E. coli: Rio Sena acende alerta sobre perigos que a água contaminada pode trazer a saúde
A água, uma das principais fontes de vida, pode ser também um meio de transmissão de várias doenças, entre elas a Escherichia coli (E. coli). Esta bactéria, uma das principais causadoras de doenças intestinais, foi recentemente evidenciada durante os Jogos Olímpicos de Paris, na França, após atletas de triathlon passarem mal ao nadarem nas águas do Rio Sena. Um dos casos de maior destaque foi o da triatleta belga Claire Michel, hospitalizada após contrair infecção por E. coli.
Os casos acenderam um alerta sobre o debate da segurança dos rios para competições, mas a qualidade da água deve ser observada em outros lugares. De acordo com a infectologista do Hospital Vita, Dra. Marta Fragoso, as formas de se prevenir contra esses quadros vão além de evitar mergulho em águas impróprias, mas também ao ingerir a água, que deve ser tratada ou filtrada.
Em relação às infecções intestinais em geral, alguns cuidados devem ser tomados. São eles: evitar leite não pasteurizado, cozinhar muito bem as carnes, lavar as mãos com sabonete e água corrente após utilizar o banheiro, nas trocas de fraldas, no contato com animais, antes e após preparar alimentos e antes de alimentar-se, além de não engolir água ao nadar ou brincar em lagos, lagoas, riachos ou piscina.
O que é a E. coli e quais os sintomas?
A E. coli é uma bactéria gram-negativa e é comumente encontrada no trato intestinal de humanos e animais de sangue quente. Embora grande parte das cepas sejam inofensivas à saúde, casos mais graves podem ocorrer e ao atingir pessoas idosas ou com comorbidades, como diabetes, câncer ou alterações grandes da imunidade, por exemplo, pode levar ao óbito.
Os sintomas mais comuns incluem diarreia, que pode ser aquosa ou sanguinolenta, cólicas abdominais, náusea e vômito, urina turva, dor ao urinar e febre. Casos mais graves podem levar a Síndrome Hemolítico-Urêmica (SHU), uma condição que gera insuficiência renal, e a Colite Hemorrágica, uma inflamação grave do intestino grosso e que pode causar sangramento intestinal.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico geralmente ocorre após o paciente apresentar queixas, e pode ser feito por meio da cultura da urina, fezes ou de sangue. Métodos moleculares são de alta sensibilidade e utilizados para a detecção rápida e precisa de genes específicos da E. coli, permitindo a identificação de cepas patogênicas. Há ainda os testes imunológicos, utilizados para detectar infecções específicas.
“O tratamento é feito através de antibióticos que, dependendo da gravidade da infecção, podem ser administrados por via oral ou endovenosa. Em média, a duração é de sete a dez dias”, explica a Dra. Marta. A escolha do antibiótico deve ser orientada pelos resultados dos testes de sensibilidade, para garantir a eficácia do tratamento, e a reidratação oral também é recomendada para alguns casos.
Prevenção e segurança da água
No caso ocorrido do Rio Sena, a saúde dos atletas era a principal prejudicada, mas a contaminação de água pode ocorrer dentro de indústrias, podendo atingir escalas maiores de pessoas ou até mesmo nos lares. Ocorrências como essa servem de alerta e destacam a importância da segurança da água e da necessidade de rigorosos controles de qualidade e vigilância sanitária. Na ocasião, as provas foram adiadas por dias após a qualidade da água ser testada e não atingir os níveis necessários.
“O monitoramento microbiológico dos corpos hídricos pode evidenciar a contaminação por esgoto não tratado e os dados levantados devem ser considerados para realizar a remediação, evitando novos surtos”, explica Roger Luz, Assessor Científico da Kasvi.
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