Produção, vendas internas e demanda dos produtos químicos de uso industrial mantêm ritmo de crescimento em 2021
Os principais índices que medem o desempenho dos produtos químicos de uso industrial tiveram em janeiro de 2021 resultados positivos na comparação com o mesmo mês do ano passado. A produção teve crescimento de 8,08%, as vendas internas tiveram elevação de 6,7% e o consumo aparente nacional (CAN), resultado da soma da produção mais importação excetuando-se as exportações, cresceu 8,8%, segundo levantamento da Abiquim. Já a utilização da capacidade instalada foi de 76%, dois pontos acima do registrado em janeiro de 2020.
No período de 12 meses, de fevereiro de 2020 a janeiro de 2021, na comparação com os 12 meses anteriores, a produção teve crescimento de 1,25%, as vendas internas subiram 1,97% e o CAN teve crescimento de 12,4%. Apesar de serem números positivos, que indicam melhora na produção e principalmente na demanda por produtos químicos, eles também evidenciam a falta de competitividade da indústria nacional, representada pela elevada penetração do produto importado, que corresponde a 46% do CAN. As importações pesavam 7% do CAN em 1990 e praticamente todo o crescimento da demanda que ocorreu no País de 1990 até hoje foi absorvido por elevação das importações.
Segundo a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, é fundamental encaminhar importantes reformas estruturais ainda no primeiro semestre do ano, como a administrativa e a tributária, e atacar questões relacionadas à logística e à infraestrutura para reduzir o Custo Brasil e eliminar os principais entraves que afetam a competitividade das empresas com produção local. “Além disso, preocupa o setor a eliminação, a partir de junho, do Regime Especial da Indústria Química (REIQ), que desonera de PIS/Cofins a compra de matérias-primas do setor químico, o que atenuava parcialmente os efeitos danosos dos elevados custos de se produzir no País”.
A característica da indústria química nacional é ser “tomadora” e não “formadora” de preços, e em janeiro, o Real se desvalorizou 5,37%, em relação ao dólar e os preços do petróleo Brent e da nafta petroquímica no mercado internacional, convertidos para reais, tiveram aumentos de 20,58% e de 14,90%, respectivamente, na comparação com dezembro, pressionando os custos de produção e preços tanto no mercado internacional quanto no Brasil. O efeito combinado desses fatores está refletido no índice de preços praticado no mercado interno, que teve alta de 6,68% em janeiro de 2021 e no preço médio das importações totais dos produtos avaliados no Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC) da Abiquim, que subiu 39,8% sobre janeiro de 2020 (preço médio em dólares convertido em reais).
“Em momentos como o atual, de forte desvalorização do Real, em relação ao dólar, de elevação das cotações internacionais das principais commodities, de aumento da demanda mundial por produtos químicos, por causa da pandemia, e de elevação dos custos logísticos internacionais, fica reforçada a necessidade de se acelerar as medidas da agenda positiva do governo federal. A química é fortemente dependente de matérias-primas e de insumos energéticos, o que explica a baixa dinâmica e a falta de competitividade dos últimos anos. Nesse contexto, também se faz necessária a tramitação e a aprovação urgente do novo marco do gás no Congresso Nacional”, completa a diretora da Abiquim.
Fonte: Abiquim