paratifóide
Hafnia, Morganella e as espécies de Proteus podem apresentar reações bioquímica semelhantes a espécies de Salmonella não móveis e podem aglutinar com soros polivalentes para Salmonella. Devemos tomar todas as precauções possíveis quando se chegar a identificações de uma enterobactéria incomum.
Todas as evidencias tais como características de crescimento, morfologia da cultura em placa, e tipagem sorológica devem ser considerados antes de aceitarmos uma identificação quando se utiliza kits comerciais de identificação.
Ou podemos utilizar técnicas moleculares ou métodos alternativos como o MALDI-TOF, uma aplicação da espectrometria de massa à microbiologia (Espectrometria de massa por desorção-ionização de laser em matriz) o material é colocado em uma placa com matriz e bombardeado com um laser que o evapora; um sistema ioniza e aspira o material volatilizado, que chega a detectores, os quais registram o tempo em que a substância chega ao detector e sua quantidade. Cada patógeno tem um espectro característico que é analisado por um software.
Abaixo relacionamos os gêneros e algumas espécies envolvidas em casos de infecção em humanos:
*Claudio Kiyoshi Hirai
Gerente Técnico Biolab
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